sábado, 12 de novembro de 2011

Caçando lugares-comuns - mitos da linguagem: ditados


Quem desdenha quer comprar.
Quer dizer que se você olhar um monte de merda no chão e desdenhar, você quer comprar?

Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.
Se você tem tempo e é imortal, vale a pena esperar.

Devagar se vai ao longe.
Longe é o conceito mais relativo do mundo. Longe de onde?

É de pequenino que se torce o pepino.
E para que eu iria querer um pepino torcido?? Foi só para rimar, né?

Uma andorinha não faz verão.
Se você parar para pensar, nem 100 andorinhas fazem verão. Acredite, isso independe da vontade delas.

Quem com porcos se mistura, farelo come.
Aqui não se considera que há dietas distintas para animais que convivem entre si. Já vi galinhas e cavalos criados com porcos e comendo coisas diferentes de farelo.


sábado, 5 de novembro de 2011

Um golpe de internet - não é piada, é sério

Não existem mais bandidos como antigamente. Recebi um e-mail de fraude outro dia, um daqueles que diz que você tem um débito na receita federal e, sinceramente, fiquei decepcionado. A baixa qualidade no sistema educacional brasileiro já afeta nossos bandidos de internet que comentem crimes contra a ordem e contra a Língua Portuguesa. Esperava-se que os bandidos de internet tivessem um nível cultural melhor, mas fiquei assombrado com mais um email cheio erros de Português. Não me contive, devolvi-o ao golpista com as devidas correções e com uma bibliografia complementar para melhorar sua escrita.
Ainda não obtive resposta...


  1. Suspensão é escrito com S, pois vem do verbo suspender e, normalmente, palavras derivadas de verbos em –DER geram substantivos em S (Por exemplo, Ascender - ascenSão / Proceder - procesSo / Conceder - concesSão / Ceder - cesSão...). Senhor bandido, suspensão não se escreve com Ç, por favor, revise seu texto.
  2. Acento grave indicativo da crase antes de verbo não existe. A crase é o fenômeno de junção entre uma preposição (a) e um artigo (a). Verbos não recebem artigos antes, pois, primeiramente, se o recebem, tornam-se substantivos por um processo de derivação imprópria. Logo, Senhor bandido, a forma é PROVIDÊNCIAS A TOMAR. (sem acento grave) já que o verbo aqui opera com tal (indicador de evento). Além do mais, se ainda considerássemos a possibilidade de ser um susbtantivo, temos que levarem conta que verbos derivam substantivos masculinos e nunca femininos (o falar, o saber, o dizer...) e, como sabemos, senhor bandido, não há crase antes de palavras masculinas.
  3. Senhor bandido, entendi o seu problema de regência (crase) e de ortografia, mas quero acrescentar que o senhor deve prestar atenção às orações adverbiais antecipadas (no caso, uma adverbial condicional), pois elas sempre pedem vírgulas que as separe das orações principais. Ex. Se não funcionar, clique aqui...
    É por isso que o cara virou bandido... a culpa é da educação.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O medo é o tempero de toda a prudência.


Aquele que diz que não tem medo de nada, ou é um idiota, ou é um mentiroso. Desde que nascemos, o medo é o sentimento mais presente  em nossa vida. A grande missão é a aprender a dominar essa avalanche de emoções e pensamentos decorrentes dele para que tal força não nos domine. 
Racionalizar é parte disso, mas o universo racional não afasta o sentimento de nós. Ele nos torna senhor da situação, mas não o elimina. Até porque o medo é o tempero de toda a prudência e, mesmo quando temos certeza de algo, até os últimos instantes, temos medo de que alguma coisa mude os rumos da história. Isso nos faz pisar com cuidado. Isso é bom..
Aquele soldado que, sabendo que iria morrer, levanta e corre de peito aberto contra o inimigo não é um herói, mas um fraco, pois não soube controlar a sensação do medo que nos move antes do desfecho de uma situação. Não soube esperar o fim, abreviou-o no desespero. Ele sabia que correr de peito aberto era a maneira mais rápida de encerrar a angústia, pois essa é a pior de todas as esperas e muitos sucumbem a ela e não ao final. Aguardar o fim é tortura da alma pior do que o próprio fim.
Por isso, não devemos odiar ou rejeitar nossos medos, medo de morrer, medo de fracassar, medo de não ser feliz, medo de... Enfim, medo de tudo aquilo que a vida nos ensina dia-a-dia que é inevitável e legítima a nossa existência.

sábado, 29 de outubro de 2011

Estar com a razão para quê?


Por que as pessoas querem tanto ter razão em qualquer discussão? Parece que ter razão é uma questão de honra mesmo. Como se suas vidas dependessem daquilo. Eu, pessoalmente, detesto discutir e reservo a troca de ideias a pessoas que eu tenho certeza absoluta de que alguma ideia para trocar. Ah.. e sim. Que essa ideia a ser trocada vale o meu tempo.
Sou daqueles que dá um boi para não entrar em polêmica ou discussão e se necessário dá uma boiada para sair dela o mais rápido possível se a entrada tiver sido inevitável. Acho que só os idiotas dão uma boiada para ficar numa briga. Perdem tempo, gastam energia, criam animosidades e, no final das contas, carregam consigo o volátil trófeu do cara que estava com a razão. 
O gostoso do mundo é a certeza de nem sempre estarmos com a razão. E, mesmo quando podemos estar, ficar olhando de fora uma polêmica, com aquele ar entediado de olhar o rio por onde a vida passa (Pra rua me levar - da Ana Carolina) sem se precipitar e nem perder a hora chega a ser divertido.
A verdade é que as pessoas gastam muita energia com discussões que não conduzem a absolutamente lugar nenhum e que, quando conduzem, são lugares em que não queríamos ou em que não vale a pena ficar.
Bom, se você acha que discutir é bom, que não devemos levar desaforo, enfim, que o que vale é a sua opinião, tudo bem. Creio que não vale a pena discutir por isso. 

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Desculpe por te incomodar


Outro dia tive a infeliz oportunidade de precisar diretamente de um serviço público e constatei que décadas se passaram e continuo tendo um padrão ruim, lento, corrupto e ficando com a impressão bem nítida de que eu estou sendo um estorvo na vida daquela pobre criatura concursada que eu, cruelmente, incomodo no meio da tarde em sua repartição. Saio quase pedindo desculpas e por pouco não ouço: - e que isso não se repita!
Talvez eu tenha dado azar.. é comum acontecer isso comigo. Foi um mau dia...
Mas sabe que isso não é só coisa de serviço público, não? Acho que isso é do brasileiro, atender mal mesmo quando pagamos pelo serviço diretamente. Ficamos vários minutos esperando o atendimento ao telefone (já fiquei 54 minutos esperando), ficamos em pé no balcão enquanto o funcionário do cartório conversa com o colega, temos nossas correspondências retornadas porque há carteiros que não gostam de carregar volume e dizem que passaram na sua casa muitas vezes e ninguém atendeu (ainda que você estivesse lá todos os dias, o dia  inteiro). Tudo isso é serviço pago e, normalmente, caro.
Outro dia, comprei um eletrônico pela internet que veio com problema. Liguei para o atendimento e fui atendido em 1 minuto, a atendente não ficou me jogando de setor em setor, relatei o problema só uma vez, eles pediram que enviasse o produto e disseram que eu teria outro logo que eles recebessem a minha postagem. Eles não discutiram o problema ou inventaram desculpas para eu ficar no prejuízo. Simplesmente, mandaram outro produto, trocaram e pronto. Dias depois, ainda ligaram para saber se eu ficara satisfeito com a troca.
Fiquei desconfiado... Não ser enrolado, atendimento direto, ser bem tratado, empresa que se preocupa com o seu problema mesmo depois da compra...huummm NO BRASIL??? Por alguns instantes quase desisti de levar a conversa adiante com o atendente. Devia ser golpe. Belisquei-me algumas vezes, mas, naquele dia, doeu mesmo. Tem alguma coisa errada com aquela empresa.. ah tem... Cuidado com esses caras..

sábado, 22 de outubro de 2011

É possível ter orgulho dos mais bizarros defeitos


Eu sou assim: quando eu gosto, eu gosto; quando eu não gosto, eu não gosto. Outro dia, eu falava em sala de aula aos meus queridos alunos que essa é a frase preferida de todo idiota quando quer chamar a atenção para sua personalidade, quase sempre, pífia, vazia e completamente desinteressante. 
Há gente que grita os próprios defeitos como se fossem traços louváveis de sua personalidade, pessoas que cantam aos quatro cantos do mundo que são possessivos, vingativos, incapazes de perdoar, não aceitam ideias diferentes das suas e são intolerantes ao extremos. Afinal, eles são assim: quando gostam, gostam; mas quando não gostam, não gostam.   
É claro que somos todos verdadeiros poços de defeitos e estamos longe de qualquer perfeição. Aceitar essas falhas de formação do espírito é a primeira parte do processo de mudança. Depois, temos a mais complexa das partes, corrigi-las. Aprender a tolerar, desprender-se, perdoar entre outras coisas é o mais difícil de tudo. Acho que é por isso que algumas pessoas desistiram, transformaram suas deformidades e aleijões  em virtudes e repetem o clássico "eu sou assim".
Sempre que ouço isso, penso que, com certeza, as pessoas não têm dimensão de toda a carga negativa dessas palavras que poderiam ser bem traduzidas por "eu sou assim: tenho um monte de defeitos horríveis, não vou mudar e aceito sofrer e apanhar muito porque não tenho forças para modificar isso"
Eu, por exemplo, sou assim, quando eu gosto, eu gosto; mas quando eu não gosto... Bom, quando eu não gosto, estou sempre aberto para que me deem boas razões para gostar. Inclusive de pessoas que repetem essas sandices de "eu sou assim, quando eu gosto, eu gosto.. e blá, blá, blá...

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Erro não é ser honesto, mas esperar honestidade do outro.


Agir de forma honesta o faz sentir como um idiota? Pois é... Eu experimento essa sensação há anos. Convivendo com gente de todo tipo, em algumas situações, aprende-se que comer e coçar é só começar. Até por isso, evito até às últimas consequências (a demissão, por exemplo) a dar a primeira coçada. 
O que vejo é que o dinheiro fácil fascina e entorpece os sentidos e, depois do primeiro, o resto é banal e justificado pela consciência que é a primeira a ser comprada. Há sempre boas razões para se tornar um canalha e elas vêm encabeçadas por argumentos como, “eu mereço esse dinheiro”, “não estou fazendo mal a ninguém”, “existe gente fazendo coisa pior”, “se eu não fizer outro vai fazer...”
A lógica da desonestidade é muito eficiente para o desonesto e ele tem certeza absoluta de que suas atitudes são completamente inofensivas ao meio e legítimas, pois é assim que são as regras do jogo.. Aceite ou caia fora.
Comemorei este ano 40 anos caindo fora e pagando o preço por não possuir uma flexibilidade ética adequada ao modus operandi de alguns locais. Aprendi que não fazer o perfil, muitas vezes, é o maior elogios que podemos receber de um patrão ao ser demitido. Enfim, do mesmo modo que algumas pessoas justificam sua canalhice dizendo que todo mundo faz, assumo esse meu defeito (dificuldade de adequar-me a novas "éticas") dizendo que, afinal, defeitos, todo mundo os tem, não é?

domingo, 16 de outubro de 2011

Diário de um macho - uma breve história da macheza


Aquele era um macho legítimo. Acordava pela manhã, cuspia no chão, arrotava, peidava e fazia aquele som de puxar o ar para dentro com biquinho e dizer "gostoooooosa", logo cedo. E logo cedo para ele era na hora do Globo Esporte. Afinal, macho que é macho não acorda antes das 11. Entrava no seu blogue e atualizava com fotos de mulheres nuas (ou seminuas), inseria testes para averiguar a macheza de qualquer um que quisesse se aproximar dele. Afinal, perto dele, ele só queria mulher pelada, mas muito mais do que isso, amigos machos. Mandava piadas para toda a sua rede sobre o que é ser macho, como é bom ser macho, como é supremo ser macho, ser macho é tudo de bom.
Quando abria a boca falava que o seu negócio era cerveja, mulher, futebol e, claro, ser macho. Como gostava de ser macho. Na academia, ele se realizava, pois ali, se sentia em casa, mulheres de calças justas e machos, muitos machos, como era bom se sentir entrosado com o meio. 
Tinha nojo de filosofia, arte, cultura, música erudita, livros e coisa do gênero, pois, afinal, isso tudo era coisa de viado mesmo e viado ele tratava era com um murro na boca e um chute no peito. Bastava olhar para ele e isso lhe dava as razões de que precisava. Macho que é macho bebe cerveja, assiste ao futebol, dá porrada e só falava de mulher e mesmo assim somente com outros machos. Pois macho que é macho anda com macho, muitos machos, machos fortes, sarados e suados, como ele. 
Um dia, seu irmão, também muito macho (óbvio), encontrou escondida embaixo de sua gaveta, em um fundo falso, uma revista G Magazine e um bilhete escrito “Jorge, você não sabe como dói ter por amizade quem se quer ter por amor. Assinado, Pepê”. O irmão achou estranho, afinal quem era o tal de Jorge que o irmão dele mencionava na dedicatória na capa da revista em letras meio trêmulas? Mas não comentou nada, nunca, com ninguém. Afinal, ficar fuçando nas coisas dos outros era coisa de viadinho e ele não queria decepcionar o seu irmão.

P.S.: E macho que é macho nem se ofende com essa história já que ficar lendo bloguezinho cheio de letrinha, sem figurinha, sem foto de mulher pelada não é coisa de macho.. é coisa de viadinho.

sábado, 15 de outubro de 2011

Rock in Rio e você, nada a ver


A Globo realmente definiu que o Rock in Rio é bom para todo mundo e  fez cobertura durante programas de jornalismo, novelas, programas de receita, programa infantil, enfim, todo lugar é lugar para se falar de Rock in Rio que tem tudo de Rio, mas quase nada de rock. Fico pensando quanto eles estão levando nessa brincadeira por conta dessa lavagem cerebral.
Mas é assim mesmo. Melhor do que aquelas coberturas de tragédias pessoais que ficam sendo repetidas à exaustão com imagens do  local, acompanhamento do julgamento e populares se manifestando indigados nas ruas com coisas que não lhe dizem o menor respeito. Ou, então, do Faustão apresentando a vida dos artista,  focando a câmera no olhinho do convidado para ver se na hora do depoimento de mãe ele vai chorar. 
Enfim, essa é a mídia que, por uma questão de bom senso, também poderia se chamar de mérdia. São homens trabalhando trabalhando 24 horas por dia para fazer você crer que ela e você têm tudo a ver.

E o pior é que tem gente que acredita.. vai ver a galera que aparece sendo entrevistada na cobertura do Rock in Rio.