domingo, 28 de junho de 2009

Invasão de privacidade em tempos de web

O conceito de privacidade sofreu seu primeiro abalo quando o homem chegou a conclusão de que viver em comunidade era um fator primordial para a sua sobrevivência como espécie. Sozinho não dava para levar. O hominídeo que vivia com uma fêmea ao lado, passou a grunhir coisas sobre a vida do seu vizinho de caverna, enquanto a fêmea do vizinho, passava dias nas pedras do rio balbuciam primitivas palavras sobre a vida alheia.
Pronto. Acabou-se a privacidade. Todos passaram a ser visíveis e alvos de comentários. A linguagem se desenvolveu e adquirimos recursos para elogiar, caluniar, ofender, louvar, agradecer, enaltecer, criticar. Mas tudo estava restrito à aldeia, à vila, ao bairro, ao local de serviço, enfim, o universo era imensamente pequeno e uma traição ou um deslize de qualquer natureza ficava ali entre grupos de no máximo umas 100 pessoas.
Mas não é que veio a imprensa. Surgiram as celebridades. Pessoas que ficam famosas por seus méritos ou deméritos. E aí a notoriedade passa a ser perseguida como um objetivo de vida e quando é alcançada passa a ser repelida como se fosse o grande de mal de sua vida: desculpa isso é coisa da minha vida pessoal, diz o artista a entrevistadora.
Um espelho disso é a existência de publicações como Caras e coisas do gênero. Imagina que graça tem ver as fotos de Ana Maria Braga com seu namorado tomando sol no Caribe. Ou Alanis Morissete queimando a bundinha na ilha de Caras... Meu Deus! Mas isso vende... e muito. Lembra dos homens da caverna... Agora, a coisa tem dimensões globais e é high tech.
E, então, veio a internet. O reduto dos anônimos notórios que pipocam no You Tube (Susan Boyle dormiu anônima e feia. Acordou famosa... mas continuou feia porque não foi apresentada ao photshop), indívíduos com seus perfis exóticos do orkut ou do myspace. Pessoas que enchem os seus espaços virtuais de informações, fotos, coisas pessoais e frases extremamente babacas como “Quem eu sou: tente descobrir.... "Nem eu mesmo sei.." ou ainda "um ser em busca de si mesmo"
E sabe aonde quero chegar?
Sempre que alguém lhe visita o perfil, recebe de volta uma mensagem dizendo que sabe que você andou mexendo no perfil de orkt dele(a). Como se isso fosse uma invasão de privacidade. Quer privacidade total? Não use internet, cancele contas em bancos, não tenha telefone, mude-se para uma localidade próxima a uma aldeia de índios primitivos onde você irá poder passar toda sua eternidade...
Lendo Caras...

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Onde começa a vida dos outros

Há pessoas que têm uma dificuldade muito grande para entender que, na vida, nunca somos, mas estamos e, em seu sentimento de onipotência, invadem a vida dos outros com opiniões que nunca lhe foram pedidas e promovendo interferências que nunca lhe competiam.
Outro dia, vi uma pessoa batendo o pé que não aceitava que duas mulheres vivessem juntas e tivessem uma filha, que isso era anormal... Lembrei-lhe de que há menos 100 anos somente, mulheres votando também eram coisas anormais, mulheres separadas eram coisas anormais e havia muita gente que não aceitava e batia o pé por causa disso.

Vamos lá. Que tal um exercício? Quem não tem que aceitar alguma coisa em uma relação de duas pessoas é...? Exato. Uma das duas.

O que excede a isso é interferência sobre o que não lhe compete. É esse grau de invasão que faz com que a vida em sociedade se torne difícil. Não há dados científicos para provar que filhos de homossexuais se tornem homossexuais. Assim como filhos de heterossexuais não se tornarão heteros senão, não haveria homossexuais. A base para a "não-aceitação" é a falsa idéia de que somos onipotentes e podemos intervir na vida dos outros, pois estamos sempre lhes fazendo um bem.
Os limites são sempre violados, mas, quando a invasão é em nosso quintal, gritamos um: epa, isso é a minha vida e não é da conta de ninguém.

Pois é... a idéia básica é essa.

Há uma necessidade de preservar a individualidade de cada um. Isso é a essência da suportabilidade na nossa convivência diária.

Em tempo
Guardadas as devidas proporções, sabe o que mais me incomoda em qualquer tipo de censura? É saber que tem alguém, em algum lugar, a algum instante, decidindo o que é bom e o que é mau para eu ver. Acho inalienável o direito que temos ao mel ou ao esterco para decidirmos qual dos dois nos serve melhor.

domingo, 14 de junho de 2009

Estou cansado de concreto e sangue... quero viver em HOGWARTS.

Outro dia eu saía de um shopping onde deixei meu carro logo pela manhã para um compromisso médico. Na saída, entravam vários funcionários para começar a jornada de trabalho. Um deles me chamou atenção, pois repetia várias vezes o sinal da cruz e parecia resmungar algo. Terminado o ritual, entrou e começo seu dia. Tive vontade de segui-lo para ver o que ele fazia lá, mas a pressa foi mais convincente e prossegui para meu compromisso.
À noite, passei por um grupo de pessoas que, vestidos de branco em uma rodovia que me leva até minha casa, colocavam comida, fitas, velas entre baforadas de charuto e alguns resmungos que me lembraram o homem da manhã. Longe de criticar qualquer coisa, senti-me um órfão do universo místico, uma espécie de ser condenado a um mundo de concreto e sangue. Um mundo em que não há resmungos, oferendas, sinais e imagens que te afastem do fatídico destino de toda a ação... o efeito desta.
Do sentimento de orfandade, migrei para a sensação de inveja. Uma inveja pálida e raquítica, mas ainda assim, inveja. Desejo de ter um cordãozinho que me protegesse, um palavra que repetida ad nauseam me desse a certeza de estar imune ou a segurança de delinear meu futuro e meus desejos a partir de uma série de ofertas e negociações que eu fizesse com algo fantástico que abriria os caminhos para mim. Mas não tenho.
Entretanto, encontro-me com outros como eu a quem as fichas só não caíram, mas o subconsciente se delicia com filmes como X-Men, Batman, Homem-Aranha, Harry Potter... Personagens de um mundo fantástico que nos dão a sensação de que há uma alternativa ao mundo de concreto e sangue, nas telas, mas que está lá durante 2 horas e nos permite viver em paz.

domingo, 7 de junho de 2009

Educando às avessas

Há o torpe raciocínio de que inserindo a obrigatoriedade de cantar o hino nacional e proibindo de usar boné nas escolas teremos um país mais patriota e organizado. Nas escolas do município do Rio de Janeiro, por exemplo, o professor ganha um lap top, mas se precisar de uma cópia de texto por aluno para trabalhar todas as semanas, não pode. Sabe onde eu quero chegar com esse papo?
São quase 20 anos de educação e eu vi inserirem disciplinas, retirarem disciplinas, modificarem currículos, mas algumas coisas são imutáveis: o professor continua sendo mal remunerado, mal capacitado e a escola continua restrita a um tempo comprovadamente insuficiente para oferecer o mínimo aos alunos. 
Na leva de um ensino sucateado, vieram as promoções automáticas, os sistemas de cotas e outros paleativos que buscam resolver na canetada o que, na verdade, custa dinheiro, planejamento e tempo. Surgiram até os amigos da escola, uma iniciativa louvável, mas que merecia uma orientação mais política e menos tapa-buraco. Se quer ajudar, por que não se movimentar como organização não-governamental para pressionar os políticos a definirem uma postura efetiva e planejada para a educação. 
Desculpe-me a secura face às boas intenções, mas entrar em escola para dar aula de capoeira de graça ao invés de pressionar as autoridades a capacitarem os profissionais já existentes para isso é resolver o problema de uma unidade de ensino. Somente uma...
Mas aí você diz, mas e a história do beija-flor? Lembra? Ele está fazendo a parte dele e você?
Pois é, são séculos de trabalho de beija-flor para chegar no pé que estamos... Não está na hora de parar com esse jogo de contente e admitir que os beija-flores podem ser bem intencionados em suas ações, mas um fracasso na capacidade de mobilizar forças em torno de uma causa? 

Em tempo:
Ah sim...
Só não terminaram de dizer que, na história do beija-flor, ele morreu queimado e a floresta ardeu em chamas até a última tora.

A floresta ainda está ardendo em chamas enquanto as crianças cantam o hino nacional enfileiradas nos pátios.... todas sem bonés.

domingo, 31 de maio de 2009

Pirataria por pirataria.

Há a necessidade de uma definição do que é o conceito de pirataria com exatidão (quantidade, intenção, ação e proveito obtido). Eu, pessoalmente, entendo isso como o ato de reproduzir cópias de uma obra (impressa ou gravada em mídia) sem a autorização do autor e com a clara intenção de vender e ganhar dinheiro com o trabalho intelectual do outro. Há uma distorção no conceito atual e considera-se que o cara que faz a cópia de um CD para a namorada é um bandido que alimenta o crime organizado e lesa o país de forma irreparável. 

Agora, imagina só se cada vez que eu tivesse que presentear um amigo com uma coletânea que eu fiz, eu procurasse um órgão especializado e pagasse todas as guias de direitos autorais. Eu, pessoalmente, deixaria de presentear amigos com isso. E todas as vezes que eu cantasse aquela musiquinha em um karaokê, logo chegasse um representante da associação e me autuasse. No banheiro, a porta seria arrombada e um homem entraria gritando “mão na cabeça” ao me identificar cantando no chuveiro. Afinal, fazia uso de produção intelectual sem pagar a quem lhe era de direito.

O problema é que poucos vêem que o que alimenta a pirataria é um produto de preço incompatível com a realidade. Preço este resultante da carga tributária abusiva e da ganância de alguns empresários que trabalham com margem de lucro desproporcional. O artista mesmo, esse ganha é com show (palavras de Reginaldo Rossi). Nada justifica o custo de um CD por 25 reais... 
Não defendo a pirataria, mas entendo que se deva definir bem o que constitui isso.

Lembro que, certa vez, lá na nos idos da década de 70, meu pai ganhou uma fita que seu amigo copiou com umas músicas... Ele sempre a ouvia no carro quando íamos viajar... 

Nunca imaginei que andei tanto tempo de carro ao lado de um criminoso tão hediondo e que alimentava o crime organizado e lesava o meu país. Mas pelo tempo, acho que o crime dele já prescreveu.

Em tempo
No caso dos livros, é mais complexo ainda. Embora haja editoras que já vendam capítulos separados, a realidade é de uma multidão de alunos que xerocam 10 ou 20 páginas de um livro porque não têm como comprar livros no país dos livros mais caros do mundo. 

Esses piratas infames, bandidos que alimentam a ilegalidade e o crime organizado e lesam o país... ah bandidos... Na próxima prova, eu ferro eles.

domingo, 3 de maio de 2009

Papo de dentista


O rapaz chega na sala de espera. Na parede, quadros baratos, um sofá, uma música ambiente... uma mesinha com uma pilha de revistas de fofoca. Até hoje não entendo por que dentista acha que todo mundo se interessa pelo novo namorado da Ana Maria Braga e das férias da Suzana Vieira em Itaparica. 

Aguarda, aguarda... A porta se abre.

- Bom dia!

- Bom dia!

- Vamos entrar?

Acomoda-se na cadeira. Abre a boca. Prepara-se psicologicamente, pois, daí para frente, alguém assumirá o controle de seu maxilar, de sua salivação e falará coisas que, para quem está do lado de fora, se ouvir, vai pensar mil coisas (“olha, eu vou colocar, se doer eu tiro”, “relaxa que eu vou dar só uma picadinha lá no fundo...”). A conversa começa.

- E aí, tem visto o fulano (um conhecido em comum)?

- agrunfunfgn...

- É. Eu também não tenho visto há um tempo.

- ghurnerghh

- É mesmo. E você também está trabalhando fora?

- rgunoooorgue

- Ah.. ta. É. Aqui não tem muito campo.

- greunhunooonuun.

- É mesmo. Eu sempre falo isso para o meu filho. Mas garoto novo não ouve mesmo.

-gruuuuughuennuumm

- Ah.. deixa eu colocar um sugador aqui.

- huuummm

- Bom, eu vou começar. Se doer você fala que eu tiro.

- huum?

- Mas é isso aí.

- adredgunhiuen...

- É eu penso assim também, conclui o dentista.

 

E a conversa segue por mais uns 30 minutos entre um homem de branco e alguém que, aparentemente, domina um idioma alienígena.

O dentista termina, retira os objetos da boca e te libera para vagar com a boca dormente mundo a fora e, ocasionalmente, mordendo o próprio lábio sem sentir.

Experiência sempre bizarra.

 


segunda-feira, 27 de abril de 2009

Blogue é gênero textual?

Um dia, um aluno, durante a aula, indagou-me de sopetão:
- professor, blogue pode ser considerado um gênero textual?

Pensei, pensei e lembrei que quanto mais a gente estuda mais a gente tem dúvida e mais a gente inveja o paraíso dos ignorantes, onde todas as certezas são achadas em cada esquina ou vendidas em portinhas de beira de rua.
Bem.. comecei. Minha área não é lingüística textual, mas com o que tenho observado acho que podemos começar a entender como um gênero textual caracterizado por uma série mecanismos que o tornam único. E daí saiu uma daquelas conversas que desviam aula e te dá a sensação que o aluno está tentando fazer você deixar a sintaxe descritiva para o lado e trazer a prosa para um outro rumo. Mas aceitei o fio daquela meada e engatei no assunto.
O texto do blogue pede a dinâmica da comunicacão na internet e todos os excessos, como já disse alguma vez por aqui, estragam-no. Esse texto possui um tamanho que, quando grande, extrapola alguns cliques abaixo da tela que o usuário tem na frente; a linguagem é rápida e pede pouco auxílio de dicionário e quando precisamos disso, colocamos o texto em hipertexto para a wikipédia ou outro site; os temas devem ser fugazes, mas não, fúteis e, quando transbordam erudição e hermeticismo, o leitor foge, pois ainda estamos longe do hábito de ler em tela de computador. O blogue é a literatura do free lancer, o espaço da livre expressão gratuita.
O espaço do direito de se manifestar, seja você doutor ou miguxo(a), mas isso não implica que você será lido ou admirado, pois os outros exercem o direito inalienável de ignorá-lo solenemente.

Blogue não é um jornal eletrônico ou um livro em capítulos on line, blogue é, enfim,.. um blogue. E ainda há muito para se discutir do que vem a ser isso.


O meu amigo Wander me disse, certa vez, que só quem lê blogue é blogueiro. Acho que, em parte ele tem razão, e só se poderá começar a desenhar o gênero textual blogue quando superarmos esta fronteira da tela do computador.


domingo, 19 de abril de 2009

A sublime arte de ouvir

A vida nos dá grandes lições e a maior delas são aquelas que têm como protagonistas os outros e não nos mesmos. Como em um filme, assistimos aos erros alheios e, se atentos formos, aprendemos como agir ou, melhor ainda, como não agir. Já vi quedas de onipotentes que, cegos por suas certezas, tropeçaram nas pernas.

As grandes lições que tirei da minha vivência em ambientes corporativos é que cada vez temos mais chefes e menos líderes. Ao líder é inerente o culto ao "ouvir", mas ao chefe, a cegueira da própria vaidade faz com seus ouvidos se lacrem e o único som que lhe chegue é o que já está dentro de sua cabeça. Sabe que, por isso, há alguns anos abdiquei do desejo de falar com pessoas que não querem ouvir. Diante delas, eu ouço, coloco o cérebro no piloto automático e sigo em frente.

É necessário ouvir para concordar e discordar, para entender e até mesmo não entender, para gostar ou detestar. Entretanto, na ânsia de falar ou de impor o que temos a certeza de que é o certo, esquecemos que o certo é não impor, mas compartilhar a decisão para vermos se ela está correta. Em cargos de comando, a maioria das pessoas se nega a ver que, na vida, nunca somos, só estamos. E vivemos como se fôssemos... assim, para sempre. Mas não somos. 

Um retrato dessa falta de "ouvintes" é que, ao abrirmos um jornal vemos cursos de oratória, como falar, como impostar a voz, como ser eloquente, mas nunca vemos um curso de "como ouvir bem", "o que devemos prestar atenção quando falam conosco", uma espécie de arte "auditória". 

E, assim, seguimos, falando, falando, falando... e, às vezes, ouvindo em um mundo em que a natureza já nos proveu sabiamente de uma boca e dois ouvidos, para que fizéssemos uso mais destes do que daquela.

Em tempo:
Constatação aos 37: Na minha vida obtive mais benefícios quando ouvi do que quando me aventurei a falar quando devia, somente, ouvir.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Das coisas e da medida das coisas.

O excesso de trabalho tem me afastado do blogue, mas eis me aqui para ponderar sobre algo que, sinceramente, não entendo. Serão necessários alguns milhares de anos de Taoísmo, como na China, para podermos entender com a experiência que o caminho do meio é o caminho mais adequado? Lembro da Heloisa Helena em sua histeria eleitoral gritando que para ela tinha que ser quente ou frio, pois morno, ela vomitava... (Semprei imaginei se ela teria essa mesma postura diante de um café daquele que deixa nossa língua estufadinha de queimada.)
Mas sabe que, como diz meu tio, “nem muito nem pouco, bom mesmo é mais ou menos”. Há coisas na vida que pedem o “mais ou menos”. Toda vez que excedemos e desviamos do caminho do meio, caímos no absurdo das coisas e falta de medida das coisas. Um dia, o cara acorda e decide que não vai mais comer nenhuma carne, o outro decide parar de comer açúcar, mais um outro decide que não vai mais comer nada, o outro sugere respirar pouco porque o oxigênio desencadeia a oxidação das células... E um decide que bom mesmo é se alimentar de luz, ter um nome indiano e fazer figuração na Novela da Glória Peres. Se cuida, Márcio Garcia.
Vida é ter tudo de bom, vida é abrir mão de tudo porque isso é ser bom. Será?
Tenho medo dos extremos. Até porque, um dia, dizem que açúcar faz mal, no outro, que é uma fonte de saúde; hoje, apontam o ovo como vilão capaz de matar, amanhã, como herói da nutrição. Aí, dizem que comer pouco é bom, para, logo em seguida, dizerem que bom mesmo é comer bastante. Dos vícios às virtudes, que se encare tudo inspirado num rótulo de cerveja e se aprecie com moderação.  
Tudo isso, porque no fundo, saímos do equilíbrio nas nossas vidas e esquecemos que nem muito nem pouco, em se tratando da maioria coisas, bom mesmo é mais ou menos. 
O meu tio e a simplificação do Taoísmo... Sempre adorei esse poder de síntese dele.