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terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Complexo de vira-lata

Desculpe, meu amigo, mas não sofro de complexo de vira-latas que acomete os brasileiros e já foi identificado por Nelson Rodrigues há muitas décadas. Viajei poucas vezes para o exterior, umas 5 ou 6 vezes e conheci países com coisas muito legais e outras nem tanto. Vejo o Globo Repórter mostrando a Dinamarca e acho fantástico aquilo tudo, mas, sinceramente, não sou acometido por esse, que depois do futebol, é o esporte nacional do Brasil: falar mal do Brasil e se sentir um merda.
O cara viaja para o país mais miserável da África ou de outro continente qualquer, assolado pela AIDS, fome, guerra civil, ditaduras, guerra de tribos... Aí entra em um banheiro onde tem uma caixinha de moedas para o servente e uns sabonetinhos de brinde e dispara: Porra, lá no Brasil se tivesse um negócio desse, geral pegava e enchia os bolsos de sabonetinho e ainda pegava a moeda do tiozinho da limpeza.
Aí eu penso... putz, onde essa cara mora??? Nos meios em que circulo, não é assim que a banda toca. Pode ter um imbecil ou outro que aja assim, mas o faz escondido porque sabe que é um comportamento reprovável. (aí vem alguém inteligentinho relativizador do universo que diz: não tome seu meio como referência... e blá, blá, blá..  E eu digo do fundo coração: Vai se ferrar)

terça-feira, 8 de julho de 2014

Brasileiro: o mais feio dos patinhos

Que o brasileiro tem complexo de patinho feio, isso nós já sabemos. Quando viaja para o exterior volta com a arma carregada falando mal de tudo que se encontra do aeroporto para fora. Tudo no exterior, das pessoas às coisas, tudo é perfeito. Quando moram lá durante alguns anos relativizam as coisas e veem que há coisas e pessoas boas e ruins em todos os lugares, mas enquanto é turista, tudo é lindo e perfeito.
Quando houve a vaia ao hino do Chile em Belo Horizonte, uma multidão de seres ilibados e tocados pela perfeição divina, encarnação tupiniquim dos anjos que cercam o Pai, se apressaram a pedir perdão aos chilenos, quase de joelhos demonstrando sua superioridade a todos os bárbaros que nessa terra compartilham o mesmo título de brasileiro.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

A origem - episódio III - O ciúme


Outro dia, eu dirigia e pensava em dramas da literatura como Otelo e mesmo Dom Casmurro. Pensava em qual seria a origem do ciúme lembrando dos célebres casos que vimos na arte. Ocorreu-me, então, a ideia do sentimento de posse. O(a) ciumento(a) tem dificuldade de aceitar-se como alguém digno(a) de com quem está. Considera sempre a possibilidade de perda no minuto seguinte, pois qualquer um que se aproxime será muito melhor do que ele(a).
A partir daí, coisifica-se o ser amado para assumir a posse como de um terreno, uma vez que sobre o objeto se tem o controle total de sua vontade, afinal, objetos não tem vontade própria. Quem tem vontade é o dono do objeto que com ele faz o que quer, mima, cuida, limpa ou destrói. 
Daí surge o problema, o direito de destruição que temos sobre o nosso carro ou sobre o nosso celular passar a ser o mesmo que temos sobre o o outro, o direito de nos desfazer dele destruindo-o. Com base nisso, até metade do século, muitos crimes eram entendidos como crimes contra a honra, pois o indivíduos tinham direito de reagir ao assédio ao patrimônio como reage ao assédio de sua propriedade, seu carro enfim, alguma coisa.
Mais uma vez, temos um sentimento que nasce na baixa autoestima, na certeza de que qualquer coisa no universo é melhor do que ele(a) e a sensação de que quem está em sua companhia o faz por piedade e compaixão, sempre à espera de uma coisa melhor. Na cabeça da pessoa que sofre desse mal, qualquer coisa que aparecer.
E o pior é que com uma pessoa com essa autoestima corre o risco de não ser só uma sensação, mas uma situação bem provável a de que apareça algo melhor para o outro.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Das coisas que eu falo e das que você entende


Existe um universo de informações e "verdades" entre o que eu falo e o que você compreende. Quisera eu que tudo que eu dissesse chegasse a você como realmente o foi dito. Mas não é assim. 
As pessoas entendem as coisas como querem e, muitas vezes, como sua próprias mazelas psicológicas a levam a entender. Certa vez, vi uma mulher fazer um discurso panfletário sobre o racismo porque um dia, ela estava em uma festa, e um convidado perguntou a ela onde pegava uma bebida. Ela, mulher, negra, ex-favelada (e muito complexada disso tudo). Ficou irritada, pois entendeu que o homem tinha dezenas de pessoas para solicitar a informação, mas perguntou para ela só para humilhá-la. Hã.. Como assim? Não foram dados mais detalhes, mas creio que se houvesse algum que justificasse sua argumentação ela os teria dado e enfatizado ao extremo. O fato é que ela não percebeu que o preconceito, o complexo de inferioridade, os recalques, as neuroses e até mesmo a agressividade estavam todos com ela.
Esse é um exemplo de com o o sentido se constrói no indivíduo e quanto mais “doente” o indivíduo, mais torto o sentido. É como se fosse uma luz que passa por uma lente que quanto mais deformada, mais altera as imagens. 
Isso não nos isenta de tomar cuidado como o que falamos e com quem falamos, mas nos libera de nos estressarmos com a insanidade do outro. Se distorcem o que você fala, vão distorcer o que qualquer pessoa fala. O problema é com você naquele momento, mas o cara que deturpa o que ouve é um problema para ele, para a vida toda.

sábado, 3 de setembro de 2011

A bolinada

Tecnicamente falando, aquilo que sentira no ônibus era uma bolinada. Sim. Passaram a mão em sua bunda. Algo impensável para ela com seus 105 quilos distribuídos em 1,55 m e virando a casa dos 50 anos. Mas era o que de fato sentia. Passaram a mão na sua bunda. Ali, naquele ônibus, meio congestionado no corredor. E se fosse sem querer, uma passada casual que viria seguida de um “desculpe”. Mas o "desculpe" não veio. Não. Definitivamente falando, era intencional. Atrás de si, um senhor com uma bíblia velha embaixo do braço, um menina ouvindo música com fones, um jovem com bolsa de supermercado na mão. Descartando a mocinha do fone de ouvido, tanto o jovem quanto o senhor com a bíblia velha poderiam ter trocado o que carregavam de mão, soltado as alças do ônibus e vapt. Passado a mão nela. 
O pensamento corroeu-lhe a alma. Ficava entre a vontade de reagir e uma impotente sensação de despertar desejo novamente. Pois, afinal, apesar de tudo, desejada. Já nem se lembrava mais o tempo que havia entre aquele episódio e o último elogio. Isso se perdera no tempo. Mas, ali, no ônibus, sua bunda era novamente estrela. 
Todavia, era uma afronta, um desrespeito. Precisava tomar uma atitude. Olhava trás em busca de um sinal de quem havia feito aquilo. Mas até agora nada e seu ponto de descida já se aproximava. Desceu olhando para trás com aquele dúvida amargando-lhe.
A partir daquele dia, pegou aquele coletivo mais umas 30 vezes, no mesmo horário, na esperança de descobrir quem a havia bolinado. Procurara sempre no mesmo horário por todo o tempo. Mas nada. Nunca mais viu o rapaz da bolsa, o senhor com a bíblia velha ou mesmo a garota do fone de ouvido.
Levou aquela dúvida para o túmulo.


sábado, 25 de junho de 2011

O Brasileiro e o complexo de vira-lata.

Em 1958, vivíamos o que definia Nelson Rodrigues como complexo de vira-lata. Resultado, obviamente, de uma maçaroca de teorias escalafobéticas de que a mestiçagem ora nos fazia um povo de párias, ora um povo de heróis, enfim, antes de tudo, um forte, concluía Euclides da Cunha. A seleção foi para a Suécia com os jornais propagando o turismo canarinho. Talvez, à exceção de Nelson e Mário Rodrigues, seu irmão e grande jornalista esportivo, todos tinham como certa a nossa vergonha nessa Copa.
Entretanto, não foi assim, em meio dribles de Garrincha, Pelé, Zagallo e outros, voltamos com o título. O primeiro, aquele que não veio em 1950 no Maracanã. Recuperamos, ou melhor, começamos a construir uma autoestima como povo. 
Já ouvi gente dizendo que os países do norte forjaram seu caráter nas guerras e privações. Nós não teríamos como forjar esse caráter e essa identidade, afinal, de qual guerra podemos tirar grandes lições e privações? Bem, até agora, felizmente nenhuma. Fundamos nosso orgulho, então, em ser a nação que ganhou 5 Copas do Mundo, que mostrou sua superioridade entre quatro linhas de um gramado. Ou entre as quatro linhas de uma quadra de vôlei. 
Mas não. Cadê o sangue dos mártires? Cadê as privações do povo? Cadê? Não tem. No ápice de nosso orgulho nacionalista, temos a imagem de um homem de camisa amarela erguendo uma taça dourada enquanto outros comemoram ao seu redor. Um narrador histriônico grita: Brasil, Brasil, Brasil...
Não há imagens de soldados, nem de bandeiras ensaguentadas, nem de mães que choram os filhos perdidos na batalha... Por causa disso, inculcou-se que somos um povo vira-lata, sem fibra, sem brio.
Se esse é o custo da identidade, permita o destino que sejamos vira-latas, hoje e sempre... 190 milhões de felizes vira-latas.


domingo, 5 de julho de 2009

Complexo de mosca do cocô do cavalo do bandido

O esporte preferido do brasileiro é o futebol e o segundo esporte preferido é falar mal do Brasil. Sempre achei estranho esse complexo de patinho feio que nutrimos desde o tempo de colônia. Tudo aqui é pior, mais zoneado, mais esculhambado, mais menos, entende?
E eu sempre comprei esse peixe até sair do Brasil pela primeira vez e ver que há países em que as pessoas comem pipoca em jornal em forma de canudo, há pessoas que fumam dentro de um elevador ao seu lado, há colegas que assoam o nariz à mesma durante um almoço ou mesmo. Conheci lugares onde é mais fácil comprar uma pistola 9 mm do que uma cerveja em uma lanchonete.
Eita, mundo bizarro! Esquecemos que temos um modelo de eleição informatizada padrão de qualidade internacional, que temos tecnologia de ponta em várias áreas como extração de petróleo, siderurgia, produção de biocombustíveis, que temos um conjunto de fundamentos econômicos sólidos que não permitiram que a crise chegasse aqui como um Tsunami... Enfim, que não somos uma Coréia do Norte ou uma Etiópia, nem também nos aproximamos de nossos vizinhos como Venezuela, Bolívia ou Equador...
Somos o Brasil, umas das maiores economias do planeta, quase 200 milhões de consumidores, uma democracia que optou pelo progresso e a influência internacional pelas vias legais e civilizadas. Não alimentamos máquinas militares e decidimos que energia nuclear é só para gerar energia elétrica, mais nada. Pregamos o livre acesso à informação e repudiamos toda e qualquer forma de censura. Defendemos o direito de falar o que quiser (ainda que ninguém o ouça) e arcar com isso.
Temos problemas aos montes assim como os colegas de primeiro mundo que viraram um chavão na linguagem quando queremos nos referir a algo muito bom. Coisa de primeiro mundo...
Enfim, comemos pipocas em saquinhos feitos para isso, repudiamos fumo em lugar fechado e achamos limpar nariz à mesa uma porqueira sem fim.