sábado, 16 de outubro de 2010

Despedidas - dos trens e do excesso de bagagem

As despedidas são incômodas  porque, na verdade, o que são despedidas senão “um até breve” mais prolongado? Na vida, tudo é como uma estação, partimos, chegamos, partimos de novo e entre uma partida e outra sempre restam acenos. 
Em uma plataforma, sempre há acenos, partidas e chegadas... o “além disso” é excesso.
Ao subir no vagão, deixamos saudades aos que ficaram na estação, seguimos viagem, e ao descermos, deixamos outras saudades que se vão com o afastar da máquina nos trilhos. Mas a vida é assim mesmo, feita de máquinas, trilhos e distâncias.... o mais continua sendo excesso.
Durante o tempo embarcado no trem, se constroem laços que vão além do tempo entre uma parada e outra. São laços afetivos com que se amarram os minutos na cumplicidade dos problemas, nas soluções, nas indignações, nas situações em si... O que passa disso.. também é excesso.
Então, um dia, a estação final se aproxima para alguns passageiros, o trem pára, e, dessa vez, somos que eu ficamos por aqui... Descemos nessa plataforma e levamos conosco só a lembrança das paisagens que vimos na janela.
Lembranças são as bagagens mais genuínas que temos.
O que carregamos além... 
...é excesso.

Outros trens nos esperam...

9 comentários:

Yolanda Hollaender disse...

Ótimo texto para reflexão, amigo Marcelo.
Sempre carregamos mais do que realmente precisamos... É como a música de Raul Seixas, Trem das Sete:

"... Ói, já é vem, fumegando,apitando, chamando os que sabem dotrem
Ói, é o trem, não precisa passagem nem mesmo bagagem no trem..."

Meu afetuso abraço,
Yolanda

joão victor borges disse...

Os trens saem de hora em hora, resta saber qual pegar. Tanto os horários quanto os destinos são bem flexíveis.

Abraço! ;)

http://anpulheta.blogspot.com

Karl disse...

E a vida segue com encontros e despedidas... neste descaminho onde me encontro...
visita lá:
http://karlguerra.blogspot.com/
Vlw!

Unknown disse...

Legal o texto. Admiro quem goste de escrever.

Angélica Nunes disse...

Quando li o titulo pensei "outro texto de vida após a morte.. Ho Saco!"
mas não foi isso que eu compreendi depois de ler. O que me deixou feliz, apesar de "vida e morte" se encaixarem de algum jeito, não é esse o ponto que prevalece no "coração" da escrita,e sim, o fardo de um "passado" que desejamos que seja "presente" para sempre. O que é impossivel pois o mundo muda constantemente e todos tambem, conciênte ou inconciêntemente. tem pessoas que desejam regredir e pessoas que desejam "evoluir" por meios "retógados". o que não significa que "retrogado" seja ruim, aas vezes é melhor que o moderno. Se os dois pudessem quebrar a lei de Newton, em que dois objetos não podem ocupar o mesmo epaço, seriamos "menos" infelizes.. As as pessoas ainda estimulam um "velho pensamenteo" de que o "Antigo" não tem chance contra o "Moderno".

Bom, foi isso que eu entendi inicialmente. Se eu estiver errada me avise! XD

Wellington disse...

Olá Marcelo! Achei um pouco engraçado isso de você dizer: e o resto é excesso! ...rs... Saudades é quase que viver de novo né? Mas, é bom pois se tivessemos a chance de voltar e continuar mais um pouquinho também enjoaríamos e o charme está em ter uma pequena amostra de tudo pois quando é demais faz mal. X)
Ótimo seu blog, muito bom! =)

Visite meu blog? Falo sobre o oriente a mais de cinco anos! ^^ Espero que goste!

Abraços!

http://neowellblog.wordpress.com/

Marcus Alencar disse...

Acho que a parte mais bonita do seu texto e a que mais me tocou também foi a parte dos laços sendo construídos durante o embarque no trem. Acredito, por experiência própria, que são as memórias e as saudades que costuram os fios desses laços que, por natureza, impossibilitam dar a nos a sensação de real distância. Quando um laço é forte, como o amor, não há distância física e geográfica que impeça duas pessoas de se amar.

Jeh Pagliai disse...

Eu, assim como mtas pessoas, não gosto da despedida...
Mesmo sendo um "até breve" creio que vem acompanhado de um sentimento estranho: Solidão, saudade?

Beijinhos, adorei!

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www.jehjeh.com

lislane disse...

O rei Roberto Carlos, em uma das suas canções ele diz “Se eu chorei ou se eu sofri, o importante é que emoções eu vivi.” Assim também, como diz o texto, o sofrimento e a alegria fazem parte da vida.