sábado, 3 de dezembro de 2011

Maturidade é aprender a se apaixonar pelos seus erros


O tempo traz muita coisa para gente. Rugas, cabelos brancos, fragilidades mil decorrentes da idade, mas quem se foca na casca perde a essência das coisas. O tempo me trouxe muita coisa boa, mas a que mais tenho degustado atualmente é a capacidade de me apaixonar por meus erros. Isso não quer dizer que eu queira errar cada vez mais mais para me apaixonar mais. Muito pelo contrário, quero me apaixonar mais para errar menos.
É óbvio que fazemos tudo com o objetivo de não errar, mas só não erra quem não faz e, vez por outra, batemos de cara com o fracasso. Planejamos tudo, executamos e ficamos perplexos e desejoso de saber onde foi que erramos. Às vezes, esquecemos que não fomos nós que erramos, mas coisas que deram errada, pois não controlamos todas as variáveis de uma situação e mesmo aquele 0,0001% pode ter sido o suficiente para colocar tudo a perder.
Lamentamos não ter conseguido passar em um exame. Mas quem foi que disse que as avaliações são 100% idôneas e precisas. Às vezes, caímos na margem de erro ou na margem de má fé. Ficamos triste quando alguém que nós era dado como amigo nos trai ou abandona, mas quem lhe disse que você tinha um amigo? Você nunca o teve. Faltava era oportunidade de isso acontecer. A oportunidade chegou.
Nessas situações, realmente aprendemos. Temos que aprender com o erro, entender que não controlamos 100% de nada e aproveitar a oportunidade que a vida está dando de aprender, uma espécie de aula prática de sobrevivência. Lamentar é uma maneira de demonstrar que a lição não lhe serviu de nada.
E que a vida traga, não os erros, mas quando os encontramos, a oportunidade única de nos apaixonarmos por eles. 

sábado, 19 de novembro de 2011

E agora? Quem paga a conta do Rio?


Já há alguns dias que vazou (ou vaza?) petróleo de uma das plataformas da bacia de Campos. Aparentemente, nada que chegue perto do desastre no Golfo de México há uns anos atrás, nem do derramamento de óleo no Alasca há outro tanto de tempo. Nada que se compare, mas nada que nos exclua dessa possibilidade ou de algo pior. 
Um desastre de grandes proporções nas bacias petrolíferas do estado do Rio seria o suficiente para acabar por muitos anos com toda e qualquer atividade de pesca, turismo e comércio em geral no litoral fluminense. Seria um impacto que, possivelmente, poderia levar o estado a bancarrota, a mais absoluta falência, pois suas contas são do tamanho de sua pujança como unidade federativa.
E, no caso de uma tragédia dessa proporção, quem pagaria a conta do estado? Será que todos os outros estados da federação, inclusive aqueles que não extraem nem uma gota de petróleo e, na maioria das vezes, vivem às custas de verbas federais topariam trabalhar durante alguns anos para manter o setor de pesca, comércio e serviços em geral das regiões afetadas? Huum. Acho que não. Cada um com o seu cada um não é mesmo?
Discutir a mudança nas regras dos royalties só tem espaço na lógica se colocarmos em questão a distribuição de todas as riquezas (naturais ou não) de todos os estado entre todos os outros na mesma medida. Por que não dividir o ouro, ferro e outros metais extraídos de Minas, Pará e Goiás entre outras riquezas naturais com todos também? E por que não partilhar os ganhos de turismo de um estado contemplado pela natureza como Ceará, a Bahia ou Pernambuco com todos: afinal de contas, beleza é recurso natural.  Ignoremos o risco que os estado têm de investir, o risco ambiental etc em nome da hipocrisia política que garante votos junto a massa acéfala. 
Vamos dividir o petróleo por uma questão de justiça? Sim. 

Vamos dividir TUDO de todos os estados por uma questão de justiça.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Passeatas contra a corrupção: circo sem pão no país do rei bufão


Ontem (15/11), em vários lugares do Brasil, ocorreu, mais uma  vez, a passeata contra corrupção que as TVs insistem em focalizar em ângulo fechado para não dar dimensão da vergonha que é isso toda vez que acontece. Meia dúzia de gatos pingados com fantasias simbólicas como roupas pretas, máscaras e, claro estátuas da justiça com dinheiro na mão em uma clara metáfora da corrupção no judiciário.

Mas sabe por que isso não funciona no Brasil e provoca risos histéricos nos corruptos como um grotesco festival de circo decadente?  Não? 

Somos um país corrupto até a raiz dos cabelos, temos a desonestidade entranhada em nosso DNA e cabe a alguns, sonhadores e “insensatos” (talvez), lutar contra essa genética maldita de séculos. A verdade que ninguém quer ouvir ou dizer é que somos um país em que a corrupção incomoda até o ponto em que não somos beneficiados por ela. Todo mundo gostaria de um empreguinho na assembleia legislativa de 8 mil mês para nem dar as caras lá e só receber, todo mundo gostaria de ganhar um concorrenciazinha fácil, todo mundo gostaria de um empreguinho para o filho na prefeitura, tudo em trocar de um apoio político ou de uma boca fechada.

Na iniciativa  privada ou no poder público, erro, no Brasil, não é roubar, erro é não dividir com as pessoas certas. Erro não é fraudar, erro é fazer mal feito. O mundo dos pequenos crimes cotidianos legitimam beber e dirigir, dar dinheiro para policial, comprar recibos para IR, pagar e receber por fora e vai por aí. Tudo plenamente justificado pelo “todo mundo faz assim” ou “ah.. mas se você não fizer assim você não sobrevive”

Em 40 anos de vida, vi pessoas se venderem por tão pouco. Eu mesmo, embora nunca tenha participado dos saques, calei-me sempre para manter um confortável emprego. Ou seja, fui parte de tudo que denigre e destrói o meu país por conta da omissão em nome do meu conforto. Mea culpa... mea maxima culpa. Sou parte disso. Agora, que atirem a primeira pedra....

sábado, 12 de novembro de 2011

Caçando lugares-comuns - mitos da linguagem: ditados


Quem desdenha quer comprar.
Quer dizer que se você olhar um monte de merda no chão e desdenhar, você quer comprar?

Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.
Se você tem tempo e é imortal, vale a pena esperar.

Devagar se vai ao longe.
Longe é o conceito mais relativo do mundo. Longe de onde?

É de pequenino que se torce o pepino.
E para que eu iria querer um pepino torcido?? Foi só para rimar, né?

Uma andorinha não faz verão.
Se você parar para pensar, nem 100 andorinhas fazem verão. Acredite, isso independe da vontade delas.

Quem com porcos se mistura, farelo come.
Aqui não se considera que há dietas distintas para animais que convivem entre si. Já vi galinhas e cavalos criados com porcos e comendo coisas diferentes de farelo.


sábado, 5 de novembro de 2011

Um golpe de internet - não é piada, é sério

Não existem mais bandidos como antigamente. Recebi um e-mail de fraude outro dia, um daqueles que diz que você tem um débito na receita federal e, sinceramente, fiquei decepcionado. A baixa qualidade no sistema educacional brasileiro já afeta nossos bandidos de internet que comentem crimes contra a ordem e contra a Língua Portuguesa. Esperava-se que os bandidos de internet tivessem um nível cultural melhor, mas fiquei assombrado com mais um email cheio erros de Português. Não me contive, devolvi-o ao golpista com as devidas correções e com uma bibliografia complementar para melhorar sua escrita.
Ainda não obtive resposta...


  1. Suspensão é escrito com S, pois vem do verbo suspender e, normalmente, palavras derivadas de verbos em –DER geram substantivos em S (Por exemplo, Ascender - ascenSão / Proceder - procesSo / Conceder - concesSão / Ceder - cesSão...). Senhor bandido, suspensão não se escreve com Ç, por favor, revise seu texto.
  2. Acento grave indicativo da crase antes de verbo não existe. A crase é o fenômeno de junção entre uma preposição (a) e um artigo (a). Verbos não recebem artigos antes, pois, primeiramente, se o recebem, tornam-se substantivos por um processo de derivação imprópria. Logo, Senhor bandido, a forma é PROVIDÊNCIAS A TOMAR. (sem acento grave) já que o verbo aqui opera com tal (indicador de evento). Além do mais, se ainda considerássemos a possibilidade de ser um susbtantivo, temos que levarem conta que verbos derivam substantivos masculinos e nunca femininos (o falar, o saber, o dizer...) e, como sabemos, senhor bandido, não há crase antes de palavras masculinas.
  3. Senhor bandido, entendi o seu problema de regência (crase) e de ortografia, mas quero acrescentar que o senhor deve prestar atenção às orações adverbiais antecipadas (no caso, uma adverbial condicional), pois elas sempre pedem vírgulas que as separe das orações principais. Ex. Se não funcionar, clique aqui...
    É por isso que o cara virou bandido... a culpa é da educação.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O medo é o tempero de toda a prudência.


Aquele que diz que não tem medo de nada, ou é um idiota, ou é um mentiroso. Desde que nascemos, o medo é o sentimento mais presente  em nossa vida. A grande missão é a aprender a dominar essa avalanche de emoções e pensamentos decorrentes dele para que tal força não nos domine. 
Racionalizar é parte disso, mas o universo racional não afasta o sentimento de nós. Ele nos torna senhor da situação, mas não o elimina. Até porque o medo é o tempero de toda a prudência e, mesmo quando temos certeza de algo, até os últimos instantes, temos medo de que alguma coisa mude os rumos da história. Isso nos faz pisar com cuidado. Isso é bom..
Aquele soldado que, sabendo que iria morrer, levanta e corre de peito aberto contra o inimigo não é um herói, mas um fraco, pois não soube controlar a sensação do medo que nos move antes do desfecho de uma situação. Não soube esperar o fim, abreviou-o no desespero. Ele sabia que correr de peito aberto era a maneira mais rápida de encerrar a angústia, pois essa é a pior de todas as esperas e muitos sucumbem a ela e não ao final. Aguardar o fim é tortura da alma pior do que o próprio fim.
Por isso, não devemos odiar ou rejeitar nossos medos, medo de morrer, medo de fracassar, medo de não ser feliz, medo de... Enfim, medo de tudo aquilo que a vida nos ensina dia-a-dia que é inevitável e legítima a nossa existência.

sábado, 29 de outubro de 2011

Estar com a razão para quê?


Por que as pessoas querem tanto ter razão em qualquer discussão? Parece que ter razão é uma questão de honra mesmo. Como se suas vidas dependessem daquilo. Eu, pessoalmente, detesto discutir e reservo a troca de ideias a pessoas que eu tenho certeza absoluta de que alguma ideia para trocar. Ah.. e sim. Que essa ideia a ser trocada vale o meu tempo.
Sou daqueles que dá um boi para não entrar em polêmica ou discussão e se necessário dá uma boiada para sair dela o mais rápido possível se a entrada tiver sido inevitável. Acho que só os idiotas dão uma boiada para ficar numa briga. Perdem tempo, gastam energia, criam animosidades e, no final das contas, carregam consigo o volátil trófeu do cara que estava com a razão. 
O gostoso do mundo é a certeza de nem sempre estarmos com a razão. E, mesmo quando podemos estar, ficar olhando de fora uma polêmica, com aquele ar entediado de olhar o rio por onde a vida passa (Pra rua me levar - da Ana Carolina) sem se precipitar e nem perder a hora chega a ser divertido.
A verdade é que as pessoas gastam muita energia com discussões que não conduzem a absolutamente lugar nenhum e que, quando conduzem, são lugares em que não queríamos ou em que não vale a pena ficar.
Bom, se você acha que discutir é bom, que não devemos levar desaforo, enfim, que o que vale é a sua opinião, tudo bem. Creio que não vale a pena discutir por isso. 

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Desculpe por te incomodar


Outro dia tive a infeliz oportunidade de precisar diretamente de um serviço público e constatei que décadas se passaram e continuo tendo um padrão ruim, lento, corrupto e ficando com a impressão bem nítida de que eu estou sendo um estorvo na vida daquela pobre criatura concursada que eu, cruelmente, incomodo no meio da tarde em sua repartição. Saio quase pedindo desculpas e por pouco não ouço: - e que isso não se repita!
Talvez eu tenha dado azar.. é comum acontecer isso comigo. Foi um mau dia...
Mas sabe que isso não é só coisa de serviço público, não? Acho que isso é do brasileiro, atender mal mesmo quando pagamos pelo serviço diretamente. Ficamos vários minutos esperando o atendimento ao telefone (já fiquei 54 minutos esperando), ficamos em pé no balcão enquanto o funcionário do cartório conversa com o colega, temos nossas correspondências retornadas porque há carteiros que não gostam de carregar volume e dizem que passaram na sua casa muitas vezes e ninguém atendeu (ainda que você estivesse lá todos os dias, o dia  inteiro). Tudo isso é serviço pago e, normalmente, caro.
Outro dia, comprei um eletrônico pela internet que veio com problema. Liguei para o atendimento e fui atendido em 1 minuto, a atendente não ficou me jogando de setor em setor, relatei o problema só uma vez, eles pediram que enviasse o produto e disseram que eu teria outro logo que eles recebessem a minha postagem. Eles não discutiram o problema ou inventaram desculpas para eu ficar no prejuízo. Simplesmente, mandaram outro produto, trocaram e pronto. Dias depois, ainda ligaram para saber se eu ficara satisfeito com a troca.
Fiquei desconfiado... Não ser enrolado, atendimento direto, ser bem tratado, empresa que se preocupa com o seu problema mesmo depois da compra...huummm NO BRASIL??? Por alguns instantes quase desisti de levar a conversa adiante com o atendente. Devia ser golpe. Belisquei-me algumas vezes, mas, naquele dia, doeu mesmo. Tem alguma coisa errada com aquela empresa.. ah tem... Cuidado com esses caras..

sábado, 22 de outubro de 2011

É possível ter orgulho dos mais bizarros defeitos


Eu sou assim: quando eu gosto, eu gosto; quando eu não gosto, eu não gosto. Outro dia, eu falava em sala de aula aos meus queridos alunos que essa é a frase preferida de todo idiota quando quer chamar a atenção para sua personalidade, quase sempre, pífia, vazia e completamente desinteressante. 
Há gente que grita os próprios defeitos como se fossem traços louváveis de sua personalidade, pessoas que cantam aos quatro cantos do mundo que são possessivos, vingativos, incapazes de perdoar, não aceitam ideias diferentes das suas e são intolerantes ao extremos. Afinal, eles são assim: quando gostam, gostam; mas quando não gostam, não gostam.   
É claro que somos todos verdadeiros poços de defeitos e estamos longe de qualquer perfeição. Aceitar essas falhas de formação do espírito é a primeira parte do processo de mudança. Depois, temos a mais complexa das partes, corrigi-las. Aprender a tolerar, desprender-se, perdoar entre outras coisas é o mais difícil de tudo. Acho que é por isso que algumas pessoas desistiram, transformaram suas deformidades e aleijões  em virtudes e repetem o clássico "eu sou assim".
Sempre que ouço isso, penso que, com certeza, as pessoas não têm dimensão de toda a carga negativa dessas palavras que poderiam ser bem traduzidas por "eu sou assim: tenho um monte de defeitos horríveis, não vou mudar e aceito sofrer e apanhar muito porque não tenho forças para modificar isso"
Eu, por exemplo, sou assim, quando eu gosto, eu gosto; mas quando eu não gosto... Bom, quando eu não gosto, estou sempre aberto para que me deem boas razões para gostar. Inclusive de pessoas que repetem essas sandices de "eu sou assim, quando eu gosto, eu gosto.. e blá, blá, blá...