sábado, 24 de outubro de 2009

Psiquiatras, psicopatas e testes psicotécnicos


Poucas coisas são tão sem pé nem cabeça quanto os testes psicotécnicos que fazemos em exames de trânsito. A examinadora lhe dá um papel, uma instrução quanto ao desenho que deve ser feito e você segue o que o instrutor da auto-escola lhe ensinou para não pensarem que você é maluco: Se desenhar bonequinho, faça um chão, se fizer uma árvore, faça o chão... Ah se fizer uma flor, desenhe o chão. Por fim, concluo... malucos não sabem desenhar chão. Nunca entendi a lógica disso.
E se eu desenhasse um sujeito esquartejado por um machado ao lado de uma árvore, sangue para todo lado, pessoas correndo ao fundo e um cara vestido de Jason.. Será que eu colocar o chão faz diferença?
Certa vez, vi, em um livro, um teste de borrões e enxerguei um borrão que parecia o clip da música crazy, num segundo momento pensei em uma borboleta, depois pensei em uma máscara daquelas do carnaval de Veneza. Fiquei pensando será que daí posso deduzir que tenho tendências a roqueiro ou a carnavalesco performático. A segunda hipótese decepcionaria minha esposa.
O fato é que não sei se me enquadro no grupo dos normais ou no grupo dos psicopatas incuráveis e altamente nocivos à sociedade, mas nem me aprofundo nessa reflexão. Só sei que li, outro dia, que um em cada três homens apresenta tendências à psicopatia... Por prevenção e cuidados de auto-preservação, quando entro com mais dois caras para uma reunião em um lugar fechado, fico perto da porta....

P.S.: É igual ao sistema de cartões em um banco, ele manda eu inserir o cartão, digitar os dados, retirar o cartão, escolher a operação e inserir o cartão de novo. Confirmar a operação, inserir o cartão de novo. Será que eles pensam, na paranóia de segurança, que bandidos só sabem enfiar o cartão uma vez na máquina?

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Festas impopulares do Brasil

Todo mundo conhece o Círio de Nazaré, festa religiosa que acontece no mês de outubro em Belém do Pará. Mas o que poucos conhecem é a tradição do Círio de Nazaré Tedesco, uma festa realizada unicamente em metade de 2004 e 2005 em homenagem a Nossa Senhora do Destino em Jacarepaguá. A procissão criada por Aguinaldo Silva encabeçada por Maria do Carmo à frente enquanto o bicheiro José Wilker carrega sua ninfa-bebê num "felomenal" (sic) altar. O cortejo segue pelas ruas do projac e termina com a nortista sofrida interpretada por Suzana Veira achacada pelo ex-marido, papada pelo José Mayer e descobrindo que é mãe da Carolina Dieckmann.
A tradicão só durou durante uns 11 meses no horário nobre e valeu a pena ver de novo anos depois. As penitentes Jennifer e Eleonora é que prosseguiram com sua luta pela liberação das rinhas de aranhas no Brasil. Criaram em 2006 a SFA (Spider Fighting Association) e pleiteiam a inclusão da atividade como esporte olímpico.


sábado, 17 de outubro de 2009

Os males de sempre dizer "sim"

Sabe quando perdemos um amigo? Não é quando dizemos "não", mas quando dizemos "sim" quando deveríamos ter dito "não". Temos uma eterna (e vã) esperança de estarmos bem com todos o tempo todo e por causa disso vivemos violentando a nós mesmos e amargando o imenso fracasso de nunca conseguirmos essa proeza.
O "sim" é movido pelo eterno medo de não gostarem da gente, mas nos esquecemos de que já não gostam ou, quando muito, são indiferentes. E se gostam de verdade, não é um "não" que irá mudar isso de uma hora para outra.
Mas não é que, ainda assim, lutamos para ficar tudo bem, o tempo todo com todo mundo e persistimos no "sim". E nunca se esqueça de que, se você diz um milhares de vezes "sim", isso não te exime de, ao primeiro "não", ser rebaixado à classificação de um dos piores seres humanos da face da terra. O "sim", independente da quantidade de vezes que seja proferido, nunca, mas nunca mesmo, redime sua alma.
Precisamos nos libertar dessa doença do sim e proferir o "não" bem alto, liberto, libertador. Aquele "não" que traga em sua essência todos os limites que queremos que existam entre nós e o resto de nossa espécie, seja mãe, irmão, filho, pai, espírito santo e amém. E que sigamos sem ter medo, sem preocupação, sem ansiedade, num eterno movimento de "foda-se" que, este sim, nos faz mais feliz e nos liberta em definitivo.


quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Casa de praia: um passaporte para o inferno

José comprou uma casa de praia para descansar nos fins de semana. O cunhado de José se animou e pediu a casa para levar uns amigos. Não tendo como negar e ficar mal com a família da esposa, ele acabou cedendo. No escritório, os colegas, assim que ficaram sabendo, já marcaram a confraternização de fim de ano para a casa de praia do José. Não dá para dizer não, tem uns amigos de mais de 20 anos lá... Deve uns favores a eles. No último final de semana, José foi para a casa de praia e teve que levar a sogra, os vizinhos de longa data e optou por alugar uma van para carregar todo mundo. Passou o dia consertando uns estragos que os antigos proprietários deixaram e alguns problemas largados por seu cunhado.. uma janela quebrada aqui, uma maçaneta empenada ali, um banheiro entupido. Durante um ano, ele passou todos os finais de semana limpando, consertando, pintando, desentupindo banheiros, emprestando, pagando IPTU e, finalmente, terminou vendendo a casa de praia.

José desistiu, vendeu definitivamente, investiu a maior parte do dinheiro e comprou uma TV de 42 polegadas LCD. Hoje, ele passa o domingo vendo futebol, trancado, no quarto....

Por precaução, até hoje não contou nada sobre a TV... a ninguém

sábado, 10 de outubro de 2009

Educação e limites não são antônimos

Vez por outra aparece um guru da educação anunciando o óbvio. Brada-se uma tautologia como se enunciasse a mais nova descoberta. É aí que tenho a sensação de que tudo que havia de inteligente a ser dito, já o foi. Resta agora proclamar a obviedade em tons de sentença bíblica. O homem deve seguir o seu destino.... e alguém pensou que não devesse. Sim... mas que destino é esse? A educação legítima é aquela que liberta. Tá bom... me mostra o cara que disse que a legítima é a que aprisiona que eu dou uma coça nele. O saber é O SABER.. vixe! Isso é gastroentestinalmente profundo.
Educar é dar limites...
Isso é o obvio do óbvio e o que mais me assusta é que um cara tem que escrever um livro para as pessoas deixarem cair essa ficha... Quem foi que disse que dar limites é oprimir? Dar limites é ensinar as regras do jogo, é preparar o indivíduo para saber até onde ele pode ir e como essa consciência lhe permite tirar o máximo de proveito da sua relação em seu meio. Não dar limites sim, isso (paradoxalmente) é oprimir, é encarcerar o indivíduo e torná-lo escravo dentro da sua própria impulsividade.
Escravo de seus instintos mais bestiais.


quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Você é fogo, eu sou paixão...

Existe uma coisa chamada Noa. Um professor meu da PUC/MINAS, lá nos anos 90, me falou, certa vez, que isso é um termo usado para definir tabus lexicais, ou melhor, palavras que são carregadas de preconceito nos meios sociais. É aquele caso de pessoas que não falam a palavra desgraça ou câncer, por exemplo. As pessoas substituem os nomes como se fosse uma maneira de as coisas desaparecerem... Mas não desaparecem, pois nomes são rótulos. E só. O conteúdo é o que os define.
Tudo que se refere a sexo é cercado de Noas. Uma das expressões que mais criam inconvenientes é aquela que usamos quando queremos ter um momento de carinhos mais íntimos com a nossa parceira. Transar é um termo muito adolescente, fazer sexo parece coisa de biólogo, bimbar parece coisa de funkeiro, trepar parece coisa de ator pornô, ter relações parece coisa escusa, ilegal... ir para cama parece coisa de gente antiga, brincar parece coisa de Macunaíma...
Resta ainda o suave e meigo fazer amor. Acho que é um termo muito amplo para definir somente o sexo. Até porque nem sempre fazemos amor e sexo ao mesmo tempo. E, de mais a mais, o Vando acabou com o meu romantismo da coisa com aquela história de quando tão louca, me beija na boca, me ama no chão.
Daquela época em diante, nunca mais consegui ouvir essa expressão e não imaginar uma cama redonda, luzes vermelhas na parede, luzinhas de neon no chão, colcha de oncinha, almofadas em formato de coração, espelho no teto e uma radio bem chulé tocando “meu iaiá, meu ioiô...”

sábado, 3 de outubro de 2009

O pessoal e o coletivo: quando a casa se mistura com a rua.

Não é raro o caso na história em que projetos pessoais atropelam ideais coletivos. Grandes ditadores sucumbem face ao fato de que seus planos pessoais assumiram proporção maior do que o do grupo em que viviam. Alguns indivíduos conseguem ver o universo como parte de seu mundo e não o contrário (uma vez escrevi sobre isso aqui. Vale a pena ler de novo "Eu até sei que você existe e daí?").
Toda vez que vejo uma reportagem sobre a Venezuela, penso nisso e imagino como o seu presidente está perdendo uma oportunidade única na história de seu país de criar uma ilha de prosperidade na América do Sul, um ícone da igualdade social e provar como o dinheiro de petróleo pode trazer justiça e melhores condições de vida para todas as pessoas de um país.
Entretanto, ele mergulhou em uma cruzada bolivariana (sic) contra os EUA, em apoio às FARCS, contra a Colômbia, a favor do Irã e da Coreia do Norte, pró-cubana revolucionária.. Tudo isso em pleno século XXI e num arroubo anacrônico de rebelde ao estilo Che. E assim, ele consome todos os seus recursos em um projeto pessoal que está há anos luz da realidade de um país ainda miserável, desigual e sufocado por um regime de “ditadura branca” que oprime a mídia, a livre iniciativa, que ideologiza o ensino e pune os discordantes de seu plano pessoal de entrar para a história.
Alguém deveria dizer a ele que ele já entrou.
Agora pode sair.


quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Perguntas com respostas anexas

(FAQ de auto-ajuda que também ajuda baixos)
Que animal você gostaria de ser?
R.: Qualquer um menos aqueles que fazem perguntas como essa.

Você que é uma pessoa inteligente, sensata, ponderada, vai concordar comigo.
R.: Não concordo. Qual dos adjetivos eu perdi depois disso?

- Pai, como nascem os bebês?
R.: Cesariana ou parto normal.

Quais cogumelos são comestíveis. (vi em um site e adorei essa)
R.: Todos. Alguns só uma vez.

Duendes existem?
R.: Depende da concentração de THC

De onde viemos, para onde vamos, quem somos nós?
R.:Caraca, tá mal hein, véio. Depois bebe e acha que segura a onda.

Existe vida após a morte?
R.:Após não sei, mas antes, com certeza.


sábado, 26 de setembro de 2009

À espera de D. Sebastião ou outro salvador da pátria.

Para quem não conhece, D. Sebastião foi um rei de Portugal que desapareceu em uma batalha no norte da África. Ele marcou o fim de uma dinastia lusitana de grande prosperidade nas artes, ciências, cultura, enfim, marcou o fim das vacas gordas. De lá para cá, vários povos de língua portuguesa (entre eles nós) passaram a esperar a volta do rei que traria consigo toda prosperidade passada. No Brasil, o caso mais interessante foi o de Canudos no Nordeste, mas há pequenos vilarejos no interior do país que ouviram a história por alto e ainda aguardam o bom rei.
O fato é que estamos sempre esperando o retorno de um rei que irá nos guiar, do messias que irá nos salvar, mas não vem ninguém. Acreditamos que já veio e que vai voltar para nos salvar, sei lá, alguém, um super homem, um rei, um mártir, um santo, um mutante.. qualquer coisa poderosa. A porta se bate todos os dias e ninguém entra. Mas, ainda assim, sustentamos a crença de que há alguém que sempre poderá surgir do nada e resolver nossos problemas de uma vez só, com um gesto mágico e sobrenatural.
Na política, acreditaram em Tancredo e choraram com a sua morte (lá se foi nosso salvador), se decepcionaram com Lula (ele não nos deu igualdade social plena) e esqueceram que eles, entre tantos homens, eram só homens que talvez esperassem também que, de algum lugar, viesse um salvador, um messias, um D. Sebastião que os salvasse, que os redimisse...

P.S.: Para desanuviar a decepção, lembremo-nos, nesse final de ano, daquele que, realmente, veio para nos salvar...

O 13º.
Amém.