quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Só um louco para querer ter filhos...

Só um louco para colocar filhos no mundo. Um mundo em que se perde quem se ama porque há pessoas que acham normal beber e dirigir carros em alta velocidade. Um lugar em que as pessoas consideram fora de moda não usar drogas e acham normal dar dinheiro para policial para se livrar de delitos. Um planeta em que se destrói por dinheiro aquilo que nem o dinheiro vai conseguir repor em milhares de anos. Um mundo em que se tenta impor vontades filosóficas ou religiosas aos outros e ignora-se o sublime dom divino que nos foi dado: o livre-arbítrio.
Só um insano para dar ao mundo um ser que irá sofrer estresse, ter medo, trabalhar para ganhar dinheiro, juntar dinheiro e pagar impostos muito além dos serviços que o governo oferece. Pois é esse o mundo de loucos que faz de bandidos vítimas da sociedade e de vítimas, criminosos e responsáveis pela barbárie da violência urbana. Um mundo estranho em que se dá auxílio social revestido de bondade, mas que, no fundo, traz a alma da escravidão e da servidão eleitoral. Uma tentativa desesperada de realizar o sonho do poder político eterno. Enfim, um mundo em que me resta como opção de voto Dilma e Serra.

Só um louco para colocar um filho no mundo.

Por outro lado, só um louco para perder a oportunidade de ver seu filho dizer que te ama quando mal você está acordado pela manhã.

Muito prazer, eis um louco que aqui escreve. Louco pela segunda vez.. nasceu o irmão do meu Daniel, o meu Bruninho, hoje (dia 19/10/10).

sábado, 16 de outubro de 2010

Despedidas - dos trens e do excesso de bagagem

As despedidas são incômodas  porque, na verdade, o que são despedidas senão “um até breve” mais prolongado? Na vida, tudo é como uma estação, partimos, chegamos, partimos de novo e entre uma partida e outra sempre restam acenos. 
Em uma plataforma, sempre há acenos, partidas e chegadas... o “além disso” é excesso.
Ao subir no vagão, deixamos saudades aos que ficaram na estação, seguimos viagem, e ao descermos, deixamos outras saudades que se vão com o afastar da máquina nos trilhos. Mas a vida é assim mesmo, feita de máquinas, trilhos e distâncias.... o mais continua sendo excesso.
Durante o tempo embarcado no trem, se constroem laços que vão além do tempo entre uma parada e outra. São laços afetivos com que se amarram os minutos na cumplicidade dos problemas, nas soluções, nas indignações, nas situações em si... O que passa disso.. também é excesso.
Então, um dia, a estação final se aproxima para alguns passageiros, o trem pára, e, dessa vez, somos que eu ficamos por aqui... Descemos nessa plataforma e levamos conosco só a lembrança das paisagens que vimos na janela.
Lembranças são as bagagens mais genuínas que temos.
O que carregamos além... 
...é excesso.

Outros trens nos esperam...

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Ah.. Insensatez... Mundo moderno!

Vivemos em um mundo que não prima muito pela sensatez. Recentemente, um pastor radical americano se propôs a queimar cópias do Corão, o livro sagrado muçulmano, no dia 11 de setembro para manifestar repúdio aos atentados promovidos por extremistas islâmicos contra os EUA nessa data. Isso é um ato de insensatez uma vez que se está lidando com um povo que considera plenamente normal apedrejar uma mulher por “acusação” de adultério, explode bombas em troca de um paraíso na terra e sonha em construir uma bomba atômica para varrer Israel do mapa. Agora, convenhamos, construir uma mesquita e um centro cultural islâmico perto de onde era o World Trade Center é, no mínimo, impensável. Trata-se é uma atitude que vai além da insensatez absoluta. Perdoem-me os coleguinhas politicamente corretos e multiculturais, mas liberdade de expressão é o cacete. Há um ponto em que a tolerância deve ceder a dor de quem perdeu um ente naquele evento que não foi publicamente recriminado pela comunidade islâmica, pelo contrário, em muitos lugares foi saudado como bravata heróica. 
Colocar uma mesquita perto do marco zero do WTC seria mais ou menos (guardada as devidas proporções) como erguer um monumento neonazista em Israel, em plena Tel-Aviv. Brilhoso, iluminado e amplo, monumento ao terceiro reich e Adolf Hitler, o estadista de toda uma nação alemã.

Ah, Insensatez, que você fez, coração mais sem cuidado... diria Tom Jobim, o compositor, não o aeroporto (esse último não diria nada mesmo).

sábado, 9 de outubro de 2010

No próximo desastre sou eu quem vou.

Em vez de rosto uma foto de um gol
Em vez de uma reza uma praga de alguém
E um silêncio servindo amém.

Lembro que meu pai comentava que, certa vez, o meu tio mais novo ficou indignado porque houve um acidente em minha cidade e ele não estava com o meu pai quando passara pelo local, mas sim o seu irmão mais velho. No ápice da indignação, o garotinho soltou: Tá bom, mas no próximo acidente sou eu quem vou com você.
Só entendi essa indignação anos depois quando despertei para o fato de que as pessoas nutrem um prazer mórbido pela desgraça. Perdi a conta do número de vezes que engastalhei no trânsito porque houve um acidente e, longe de afogar a via, o que arrastava o tráfego era o tesão com que as pessoas olhavam pela janelinha e, num espetáculo de horror, comentavam os detalhes. Se havia cabeças esfaceladas, a descrição vinha seguida de espasmos faciais que davam um tom teatral ao ocorrido. Se não havia nada no local ficava um ahhh de frustração como se o espetáculo para o qual se preparavam tivesse sido cancelado.... Ahhhh.
Eu, um alienígena por opção, sempre me esquivava desse mórbido prazer. Gatos e cachorros atropelados acabam com meu dia... Certa vez, já fiquei de baixíssimo astral por causa de um cachorro atropelado na Dutra e olha que eu não fui o responsável... eu só passei segundos depois. Tempo suficiente para ver o animal agonizando.
Mas segue o circo dos horrores.
Pessoas sussurram no ônibus. Outras narrativas se mesclam. Acidentes piores vistos por eles ou por pessoas que eram colegas dos colegas deles. Mais sangue, mais miolos, corpos em ferragens... O ônibus se afasta e o trânsito flui. Os temas cotidianos voltam e a temática do acidente só será retomada durante o telejornal da noite que mostrar o desastre e o sujeito contar com orgulho de medalhista olímpico que passou ali na hora que aconteceu. Ou que quase pegou aquela van minutos antes... e persiste assim o prazer de quase morrer.
Como é bom quase morrer!

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Redimindo a segunda-feira

O Garfield odeia segunda-feira, eu não. Vítima de injustiças sociais e culturais, a segunda-feira é considerada o primeiro dos dias.... e o pior deles. Espera aí.. primeiro é domingo, mas só porque você fica à toa vendo Faustão, você considera que a grande vilã da semana é a segunda, mas esquece que segunda tem trabalho, mas não tem Faustão e isso já era o suficiente para louvarmos este dia da semana.
Na segunda, começaremos um regime e ficaremos mais magros, começaremos a economizar dinheiro e ficaremos mais ricos (ou menos individados), seremos outra pessoa (igualzinha a essa que você vê, mas bem melhor)... Voltaremos para a academia. Claro. Você já viu alguém tomar uma decisão importante em sua vida numa quinta-feira. Quinta-feira é o dia mais sem graça da semana. Segunda e terça têm gosto de “foi dada a largada”, quarta é o dia das falta de expectativas... meio de semana. Você não está no início nem no final... é o meio mesmo (tanto que os alemães a chamam de Mittwoch – meio da semana), a sexta é a reta final, sábado é dia do bagaço... Estou um bagaço. Domingo é o falso apogeu do ócio. Mas e a quinta-feira....Essa não.. Ô dia sem graça!

“Oi, fulana, quinta-feira começo uma nova dieta!” Diz a mocinha ao encontrar a colega na rua.

Não dá para acreditar em quem começa dietas na quinta-feira. Dia de dieta é segunda. Que credibilidade tem alguém que começa a malhar na quinta-feira?  Vai parar logo. Sexta então, nem se fala.. Na sexta ninguém começa nada. No máximo, terminam-se as coisas que se começaram na segunda, arrastando-se para o sábado como quem cambaleia em direção a um precipício. Se a segunda for um primeiro dia de mês e um primeiro dia de ano.. Nossa! Você não imagina a mística que isso tem.
O grande vilão, para mim, é domingo. 
Começa com aquela sensação ilusória de ócio eterno. Enche a manhã com programas que tornam a cama muito mais interessante. Almoçamos tarde enquanto passa turma do Didi e ninguém presta atenção, constatamos que o filme da TV é o inédito (neste mês) Independence Day, esperamos pelo futebolzinho redentor e a globo só passa jogos de times a que não te interessam assistir. Vem o infame Faustão, o insosso Fantástico e a terrível musiquinha dos filmes que vem depois do Fantástico. Aquilo é um réquiem da depressão, não porque amanhã seja segunda-feira, mas porque o domingo acabou e mais uma vez foi a coisa mais sem graça do mundo.
O grande vilão é o domingo.

Em tempo:
Viva a tv por assinatura... mas ainda assim. Domingo é domingo e ponto final.
Ainda bem que tem uma segunda depois.
A propósito, nasci numa segunda... minha mãe começou a ser mãe na segunda.. viu? Certinho.

sábado, 2 de outubro de 2010

Gênios por 3 segundos... Cadê minha platéia

Às vezes, bate um orgulho de umas coisas tão bestas... A gente está procurando um objeto perdido há anos, aí pensamos: ah.. Está no armário da área de serviço.. Caminhamos triunfante e, ao mesmo tempo, vacilante na certeza inicial. Chegamos lá e o previsível acontece: Não está.
Mas e quando está...? Ah, sentimo-nos um primor de organização e equilíbrio. Dá uma vontade de sair gritando: viu, e depois dizem que eu deixo minhas coisas largadas, uma zona... Ah.. triunfo!
E quando, de forma disciplicente e sozinhos (isso sempre acontece quando estamos sozinhos) jogamos uma bolinha de papel no cesto há uns 5 metros e a bolinha caprichosamente quica na beirada como se equilibrasse por um segundo e depois tomba suavemente cesto adentro.. Ah.. caraca! Todo mundo pensa: se eu quisesse fazer não faria... E ninguém aqui para ver isso. Será que a câmera de segurança do escritório pegou?
A vida é assim. Passamos décadas nos sentindo mais um na multidão e, no dia em que somos tocados por uma genialidade casual, estamos numa arena existencial sem platéia.
Por outro lado, quando falamos uma besteira, quando espirramos e molhamos tudo por perto, quando nossa calça se rasga numa abaixada, quando escorregamos e pagamos um micão, tenha certeza, sempre o cerca uma multidão que se você cobrasse ingresso, dispensava o seu emprego.
E eu me pergunto:
Onde estão estes infames nos nossos momentos de genialidade casual?

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A Fazenda - O freak show da Record... Cada um tem o show de horrores que merece.

Começou mais uma A fazenda na Record, uma espécie de big brother com gente supostamente famosa, mas que joga na série C das celebridades. O BBB é uma máquina de criar celebridades instantâneas, já A fazenda é um agrupamento de pseudo-celebridades que se encontram no limbo do estrelato e buscam subir da série C para a série B, pelo menos. Olha o elenco com comentários: 

Monique Evans - era show... Há 30 anos atrás...
Andressa Soares (Mulher Melancia) – série D, rumo ao Brasileirinhas (aguardem). Eu aguardo ansioso.
Elisiane Benites (Piu-Piu) – Nunca vi mais gorda.. aliás, é magrinha e linda.
Geisy Arruda – essa mesma, a do vestidinho apertado na UNIBAN... Brasileirinhas e Buttman ainda aguardam também a sua estréia. Sem vaias...
Ana Carolina Dias – Hã.... Não é a cantora da MPB.. é a famosa... quem mesmo? Acho que canta música gospel e de louvor... encontrou o lugar errado para cantar e pregar o evangelho.
Luíza Gottschalk – Já vi fotos... bem gata! E só...
Janaína Jacobina – Nunca ouvi falar, mas vi fotos agora na internet.. é gata também.
Sérgio Mallandro – Para tudo que o mundo está no fim... Vem fazer glu-glu.. Ai meu Deus!
Viola – Nem quando jogava bola eu achava grande coisa...
Eduardo Pelizzari – Esse cara não tava na Globo? putz! Que decadência!
Tico Santa Cruz – Música não dá mais o mesmo dinheiro que antes, né... mudando de ramo? A MPB não sentirá muita falta.
Carlos Carrasco – Hã... Me disseram que é um cara que faz maquiagem e cabelo das estrelas. Da próxima vez, vão mandar o manobrista de celebridades para fazer A fazenda.
Sérgio Abreu – garotão boa pinta famoso por fazer... por ter... por ser.. sei lá.. é famoso (sic)
Daniel Bueno – vi na internet... o cara é compositor e cantor... famoso para caramba, embora desconhecido da imensa maioria do público.
Nany People – Meu Deus.. O que é aquilo que eu vi no "imagens" do Google. É uma mulher mal feita ou um transformista bizarro... sei lá. É alguém famoso (sic) da série C almejando a série B.

Todos apresentam na web um perfil do tipo: ator, modelo, cantor, apresentador, poeta, escritor, físico nuclear, goleiro, cabeleireiro, oftalmologista, malabarista, clínico geral, empresário, motorista, modista, diretor e produtor que estuda novos projetos para 2011... Tenha paciência!

E vai começar mais um freak show, o show de horrores da Record valendo 2 milhões de reais.


domingo, 26 de setembro de 2010

Qual a diferença entre o Eike e o Gates?

Cresci numa geração que era sinônimo de intelectualidade falar mal dos EUA e dizer que tudo que havia lá era imperialista e explorador sem, ao menos, se ter saído do Brasil para ir, no mínimo, ao Paraguai e visto como é o mundo lá fora. O que se dirá de EUA.
Mas o fato é que estive em NY, em 2000, durante um tempo e isso foi tempo suficiente para eu aprender algumas coisas sobre os norte-americanos.  A primeira é que eles têm problemas graves como todo mundo e que conseguiram um patamar de crescimento no mundo porque sabem ver oportunidades onde muitos perdiam tempo discutindo aspectos dialéticos da questão. Perdemos tempo demais com isso. Pecamos por falta de ação e pagamos, hoje, um preço de infraestrutura do tamanho da nossa ineficiência.
E uma das diferenças mais interessantes que percebi é a cabeça de nossos ricos que ganham dinheiro e sonham em mudar para Paris ou Miami para poder dirigir seus carros de luxo em tranqüilidade. Ganham e acumulam riqueza como se fossem viver para sempre em seus castelos cercados por seus seguranças armados. Eike Batista, por exemplo, tem a 8ª fortuna do mundo, segundo a Forbes, aproximadamente, 27 bilhões de dólares, quase uns 50 bilhões de reais e em franco processo de ampliação de patrimônio.  Já Bill Gates, o segundo do mundo, tem uma fortuna de 53 bilhões, mas deixa claro que seus filhos não terão mais do que 1% disso como herança e o resto será doado. Aliás, muita coisa já está sendo doada em vida e o seu dinheiro sustenta centenas de projetos que atendem populações em estado de miséria na África e na Ásia. 
Nos EUA, existe a cultura de se doar dinheiro  (Saiba mais) para universidades, pesquisas, projetos sociais e muitos bilionários vêem isso como uma espécie de investimento, investimento em um mundo melhor para seus filhos e netos. Doar em vida ou deixar como herança para fundações de amparo social é uma prática e basta ver a história americana para constatar.
Nós, tupiniquins, novos ricos, ampliamos nossa riqueza e alimentamos o monstro de nossa ganância e de dentro de nossos castelos só nos deslocamos para nosso heliporto para passar por cima e bem longe da gentalha mulata e pobre que se embola nas “comunidades”.
É lógico. Tudo isso não explica a prosperidade americana, mas ajuda a entender uma parte da coisa toda. Eles possuem um sentimento que nós ainda não temos: o sentimento de coletividade, de nação.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Política: uma conta que não fecha.

A partir dos dados do TSE, pode-se verificar que um deputado gasta em sua campanha (declaradamente) uma média de 508 mil reais (sic). Entretanto, o petista Antônio Pallocci declarou ter  gasto R$ 2.300.000... Mas, enfim, vamos a matemática da coisa com uma valor modesto apresentado pelo TSE, 508 mil reais. 
Um mandato dura 48 meses e, nesse período (contando os subsídios com os encargos aplicáveis), um deputado recebe uns 23 mil reais por mês. O político que investiu aquele valor que aparece no TSE como média (R$ 508.000) ainda tem um certo lucro em seu investimento, mas e aqueles que investiram mais de 1.200.000, como o deputado Palocci, que amargam um prejuízo de mais de um milhão de reais em seu projeto. 
Isso me deixa com pena desses colegas que abnegados e desprendidos dos bens materiais pagam para trabalhar a serviço do povo. Só me resta pedir aos céus que me conceda capacidade de tamanha generosidade e altruísmo.

E que também me faça menos otário.

P.S.: Se eu te propusesse de pegar emprestado 10 mil reais e só te pagar 5 mil daqui a quatro anos, você topava? Não? Pois é, pela matemática das coisas, alguns deputados topam.