sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Eu tenho medo é das boas intenções...e outras meias verdades

Meia verdade é de fato uma meia mentira. Sempre repito isso nas aulas de semântica. Quando dividimos uma realidade ao meio e rotulamos como uma "meia verdade", estamos escondendo a grande meia mentira que ela traz consigo.
Em tempos de eleição, de Criança Esperança, de Amigos da Escola, fico me perguntando quanto de boa intenção existe por trás das boas intenções. Das promessas de campanha, dos milhões investidos em propaganda para se ganhar um salário que multiplicado pelos meses que o cara vai estar no cargo, não cobre 20% do que foi gasto. Altruísmo em excesso? 
Das doações que ajudam as crianças, mas enriquecem as operadoras de telefonia, enchem os cofres do governo e são depositadas numa conta da UNICEF (sic). E quem paga a festa? A globo? Saí tudo no 0800 por conta dela? É tanta bondade que me pesa na consciência desconfiar.
E o velhinho aposentado que vai a escola dar aula de música de graça o que dispensa o governo de investir um centavo na formação docente, mas com a manutenção da arrecadação tributária mantida. Que bela fórmula: menos gastos + receita mantida = maior lucro.. lucro sim! Alguém lucra com isso.
Tenho acordado meio descrente de certas coisas, ou mais desconfiado.. mais mineiro do que sempre.. e não do que nunca já que o sou mais do que outra coisa.
Concluo com uma observação que fizeram outro dia depois de um papo entre amigos na saída do trabalho: As más intenções não me assustam. Eu tenho medo mesmo é das boas intenções. Essas sim, me dão até arrepio.

P.S. Afinal, como dizia minha avó, delas o inferno está cheio.

8 comentários:

Rosangela Ataide disse...

Tens razão, tbm tenho um pé atrás com certas bondades, aliás desconfio até d+. Como vovó dizia: Seguro morreu de velho! Então não ponho meu dedinho onde tenho desconfianças.
Saudações

Redação disse...

Desconfiar é sempre um bom remédio!

Eduardo Montanari disse...

Pois é. É como costuma dizer o nosso velho e bom super-herói, o [b]Motoqueiro Fantasma[/b]: "A estrada para o inferno é pavimentada de boas intenções."

regina claudia brandão disse...

putz!!!! encontrei eco pras minhas resmungações ... a das doações que enriquecem as emissoras de tv, as empresas de telefonia, e o incentivador da campanha, obviamente - lê-se sr didi - é a mais descarada ...
hipocrisia é uma palavra mágica. adoro fazer uso dela.
bj.

Mr.Jones disse...

Sempre tive minhas desconfianças a respeito do que citou no texto.
O incrivel que, depois que sabemos do saldo total (se foi realmente aquilo né?) Nunca acaba o criança esperança. E mesmo assim, vemos as "crianças" perdendo a esperança na miséria.
abçs

Jucifer disse...

olá guri
falou tudo e mais um pouco
e pode ter certeza tua vo estava certissima
como tu citaste um dos casos q me deixa mais fula é o criança esperança
bjim

http://souferrofundido.blogspot.com/ disse...

Fiz um texto sobre esse tipo de sensação recentemente.Óbvio que alguém lucra com todos esses "shows de bondade".Criança Esperança me dá sono...de verdade. Enoja, mesmo! É a "pobreza para rico ver", se sentir menos culpado pala desigualdade que promove, explorando o trabalho de famintos e desescolarizados.E adorei sua frase.."Meia verdade é de fato uma meia mentira.Quando dividimos uma realidade ao meio e rotulamos como uma"meia verdade", estamos escondendo a grande meia mentira que ela traz consigo".Gostei tanto, que estou te seguindo. Abraço.

JediVisconti. disse...

Deus me livre, mas solidariedade para mim não é fazer doações (De dinheiro principalmente), mas se doar, dar banho em Mendigo (Já fiz isto aqui em Valença, acredite), catar um cachorro na rua e cuidar de suas feridas, visitar uma criança hospitalizada (Tenho tido esta experiência este ano), dar um prato de comida à um morador de Rua, levar uma pessoa ao Hospital quando está passando mal, um vizinho, "Tentar" dar conselhos a molecada na rua, mesmo se for motivo de chacota. Bom a verdadeque me espanta é ligar o telefone e depois dormir com a conciência Tranquila, tem pessoas e pessoas, infelizmente.