sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Política: uma conta que não fecha.

A partir dos dados do TSE, pode-se verificar que um deputado gasta em sua campanha (declaradamente) uma média de 508 mil reais (sic). Entretanto, o petista Antônio Pallocci declarou ter  gasto R$ 2.300.000... Mas, enfim, vamos a matemática da coisa com uma valor modesto apresentado pelo TSE, 508 mil reais. 
Um mandato dura 48 meses e, nesse período (contando os subsídios com os encargos aplicáveis), um deputado recebe uns 23 mil reais por mês. O político que investiu aquele valor que aparece no TSE como média (R$ 508.000) ainda tem um certo lucro em seu investimento, mas e aqueles que investiram mais de 1.200.000, como o deputado Palocci, que amargam um prejuízo de mais de um milhão de reais em seu projeto. 
Isso me deixa com pena desses colegas que abnegados e desprendidos dos bens materiais pagam para trabalhar a serviço do povo. Só me resta pedir aos céus que me conceda capacidade de tamanha generosidade e altruísmo.

E que também me faça menos otário.

P.S.: Se eu te propusesse de pegar emprestado 10 mil reais e só te pagar 5 mil daqui a quatro anos, você topava? Não? Pois é, pela matemática das coisas, alguns deputados topam.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Quem mentir no currículo, agora, poderá ser preso!


Agora sim, viveremos em um mundo mais sincero, limpo, digno e sem pessoas que façam uso da mentira. Pelo menos nos currículos... Mas espera aí... Mentir já não era tipificado no código penal, artigo 299 - Dos Crimes contra a Fé Pública? Acompanhe a seguinte redação da lei: “Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante.” Pena: Reclusão, de 1 a 5 anos (documento público), Reclusão, de 1 a 3 anos (documento particular). Na minha humilde interpretação, o que se descreve acima é o ato de mentir. Certo?
Criamos uma lei que ao condena maus tratos e violência contra a mulher, contra crianças, contra idosos, contra homossexuais, mas espera aí de novo. Isso já não era condenado no código penal e enquadrado como tortura, lesão corporal etc? Ou eu não entendi e, antes da lei, era livre e permitido submeter todas essas categorias à tortura e à violência? Realmente, é por essas e outras que optei por não ser advogado ou jurista, ou algo do gênero. Há uma lógica “exotérica” que vai além da minha consciência de mortal.
Nesse pé, surgirão leis que proíbam se retirem coisas de pessoas sem o seu consentimento. E uma lei que Não admita, sob nenhum pretexto que se tire a vida de uma pessoa, com arma de fogo, cortante, perfurante ou através de outro método. Enfim, mais uma lei para somar a nossa tradição histórica das leis que chovem no molhado, uma tradição secular de nosso congresso e de nosso sistema legal.
Mas, diz aqui uma coisa, e uma lei que puna com prisão político que mente em campanha, seria uma boa né?.. Se bem que iria faltar cadeia.

É..... Tiririca, pior do que está não fica!

P.S.: Será, Tiririca?

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segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Nada de novo sob o céu do humor?

Há muito tempo só assisto às comédias americanas dos canais por assinatura por considerar que vivemos uma entressafra de bons roteiristas e nos EUA, parece-me que brotam em esquinas. Não sei.. pode parecer impressão mesmo, mas tirando Bruno Mazzeo, Fernanda Young e mais alguns desse círculo de redatores, a coisa anda feia por aqui. Zorra total já esgotou a fórmula até como programa de revelação de talentos. Verdade seja dita, há anos está muito ruim. Praça é nossa então, nem se fala. É triste, mas de Casseta e Planeta até Tom Cavalcanti e Pânico na TV, constatamos que a fórmula de fazer rir esgotou. E agora, José?
Bom, numa das minhas viagens de trabalho, tive a oportunidade de, em uma noite de tédio em hotel, zapear daqui e dali e achar na MTV, que eu só achava que apresentava clips e apresentadores estereotipados, alguns programas de humor me fizeram lamentar por não estar no pacote de canais da minha SKY (aliás, nem sei se tem a MTV atualmente na SKY). Bom, o fato é que me surpreendeu a qualidade de humor de alguns rapazes como Marcelo Adnet, Rafel Queiroga e uma galera muito fera. Os caras fazem um humor inteligente que ainda busca encontrar a mão exata da coisa, mas estão no caminho certo. Observação do cotidiano e reprodução de um non sense que me fazem sentir saudade dos tempos de Planeta Diário e mesmo de Monty Python, o grupo inglês que criou maravilhas como A Vida de Brian.
Há um vídeo no You tube em que eles criam uma paródia de funks com as famosas (sic) Gaiola das  Popozudas e criam o Gaiola das Cabeçudas (Vale a pena ver  versos como “Qual a diferença entre Luthero e o Kant? Um é iluminista o outro, protestante..) E a criatividade segue com uma versão acústica dos funks proibidões como Árvore Seca e Atoladinha. Só vendo para crer. Risada garantida e capacidade inventiva à flor da pele.
Ainda há esperança. Aos poucos volto a garimpar a mídia de humor nacional com esperança de vida inteligente aqui dentro.

sábado, 11 de setembro de 2010

As 10 coisas mais constrangedoras

Uma das coisas que mais atraem as pessoas são as listas. Lista dos dez mais elegantes, dos dez mais cafonas, dos dez melhores filmes e dos dez maiores fiascos de Hollywood, os dez mais ricos do mundo, os dez mais bem pagos, os dez mais lindos. Enfim, saber quem são os dez mais sempre foi uma coisa que atraiu as pessoas, mesmo quando os dez mais são menos. Creio que isso esteja na necessidade humana de criar ranking de tudo. Sendo assim, pensei naquilo que ninguém coloca em ranking, mas que infesta o nosso dia-a-dia. Vamos lá... a Lista das 10 coisas mais constrangedoras na convivência humana

1. Conversar com alguém que cospe espuminha e uma das espuminhas vir parar em você. E aí? Limpa ou deixa secar?
2. Entrar no banheiro para fazer um xixi, encontrar tudo cagado. Sair do banheiro e ver que tem uma fila de gente que vai achar que foi você que fez aquela cagança.
3. Comentar com um amigo como é escroto mulher mais velha que se veste como adolescente e 10 minutos depois encontrar com a mãe do amigo que tem 58 anos e se veste como uma menina de 15.
4. Ser pego futucando o nariz (ou coçando o saco);
5. Espirrar e descobrir, no meio do espirro, que você ainda estava com resquícios da gripe e que você não expectorou tudo. Tudo isso na frente de uma multidão que o ouvia falar.
6. Falar sacanagem “das bravas” com a sua namorada no MSN e receber a seguinte: Fulano, a fulana foi está no banho! Assim que ela voltar, vocês continuam. Mãe de fulana.
7. Insistir em cumprimentar alguém que se parece alguém muito conhecido e só perceber que você nunca viu aquela pessoa quando ela chega perto;
8. Presenciar uma briga de casal "lavando roupa suja" (daquelas que fazem arder a nossa cara) sem poder sair de perto.
9. Sair com um casal que fica o tempo todo tentando entrar um dentro da boca do outro na mesa do restaurante ou do bar enquanto você fica sozinho sem saber para que lado olhar. Ah... e todo mundo olha para o seu lado nessas ocasiões.
10. Comprar lubrificante e KY na farmácia e ir para a casa da namorada aproveitando que os pais vão sair e descobrir que o farmacêutico que lhe vendeu era o pai dela que você não conhecia ainda.

Mas a lista é grande... cabe mais de dez.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Quando auxílio social vira algema

"Estou cego, estou cego, repetia com desespero enquanto o ajudavam a sair do carro, e as lágrimas, rompendo, tomaram mais brilhantes os olhos que ele dizia estarem mortos."
SARAMAGO, José. Ensaio sobre a cegueira


Manter programa de auxílio com bolsas em dinheiro sem uma contrapartida social efetiva é criar uma dependência e um tipo de escravidão que interessa a quem? 
Em 1888, a escravidão acabou no Brasil, mas a sociedade se encarregou criar maneiras de substituir esse processo de dominação por outro. Veio o trabalho assalariado que criava um vínculo patrão-empregado altamente interessante para o patrão já que o operário era uma peça que, se trincasse, seria substituída. E a manutenção dessa peça era obrigação da própria “peça” com o que recebia uma vez por mês.
Na era da informação, essa forma se perpetua. Mas como escravizar aquele que não tem salário? Como fazê-lo viver sob meu domínio sem esse vínculo da carteira azul?
Pois é simples, diria Maquiavel (se estivesse aqui e propusesse os métodos aplicados em O príncipe e que lhe permitiram virar adjetivo em português, maquiavélico): Dê ao miserável uma bolsa de 50 reais por mês. O suficiente para não deixá-lo morrer de fome e o necessário para lhe ser grato. No outro mês, faça o mesmo, mas jamais lhe dê ofício que permita gerar esses 50 reais ou mais. Não ofereça a seus filhos escolas dignas que lhes permitam crescer e pensar por conta própria. Dê-lhes o mínimo para que, amanhã, sejam os herdeiros dos 50 reais que pingam, mas não secam. Pronto. Está feito. E toda vez que alguém se levantar contra sua maneira de agir, grite à legião de miseráveis que as vozes que se opõem são as vozes que não sabem a dor de um estômago vazio, são as vozes que querem acabar com aqueles que se preocupam com o povo.
Eis a fórmula pronta que, mesmo ao mais maquiavélico dos líderes, causaria rubor nas faces.
Isso muito me inquieta. A cegueira do próximo me inquieta.

sábado, 4 de setembro de 2010

Mulheres não sabem nada sobre homens.


E a recíproca é verdadeira. Homens não sabem nada sobre mulheres. A diferença é que as mulheres sobem em seus saltos e afirmam que conhecem os homens como a palma da mão. Outro dia, uma colega falou que gostaria de ser uma mosquinha para ouvir o que falamos quando estamos em um grupo só de homens. E insinuou que falamos de mulher o tempo todo... Ledo e eterno engano do sexo feminino. 

Vou contar, mas não devia, um segredo sobre os homens que talvez lhes sirva de pista para invadir a alma masculina: - homens são meninos grandes. Pronto, falei!
Os meus pares devem estar me odiando nesse momento e dizendo: maldito, revelou o segredo da irmandade. Entretanto, confesso que gosto de ser entendido e dar essa pista é uma maneira de ajudar o processo.
Homens, quando se juntam, falam de esporte, carros, computadores, programas de TV, filmes, música, contam piadas nojentas e politicamente incorretas e morrem de rir com histórias que falam de peidos e arrotos. Homens falam, raramente, de mulher, conversam mesmo é sobre futebol (quando gostam do assunto) e se compram um aparelho eletrônico (um celular, uma câmera digital, um computador de mão...) ficam doidos para encontrar um colega para mostrar e brincarem juntos. E quando encontram, brincam e riem como se fossem dois meninos com um carrinho novo.
Homens são fechados. Dificilmente falam de suas preferências íntimas com os amigos e se exageram no relato de suas conquistas são mau vistos pelo colegas. São chamados de “gargantas”...
Mas numa coisa as mulheres estão certas sobre nós: homens são todos iguais.
São meninos que se recusam a crescer, mas que têm brinquedos caros.
Sendo assim... parem de escolher tanto e poupem seu tempo. Somos todos iguais.

Em tempo: Caras mulheres, quem vocês pensam que sonha com o helicóptero de controle remoto de brinquedo da foto? Adivinhem. Tem 39 anos e acabou de escrever esse texto.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Não filosofe sobre a minha alergia!

Quem sofre de alergia respiratória, em épocas de crise, precisa de corticóide e não de conselho. Você acorda com a lora (tadina) vários dias seguidos e acaba tendo que pegar a Neosa (Aldina) que o ajuda a sofrer menos com as dores de cabeça da alergia. Lembro uma vez que mal conseguia respirar e meu médico não estava em minha cidade. Meu peito chiava, eu tossia... Enfim, como sou homem e todo homem é dramático, eu tinha certeza de que iria morrer.  Daquela noite, eu não passava. Sai desesperado em direção ao hospital em busca de uma injeção de Diprospan. Na sala de espera, mal consegui a respirar e a garganta já doía horrores... Chegou minha vez de ser atendido. O médico sonolento olhou para mim e perguntou: tá sentindo alguma coisa?
Tive certeza que ele não tinha acordado de sua soneca no plantão e veio-me à ponta da língua de um alérgico mal humorada a frase: Não, doutor. Nada não. Estava em casa sozinho, precisava conversar com alguém  e pensei “vou acordar um médico só para sacanear o cara” Contive-me.
Relatei em detalhes o meu estado de moribundo e dei sinais bem visíveis de que eu estava mal mesmo e bem irritado. Dei o nome do meu médico (que ele conhecia bem), passei o telefone do médico, ofereci o meu celular para eles conversarem, descrevi o procedimento normal em caso de minhas crises respiratórias e terminei no pedido do Diprospan. Pois não é que o homem me ouviu, levantou da cadeira e me deu uma palestras sobre alergia e os males dos corticóides.  Falou sobre a vida, os amores, o imediatismo humano.. enfim, encheu meu saco durante uns 10 minutos. E nada do que eu pedi.
Meu peito já doía de tanto tossir e o que ganhei foi uma palestra. A crise alérgica chegara a meu saco e ele encheu, levantei e sai sem agradecer, afinal, eu queria uma receita de injeção e não uma palestra meia boca de um monte de coisa que eu já sei há uns 20 anos.
Os médicos deveriam saber que um alérgico com mais de 15 anos de crise sabe mais da alergia dele do que o médico. Salvo se o médico for alérgico também... Mas o fato é que naquela noite acessei meu caderno de telefones e fui salvo por um médico que, sendo alérgico, entedeu meu drama e resolveu meu problema. Sem filosofia, sem discursos, sem demora... injeção de diprospan, sussurava eu enquanto recebia a picada.. bendita injeção.
Não filosofe sobre minha alergia. Vá filosofar no quinto dos infernos!

domingo, 29 de agosto de 2010

Oração singela de um pai apaixonado (e preocupado)

Peço a vida sabedoria
Sabedoria para ser digno da vida que me confiaram
Para ser justo sem ser rígido
Para dobrar quando necessário for
E manter-me firme mesmo quando o coração vacilar


Para que eu crie um homem

Um homem digno
E que empregue suas mãos no trabalho
Sua consciência no outro
E, na sua alma, se talhe o mais sólido caráter

Que eu dê a essa vida que me entregaram
A dignidade e a crença
Não a fé cega que cala o homem e escraviza
Mas a fé no homem
Que ergue o mundo e faz dele um lugar melhor
Amém


P.S.Retornei a essa questão porque tenho visto tanta coisa desanimadora como educador. Meninos riquinhos achando que, porque pagam faculdade cara, podem tudo com qualquer um. E pais endossando o discurso da barbárie, dando dinheiro para policial para alimentar a impunidade dos monstros que pariram, desculpando a desonestidade e estupidez de suas crias, acreditando que o mundo só serve para servi-los. E os filhos reproduzem esse discurso porque são o espelho da imbecilidade dos pais.. Tenho andado desanimado... muito desanimado... Olho meu pequeno Daniel, penso em tudo que estou passando para ele e esbarro no medo, no medo do ser humano que estão deixando para o mundo. Não sei se teremos um mundo melhor, mas acho pouco provável com tantas pessoas piores que tenho visto. Não volto mais a esse assunto. Já deu.. Foi só um desabafo final.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Que exemplo deixamos para nossos filhos?

Os filhos espelham os pais. Antes de ser pai, sempre achei que isso fosse filosofia barata. Mas tenho tido inúmeras razões para acreditar que a coisa vai além das palavras.
Outro dia, durante uma aula em que eu explicava o que pressupomos e o que subentendemos em um texto. Eu disse que é possível, na frase “Maria parou de fumar”, pressupor que Maria fumava, com base na expressão “parou de”. Então, perguntei por que as pessoas achavam que Maria parou de fumar. As opiniões foram várias: tinha força de vontade, porque sofria de problemas respiratório, porque se sentia discriminada, enfim, cada um opinava e criava um subentendido com base no que tinha como vivência pessoal.
Foi nisso que uma aluna disse que Maria parou de fumar porque tinha uma filha pequena. Questionada com a relação entre parar de fumar e ter um filho pequeno ela explicou que ela (a aluna) fumava e que decidiu parar de fumar quando viu sua filha brincando com uma caneta, como se fosse um cigarro. Isso explicou tudo.
Fui pensando nisso durante o caminho para casa. Uma hora de volante dá pra mastigar muita idéia. No dia seguinte, em casa, sentei para ler o jornal como sempre o faço nas minhas curtas horas vagas. O meu pequeno Daniel (de dois anos e meio) se aproximou, pegou um dos cadernos do jornal (Valor Econômico) arrastou para o quarto dele. Não sem antes dizer: papai, eu qué lê.
Cheguei de mansinho no quarto e simultâneo ao Barney que passava na TV, o meu menininho me imitava com o jornal aberto e dizia: esse é o A, esse é o O.... esse é D de Daniel...
Com um sorriso que se espalha na alma, entendi tudo. Entendi e me pesou como toneladas a responsabilidade saber o que podemos deixar para nossos filhos.