quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

1984 nunca foi tão real

Outro dia, recebi uma postagem de um site de humor na internet que brinca com notícias no facebook. Eles diziam que um casal gay havia sido proibido de adotar um surfista de 22 anos. Obviamente, uma brincadeira, uma piada... No meio de diversos comentários de "rs" e "kkkkk" surgem alguns dizendo que não existem graça em se fazer humor com isso, rir do oprimido exalta o opressor (hã??); outro, de uma associação de pessoas que adotam outras pessoas mais velhas escreveu um manifesto de repúdio e revolta com a piada. Era muita raiva e revolta verbalizada ali. 
Tempos atrás, vi um site em que havia uma piada de português também receber comentários sobre Xenofobia (hã???) e outro que trazia uma piada de caipira, receber críticas pela exaltação do estereótipo que contribui para a perpetuação do preconceito e da exclusão. Em um site com uma piada sobre papagaio, uma moça, em um comentário virulento, dizia que enquanto rimos, incentivamos o desrespeito e desprezo as espécies de animais. Enfim...

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Um é artista é um artista e ponto final

Na década de 60, surgiu o mito da arte engajada. Uma ideia meio torta de que a arte só é válida se possui um vínculo político, um comprometimento com a mudança e os ideais revolucionários (sic). As pessoas esquecem que o revolucionário de hoje nada mais é do que um reacionário que ainda não teve sua vez de cultivar suas ojerizas às mudanças. Afinal, outros revolucionários sempre virão para se opor aos velhos que se tornarão os reacionários de então.
Mas não estou aqui para isso. Sempre fui meio parnasiano e admiro a arte pela arte, Ars gratia Artis. Admiro pelo poder contemplativo que ela tem de me remeter a um estado de êxtase que não se compromete com nada a não ser com o momento em que me sequestra da realidade.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Meus medos

Meu filho, Bruno, pede sempre que eu arrume a cama dele antes de dormir e faça o Nescau. Ele gosta da cama esticadinha e do Nescau mais forte que eu faço. 
Bruno me vê como uma espécie de super herói. Tudo isso, diferente do meu filho mais velho, Daniel, que tem uma visão mais próxima da realidade e, frequentemente, me vê e me trata como se eu fosse eu irmão mais velho. Quando a coisa azeda, eu o lembro que não sou irmão, sou pai. Acho que ele tem memórias além desse corpo que o confundem.
Mas o meu pequeno Bruno olha para mim como se eu fosse um ícone, um herói. Tomou vacina olhando para mim e disse: viu? Eu não tenho medo. E completou: Igual a você.

sábado, 25 de outubro de 2014

Às vezes, mas só às vezes...

Às vezes, mas só as vezes, tenho muito medo do rumo que as coisas seguem no plano da ideias por aqui. Não estou falando de obras, governos, políticos, partidos... Com relação a esses, concordo com todos para não desagradar meus amigos e, ao mesmo tempo, manter-me livre e longe de suas argumentações, mas fico mastigando minhas ideias durante muito tempo sobre o que penso. Não. Não vou compartilhar isso. Você está certo e eu estou, bem, estou calado e assim desejo ficar sobre esse assunto. 

Mas não. Não falo disso. Falo das ideias. Acho que se chegou a um ponto em todas as argumentações migraram do campo das ideias para o campo pessoal e fulano está errado porque é de uma elite dominante, logo, o erro, o preconceito, a tendência a exploração, enfim, tudo que há de ruim lhe é inerente. Nem precisa abrir a boca. Ele está errado.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

O que aprendi em 20 anos de magistério

Lá se vão 20 anos de magistério e sempre penso que depois dessas duas décadas, muito mais do que ensinei, aprendi. É aí que elenco mentalmente algumas centenas de coisas que me foram ensinadas como professor e aqui listo algumas. Entrei na sala de aula há 20 anos pela primeira vez para ensinar Língua Portuguesa e carrego hoje tudo que aprendi  com, pelos meus cálculos, mais de 5.000 alunos, na verdade, mais de 5 mil professores que me ensinaram quase tudo do que sei com relação minha mais difícil tarefa nessa existência, viver e conviver.

1. Alguns alunos irão amá-lo, outros odiá-lo e outros serão completamente indiferente a sua existência. Todos pela mesma razão, pelo que você é. Não dá para agradar todo mundo, mas tentar ser amigo e justo com eles é uma meta que não se pode descartar nunca;

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Um blefe por uma bela história? Negócio fechado.

Toda vez que lhe perguntavam seu nome ele respondia: 
- Shihum. 
As sobrancelhas se franziam e ele explicava que Shihum foi um guerreiro chinês da dinastia Ming que durante as lutas de libertação de seu povoado no ano de 1624, deparou-se com um dilema que o colocava entre lutar pela liberdade ou buscar abrigo para si e todos os seus nas montanhas. E cortado pela luz do por do sol, o guerreiro fez um belo discurso enfatizando que a uma vida sem liberdade e fugindo era por si só a morte. Depois disso, lançou-se de peito aberto contra os inimigos e como protegido pelos deuses derrubou uma tropa de mais de 100 guerreiros.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

O mito da mal amada - o drama feminino

Freud já dizia que o desejo do homem é ser objeto de desejo do outro e assim alimentamos no fundo a vaidade e direcionamos nossa libido. Com base nisso, é fácil entender a mal amada, ou para os mais curtos-e-grossos, a mal comida.
Elas se revelam em ambientes de trabalho ou acadêmicos, pois é o meio que lhes permite projeção e canalização da libido. Apresentam um comportamento obsessivo com a perfeição e controle de tudo o tempo todo. Além, é claro, de uma tendência de agredir tudo aquilo que, de alguma forma, lhes ameaça o status ou o poder adquirido. Normalmente, são solteironas, separadas ou casadas frustradas e infelizes...

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

O mal resolvido - o dilema do macho da espécie

A autoestima masculina não nasce necessariamente no mesmo lugar que nasce a da mulher. Fomos educados para sermos os donos do poder, o mantenedor, a viga mestra da sociedade. Somos "o todo poderoso macho adulto".
Nem tão poderoso, pois estamos submetidos a todas as intempéries de todos os mortais sejam homens ou mulheres. O poder representado pelo dinheiro e pela dominação sexual pode se esvair com muito mais facilidade do que imaginamos e perdê-los implica um ataque arrasador à autoestima masculina.

sábado, 6 de setembro de 2014

De médico e louco... Será que todo mundo tem um pouco? Ou um muito?

Paro de ler meu jornal...
Penso que tenho sérias razões para crer que estamos vivendo uma epidemia de paranóia de perseguição. No trabalho, em casa, no clube, nas ruas em todos os lugares encontro pessoas que incorporam ideias obsessivas que assumem tom de verdade absoluta. Chego a me perguntar se não estão certos e eu é que estou alienado a tudo e todos, uma espécie de autismo opcional de minha parte.
Conheço pessoas que têm certeza de que perderam o emprego ou o relacionamento por causa de conspirações que vão além da nossa compreensão. Tramas engendradas de tal forma, envolvendo mentiras, jogo de poder, rancores, armadilhas de linguagem, arrivismos internos, enfim, elementos de uma trama de Hollywood. Há conspirações por toda parte e aquela pessoa que te sorri, na verdade, aguarda o momento para, ao ouvir a palavra-chave, fazer o seu papel na imensa trama para puxar seu tapete ou desforrar um rancor guardado há anos de algo que você nem sabe que foi capaz de atingi-la... Há uma enorme armação para o destruir, para o desacreditar.