sábado, 2 de agosto de 2008

Tá, mas não fui eu... a culpa tácita

Há situações na vida que nos impingem uma culpa que nem o melhor dos advogados é capaz de nos tirar. É a culpa tácita. Aquela em que ninguém nos aponta o dedo e diz: foi você, mas aquela em que todos o olham de soslaio com cara de “foi você, hein” Dessa acusação tácita não temos como fugir e qualquer defesa prévia soa como reconhecimento de culpa. Aqui o tal do habeas corpus preventivo é o mesmo que uma confissão.
Veja só...
Você entra no ônibus, no meio da viagem dá um aperto danado, você precisa ir ao banheiro, mas é só um xixi. Você está apertadíssimo e sentado na janela na primeira fileira de poltronas. O caminho é longo e você decide marchar por entre as poltronas até o quartinho dos fundos do ônibus.
Apesar de desviar-se dos olhares, percebe que todos o observam com cara de "olha lá,lá vai o cagão” Você sabe que eles estão pensando e tem vontade de gritar: "gente, é só um xixi! Manda alguém para me acompanhar e só isso mesmo! Fiquem tranqüilos. Todos sairemos bem daqui."
Quando chega lá, está saindo do banheiro com cara de assustada aquele gatinha linda que está sentada logo atrás de você. Ela sorri sem graça e lhe saúda com um leve acenar de cabeça.
Ao entrar no banheiro, você constata que aquele gatinha tinha aparência de princesa, mas intestinos de um ogro e deixou algo à sua espera. Pronto. Se você sair todos vão pensar que foi você. Afinal, aquela coisa linda.. ah... não, nem pensar! Você faz um xixi balançando com o movimento do ônibus enquanto respira sofregamente pela boca.
Ao abrir a porta do banheiro, todos o olham com um ódio mortal. Você e o maníaco do parque são dignos da mesma pena. Uma velhinha que caminhava para o banheiro desiste no trajeto, uma criança que dizia que queria fazer xixi, muda de idéia subitamente. E você caminha até sua poltrona sob as acusações tácitas. A mocinha ceramista agora dorme com menos 2 Kg de peso (só falta um adesivo QUER PERDER PESO? PERGUNTE-ME COMO) e você caminha com 200 Kg de ira e revolta sobre você.
Vai explicar o quê?
Dessa, nenhum advogado te livra.
Sentado na sua poltrona você pensa resignado: cagona desgraçada!

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

O que vem antes do Saco... capítulo I

Ora, Deus disse: Faça-se a luz e a luz foi feita.
Ora, disse um homem, faça se a conta de luz...
E assim foi feito..
Daí, a partir desse dia, todos dentre vós passaríeis a desligar vossos aparelhos do stand by.

terça-feira, 29 de julho de 2008

O Saco falou, todos repetiram sem pensar – Volume I

Só sei que nada sei”, concluiu Sócrates.

Continuação da história...

O pessoal na praça de Atenas se retirou subitamente e todos cochicavam entre si:

- Vão bora, gente! O cara não sabe nada, na verdade, nem isso... estamos perdendo tempo aqui.

E o chapéu do filósofo não recebeu uma moeda naquele dia.
Sozinho pensou o Sócrates:

Porra, não devia ter dito aquilo

A partir dali, precisou rever a sua estratégia de marketing pessoal.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

O Grande Saco comentou... Sei lá, nada a ver, mil coisas...

A postagem era sobre tipos de blogues e recebemos o seguinte comentário:

Dan_little18 (nome fictício para não despertar suscetibilidades, mas texto real)

Sei lá axo(sic) que nada haver(sic) esses lance de rotular. As pessoas são o que são e viseversa(sic). A blogosfera é um espasso de liberdade e quem tenta ficar roteando(sic) as pessoas não sabe que tem é problema com os próprios conhecimento(sic) da pessoa. Sei lá.. isso é uma faca de dois gumes.;-D
____________________
Visite meu blog



Embora não tenha entendido muito bem, guardei essas sábias e profundas palavras que mudaram meu viver e redefiniram minhas buscas. Parei de rotear as pessoas... deixei essa tarefa com os provedores de internet

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Tamanho não interessa o que importa é o prazer que proporciona.

Manter um blogue em um ambiente em que muita gente, escondida pelo anonimato admite detestar ler é um trabalho de Sísifo (Não vou dar mole a vocês. Dêem um pulo no Google e descubram o que o cara fazia. Faz todo o sentido. A história é legal.). Se o texto é curto, encurta o espaço das idéias, se é longo, sobra roupa. A idéia entra no texto como o corpo em uma roupa. Acho que todo mundo já experimentou uma calça apertada e sentiu que está faltando espaço onde você queria colocar algo essencial: seu corpo. Ou, de outra parte, usar uma calça larga que te obriga a ficar puxando o tempo todo, pois tem escassez de você onde há fartura de espaço. E isso dá um cansaço...
Pois o texto segue a mesma lógica.
As idéias começam, acomodam-se nas palavras e o que define a atenção do leitor é o tamanho da roupa. Quando ele sente que estão inserindo muito corpo para pouca roupa, o texto incomoda, mas quando nota que colocam muita roupa em pouco corpo, o texto nos cansa.

Aí vai uma dica de ouro:
Leia o seu texto várias vezes antes de publicar, revise e faça três perguntas: Exagerei? Passei a idéia que queria passar? Há empatia com o leitor no que escrevi? (Ou seja, esse assunto é capaz de interessar a alguém mais no universo além de mim mesmo e mais uns dois ou três colegas?)
Na minha vida, aprendi algumas coisas que sempre compartilho com os outros: se te disserem que tocar violoncelo e esquiar são coisas fáceis, estão mentido. Tentei as duas e constatei que são muito difíceis.
Se disserem que escrever é fácil, também estão mentindo.
Aproveito o ensejo e faço a mesma analogia acima com o violão (também andei por esses lados. Minha mulher e meu filho adoram me ver tocar. E só. Tenho medo de que quando ele crescer, mude de idéia. Ela, não. Em nome do amor, sinto que vai mentir uma vida inteira). Pois é.... Quando adolescente descobri que tinha um monte de gente que tocava violão. Com o tempo, vi que bem tocado eram bem poucos.
Escrever é assim...

FIM (Dispensável.. deu para perceber que o papo acabou, né? Não faça isso, tá?)

P.S: Acho que acertei o tamanho da roupa.

Em tempo: Às vezes, tento deixar o professor na sala e só dou voz ao bloguista (sic), mas achei legal deixá-lo dar um pulo aqui hoje.
Um grande abraço.
***
Ah sim... Entre um saco e outro tem a seção: o grande saco... Você já leu? 5ª feira no finzinho da noite tem o mais um pouquinho de Grande Saco.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Com palavra: o Grande Saco

Toda unanimidade é burra!
Nelson Rodrigues

Se uma pessoa te considera um idiota, pode ser uma questão pessoal.
Se duas pessoas te consideram um idiota, pode ser que a pessoa anterior tenha feita a cabeça da segunda pessoa.
Se dezenas de pessoas te consideram um idiota, é bem provável que você o seja.
Agora, se todos, sem exceção, te consideram um idiota, sorria, você é um gênio.

P.S.: O caminho para a genialidade é convencer todos que se é um idiota.

sábado, 19 de julho de 2008

Nardonis, Vales e Petróleos... ahhhhhh

Chego em casa moído de cansaço, tiro os sapatos que trazem os dedos tão unidos que parecem um massa única de carne. Aos poucos, desvencilho-me dos problemas que arrastei do trabalho para não contaminar o meu sacrossanto lar. Tiro a camisa para fora da calça. Arreganho os dedos dos pés... ahhhhhh
Ligo a Tv e vejo um grupo de pessoas que passou a noite na porta do prédio de um casal que está sendo acusado de assassinar uma menininha, crime bárbaro. O grupo estava sentado em banquinhos, havia levado seu lanche e aguardava ansioso o momento de gritar; assassino, lincha, no ápice desse evento público singular em suas vidas. O casal entrou pela porta dos fundos... ahhhhh, ecoa como um hino de decepção.
No canal seguinte, um grupo de pessoas entra em uma instalação da Cia Vale do Rio Doce e destrói tudo, quebra móvel, interrompe passagem, entoa palavras de ordem contra o imperialismo ianque... morte a George Bush. No jornal impresso do dia seguinte, aparecem em sofás com bandeiras da vitória nas mãos até a chegada da ordem de desocupação de um juiz... Ahhhhh, ele é um agente das classes dominantes, um monstro preconceituoso...
Enquanto isso, um grupo de estudantes bloqueia as portas de um prédio da Petrobrás pedindo que as reservas sejam definidas como patrimônio nacional e não interessa que estejam há abaixo da camada de sal no oceano... Isso é fundo pra caramba! Só podem ser tocadas por mão (sic) brasileiras. Ahhhhhhh ! O petróleo é nosso. Entoam os gritos de ordem. Com mais de 50 anos de atraso.
Vejo que envelheci... ou o tempo me trouxe algo que ainda não sei...
Um dia, disseram-me que quem não é revolucionário aos 20 é insensível, mas quem o é depois dos 35 é um insensato. Quando ouvi essa afirmativa pela primeira vez e era um revolucionário, achei-a absurda, cruel, retrógrada.... Até mesmo, imperialista ianque.
Hoje...., ahhhh...
Hoje, eu arreganho os dedos recém-suados saídos do sapato...
Tava apertado.

Em tempo: Antes que comece o meu linchamento, devo dizer que acho muito importante a participação em todo tipo de movimento. E fico feliz que sempre existam pessoas dispostas a isso como eu o fui um dia. Por favor, façam minha parte, movimentem-se por mim. Eu já me movimentei muito pelos colegas que arreganhavam os dedos espremidos por um dia de trabalho intenso... agora é minha vez... Ahhhhhh! Coisa boa!

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Comemoração... 100 coisas ditas...

[Cutucada I]
Fiz um selo Eu POSTEI 100 vezes (grande posta!), mas não coloquei aqui e peço que todos aqueles que não receberam, por favor, não passem para ninguém. Essa é a regra de não indicação.

Alguns números do saco de filó...
7 meses de vida, 100 textos, mais de 1000 comentários, mais de 6800 visitas e uma média (atualmente) de 80 leitores/dia (quando atualiza) e 40 leitores/dia (no restante dos dias). O saco de filó mantém-se fiel à idéia de garimpar leitores, só visitantes, dispensamos.
Continuamos sendo uma idéia sem fins lucrativos e um dia viraremos utilidade pública. Aí aceitamos doação e damos recibo para abater no IR.
E para não perder o hábito:

[cutucada II]

kkkkk..Parabéns!
Gostei do blog.
Visite o meu.
Resposta adequada...
Caro leitor, kkk legal o seu blog,

Vá para o diabo que o carregue.
Atenciosamente,

100 Saco de filó


Inauguramos hoje a seção Grande Saco.
Todo dia antes do dia de atualização, tem um texto de poucas linhas, mas com idéias sobre as quais se vale a pena pensar... Fieis à máxima: Penso, blogo, existo.
***
O que vem depois do Grande Saco...

E no futuro todos terão seus 15 minutos de fama...
Andy Wharol.

Mas, ainda assim, permanecerá a injustiça. Uns terão 15 minutos de fama depois do Jornal Nacional e antes da novela, na Globo, enquanto outros terão os 15 minutos de fama depois de um programa religioso às 3 e meia da manhã, na Rede TV.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

No próximo desastre sou eu quem vou.

Lembro que meu pai comentava que, certa vez, o meu tio mais novo ficou indignado porque houve um acidente em minha cidade e ele não estava com o meu pai quando passava pelo local, mas sim o seu irmão mais velho. No ápice da indignação, o garotinho soltou:
Tá bom, mas no próximo acidente sou eu quem vou com você.
Só entendi essa indignação anos depois quando despertei para o fato de que as pessoas nutrem um prazer mórbido pela desgraça. Perdi a conta do número de vezes que engastalhei no trânsito porque houve um acidente e, longe de fato afogar a via, o que arrastava o tráfego era o tesão com que as pessoas olhavam pela janelinha e, num espetáculo de horror, comentavam os detalhes. Se havia cabeças esfaceladas, a descrição vinha seguida de espasmos faciais que davam um tom teatral ao ocorrido. Se não havia nada no local ficava, só um carro amassado, nada mais, senti-se um "ahhh" de frustração como se o espetáculo para o qual se preparavam tivesse sido cancelado.... Ahhhh.
Eu, um alienígena por opção, sempre me esquivava desse mórbido prazer. Gatos e cachorros atropelados acabam com meu dia... Certa vez, já fiquei de baixíssimo astral por causa de um cachorro atropelado na Dutra e olha que eu não fui o responsável... eu só passei segundos depois. Tempo suficiente para ver o animal agonizando.
Mas segue o circo dos horrores.
Pessoas sussurram no ônibus. Outras narrativas se mesclam. Histórias de acidentes piores vistos por eles ou por pessoas que eram colegas dos colegas deles. Mais sangue, mais miolos, corpos em ferragens... O ônibus se afasta e o trânsito flui. Os temas cotidianos voltam e a temática do acidente só será retomada durante o telejornal da noite que irá mostrar o desastre e o sujeito vai contar com orgulho de medalhista olímpico que passou ali na hora que aconteceu. Ou que quase pegou aquela van minutos antes... e persiste assim o prazer de quase morrer.
Como é bom!

Em tempo:
Já observaram a quantidade de quase mortos que surgem depois de um acidente. Aquele que ia, mas não foi. Como é bom ser quase morto...! Dá uma sensação de que eu sou alguém especial, ainda que meu cotidiano insista em negar isso.
Penso, blogo, existo.