sexta-feira, 28 de maio de 2010

Copa mundo: um burro que vai, um gênio que vem... ou não




Mais uma copa do mundo... Na minha história, lá se vão dez. Se bem que a de 1974 e 1978 se perderam na minha memória, da primeira não lembro nada e da segunda, quase nada. Só me recordo do pessoal dizendo que foi comprada pela Argentina. Nada de impressionar já que a nossa (a taça) foi roubada e depois vendida. Será que foi um argentino que comprou? Sei não.
Bom, toda época de convocação é a mesma coisa: o treinador é burro, convocou time sem craque, fulano é uma revelação e não foi... culpa do treinador burro. Os paulistas fazendo as eternas contas de quantos jogadores do São Paulo, Corinthians, Palmeiras e Santos foram injustiçados... Os cariocas seguindo a mesma linha e o outro tanto do país alegre quando um jogador convocado é da sua região. O que nos oferece as eternas reportagens do menino humilde que ganhou dinheiro com o futebol e ajudou a família lá naquela cidadezinha que, se não fosse o menino craque, nem no Google Earth ela aparecia. E lá vem reportagem do Globo Esporte com a mesma temática de sempre e as imagens dos familiares em frente à TV com camisa lá do time lá da Europa em que o rapaz joga.. as intermináveis fotos na parede seguidas das medalhas de conquista na divisão infantil e juvenil de um time local. Troque o nome, mas a história é sempre e exatamente a mesma.
E lá está, na ponta de tudo o treinador. De santo a maldito em segundos, na velocidade de uma bola, na mão de um goleiro... na desgraça de tomar um gol no último minuto ou de ver o seu homem da defesa arrumar o meião enquanto o atacante adversário faz a festa em suas costas.
E BOOM!.... A volta ao Brasil se dá pelas portas dos fundos do Galeão enquanto a imprensa especula se a sua permanência no time será possível... e mais uma vez, o nome de Luxemburgo é cogitado para substitui-lo.
O fato é que todos, de campeões a perdedores, todos deixaram as nossas terras com mais críticas do que elogios e o que ficou para memória não foi os adjetivos que eles levaram, mas o que eles trouxeram, grandes generais, magníficos estrategistas, melhor técnico do mundo.... ou simplesmente, burros.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

De Discussões e vaidades

Quem se diz muito perfeito/Na certa encontrou um jeito insosso/Pra não ser de carne e osso, pra não ser carne e osso (Carne e osso - Zélia Duncam e Moska)



A vida me ensinou que gozei de melhor conceito quando me mantive calado do que quando falei alguma coisa. Opinião é coisa que só se dá quando se pede, senão fede. Uma vez, ouvi isso de um colega e achei engraçado o jogo de rimas e verdadeiro o jogo de lógica.
Muitas vezes, fico ouvindo duas pessoas discutirem para tentar entender onde elas discordam e já não é surpresa quando constato que as duas concordam em quase tudo, mas estão num jogo cabo de guerra para ver quem leva a paternidade da criança (idéia) que, muitas vezes, nem é tão bonita assim.
Durante certo tempo, interferi dizendo: - olha, mas o que vocês estão falando é a mesma coisa. Hoje, não faço mais isso e procuro me divertir com a vaidade humana. Em uma discussão, surge a curiosa necessidade de, se ambos estiverem certos, um estar mais certo do que o outro. Ainda que isso não traga nenhum benefício além de deitar na cama no final da noite e ter a sensação de ter sido per-fei-to.
As pessoas ainda não perceberam que o tempero da coisa é ser imperfeito. É errar, é estar errado e saber mudar de idéia, é aceitar que o outro pode ver coisas que não vemos e deitar a cabeça no travesseiro com a certeza de seremos amanhã diferente do que fomos hoje porque aprendemos coisas novas, inclusive que o universo não gira em torno de nós.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Maturidade é saber o olhar o rio por onde a vida passa

Quando somos jovens acreditamos que o tempo conspira a nosso favor, quando envelhecemos vemos que o tempo nos coage com a inevitável consciência do fim. Outro dia, eu estava em sala de aula e alguns alunos do diretório entraram para dar um recado. O discurso era o de sempre: mudar o mundo, formar consciências revolucionárias, estatizar a Vale do Rio Doce, declarar guerra ao imperialismo Ianque... enfim, o papo típico de quem tem 20 anos. 
Uma vez eu li que se você não é um revolucionário aos 20, você é um insensível, se você o é aos 40, é um insensato. Achei engraçado pensando que, em 20 anos, aqueles meninos estarão, como na música do Belchior , “em casa guardado por Deus contando o vil metal”. É a rota inexorável do homem.
A maturidade nos ensina não a fugir das lutas, mas a medir a relação de perdas e danos, ganhos e méritos que cada batalha traz. Nunca desisti de lutar, mas hoje, à beira dos quarenta, aprendi a planejar todos os combates e avaliar se os ganhos que dele obterei serão dignos da força que despenderei para vencê-los.
Aprendemos a "olhar o rio por onde a vida passa" (Ana Carolina) e temos a medida melhor das coisas. Dá muita vontade de contar essa história para alguém que vemos com esse discurso, mas entendemos que faz parte de uma etapa necessária de consciência da vida e que nada dirá a ela isso, pois só o tempo sabe as palavras certas para fazê-lo entender o ininteligível.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Nonsense – propaganda tosca – gente dançando no balcão

A nova propaganda da CAIXA me incomoda pelo seu nível de nonsense. Entendo um banco como uma empresa que vende contas correntes, seguros, poupanças, investimentos diversos, títulos de capitalização, oferece dinheiro emprestado... enfim, presta serviços financeiros. A antiga propaganda dos poupançudos tinha tudo a ver pois era a venda de um produto: a poupança da CAIXA.
Agora, gostaria que alguém me explicasse em que acrescenta na venda de produtos um monte de gente com roupa igual dançando em cima de um balcão. Que coisa mais tosca! Aí poderia se argumentar que é uma propaganda de imagem institucional e não de produtos. Eu repito a pergunta: o que acrescenta à imagem da empresa um monte de gente dançando com roupa igual em cima de um balcão?
Se vocês encontrarem alguém que falou: Nossa, aquele monte de gente dançando com roupa igual em cima do balcão da CAIXA me deu uma vontade de comprar seguro e abrir uma poupança lá... Eles são tão simpáticos, veja as pessoas dançando com roupa igual em cima do balcão...
Interna o cara.
Ou fica na sua que é alguém da equipe que fez a propaganda e se você fizer algum comentário vai dar um baita fora.

sábado, 24 de abril de 2010

Sou carne, osso, dúvidas e ignorância

Ignorar, em sua origem, significa não saber, desconhecer, (i – prefixo de negação mais o radical “gnos” que quer dizer conhecimento). Logo, ser ignorante é não conhecer é  admitir que entre tudo que sabemos, esse tudo ainda é nada, ou muito pouco. Gosto de sentir a minha ignorância quando contemplo questões como a criação do universo, de onde viemos, para onde vamos... enfim, não sei. 
Viemos de uma explosão ou de uma homem, uma mulher e uma cobra falante num jardim do qual foram expulsos porque tiveram a dúvida e ousaram alguma coisa... Definitivamente, não sei. Acabamos quando morremos ou há uma continuidade. Não sei.. espero que haja, mas se não houver, não vou viver para conferir. Haverá um juízo final para quem não pagou as contas com Deus (sic) em vida, ou o juízo é uma ideia que vem de gente sem juízo, afinal. Não sei.
Sou completamente ignorante e nenhuma das respostas que me foram dadas me vestem como uma luva. Todas me trouxeram mais dúvidas do que certezas. Sou profundamente (e admito) ignorante e na ignorância tento encontrar a humildade e a dúvida, condição imprescindível para a evolução que, como se faz ao certo eu não sei, mas muito provavelmente, não é com certezas.

Enquanto for assim, me recuso por questões éticas e morais, negar ou afirmar qualquer coisa.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Significado das expressões I - pregar a palavra de Deus

A insistência incômoda de alguns religiosos em nos converter nos dão a ideia mais exata da expressão “pregar a palavra de Deus.” Um prego, um martelo, uma superfície sólida e a ideia fixa de que uma coisa vai entrar dentro de outra nem que seja à base de muita porrada.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

X-quistão - Crie seu próprio reduto de terroristas com nome que começam com "Al"

Os terroristas estão por todas as partes. Vindo de países com nomes no tipo “X+quistão” e cujo mais conhecido é Cazaquistão, o Uzbequistão, o Paquistão. Entretanto, há países que se somam a este grupo e que, apesar da sua pequena representatividade também contribuem com o staff de terroristas que pretende destruir a legião de cães infiéis que representam a sociedade judaico-cristã ocidental.
O mais solitário dos países é o Sozimquistão, com seu povo pacato mas pouco acolhedor, apresenta uma população que não gosta de conversa. Os Sozimquistaneses não batem papo e tem o hábito de abrir o jornal no metrô só para não ter que conversar com o vizinho. Seus terroristas nunca agem em bando, não pertencem a nenhuma rede e se souber que outro concorda com ele, ele discorda.
Não longe do Sozimquistão há os Sujimquistão, uma dissidência dos anteriores que se separou porque não queriam ser obrigados a hábitos como banho, escovar os dentes, usar desodorante e outros costumes judaico-cristãos ocidentais. Sua tática de terrorismo é a milenar arte do FU-TUM. Entram num elevador lotado depois de correr 5 Km e ficar bem suado.  
Os terroristas mais conhecidos são aqueles com os nomes com al. Nestes países alguns deles se destacaram e fizeram história na luta contra a sociedade judaico-cristã ocidental. O Al Coolatra, conhecido por seu bafo e por sua mania de segurar no ombro dos amigos e falar quase chorando que gostava daquele cara para caramba (te considero pra caramba, você é um irmão pra mim..). Depois de muitos anos na ativa, morreu de cirose. Al faiate, perigoso terrorista que fabricava os famosos ternos-bomba. Roupas vendidas a lideres ocidentais que depois da primeira lavada, encolhiam subitamente e esmagavam os cães infiéis. 
Há ainda o famoso Al manaque e o Al moxarifado, que tinha mania de guardar as coisas e quando você pedia algo ele dizia; tem requisição, tem requisição? O resto é por sua conta já que os trocadilhos não acabam aqui.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Tragédia no Rio - solidariedade rimando com oportunidade

Quando acontece uma desgraça anunciada como essa das chuvas no Rio de Janeiro, as TVs se apressam em mostrar o lado bom das pessoas, a solidariedade, a mão amiga (sic) e, por alguns instantes, até chegamos a acreditar que as pessoas realmente se redimiram de toda a sua maldade e indiferença com relação ao próximo. Saramago define o ser humano assim: metade maldade, metade indiferença e, logo no início do livro Ensaio sobre a Cegueira, um homem ajuda o outro que acabou de ficar cego e, quando se assegura de sua cegueira, aproveita para roubar-lhe o carro. Essa é a metade do ser humano que nos deixa com saudade da indiferença.
A tragédia que se abateu sobre o Rio foi palco disso tudo. Alguns hotéis (dos medianos aos cabeças de porcos) elevaram seus preços ao máximo para poder ganhar com aqueles que não conseguia ir para casa por causa dos alagamentos, alguns vendedores de água potável, alimentos e demais produtos do gênero aumentaram o preço de seus produtos ao topo do possível para ganhar com a impossibilidade de deslocamento. Enquanto isso, entre os escombros se acumulam policiais, bombeiros, pessoas em busca de parentes, pertences e outras tantas pessoas se valem da situação de caos para tomar posse do que está sujo de lama, mas que guarda algum valor venal.
Esse é o ser humano. 
Lembro uma vez que presenciei um acidente de caminhão e, enquanto o veículo se encontrava virado e o motorista sangrava, uma horda de miseráveis se apressava em catar a carga de latas de cerveja que havia tombado... o homem sangrava e o cheiro de óleo se espalhava com o de cerveja no ar. 
Ecce homo.... eis o homem que me deixa com saudade da metade indiferença de nossa espécie.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

O difícil e impensável caminho do meio

Como é difícil para algumas pessoas entenderem que os extremos são o maior inimigo de todo equilíbrio. As pessoas não percebem que a balança só se equilibra quando o peso que pende de um lado, pende com a mesma intensidade do outro. Digo isso porque conversei com uma colega que enfatizava o absurdo de deixar os filhos verem TV. Discorreu sobre os imensos malefícios de TUDO sem exceção que passa na telinha. A televisão é a grande responsável pelos males do mundo para ela.
Um pouco de reflexão é o suficiente para vermos que isso não é verdade e que se há coisas ruins, também há as boas que, felizmente, nos últimos tempos, vêm aparecendo nas TVs por assinatura e mesmo nas TVs abertas. Mas o caminho do meio é insustentável (não tanto como a leveza do ser, mas ainda assim in-sus-ten-tá-vel). É melhor proibir o filho de ver do que abrir um diálogo que lhe dê discernimento, é melhor não falar sobre sexo, pois a vida ensina; é melhor não tocar no assunto drogas para não despertar a curiosidade; é melhor criarmos filhos para um mundo que nós julgamos perfeito e seguro embora saibamos que esse mundo não existe.
Mas, quando eles abrem a porta da vida adulta e retornam do país das maravilhas, o que vêem é algo completamente diferente: um mundo feio, com gente má, que transgride e mostra ao vivo e em cores tudo aquilo que papai e mamãe proibiram de ver na TV. Um mundo em que não haverá mais tempo para desenvolver aquele discernimento que poderia ter nascido lá na frente da TV e com muita conversa com os pais.
E aí, lamentamos a perda da grande oportunidade que tivemos de formar pessoas capazes de ver de tudo, avaliar e filtrar o que há de melhor e descartar o pior.