sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Cérebro by Windows... Amanhã tem saco... sem travar.

Funcionava com um cérebro cujo sistema operacional era uma espécie de Windows. Acordava de manhã e ficava olhando o nada enquanto visualizava uma tela preta e depois uma barrinha monocromática que parecia se deslocar da esquerda para direita. Às vezes, dava umas travadinhas, mas logo voltava a correr. Era sempre assim.
Depois que começava ou inicializava, seguia bem. Vez por outra, tinha dia que travava e não conseguia fazer nada. Mas aí era só dar uma pausa, respirar, dar uma cochilada e, pronto, voltava a funcionar. Se adaptava bem com todo tipo de atividades, não era nenhuma beleza, mas sua capacidade de entrosamento era algo extraordinário.
No fim da noite, desligava e enquanto esperava o sono chegar, olhava uma telinha azul com os dizeres: aguarde, seu cérebro está sendo desligado.
Dormia então o sono dos anjos.
Turned off... till morning..

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Os sete pecados capitais de um blogue.. escolha o seu.

Próximo de fazer um ano de existência e de atividades como blogueiros (prefiro bloguista, mas vá lá), a gente se torna mais leitor do que qualquer outra coisa. Em um dia de pouco passeio pela blogosfera, leio de 10 a 20 blogues. Em dias de "à toa", coisa rara, perco a conta. E acreditem, virou mania. Leio por prazer de ler.
Gosto mesmo disso e já assumi como uma das minhas saudáveis perversões.
Há blogues que são geniais, belos textos, bons assuntos (não vou citar para não cometer injustiça, mas dê uma olhada no meu blog roll e nos que eu acompanho para ter uma idéia), outros nem tanto, textos ruins, montoeiras de vídeos do youtube, ctrl+C/Ctrl+V... vixe, que horror! Há cronistas geniais que ainda não o sabem, jornalistas sagazes ou mesmo poetas brilhantes. Do outro lado, há rascunhos mal feitos de projetos de intelectuais (são os poetinhas punk-rebeldes que rimam pus-luz-seduz-alcaçuz) em quem ainda não caiu a ficha (talvez nunca venha a cair) do quanto é ruim o que postam.
Há de tudo para tudo que é lado... Até houve uma época em que abri uma série de críticas ao que havia de ruim... (lá para maio, mais ou menos). Hoje, acho bom até o que é ruim, mas acredito que a morte de um blogue (naquela estatística dos 3 meses de vida) está ligada aos 7 sete pecados capitais da blogosfera.
Ei-los...

A ira
Quero ser crítico, mas não tenho bagagem intelectual para isso. Mas e daí, dane-se. O que vale é expressar o meu pensamento. Faço textos que reduzem as barras de rolagem do navegador a um pentelhinho de tão finas. Sou um gênio e odeio tudo que é estranho a minha genialidade (minha mãe disse que sou e ela não mente). Sou um intelectual (sic) e faço poemas irascíveis (ainda que não saiba bem o que isso quer dizer) que rimam pus com luz e terminam em atendimentos no SUS. Sou uma espécie de punk deslocado do tempo e atribuo todo meu fracasso ao sistema. E quem é você para me analisar?

A gula
Coloco um texto que fica vários dias e decido que não posto outro enquanto não tiver pelo menos 80 comentários. Sou guloso de comentário. Atolo as comunidades do orkut com minha presença... no oitenta e um, eu escrevo outro texto. Ando meio sem inspiração (embora eu também não saiba bem o que é isso). Ah, sei lá, nada a ver, mil coisas.

A inveja
Não gosto de ler, mas gosto de escrever (sic). Acho que tudo que é blogue que tem muita visita é ruim. Escrevo textos em que saio descendo a ripa e dando nomes aos bois. Falo mal de todo mundo e crio polêmica com o que vier pela frente... Não interessa. Você concorda? Pois eu discordo e quem é você para me julgar? Meus comentários em outros blogues? Sou contra tudo ,principalmente a qualquer coisa que você você seja a favor.

O orgulho
Não preciso da sua visita. Escrevo por escrever. Não está bom o texto? Coitado, você não entendeu. Expresso no meu blogue os capítulos do meu mais genial romance, e único, de 850 páginas. O que? Acha que colocar 50 páginas do meu livro em um post torna a leitura cansativa... paciência. O problema é que você não tem hábito de leitura. Não posso fazer nada. Só lamento. E quem é você para me julgar?

A avareza
Posto um texto a cada mês e participo das comunidades com tópicos do tipos "blogues atualizados no segundo semestre de 2008". Deixo claro que, se vai citar meu texto, faça os créditos, insira o link, informe o meu nome e coloque meu banner. Ah, e encaminhe um pedido de autorização para eu assinar reconhecer firma em cartório e devolver.

A preguiça
A última vez que atualizei foi em janeiro de 2008. Já até escrevi alguma coisa depois, mas aí... cara, nem lembro a senha. Aí ferrou. Comentar? Huum.. às vezes, sei lá... "Legal o texto". Passa no meu. http://... Para mim é o suficiente.

A luxúria
Descobri que existe cursor de estrelinhas, selos de blogues, banner colorido, propagandas em pop-up que te pagam 0,01 cada vez que alguém clica (vou ficar rico se a população da China em peso clicar no meu banner), fundo preto, letras verde claro, bonequinhos que se mexem na tela, jogos em java, musiquinha de fundo, radio ambiente, espaço para vídeos preferidos... coloquei tudo no blogue de uma só vez. Meu blogue é uma suruba de recursos exóticos. Em conexão discada demora uns 10 minutos para abrir... Clica, saia de perto e volta daqui a pouco.

Nessa minha história de blogosfera, aprendi que ser amado e odiado faz parte da brincadeira e vamos tentando seguir com a balança mais equilibrada possível.
Descobri que o legal é isso também.

Em tempo:
Certa vez eu li um post em um blogue que trazia o tema que abordei aqui, os sete pecados. Não lembro o post, não lembro o blogue, mas faz muito tempo mesmo (eu nem tinha blogue na época) e eu achei bem legal. Outro dia eu me lembrei disso e aí, eu pensei... e o que o saco de filó tem a dizer sobre os pecados da blogosfera?
Aí vai.
Quer dizer: aí foi.


Se bem que pecar mesmo é fica vendo a vida passar... de bobeira.
Bloga aí.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Poemeto limítrofe das nossas percepções de mundo.

Quais os limites
Para as ações justificadas pela fé?
Um poço fundo que nunca dá pé?

E as fronteiras entre a barbárie e o cultural.
Até que o raio caia em nosso quintal?

Qual o caminho para ser mais esperto?
Assumir o que se pensa...
Ou repetir o politicamente correto?

sábado, 25 de outubro de 2008

Um país de diplomados desempregados...

Na infância, norteamos nossas escolhas profissionais por duas razões: o heróico ou o mimético. Queremos ser policial ou bombeiro porque o vemos como um herói ou queremos ser médico porque o nosso pai é médico. Na adolescência, o tempo de escolha vai encolhendo e ganhando ares de seriedade. Passamos a pensar em mercado de trabalho quando o único mercado que conhecíamos era o de fazer compras do mês. Aí é que entra a questão: vocação ou salário?

No Brasil, criou-se o mito de que
o único caminho que temos para a realização profissional é a faculdade e as pessoas se amontoam em vestibulares semestrais. De um lado o aluno que quer entrar, de outro o governo que quer que o aluno tenha curso superior e de outro a Instituição, na maioria das vezes, particular que precisa de volume de alunos para manter sua estrutura funcionando. Esta combinação dá no que dá. Milhares de jovens em bancos de curso superior, sem vontade, sem dinheiro e sem condições mínimas, mas realizando o sonho da família em festas chatíssimas de formaturas ao final do curso.

Amontoamos o mercado com professores, pedagogos, advogados, economistas cada vez mais e a cada ano, mais e mais. Um curso de Pedagogia, por exemplo, com uma turma 50 alunos/semestre, injeta 100 profissionais por ano no mercado de trabalho, ao final de 5 anos são 500 profissionais. Só que não é só uma faculdade. Na região em que vivo (sul do estado do Rio de Janeiro), há 8 cursos de pedagogia num raio de 90 quilômetros e aproximadamente uma população de 800 mil pessoas.

Dessa forma, 8 cursos lançam aproximadamente 4.000 profissionais a cada cinco anos. Em dez anos, serão 8 mil pedagogos. Não precisa ser um gênio da matemática para perceber que há um gargalo. Muitos vão trabalhar em outras atividades que nada tem a ver com o glamour das formaturas do curso que fizeram. E este raciocínio serve para outras áreas de graduações.

Por outro lado, os setores de serviços padecem com a falta de profissionais. Se você precisa de um técnico eletricista, padece para conseguir um bom. E um pedreiro? E um bom encanador? Jardineiros de qualidade? Pintores? Fico pensando em que momento perdemos o trem da história e rotulamos estas profissões como menos dignas. Em que momento escrevemos a história de um país de doutores em casas com torneiras pingando?

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

História curta, o resto é com você... Amanhã é dia de saco.

Naquela pequena localidade instalaram uma clínica de tratamentos de dependentes de entorpecentes. Para isso, os responsáveis alegaram que era o lugar ideal, pois não havia droga nenhuma lá.

***
Quase que pela mesma razão outros empresários desistiram de instalar uma clínica de reprodução artificial e banco de sêmen por lá...
É.. eles alegaram que.. bem, eles disseram que..
É.. lá não havia... bem, lá não havia condições.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

"Comoção nacional..." Eu já cansei.

Comoção nacional é o nome que a imprensa dá a uma desgraça com cobertura de TV, rádio, jornal e revista. A última foi a dos Nardonis, e, em meio a tanta crise econômica mundial, surgiu o caso daquele psicopata que manteve seqüestrada e matou a ex-namorada porque não aceitava o fim do namoro.

Mais uma vez, segue-se uma seqüência de decisões desastrosas da polícia e das pessoas ligadas ao caso, como sempre... Parece um script lido e decorado à exaustão.

É uma história que se repete. A contagem é cansativa se começarmos a lista do episódio do ônibus 174 até hoje (isso para não ir muito longe).
O que eu não entendo é por que as histórias se repetem de forma tão circular. Seguido a isso, temos uma comoção nacional, debates sobre a ação da polícia, avaliação de especialistas em rede nacional, câmeras exclusivas e depoimentos de pessoas que conheceram a vítima, nos bares, em frente a uma TV, pinguços inveterados questionam a tática usada pela equipe de ação da polícia e alternativas de modus operandi. Tudo repetido em um ritual macabro que oferece chamadas de plantão extraordinário do jornal a cada instante.


Mas o corpo esfria, os atores são recolhidos, os cenários desmontados. Na coxia, só o pessoal da limpeza e do apoio. Do outro lado, a platéia já deixou a sala e o gerente do teatro só espera que uma nova peça seja colocada em cartaz.
Não que ele deseje. Longe disso, mas se acontecer... vai fazer o quê?
Será que sou só eu que canso dessas coberturas?
Acho que fiquei velho, acho que fiquei chato.

Em tempo:
Acho que a imprensa tem o dever de mostrar estas coisas
(e a admiro por isso), mas tem hora que o dever se confunde com algo que não consigo entender. Aí cansa...

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Informações e desinformações... qual é a minha?

Só alcançamos a isenção completa e absoluta quando esticamos as pernas e nos alinhamos com o último leito que nos cabe nessa, a cova.

Eu lia a Veja, mas me disseram que ela era muito de direita; passei a ler Caros Amigos, mas me afirmaram que ela era muito de esquerda. Andei comprando a BRAVO, mas me falaram que era muito elitista. Passei a comprar a Época, mas aí me contaram que ela era da GLOBO, muito manipuladora. Tentei a ISTO É e me garantiram que era um projeto de VEJA. A FOLHA era muito prolixa, o JORNAL DO BRASIL, muito centrão. Assistir à TV GLOBO, nem pensar. SBT, muito decadente. A Bandeirante? Bairrista demais. A Record? Evangélica demais. Mas a Rede TV.. não.

Com essa, sou eu que não tenho paciência.
Garantiram-me que a única mídia séria, completamente isenta, sem comprometimento com nada a não ser com a verdade absoluta e pura é o Diário Celestial, editado no céu pelos arcanjos que cercam Nosso Senhor.

Mas ainda assim, os diabinhos no inferno não compartilham dessa opinião.

Acham-na muito aduladora.

sábado, 18 de outubro de 2008

Em nome da tradição, louvemos a estupidez humana.

Será será que será que será que será
Será que essa minha estúpida retórica
Terá que soar, terá que se ouvir
Por mais zil anos?
Podres poderes,
Caetano Veloso


Na Revista Veja desta semana, saiu a história de uma menininha no Nepal que foi proclamada como deusa aos 3 anos. Ela será tratada como deusa (parece aquela musiquinha irritante da Rosana: como uma deusa, você me mantém...) viva até a primeira menstruação, quando retorna à condição de mortal e carrega consigo a maldição de dar azar a qualquer um que venha a se casar com ela.
Para isso, eles se baseiam na mais pura lógica nepalense, mapa astral, sinais de divindade, aura, leituras de vidas passadas.. enfim, ciência, a mais pura ciência da idade antiga. Enfim, isso era a maior moda no ano 10 a.C.

Então, a menininha vive como uma deusa cujos arrotos ou diarréias são o presságio de desgraças infindáveis: algo do tipo, a deusinha está com gases, caiu a bolsa, a deusa está com o nariz escorrendo, sinal de uma grande chuva... e vai por aí.

Qual é o problema?

Pois é, toda vez que se levanta essa bola das tradições, vem sempre um politicamente correto falar que isso, assim como apedrejamento de adúlteras, extração de clitóris, venda de crianças para trabalho escravo, entre outras barbáries pelo mundo, são culturais e que não podemos julgar uma cultura dessa forma, pois culturas são distintas e devem ser respeitadas em sua diversidade.
Aí, em nome disso, mantêm-se também coisas como a tourada, farra do boi (para mim quase a mesma coisa) e um largo rol de coisas estúpidas.
É tradição...
A essa retórica vazia, há um argumento de forte apelo intelectual e humanístico:


Tradição é o escambau!


Até quando destituir uma criança de sua infância em nome da perversão de adultos é tradição? Desde quando apedrejar uma mulher porque julgam-na adultera é tradição, ou mesmo extrair o clitóris porque é negado por "Deus" o prazer à mulher é algo que deva ser cultuado como cultural? Até que ponto, torturar um animal até a morte é um costume que nos engrandece e merece ser mantido?
Até quando será que esta estúpida retórica de "cultural e tradição" vai mascarar o nosso desejo de varrer toda nossa barbárie para debaixo dos tapetes.
Até quando defenderão o direto à estupidez em nome da diversidade e do direito de parecer "intelectual"...?


sexta-feira, 17 de outubro de 2008

De fóruns, De seminários, De simpósios... "De sanimados":-(

Tem gente que adora planejar, polemizar, "fazer uma colocação a título de debate" ou mesmo, "a nível de" , essa, então, é detestável. Elabora-se um Fórum para discutir os rumos do ensino. Chega-se a conclusão que são necessárias medidas eficazes para melhoria da qualidade (E precisava de um Fórum para isso? Isso já não está meio na cara?). Mas o próprio Fórum é algo discutível em sua eficácia. Aí, propõe-se um Seminário para se discutir a eficácia dos Fóruns que discutem as questões complexas relacionadas ao ensino. Mas estes seriam mesmo eficientes ou necessários? Daí, nada mais interessante do que um Simpósio para discutir a eficácia dos Seminários que discutem a eficácia dos Fóruns que discutem o ensino. Até o dia em que alguém achar que Simpósio merece uma discussão "a nível de problematização das abordagens dialéticas da questão" (ou seja lá o que for) e propor um Encontro... Quem sabe?
Lá vem mais um evento nessa roda viva.

Mas tenho esperança de que um dia os sinônimos acabem... aí, as discussões melhorarão de nível.