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sábado, 25 de junho de 2011

O Brasileiro e o complexo de vira-lata.

Em 1958, vivíamos o que definia Nelson Rodrigues como complexo de vira-lata. Resultado, obviamente, de uma maçaroca de teorias escalafobéticas de que a mestiçagem ora nos fazia um povo de párias, ora um povo de heróis, enfim, antes de tudo, um forte, concluía Euclides da Cunha. A seleção foi para a Suécia com os jornais propagando o turismo canarinho. Talvez, à exceção de Nelson e Mário Rodrigues, seu irmão e grande jornalista esportivo, todos tinham como certa a nossa vergonha nessa Copa.
Entretanto, não foi assim, em meio dribles de Garrincha, Pelé, Zagallo e outros, voltamos com o título. O primeiro, aquele que não veio em 1950 no Maracanã. Recuperamos, ou melhor, começamos a construir uma autoestima como povo. 
Já ouvi gente dizendo que os países do norte forjaram seu caráter nas guerras e privações. Nós não teríamos como forjar esse caráter e essa identidade, afinal, de qual guerra podemos tirar grandes lições e privações? Bem, até agora, felizmente nenhuma. Fundamos nosso orgulho, então, em ser a nação que ganhou 5 Copas do Mundo, que mostrou sua superioridade entre quatro linhas de um gramado. Ou entre as quatro linhas de uma quadra de vôlei. 
Mas não. Cadê o sangue dos mártires? Cadê as privações do povo? Cadê? Não tem. No ápice de nosso orgulho nacionalista, temos a imagem de um homem de camisa amarela erguendo uma taça dourada enquanto outros comemoram ao seu redor. Um narrador histriônico grita: Brasil, Brasil, Brasil...
Não há imagens de soldados, nem de bandeiras ensaguentadas, nem de mães que choram os filhos perdidos na batalha... Por causa disso, inculcou-se que somos um povo vira-lata, sem fibra, sem brio.
Se esse é o custo da identidade, permita o destino que sejamos vira-latas, hoje e sempre... 190 milhões de felizes vira-latas.


domingo, 26 de setembro de 2010

Qual a diferença entre o Eike e o Gates?

Cresci numa geração que era sinônimo de intelectualidade falar mal dos EUA e dizer que tudo que havia lá era imperialista e explorador sem, ao menos, se ter saído do Brasil para ir, no mínimo, ao Paraguai e visto como é o mundo lá fora. O que se dirá de EUA.
Mas o fato é que estive em NY, em 2000, durante um tempo e isso foi tempo suficiente para eu aprender algumas coisas sobre os norte-americanos.  A primeira é que eles têm problemas graves como todo mundo e que conseguiram um patamar de crescimento no mundo porque sabem ver oportunidades onde muitos perdiam tempo discutindo aspectos dialéticos da questão. Perdemos tempo demais com isso. Pecamos por falta de ação e pagamos, hoje, um preço de infraestrutura do tamanho da nossa ineficiência.
E uma das diferenças mais interessantes que percebi é a cabeça de nossos ricos que ganham dinheiro e sonham em mudar para Paris ou Miami para poder dirigir seus carros de luxo em tranqüilidade. Ganham e acumulam riqueza como se fossem viver para sempre em seus castelos cercados por seus seguranças armados. Eike Batista, por exemplo, tem a 8ª fortuna do mundo, segundo a Forbes, aproximadamente, 27 bilhões de dólares, quase uns 50 bilhões de reais e em franco processo de ampliação de patrimônio.  Já Bill Gates, o segundo do mundo, tem uma fortuna de 53 bilhões, mas deixa claro que seus filhos não terão mais do que 1% disso como herança e o resto será doado. Aliás, muita coisa já está sendo doada em vida e o seu dinheiro sustenta centenas de projetos que atendem populações em estado de miséria na África e na Ásia. 
Nos EUA, existe a cultura de se doar dinheiro  (Saiba mais) para universidades, pesquisas, projetos sociais e muitos bilionários vêem isso como uma espécie de investimento, investimento em um mundo melhor para seus filhos e netos. Doar em vida ou deixar como herança para fundações de amparo social é uma prática e basta ver a história americana para constatar.
Nós, tupiniquins, novos ricos, ampliamos nossa riqueza e alimentamos o monstro de nossa ganância e de dentro de nossos castelos só nos deslocamos para nosso heliporto para passar por cima e bem longe da gentalha mulata e pobre que se embola nas “comunidades”.
É lógico. Tudo isso não explica a prosperidade americana, mas ajuda a entender uma parte da coisa toda. Eles possuem um sentimento que nós ainda não temos: o sentimento de coletividade, de nação.