sábado, 19 de dezembro de 2009

Dr. Rossano Broxado (personal auto-ajuda a seu alcance)

Na onda dos conselheiros, o blog SACO DE FILÓ, oferece aos seus leitores um serviço de auto ajuda gratuito. Com a assessoria de Dr. Rossano Broxado, doutor em Autoajudologia aplicada pela Universidade de Fakeland (FUNI – Fakeland University), pesquisador reconhecido pelo L’Institute Trompeur de Paris. Ao lado a foto do Dr. Rossano, ele tem olhos puxados, mas não sabe ainda se é nissei, sansei... sempre que perguntado, responde; nunsei.


Carta 1
Dr. Rossano,
Desde criança sinto que as pessoas não me dão atenção. Sinto-me como uma pessoa excluída a quem não foi dada a chance de ser ouvida. Meus país não me ouviam, minhas colegas não me davam confiança, os balconista não me atendiam, nem meu cachorro vinha quando que chamava. O que acontece comigo que leva o mundo a me tratar assim? O que tem de errado comigo?
Maria K. – Botucatu-S.P


Resposta:... hã... Olhe, você não é chata. Olhe para um espelho, veja como a vida é linda. Olhe para o espelho e repita: eu sou legal, eu não sou chata. Você vai ver que aquela a quem você mais preza continuará ali no reflexo sem te abandonar. Agora só falta as outras pessoas. Lute, acredite no seu sonho de um dia deixar de ser chatinha.

Abra os olhos e diga: eu não sou esquisito!
Foto meramente ilustrativa

Carta 2
Dr. Rossano,
Sempre fui chamado de feio, minha mãe dizia que o IBAMA obrigou a colocar insulfilm na incubadeira para não traumatizar os outros nenéns. Na escola, me chamavam de cabeção, orelhudo e tudo mais. Cresci com esse trauma e acho que esse bloqueio está me limitando na minha vida profissional como modelo e manequim.
Reinaldo G. – Belford Roxo-RJ


Resposta: Beleza é uma questão que está nos olhos de quem vê. Olhe no espelho e repita: eu sou lindo, eu sou lindo... Grite para o mundo, eu sou lindo! Pronto, você já está ficando lindo. Repita sempre isso, nunca se esqueça de que isso acaba virando uma verdade. Lute, acredite no seu sonho e o universo conspirará para que você seja lindo ou, no mínimo, não traumatize mais as criancinhas.


Dr. Rossano em uma dinâmica de grupo mostrando a um aluno que acontece se ele não for para a frente do espelho repetir: Eu sou forte, eu sou forte...

A foto não é meramente ilustrativa
Carta 3
Dr. Rossano,
Sofro de dupla personalidade. Às vezes, sou bom, às vezes sou mau. Às vezes, sou limpo, às vezes sou porco para caramba, às vezes sou ladrão, às vezes sou honesto. Eu não sei Dr. quero ser uma coisa só. Não suporto mais este conflito interno. O que devo fazer?
Mr. Hide – Nova Lima-GO

Resposta: A primeira coisa a fazer é reunir todo mundo, todos estes seus EUs em frente ao espelho e repetir em coro: nós somos uma coisa só, nós somos uma coisa só... Acredite no seu sonho, mas fique de olho para o ladrão não roubar o honesto, para o malvado não sacanear o bonzinho e nem porquinho chegar fedendo ao exercício de auto-estima.



Supositórios de otimismo do Dr. Rossano.
Afinal, o que é um suposítório para quem está f#$%@udido mesmo

Atenção
Dr. Rossano também faz palestras motivacionais em empresas, escolas, clubes de futebol, velórios, aniversários, bodas de prata, casas de massagens, bares, oficinas de alinhamento e balanceamento de pneus, farmácias, hospitais, academias de jiu-jitsu e consultórios odontológicos. O espelho fica por conta dos contratantes.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Formaturas e outras chaturas


Para início de conversa, formatura é igual a gases, só o dono é que não acha tão ruim. No mais, aos outros, "fede" para caramba. O fato é que final e início de ano é época dessas festas que acabamos indo por pura consideração ao amigo, à família do amigo, ao fulano ou ao beltrano, ao parente gente boa. Mas o fato é que uma obrigação social que se vai para não ficar mal na fita. Agora, como se nada fosse tão ruim que não possa piorar, faço uma série de sugestões aos formandos e às comissões de formatura para tornar pior o que já é ruim.

1. Faça discursos longo e citando peculiaridade de um por um da turma. Não se preocupe, as pessoas adoram ficar duas horas ouvindo coisas como: "e a Fernanda, hein. Sempre apressada e tão organizada..." lido com aquela vozinha de criança lesada.

2. Estique faixas bem grandes com dizeres pessoais na frente dos outros, afinal, ninguém se importa de ver o que está no palco. A parte de trás da sua faixa já basta. Pessoas adoram ler coisas ao contrário em faixas de pano.

3. Leve cornetas e/ou sprays de corneta. Mostre que o quanto você pode ser desagradável. Se não der, enfie os dedos na boca e assovie muito. Se não souber assoviar grite "uhuhuhuhu" a cada 2 minutos.

4. Sugira músicas como "we are the champions", Queen. Seja original... no Sul do Tibet, isso seria o máximo de originalidade. Carruagens de fogo também é super original... em algum lugar no mundo.

5. A cada um que recebe o diploma, peça para ser entregue pela avozinha dele que está sentada no meio da platéia e que demora uns 20 minutos para subir entregar e voltar. Não deixe passar para o próximo sem terminar cada entrega.

O resto fica por conta da sua criatividade.
E nunca se esqueça: Achou que está ruim? Saiba sempre que nada é tão ruim que não possa piorar.

sábado, 12 de dezembro de 2009

O dono da história

Cada um conta sua história de uma maneira muito particular. Dizem que um autor só conta histórias passadas no Leblon, outro, em São Paulo, já o outro, no Nordeste. O fato é que somos o que escrevemos e escrevemos a realidade em que vivemos. Dessa forma, cada um narra um mesmo evento de seu ponto de vista. É isso que torna o mundo muito menos tedioso. Afinal de contas, tudo que havia para ser dito, já o foi. O que nos resta é dizer de maneira diferente.
Por exemplo, imaginemos a história da Branca de Neve e os sete anões.
Se ela fosse contada pelo Manoel Carlos, com certeza, Branca de neves se chamaria Helena e moraria no Leblon. Se fosse o Silvio de Abreu os sete anões morariam no Brás ou no Bexiga e teriam um sotaque muito esquisito e gesticulariam uma barbaridade quando estivessem falando. Se fosse escrita por Aguinaldo Silva, Branca de Neve teria um romance gay com a bruxa má e um dos anões seria viciado em maçãs envenenadas só para criar polêmica.

Numa novela mexicana, Branca de Neve seria uma menina de rua maltrapilha, mas que, na verdade, seria filha de um grande milionário, teria uma madrasta ruim à beça e um irmão desconhecido por quem se apaixonaria sem saber. No final, morreria antes de qualquer chance de ser feliz.

Mas se a história fosse contada por Nelson Rodrigues, os anões teriam um desejo secreto de ter relações sexuais com a Branca de Neve que se sentia meio mãe deles e sentia culpa por causa disso. Eles trabalhariam na floresta como funcionários públicos, não se chamariam Dunga ou Feliz, mas Almeida, Palhares, Oliveira e teriam uma casinha num bosque próximo para encontros amorosos.

Nas letras de um roteirista de Hollywood, Branca de neve, ao ser vista morta pelo príncipe, teria aos seus pés um homem que jurava vingança. O chefe do príncipe encantado, um homem sisudo e misterioso, olharia para ele e diria: John, fique fora disso. Mas o príncipe não desistiria e descobriria uma conspiração para matar sua parceira e concluiria sua vingança.
Mas e se fosse narrada em Cuba, Fidel mandaria prender a bruxa ianque símbolo do imperialismo e a condenaria por tráfico de maçã, pois, na ilha, não há macieiras. E na Venezuela, com certeza, os anões trabalhariam em um poço de petróleo.

E no Brasil...?
Bem, no Brasil , a Branca de Neve seria levada pelos anões a um posto do SUS. Os anões esperariam horas para serem atendidos e descobririam que ela deveria ser transferida para outro hospital porque ali não tinha leito para atender pacientes intoxicados. A bruxa teria um processo aberto na ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) por venda de alimento estragado e daria declarações no Fantástico que estava providenciando a substituição do lote. O príncipe chegaria atrasado e ficaria muito frustrado ao saber que o super plano de saúde que ele fez não inclui futuras esposas com as quais viesse a viver feliz para sempre.



quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

O fracasso de uma geração de pais


Não há uma receita para educar um filho, mas existem milhões de exemplos do que não fazer. Como pais, não devemos ter a ilusão de que nunca vamos errar, mas pelo menos que sirvam de exemplo para nós os erros que vemos no dia-a-dia.
Digo isso porque tomei conhecimento de um caso que deve ser modelo do que não se fazer com os filhos. O fato foi que um menino foi pego colando na escola e foram tomadas as devidas providências; confisco da prova, zero e ele foi para prova final. Os pais procuraram a escola para tomar uma atitude. Contra o filho que foi desonesto? Não. Contra a escola. Acentuaram em seu discurso que a escola foi severa demais, ameaçaram de processo, questionaram a professora, questionaram a escola, alegaram que todo mundo faz, mas pegaram o coitadinho para Cristo. Quer saber como essa história termina?
A curto prazo o menino continua com zero e de prova final e, a longo prazo, os pais dele vão saber e pagar um preço que vai fazê-los desejar voltar no tempo em que, um dia, eles lhe ensinaram que leis e regras são para serem burladas, que punições só se aplicam aos filhos dos outros e que limites é ele quem define para o mundo.
Mas o tempo não volta... não volta mesmo e eles não sabem a lição de vida que perderam a oportunidade de dar para seu filho.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Reality mas não tão "reality" show. Nem tão show...


Já vi reality show de pessoas trancadas numa casa, pessoas tentando ser empresários, moças querendo ser modelos, gente enfurnada na roça, gente passando fome e comendo porcaria numa praia paradisíaca, gente trancada numa casa transando do dia inteiro (isso tem em canal por assinatura sabia?), enfim, a mesma história no final das contas... gente olhando gente fazendo coisas que gente faz normalmente...
E aí vem mais uma a fazenda, mais um big brother, mais uma atração exatamente igual às que passaram antes e eu fico me perguntando o porquê de tanta audiência de uma coisa banalmente desinteressante. Aquele prazer de ficar olhando humanos como ratinhos de laboratório é algo que me soa como bizarro.
Já li diversas teorias sobre o fascínio que isso desperta, mas nenhuma delas me convenceu plenamente além do óbvio voyeurismo humano. As pessoas se agrupam na sala para ouvir os discursos tensos (sic) dos apresentadores (Bial, Bial.. quem te vi quem te vê) e sempre os mesmos desfechos. Cansei de falar mal desses programas, já superei essa fase. O que me guia nessas linhas é a perplexidade de uma fórmula repetida à exaustão e que, todo ano, ainda atrai milhões de espectadores.

Eu devo estar ficando um velho chato. Definitivamente, o problema é comigo.

Em tempo:
No final, é sempre o mesmo resultado. O mesmo que se esperava desde o início e que as emissoras tentam convencer que foi dado pelo voto popular.. ahã...

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Viver a vida no Leblon... cuidado com o José Mayer. Ele está à espreita.


Que o Manoel Carlos gosta de dar papéis de bicho-papão ao José Mayer todo mundo já sabe, mas acho que ele está levando as coisas ao extremo. Minha esposa, noveleira de carteirinha, me disse hoje que a Taís Araújo, a Helena, não vai ficar com Marcos (José Mayer). Ela vai ficar com o Thiago Lacerda que, na verdade, é filho da Marcos e ele não sabe. Ah... a filha adotiva também é, possivelmente, filha dele de verdade. Seguindo esse roteiro, eu dou uma força ao Manoel Carlos.
Taís Araújo descobrirá que também é filha do José Mayer e, por conseqüência, irmã da Lilian Cabral (que também é filha do José Mayer). Manoel Carlos, que também ficará sabendo que é filho de José Mayer se desentenderá com o diretor da novela, seu irmão por parte de pai. Eu fico por aqui me perguntando por que pegam tanto no pé do José Mayer.
Pai, perdoai-lhes...

sábado, 28 de novembro de 2009

Sem planejar não dá. Os eternos amadores...


Outro dia eu agarrei no trânsito uns 15 minutos sem saber por quê. Foram minutos de angústia para entender que se tratava de uma obra no alfasto na pista. Até aí tudo bem. É necessário investir nisso, afinal, pagamos os impostos para dirigir em ruas com o menor número de buracos possível. Mas o que me chama a atenção é o fato de escolherem como horário ideal o de 4 horas da tarde de uma quarta-feira. Período em que o transito já começa a esboçar o quanto será ruim para as próximas horas.
No Brasil, consideram-se bons horários para podar árvores, pintar faixas, consertar alfasto períodos como horário de almoço, saída e entrada no trabalho e, por falta de planejar as obras, esses serviços se tornam uma solução a médio prazo, mas um transtorno imediato.  E que transtorno...
Quando estive nos EUA em 2000 (em NY), achei engraçado como os asfalto era lisinho sempre, como as faixas eram bem nítidas e como as árvores eram tão bem podadas. Fique pensando a que horas eles faziam isso que eu não via. E não é que descobri.... Eles usam o período pós-rush nos centros comerciais e os finais de semana nas áreas residenciais. Uma espécie de alternância de escala para tornar o serviço algo mais fácil de fazer para o funcionário e para os transeuntes, um raciocínio óbvio.
Certa vez perguntei a um colega engenheiro por que não se fazia o mesmo por aqui e ele alegou um monte de coisas: questão trabalhista, cultural, legal, estratégica... Enfim, falta absoluta de planejamento e cálculo de impacto da ação no meio em que se opera.
Somos um país ainda de pessoas que amam o que fazem e seguindo o sentido da palavra que define aqueles que fazem as coisas por amor, somos eternos amadores.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Os aniversários e os chatos


Sem fazer cena, não acho graça em aniversário. Quando somos crianças, tudo tem um gosto especial. É festa, é farra, até as tias velhas que nos dão meia ou seus pacotes moles com roupas são motivo de alegria. Nós nos sentimos especiais e únicos naquele dia pelo qual esperamos o ano todo.
Mas os anos vão passando e a contagem de idade vai virando um peso. Ficamos mais velhos, mais maduros, mais carecas (esse sou eu), mais experientes, mais frágeis (esse sou eu também), mais ranzinzas (olha eu de novo aí) com coisas que, na adolescência, eram parte da farra. Mas, de tudo, uma coisa que eu nunca gostei nem desde o tempo de criança eram os chatos que puxavam o coro do parabéns e ao, final, completavam com as musiquinhas: com quem será que o fulano vai casar/vai depender/ele aceitou.. (e vai por aí)
Isso é realmente e de fato desagradável... Quer reconhecer um chato legítimo? Ele pergunta se você vai fazer exame de fezes quando está bem vestido, diz que “você vai pagar a conta” quando você senta na cabeceira de uma mesa, manda PowerPoint com mensagens edificantes (sic) e imagens de anjinho, escreve “Bom Fds” nos scraps de Orkut , por fim, canta o maldito “com quem será”...
O código penal precisa de uma revisão na sua lista de crimes hediondos, não acha?

sábado, 21 de novembro de 2009

Corrupção de cada dia não nos deis hoje... nem em tempo algum.


Incomoda-me o político que recebe dinheiro para liberar projetos, que emprega parentes e correligionários, aquele que pede parte de uma verba para facilitar as coisas e vem com a história de quem quer rir tem que fazer rir. Tenho profundo nojo dessa frase.
Mas o fato é que construímos um país de alma corrupta nas pequenas coisas e não nas grandes canetadas. Construímos um país corrupto quando colamos na escola ou na faculdade e fraudamos na prova para tirar proveito da mentira.  Ou então, quando oferecemos dinheiro ao policial para fugir da multa. Atingimos nosso ápice quando achamos que a faixa seletiva é do tamanho da nossa certeza de que estamos corretos e argumentamos que todo mundo faz, mas que nos pegaram para Cristo. "Vai prender traficante, bandidos e assaltantes, não cidadão honesto... como eu".
Extrapolamos a decência mínima para convivência social quando alegamos que nossos erros não deveriam ser punidos, pois tem gente que faz coisa tão pior. Corrompemo-nos quando buscamos soluções fáceis e compráveis para coisas que não são simples de resolver. Pervertemo-nos quando perdemos a vergonha por trás do argumento de que “todo mundo faz” e se eu não fizer passo por bobo.
Uma vez cometi uma infração de trânsito e fui parado por um policial rodoviário que, depois de pedir minha a carteira, documento do carro e ver que estava tudo ok, soltou um “e então, como ficamos”. Não pensei duas vezes:
- Bem, o senhor eu não sei, mas acho que eu fico multado, né?
O homem ficou tão desarmado de sugestões a fazer, não esperava ouvir isso. Acredito sinceramente que não estava acostumado a ouvir isso. Acabou rindo, perguntou de onde eu era e me liberou com a recomendação de que não desse mais bobeira.
Sei qual é o jogo proposto, mas não quero participar dele. Não é esse o país em que acredito e não quero que seja isso que deixo para meu filho.