sábado, 11 de setembro de 2010

As 10 coisas mais constrangedoras

Uma das coisas que mais atraem as pessoas são as listas. Lista dos dez mais elegantes, dos dez mais cafonas, dos dez melhores filmes e dos dez maiores fiascos de Hollywood, os dez mais ricos do mundo, os dez mais bem pagos, os dez mais lindos. Enfim, saber quem são os dez mais sempre foi uma coisa que atraiu as pessoas, mesmo quando os dez mais são menos. Creio que isso esteja na necessidade humana de criar ranking de tudo. Sendo assim, pensei naquilo que ninguém coloca em ranking, mas que infesta o nosso dia-a-dia. Vamos lá... a Lista das 10 coisas mais constrangedoras na convivência humana

1. Conversar com alguém que cospe espuminha e uma das espuminhas vir parar em você. E aí? Limpa ou deixa secar?
2. Entrar no banheiro para fazer um xixi, encontrar tudo cagado. Sair do banheiro e ver que tem uma fila de gente que vai achar que foi você que fez aquela cagança.
3. Comentar com um amigo como é escroto mulher mais velha que se veste como adolescente e 10 minutos depois encontrar com a mãe do amigo que tem 58 anos e se veste como uma menina de 15.
4. Ser pego futucando o nariz (ou coçando o saco);
5. Espirrar e descobrir, no meio do espirro, que você ainda estava com resquícios da gripe e que você não expectorou tudo. Tudo isso na frente de uma multidão que o ouvia falar.
6. Falar sacanagem “das bravas” com a sua namorada no MSN e receber a seguinte: Fulano, a fulana foi está no banho! Assim que ela voltar, vocês continuam. Mãe de fulana.
7. Insistir em cumprimentar alguém que se parece alguém muito conhecido e só perceber que você nunca viu aquela pessoa quando ela chega perto;
8. Presenciar uma briga de casal "lavando roupa suja" (daquelas que fazem arder a nossa cara) sem poder sair de perto.
9. Sair com um casal que fica o tempo todo tentando entrar um dentro da boca do outro na mesa do restaurante ou do bar enquanto você fica sozinho sem saber para que lado olhar. Ah... e todo mundo olha para o seu lado nessas ocasiões.
10. Comprar lubrificante e KY na farmácia e ir para a casa da namorada aproveitando que os pais vão sair e descobrir que o farmacêutico que lhe vendeu era o pai dela que você não conhecia ainda.

Mas a lista é grande... cabe mais de dez.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Quando auxílio social vira algema

"Estou cego, estou cego, repetia com desespero enquanto o ajudavam a sair do carro, e as lágrimas, rompendo, tomaram mais brilhantes os olhos que ele dizia estarem mortos."
SARAMAGO, José. Ensaio sobre a cegueira


Manter programa de auxílio com bolsas em dinheiro sem uma contrapartida social efetiva é criar uma dependência e um tipo de escravidão que interessa a quem? 
Em 1888, a escravidão acabou no Brasil, mas a sociedade se encarregou criar maneiras de substituir esse processo de dominação por outro. Veio o trabalho assalariado que criava um vínculo patrão-empregado altamente interessante para o patrão já que o operário era uma peça que, se trincasse, seria substituída. E a manutenção dessa peça era obrigação da própria “peça” com o que recebia uma vez por mês.
Na era da informação, essa forma se perpetua. Mas como escravizar aquele que não tem salário? Como fazê-lo viver sob meu domínio sem esse vínculo da carteira azul?
Pois é simples, diria Maquiavel (se estivesse aqui e propusesse os métodos aplicados em O príncipe e que lhe permitiram virar adjetivo em português, maquiavélico): Dê ao miserável uma bolsa de 50 reais por mês. O suficiente para não deixá-lo morrer de fome e o necessário para lhe ser grato. No outro mês, faça o mesmo, mas jamais lhe dê ofício que permita gerar esses 50 reais ou mais. Não ofereça a seus filhos escolas dignas que lhes permitam crescer e pensar por conta própria. Dê-lhes o mínimo para que, amanhã, sejam os herdeiros dos 50 reais que pingam, mas não secam. Pronto. Está feito. E toda vez que alguém se levantar contra sua maneira de agir, grite à legião de miseráveis que as vozes que se opõem são as vozes que não sabem a dor de um estômago vazio, são as vozes que querem acabar com aqueles que se preocupam com o povo.
Eis a fórmula pronta que, mesmo ao mais maquiavélico dos líderes, causaria rubor nas faces.
Isso muito me inquieta. A cegueira do próximo me inquieta.

sábado, 4 de setembro de 2010

Mulheres não sabem nada sobre homens.


E a recíproca é verdadeira. Homens não sabem nada sobre mulheres. A diferença é que as mulheres sobem em seus saltos e afirmam que conhecem os homens como a palma da mão. Outro dia, uma colega falou que gostaria de ser uma mosquinha para ouvir o que falamos quando estamos em um grupo só de homens. E insinuou que falamos de mulher o tempo todo... Ledo e eterno engano do sexo feminino. 

Vou contar, mas não devia, um segredo sobre os homens que talvez lhes sirva de pista para invadir a alma masculina: - homens são meninos grandes. Pronto, falei!
Os meus pares devem estar me odiando nesse momento e dizendo: maldito, revelou o segredo da irmandade. Entretanto, confesso que gosto de ser entendido e dar essa pista é uma maneira de ajudar o processo.
Homens, quando se juntam, falam de esporte, carros, computadores, programas de TV, filmes, música, contam piadas nojentas e politicamente incorretas e morrem de rir com histórias que falam de peidos e arrotos. Homens falam, raramente, de mulher, conversam mesmo é sobre futebol (quando gostam do assunto) e se compram um aparelho eletrônico (um celular, uma câmera digital, um computador de mão...) ficam doidos para encontrar um colega para mostrar e brincarem juntos. E quando encontram, brincam e riem como se fossem dois meninos com um carrinho novo.
Homens são fechados. Dificilmente falam de suas preferências íntimas com os amigos e se exageram no relato de suas conquistas são mau vistos pelo colegas. São chamados de “gargantas”...
Mas numa coisa as mulheres estão certas sobre nós: homens são todos iguais.
São meninos que se recusam a crescer, mas que têm brinquedos caros.
Sendo assim... parem de escolher tanto e poupem seu tempo. Somos todos iguais.

Em tempo: Caras mulheres, quem vocês pensam que sonha com o helicóptero de controle remoto de brinquedo da foto? Adivinhem. Tem 39 anos e acabou de escrever esse texto.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Não filosofe sobre a minha alergia!

Quem sofre de alergia respiratória, em épocas de crise, precisa de corticóide e não de conselho. Você acorda com a lora (tadina) vários dias seguidos e acaba tendo que pegar a Neosa (Aldina) que o ajuda a sofrer menos com as dores de cabeça da alergia. Lembro uma vez que mal conseguia respirar e meu médico não estava em minha cidade. Meu peito chiava, eu tossia... Enfim, como sou homem e todo homem é dramático, eu tinha certeza de que iria morrer.  Daquela noite, eu não passava. Sai desesperado em direção ao hospital em busca de uma injeção de Diprospan. Na sala de espera, mal consegui a respirar e a garganta já doía horrores... Chegou minha vez de ser atendido. O médico sonolento olhou para mim e perguntou: tá sentindo alguma coisa?
Tive certeza que ele não tinha acordado de sua soneca no plantão e veio-me à ponta da língua de um alérgico mal humorada a frase: Não, doutor. Nada não. Estava em casa sozinho, precisava conversar com alguém  e pensei “vou acordar um médico só para sacanear o cara” Contive-me.
Relatei em detalhes o meu estado de moribundo e dei sinais bem visíveis de que eu estava mal mesmo e bem irritado. Dei o nome do meu médico (que ele conhecia bem), passei o telefone do médico, ofereci o meu celular para eles conversarem, descrevi o procedimento normal em caso de minhas crises respiratórias e terminei no pedido do Diprospan. Pois não é que o homem me ouviu, levantou da cadeira e me deu uma palestras sobre alergia e os males dos corticóides.  Falou sobre a vida, os amores, o imediatismo humano.. enfim, encheu meu saco durante uns 10 minutos. E nada do que eu pedi.
Meu peito já doía de tanto tossir e o que ganhei foi uma palestra. A crise alérgica chegara a meu saco e ele encheu, levantei e sai sem agradecer, afinal, eu queria uma receita de injeção e não uma palestra meia boca de um monte de coisa que eu já sei há uns 20 anos.
Os médicos deveriam saber que um alérgico com mais de 15 anos de crise sabe mais da alergia dele do que o médico. Salvo se o médico for alérgico também... Mas o fato é que naquela noite acessei meu caderno de telefones e fui salvo por um médico que, sendo alérgico, entedeu meu drama e resolveu meu problema. Sem filosofia, sem discursos, sem demora... injeção de diprospan, sussurava eu enquanto recebia a picada.. bendita injeção.
Não filosofe sobre minha alergia. Vá filosofar no quinto dos infernos!

domingo, 29 de agosto de 2010

Oração singela de um pai apaixonado (e preocupado)

Peço a vida sabedoria
Sabedoria para ser digno da vida que me confiaram
Para ser justo sem ser rígido
Para dobrar quando necessário for
E manter-me firme mesmo quando o coração vacilar


Para que eu crie um homem

Um homem digno
E que empregue suas mãos no trabalho
Sua consciência no outro
E, na sua alma, se talhe o mais sólido caráter

Que eu dê a essa vida que me entregaram
A dignidade e a crença
Não a fé cega que cala o homem e escraviza
Mas a fé no homem
Que ergue o mundo e faz dele um lugar melhor
Amém


P.S.Retornei a essa questão porque tenho visto tanta coisa desanimadora como educador. Meninos riquinhos achando que, porque pagam faculdade cara, podem tudo com qualquer um. E pais endossando o discurso da barbárie, dando dinheiro para policial para alimentar a impunidade dos monstros que pariram, desculpando a desonestidade e estupidez de suas crias, acreditando que o mundo só serve para servi-los. E os filhos reproduzem esse discurso porque são o espelho da imbecilidade dos pais.. Tenho andado desanimado... muito desanimado... Olho meu pequeno Daniel, penso em tudo que estou passando para ele e esbarro no medo, no medo do ser humano que estão deixando para o mundo. Não sei se teremos um mundo melhor, mas acho pouco provável com tantas pessoas piores que tenho visto. Não volto mais a esse assunto. Já deu.. Foi só um desabafo final.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Que exemplo deixamos para nossos filhos?

Os filhos espelham os pais. Antes de ser pai, sempre achei que isso fosse filosofia barata. Mas tenho tido inúmeras razões para acreditar que a coisa vai além das palavras.
Outro dia, durante uma aula em que eu explicava o que pressupomos e o que subentendemos em um texto. Eu disse que é possível, na frase “Maria parou de fumar”, pressupor que Maria fumava, com base na expressão “parou de”. Então, perguntei por que as pessoas achavam que Maria parou de fumar. As opiniões foram várias: tinha força de vontade, porque sofria de problemas respiratório, porque se sentia discriminada, enfim, cada um opinava e criava um subentendido com base no que tinha como vivência pessoal.
Foi nisso que uma aluna disse que Maria parou de fumar porque tinha uma filha pequena. Questionada com a relação entre parar de fumar e ter um filho pequeno ela explicou que ela (a aluna) fumava e que decidiu parar de fumar quando viu sua filha brincando com uma caneta, como se fosse um cigarro. Isso explicou tudo.
Fui pensando nisso durante o caminho para casa. Uma hora de volante dá pra mastigar muita idéia. No dia seguinte, em casa, sentei para ler o jornal como sempre o faço nas minhas curtas horas vagas. O meu pequeno Daniel (de dois anos e meio) se aproximou, pegou um dos cadernos do jornal (Valor Econômico) arrastou para o quarto dele. Não sem antes dizer: papai, eu qué lê.
Cheguei de mansinho no quarto e simultâneo ao Barney que passava na TV, o meu menininho me imitava com o jornal aberto e dizia: esse é o A, esse é o O.... esse é D de Daniel...
Com um sorriso que se espalha na alma, entendi tudo. Entendi e me pesou como toneladas a responsabilidade saber o que podemos deixar para nossos filhos.


sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Eu tenho medo é das boas intenções...e outras meias verdades

Meia verdade é de fato uma meia mentira. Sempre repito isso nas aulas de semântica. Quando dividimos uma realidade ao meio e rotulamos como uma "meia verdade", estamos escondendo a grande meia mentira que ela traz consigo.
Em tempos de eleição, de Criança Esperança, de Amigos da Escola, fico me perguntando quanto de boa intenção existe por trás das boas intenções. Das promessas de campanha, dos milhões investidos em propaganda para se ganhar um salário que multiplicado pelos meses que o cara vai estar no cargo, não cobre 20% do que foi gasto. Altruísmo em excesso? 
Das doações que ajudam as crianças, mas enriquecem as operadoras de telefonia, enchem os cofres do governo e são depositadas numa conta da UNICEF (sic). E quem paga a festa? A globo? Saí tudo no 0800 por conta dela? É tanta bondade que me pesa na consciência desconfiar.
E o velhinho aposentado que vai a escola dar aula de música de graça o que dispensa o governo de investir um centavo na formação docente, mas com a manutenção da arrecadação tributária mantida. Que bela fórmula: menos gastos + receita mantida = maior lucro.. lucro sim! Alguém lucra com isso.
Tenho acordado meio descrente de certas coisas, ou mais desconfiado.. mais mineiro do que sempre.. e não do que nunca já que o sou mais do que outra coisa.
Concluo com uma observação que fizeram outro dia depois de um papo entre amigos na saída do trabalho: As más intenções não me assustam. Eu tenho medo mesmo é das boas intenções. Essas sim, me dão até arrepio.

P.S. Afinal, como dizia minha avó, delas o inferno está cheio.

domingo, 8 de agosto de 2010

Mãe, cheguei bem. Te amo.

[não sou de poesias, mas essa foto ficou tão linda que inspirou]


O que é que você espera mulher?
Espera menino?
Que chega às pressas e estabanado
Derruba as coisas a frente e ao lado.
O que espera mulher?


Espera menino?
Moleque levado que fala enrolado
E torce a língua para falar mamãe?


Ainda esperando mulher?
O garoto sapeca 
Ruidoso da breca
Ou seria levado breca?
Não importa. O fato é que espera menino.


Espera mesmo menino?
Que um dia crescido
Com ar decido e mochila nas costas
Chega e lhe diz:
- Tô indo viajar, mãe. Beijos
 E contrariada, mas resignada
Vê bater a porta.


E então...
Deixa o corpo cair no sofá...
Espera menino
Esperando o menino ligar.

[O nome dela é Camilla, minha esposa, e espera nosso segundo menino. Vai se chamar Bruno.]

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Ódio e intolerância em nome de Deus

Tenho poucas oportunidades de ler blogs, mas sempre que o tenho, faço com prazer. Gosto de ver o que pensam e escrevem e, principalmente, como escrevem alguns blogueiros. Outro dia, passeava pelo DiHITT, uma rede social de blogueiros, e me deparei com uma série de blogs (não vou promovê-los aqui dando nome) com significativa projeção entre os usuários e que pregavam através de artigos que gays eram os responsáveis pela AIDS, que eram responsáveis pelas doenças venéreas e que tinham desequilíbrio mental, por isso, apresentavam o maior índice de suicídio. Os dados eram sempre duvidosos ou de fontes questionáveis, mas estavam sempre lá. E no final, sempre a mensagem. Deus não gosta de gays, por isso criou o homem e a mulher. 
Não sou gay, não tenho parentes gays (não que eu saiba), mas tenho (e sempre tive) alguns colegas de trabalho gays. Aliás, bons profissionais e que não se aproximam nem de longe do estereótipo evangélico do aidético, doente mental suicida rejeitado por Deus.
O fato é que algumas pessoas se arrogam uma espécie de procuração para falar e assinar em nome de Deus e saem despejando as suas frustrações, inclusive sexuais, sobre todos e tudo. Dedicam-se a atacar com feroz fervor como se num grito interno sufocasse sua sexualidade confusa e reprimida e o ataque abrandasse a dor de não ser o que se queria ser, de se viver o que se queria viver.
Não acredito que gays sejam aidéticos, doentes mentais suicidas rejeitados por Deus, aliás, acredito que se existe um Deus, ele teve a sabedoria de dar uma vida para cada um para que cada um tomasse conta da sua e fizesse menos julgamentos. E, por fim, para arrematar, mandou o filho dele para a terra para ensinar que acima de qualquer coisa deve haver um sentimento forte entre os homens: amor e, consequentemente, a  TOLERÂNCIA daqueles que sabem amar o próximo.


Em tempo: Quando a sexualidade do outro nos incomoda a fim de nos mobilizarmos é sinal de que há algo incômodo com a nossa sexualidade. Isso é para se pensar.

Em tempo 2: ah sim.. o mesmo preconceito que se "justifica" contra gays aponta suas armas, a seu tempo, para negros, pobres, judeus, ciganos, suburbanos... Preconceito é ódio enlatado no peito e só muda de alvo...