terça-feira, 21 de outubro de 2008

Informações e desinformações... qual é a minha?

Só alcançamos a isenção completa e absoluta quando esticamos as pernas e nos alinhamos com o último leito que nos cabe nessa, a cova.

Eu lia a Veja, mas me disseram que ela era muito de direita; passei a ler Caros Amigos, mas me afirmaram que ela era muito de esquerda. Andei comprando a BRAVO, mas me falaram que era muito elitista. Passei a comprar a Época, mas aí me contaram que ela era da GLOBO, muito manipuladora. Tentei a ISTO É e me garantiram que era um projeto de VEJA. A FOLHA era muito prolixa, o JORNAL DO BRASIL, muito centrão. Assistir à TV GLOBO, nem pensar. SBT, muito decadente. A Bandeirante? Bairrista demais. A Record? Evangélica demais. Mas a Rede TV.. não.

Com essa, sou eu que não tenho paciência.
Garantiram-me que a única mídia séria, completamente isenta, sem comprometimento com nada a não ser com a verdade absoluta e pura é o Diário Celestial, editado no céu pelos arcanjos que cercam Nosso Senhor.

Mas ainda assim, os diabinhos no inferno não compartilham dessa opinião.

Acham-na muito aduladora.

sábado, 18 de outubro de 2008

Em nome da tradição, louvemos a estupidez humana.

Será será que será que será que será
Será que essa minha estúpida retórica
Terá que soar, terá que se ouvir
Por mais zil anos?
Podres poderes,
Caetano Veloso


Na Revista Veja desta semana, saiu a história de uma menininha no Nepal que foi proclamada como deusa aos 3 anos. Ela será tratada como deusa (parece aquela musiquinha irritante da Rosana: como uma deusa, você me mantém...) viva até a primeira menstruação, quando retorna à condição de mortal e carrega consigo a maldição de dar azar a qualquer um que venha a se casar com ela.
Para isso, eles se baseiam na mais pura lógica nepalense, mapa astral, sinais de divindade, aura, leituras de vidas passadas.. enfim, ciência, a mais pura ciência da idade antiga. Enfim, isso era a maior moda no ano 10 a.C.

Então, a menininha vive como uma deusa cujos arrotos ou diarréias são o presságio de desgraças infindáveis: algo do tipo, a deusinha está com gases, caiu a bolsa, a deusa está com o nariz escorrendo, sinal de uma grande chuva... e vai por aí.

Qual é o problema?

Pois é, toda vez que se levanta essa bola das tradições, vem sempre um politicamente correto falar que isso, assim como apedrejamento de adúlteras, extração de clitóris, venda de crianças para trabalho escravo, entre outras barbáries pelo mundo, são culturais e que não podemos julgar uma cultura dessa forma, pois culturas são distintas e devem ser respeitadas em sua diversidade.
Aí, em nome disso, mantêm-se também coisas como a tourada, farra do boi (para mim quase a mesma coisa) e um largo rol de coisas estúpidas.
É tradição...
A essa retórica vazia, há um argumento de forte apelo intelectual e humanístico:


Tradição é o escambau!


Até quando destituir uma criança de sua infância em nome da perversão de adultos é tradição? Desde quando apedrejar uma mulher porque julgam-na adultera é tradição, ou mesmo extrair o clitóris porque é negado por "Deus" o prazer à mulher é algo que deva ser cultuado como cultural? Até que ponto, torturar um animal até a morte é um costume que nos engrandece e merece ser mantido?
Até quando será que esta estúpida retórica de "cultural e tradição" vai mascarar o nosso desejo de varrer toda nossa barbárie para debaixo dos tapetes.
Até quando defenderão o direto à estupidez em nome da diversidade e do direito de parecer "intelectual"...?


sexta-feira, 17 de outubro de 2008

De fóruns, De seminários, De simpósios... "De sanimados":-(

Tem gente que adora planejar, polemizar, "fazer uma colocação a título de debate" ou mesmo, "a nível de" , essa, então, é detestável. Elabora-se um Fórum para discutir os rumos do ensino. Chega-se a conclusão que são necessárias medidas eficazes para melhoria da qualidade (E precisava de um Fórum para isso? Isso já não está meio na cara?). Mas o próprio Fórum é algo discutível em sua eficácia. Aí, propõe-se um Seminário para se discutir a eficácia dos Fóruns que discutem as questões complexas relacionadas ao ensino. Mas estes seriam mesmo eficientes ou necessários? Daí, nada mais interessante do que um Simpósio para discutir a eficácia dos Seminários que discutem a eficácia dos Fóruns que discutem o ensino. Até o dia em que alguém achar que Simpósio merece uma discussão "a nível de problematização das abordagens dialéticas da questão" (ou seja lá o que for) e propor um Encontro... Quem sabe?
Lá vem mais um evento nessa roda viva.

Mas tenho esperança de que um dia os sinônimos acabem... aí, as discussões melhorarão de nível.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

É óbvio que eu sei.... mas e você?

Eu não entendo por que tem gente que tem uma necessidade de parecer mais esperto/engraçadinho do que não são (Não confundi não.. é isso mesmo). Em um papo descontraído, você solta:

- Ah, de manhã é ruim.. o tempo passa muito mais rápido. A gente nem vê passar.
Aí ele, um "bacaninha", diz:

- Não. É impressão sua, tem o mesmo tempo das outras horas do dia.
- Caraca.. não brinca?! Sério...?
***
E se a comida não agrada ou traz uma lembrança repulsiva, sem pensar a gente manda:

- Putz, isso tem gosto de barata...

E um fofinho completa...
- Ah é.. você já comeu barata?

- Não. Nem chupo cabo de guarda-chuva, mas vez por outra acordo com gosto de cabo de guarda-chuva.
- E aí? Explica-se o que é uma metáfora ou deixa o cara na ignorância... ? Ah... Vamos deixá-lo lá, na ignorância. Cai-lhe tão bem.
***
E quando sai para comer fora com um grupo de amigos? Sempre tem aquele que espera alguém sentar na cabeceira da mesa para formular aquela frase profética que ninguém, mas ninguém, jamais ouviu em sua vida:

- aí hein, vai pagar a conta...
[Chatiiinho!]
***
E o cômico que quando descobre que você tem dons culinários fala:

- Já pode casar, hein!

[Uau... mudou minha vida! Só precisava disso para me decidir]
***
Por fim, respire fundo, olhe nos olhos e diga com toda a sinceridade:
- Fulano(a), não precisa forçar tanto a barra para parecer inteligente, espirituoso e engraçado. Eu gosto de você do jeito que você é... e ponto final.

Se ele entender, ofereça um antidepressivo.
Sempre ajuda

Em tempo:
O que tenho percebido é que, no universo, tudo morre, tudo tem um fim, mas essas gracinhas, junto com as baratas, parece que vão ser os únicas coisas que sobreviverão a um hecatombe nuclear. Ah sim... e os flanelinhas, mas para minha vingança, morrerão à mingua sem donos de carros para extorquir.

Ok, ok.. é muito mau humor em um só post, mas passa.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Depois da história de fadas... vem o quê? Amanhã é dia de saco.

Será que ninguém pensou aonde vão dar alguns pontos dos contos de fadas que não ficaram bem claros quando nos contaram? Por exemplo, como a Cinderela voltou para casa depois que o encanto acabou? Pois é.. o saco esclarece...

À meia noite, carruagem vira abóbora e cocheiros viram ratos... então...

Lá estava ela, no ponto de ônibus, com um vestido maltrapilho, em companhia de ratos e carregando um abóbora embaixo do braço. As pessoas olhavam estranhamente aquele mulher que, com olhar desalentado, fitava um dos ratos de vez em quando. E agora ainda restava convencer o trocador que ela havia sido assaltada e não tinha dinheiro da passagem. Era meia noite, último ônibus e se a conversa não colasse era rachar a pé até a casa madrasta malvada...
Mais de uma hora.. aff.
E pelo jeito estava com cara de que iria chover...
Cadê a desgraçada da fada madrinha nessa hora?!

sábado, 11 de outubro de 2008

Sempre procurando um cabelinho em ovo.

Toda polêmica vã assenta-se na vaga deixada pela inteligência.

Outro dia li em um blogue (na sala de Justiça) que a associação de cegos dos EUA irá apresentar um protesto contra o filme "Ensaio sobre a cegueira", do cineasta Fernando Meirelles baseado no romance de José Saramago. A alegação? Denigre a imagem do cego e o apresenta como alguém desorientado e desorganizado. Isso não contribui para o combate ao preconceito contra o deficiente visual (cego é o cacete!!! Que fique bem claro).

Bom... é o famoso caso de não vi o filme e não gostei. (argh! Humor negro... desculpem!)
Vez por outra aparece uma história dessa... Aparece um cara tentando proibir o uso da música "olha a cabeleira do Zezé" por ela fazer apologia à homofobia e à estigmatização da diversidade sexual. Ou mais, um sujeito tentando proibir "atirei o pau no gato" por considerar que trata de apologia aos maus tratos aos animais... Caramba! Abomino todo preconceito, seja homofobia ou qualquer outro e, simplesmente, acho que lugar de gente que maltrata animais é em uma cadeia com um monte de bandido sodomizando o desgraçado.
Mas espera aí... eu cantei atirei o pau no gato e nunca levei isso a sério. Assim como cantei quando criança "o sapo não lava o pé" e nunca me passou pela cabeça, mesmo na mais tenra idade, discriminar os sapos devido a seus precários hábitos de higiene.
Ao invés rebater, dessa vez, vou entrar na paranóia e sugiro os seguintes processos judiciais:

Proibir:
Rapunzel.
Razão:
Apologia à manutenção de pessoa em cárcere privado, sequestro..

Proibir:
A música "o teu cabelo não nega".
Razão:
Crime de racismo.

Proibir:
Os três porquinhos
Razão:
Apologia à tentativa de homicídio e/ou lesão corporal
Apologia aos maus tratos de animais.

Proibir:
Cinderela/Branca de Neve
Razão:
Apologia ao comércio de produto de "hortifruti" contaminado.
Apologia ao serviço escravo (tanto da parte dos anões quanto da madrasta). Em se tratando da madrasta, acrescentemos o cárcere privado

Proibir:
Música de "Parabéns" (parte do com quem será)
Razão:
A repetição do "com quem será" e do "vai depender" representa um tipo de coação/constrangimento ilegal que, muitas vezes, atenta contra a manifestação do livre arbítrio dos citados na musiquinha. Substitua-se doravante aquela parte por "lá, lá, lá..."

Cabe numa ação coletiva determinar por liminar judicial que a Xuxa pare de se referir às crianças como baixinhos e adote a denominação "seres humanos/cidadãos em processo incipiente de formação". Sendo assim, torna-se mister a retirada de todos os DVS "Xuxa só para baixinhos" até a susbtituição dos títulos por "Xuxa só para seres humanos/cidadãos em processo incipiente de formação"

E sabe o que é pior ? Tem gente que vai levar isso a sério...

Em tempo:
Viu por que eu modero comentários... Tenho paciência, mas não muita.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Terceirizando a existência

Pedro Pedreiro Penseiro esperava o trem, esperava a sorte, esperava a morte, esperava o dia de voltar para o Norte. O bem que lhe tocava era obra de Deus, já o mal, obra do diabo. Se perdia um trabalho era coisa feita, se recebia um dinheiro, eram as preces atendidas. Mas se os pedidos não eram atendidos, é porque não era a hora e tudo estava certo, porém em linhas tortas. E seguia os dias com a terceirização definitiva de seu destino.
Morreu numa quarta-feira de cinzas de um ano qualquer.
Sobre a sua lápide, poucas palavras resumiam uma existência.

Aqui jaz Pedro, 70 anos de vida sem nem um comprimido de Lexotan.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Programas culturais de ameríndios (sendo politicamente correto)...

As maiores furadas culturais que conheço são sarau de poesia e show de dança moderna. O primeiro é o reduto de um monte de cara que está lá para ler seus trabalhos e que, diga-se de passagem, você não leria nunca se alguém não tivesse lido ali para você (confuso, né? Você não viu nada...) Os tímidos lêem com ar de dor e consternação, mas os performático não. Estes gritam e interpretam aquilo que escreveram e que você, que está ali só para prestigiar um amigo seu que tem essas idéias erradas, tem que agüentar. Mas aí você respira e pensa que Crise renal é bem pior...

A dança moderna performática começa. Ah sim... a música é performática também. O visual é escuro (ou claro demais) e as pessoas entram com cara de assustadas. Segundos depois, rolam no chão e se arrastam... (??) Depois se abraçam simbolizando o universo e você só descobre isso muito depois quando lê no jornal. A música persiste... basicamente percussão ou sons digitais. E olhe lá...
Comprei uma máquina de lavar DAKO que, quando tem pouca roupa para lavar, faz um solo de percussão de dar inveja a muita gente do meio.
E você ali... ainda pagou para ver.
Mas o pior é o final, pois sempre chega alguém e te pergunta?
- E aí gostou?

Bom, você pode responder o que pensa e passar por uma besta insensível e até grosseiro ou respirar e dizer:
- Diferente, né?! Bom...

E pensar depois:
Bom... seria se eu tivesse ficado em casa.

Em tempo:
Acho que era um direto constitucional apedrejar o ator que no final da peça vem agradecer e diz: "Se gostou, indique aos amigos, se não gostou, aos inimigos." E sempre tem um desgraçado que ri disso..
***
Acho a expressão programa de índio uma sacanagem com os índios... catamos suas terras, suas riquezas, destruímos sua fauna e flora e ainda saímos dizendo que os caras freqüentam sarau de poesia e show de dança moderna.. Isso não.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Tempos e palavras mudam... amanhã tem mais saco. E novinho também...

Sou de um tempo em que ser lesado ou doente era algo digno de preocupação e não apelido elogioso. Tempo em que cachorras, ou eram fêmeas de cães, ou prostitutas. Lá, se foi a época em que sinistro era algo sombrio e chegava a assustar... e Velho era uma referência pop ao pai (Meu velho é gente fina!) Hoje, “véios” tem 14 anos e, muitas vezes, são também “malucos”

- Véi, maluco... Sinistro!

Sou de uma época que “um velho maluco sinistro” era uma figura sombria que tinha problemas com álcool, carregava um saco nas costas e nossas mães nos avisavam que se não fossemos obedientes, ele nos cataria para fazer sabão.
Ah sim,... e do tempo que Caracas era só a capital da Venezuela ou sujeira acumulada sobre a pele....

“Caracas, maluco”, então... Não fazia o menor sentido.
...
Se bem que Caracas e maluco, hoje, fazem tão mais sentido...

Benditas palavras que mudam sempre.