sábado, 4 de outubro de 2008

Palestra e slides de powerpoints... a arte de sobreviver.

Conheço os dois lados da moeda. Como palestrante e como ouvinte e sendo assim fico à vontade para falar sobre isso. Palestrante que fala demais é dono dos 45 primeiros minutos, os outros pertencem às paredes. Palestrante que lê papel para o seu público ouvinte merece a forca ou a cadeira elétrica (sou tímido, dizem alguns. Então vai procurar outro ofício. Vai ser freira enclausurada). Palestrante que coloca Power point com efeitos de tiros e freadas de carro merece uma surra de bambu verde. Palestrante que encerra sua palestra com imagens daqueles powerpoints e uma mensagem de paz e amor e um texto supostamente do Chaplin. sobre a vida... esse eu nem vou falar nada. Merece tratamento psiquiátrico e isolamento do convívio social enquanto não estiver curado.

Como ouvinte o bicho pega, mas aí vão algumas dicas de ouro:

1. Chegue, veja e seja visto (principalmente se conta presença na faculdade);
2. Assine a lista de presença;
3. Sente perto da porta (se conseguir lugar por ali, é claro);
4. Mantenha o celular no bolso, ele pode te tirar dali a qualquer hora;
5. Se sair uma vez, não se faça de besta, não volte.

A técnica do celular é quase um exercício teatral, mas altamente eficaz. A palestra está chata, você está bocejando, já está de saco cheio, a bunda queima de ficar sentado e o cara continua lendo papel dele.

faça cara de surpresa, arregale os olhos e ponha a mão no bolso com o celular;
retire-o e abra com uma discrição de polidez, mas de modo que seja notado pelos que o circundam;
Nesse momento é o grande pulo do gato. Faça um ar de preocupação, franza as sobrancelhas e movimente a cabeça com se estivesse num sinal de ok, ok.. sai com passos rápidos e com ar de preocupação por estar perdendo aquele momento único de saber e reflexão da palestra...
se o palestrante é seu amigo, procure-o depois peça desculpas e enuncie um problema de ordem pessoal... sem entrar em detalhes

Uma vez fora da sala, saia de perto dali o mais rápido possível. Calcule um tempo de palestra e retorne quando já acabou. Encontre algum conhecido e pergunte: e aí, como foi? Pô tive que resolver um problema rapaz, nem te conto.
(e não conte mesmo)


sexta-feira, 3 de outubro de 2008

A culpa não foi minha, nem te conto, rapaz, fico até sem graça contigo... Amanhã é o grande dia... Saco de sábado! Sem desculpas prontas...

O trabalho não foi feito porque os caras não fizeram a parte deles. Aí fica difícil. Além disso, eu só faltei aquele dia porque aconteceu um problema (nem te conto) e perdi o prazo porque houve um contratempo daqueles. Dessa forma, fico até sem graça com você, mas você não imagina o que aconteceu. Ah, e o documento não ficou pronto porque o fulano me boicotou, o cara está de marcação comigo só porque eu sou... eu sou.. Só porque eu sou eu... é coisa de implicância mesmo. Ah, e, no final das contas, acabou atrasando tudo porque eu fiquei mal com isso. Acabei doente, e para piorar, meu cachorro tinha sido atropelado no dia anterior, minha mãe arrumou uma confusão com o vizinho por causa de uma árvore no quintal. Perdi o dia para resolver o problema (sabe como é? Ela tem pressão alta e eu nem tive cabeça pra nada no dia)

Ai não deu tempo mesmo.

Cara, fico até sem graça de falar isso com você.

[A última frase sempre funciona como uma espécie de redenção de todas as desculpas esfarrapadas acima listadas. Use-a, mas faça cara de constrangido mesmo. Para isso, treine em frente ao espelho várias vezes antes de aplicar, pois a prática leva à perfeição]

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Hay qualquier cosa, soy contra...

Dizem que pior do que ser contra ou a favor é ficar em cima do muro. Sei não. Tem muro que nos dá uma visão tão boa do que acontece lá embaixo que vale a pena não descer por mais um tempo.

O problema é que existem pessoas que, em um ato louco e desesperado de parecer inteligentes e politizadas, assumem posturas muito estranhas. Quando obrigaram o uso do cinto de segurança teve gente questionando o direito constitucional de não usar, quando restringiram o fumo às áreas externas, invocaram o direito de ir e vir (de preferência soltando fumaça). Atualmente, apertam a fiscalização sobre o consumo de álcool para quem vai dirigir e se reclama o direito (mais uma vez constitucional) de não ser submetido ao etilômetro (o famoso bafômetro).

E por aí vai, defendem o indefensável que é o direito à estupidez que compromete a vida de terceiros. Outros argumentam a favor de governos tiranos, invocam pedidos de liberdade a países dos quais só conhecem o nome, xingam o Bush... Ah... Como ele é politizado. Xingou o Bush e falou mal do Bill Gates.. gente! É um intelectual. E nem precisa ser alfabetizado para isso. Ah... com ele é politizado!

O problema é esse.... Havendo qualquer coisa, ser contra movido pela obrigação de parecer inteligente (ou movido por interesses pessoais)... maldita obrigação cuja redenção só virá quando entendermos que temos o direito “constitucional” de sermos... simplesmente... "burrinhos" e "alienados" de vez em quando... ou menos "do contra" e assim pouparmos a inteligência alheia.

Mas só de vez em quando.
Isso é daquelas coisas que se deve apreciar com moderação

Em tempo:
A foto é de um filme de 1954 chamado "papai é do contra". Olha a cara de "do contra" do papai.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Bem aventurados os lesados de alguma forma.... Amanhã tem novidade no saco.

Nem uma carta de cobrança indevida, nem um cheque devolvido injustamente, nem uma calçada que lhe rendesse um tombo, nem um produto com algo estranho em uma gôndola de supermercado, nem uma ferramenta esquecida dentro dele durante uma cirurgia, nem uma página de internet que o citasse sem autorização por escrito, nem ao menos uma ofensa verbal que lhe rendesse algum trocado em algum tribunal... nem isso. Nada... nada, nada... Já havia cogitado a possibilidade de chutar um hidrante, mas nem isso ele andava vendo ultimamente nas calçadas.

E, assim, seguia sua vida, levando consigo a fatídica sina dos que são obrigados a ganhar dinheiro com trabalho.

Ó vida!
[chegou o ônibus]

sábado, 27 de setembro de 2008

Eu até sei que você existe, mas e daí??

O grande mal da humanidade em todos os tempos sempre foi a falta da percepção da alteridade.. Esta palavra tem origem latina (alter = outro) e significa aquilo que está no outro, no caso, a existência do outro. Certa vez, disse por aqui que um egoísta é aquele que só fala nele, um egocêntrico acha que só falam nele e o ególatra tem certeza de que todos deveriam falar nele se tivessem bom gosto.
Na base disso, está o problema da alteridade. A pessoa que sofre desse mal não atropela o outro, porque simplesmente ignora a existência do outro. Também chamada de síndrome do filho único, pois reflete muitas vezes a existência de pais que disseram para ele que o mundo era feito só para ele.
Encontramos esse comportamentos em casos como:


a) duas vagas no estacionamento e o cara estaciona com metade do carro em uma vaga e a metade em outra. É...Você vai ter que dar mais voltas para procurar um lugar para parar.


b) o cara entra em um lugar fechado em que ninguém fuma e acende um cigarro. Alguns ainda disfarçam: se importa se eu fumar? Ora, claro que não... já estava sentido falta de fumaça por aqui.. manda ver. Sou um único caso de fumante passivo por opção no planeta.. Aproveita!

c) O sujeito entra em um auditório lotado senta em uma cadeira e coloca suas coisas nas duas ao lado dele. Segue-se a pergunta gentil de quem quer sentar: tem alguém sentado aqui... (Tem. O ego do cara. Procure outro lugar)


d) Na fila do banco, chega correndo, fala com o primeiro da fila, passa o serviço dele para outro em detrimento do restante da fila. Só ele tem pressa, só ele tem serviço... só ele... afinal.. que fila?


e) o vizinho liga o som e compartilha com você em volume máximo o último CD da Banda Calypso e da Taty Quebra Barraco mais de 5 vezes cada um... detalhe às 10 e meia da noite.
Sem comentários...

Mas, sejamos compreensivos, e entendamos que este cara sofre de um mal terrível. E, movidos por um espírito cristão saibamos perdoar... Não podemos desejar a morte a esse indivíduo que se encontra em um estágio precário de evolução humana...


Salvo se esta morte for bem lenta, cruel e dolorida.

Pois como diz o pessoal da Apple:


- Aí pode.
(não resisti ao trocadilho)

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Múltiplas visões da bolsa... mas ela caiu. E o bom do saco, só amanhã.

Em frente de wall Street, um catador de papel, caminhava procurando folhas de papelão e garrafas, De repente, sai uma mulher, executiva de um grande banco, às pressas e deixa cair sua bolsinha próximo à porta giratória. O homem se apressa e grita:
- Dona, caiu a bolsa!- Eu sei, eu sei, eu sei... acende um cigarro e sai consternada a passos largos, ignorando-o.

Na bolsa, um batom, um celular, uma carteira com 320 dólares e um drops Mentos pela metade. Naquele fatídico dia, todos choravam as tristezas dentro do prédio. O catador de papéis não... Com certeza, ele não. Foi o único lucro registrado com a queda da bolsa naquele dia.
***
Em um hospital próximo, o médico avisa... estourou a bolsa. O pai, na recepção, nem percebe a chegada do seu neném e lamenta:

- É. Eu sei... eu sei... Acende um cigarro com a mão trêmula.

***
Numa cidadezinha do interior, um caipira retorna à mercearia e encontra todos assistindo a uma TV em preto e branco em que o jornal anuncia que estourou a bolsa de Nova Iorque.

- A daqui também, fala o caipira com os pacotes de arroz numa mão e uma bolsa de plástico rasgada na outra.


quarta-feira, 24 de setembro de 2008

O homem ideal e a lei da atração

Lia, fazendo jus ao nome, também escrevia e um dia, leu em um livro de auto-ajuda que fazer uma lista da pessoa ideal era uma maneira de atraí-la para perto de si. A famosa lei da atração... e começou a lista aos 15 anos.

Aos 15
Loiro, de olho azuis, inteligente, rico, sarado, fiel, que me ame, másculo, sensível, que venha num cavalo branco, me beije e me desperte para uma linda história de amor.

Aos 20
Inteligente, rico, fiel, que me ame, másculo, sensível, que tenha um carro, que seja meu companheiro para uma história de amor.

Aos 25
Inteligente, fiel, que me ame, másculo, sensível, que tenha um carro (pode ser popular), que seja meu companheiro.

Aos 30
Fiel, que me ame, másculo, sensível, que tenha um carro (pode ser popular e semi-novo), que seja meu amigo.

Aos 35
Que me ame, másculo, que tenha um carro (pode ser usado com mais de 10 anos), que tenha um bom papo.

Aos 40
Másculo, não precisa ter carro, mas que não seja chato.

Aos 45
Entendamos que beleza é um conceito relativo, inteligência demais é algo cansativo, carro é um ícone do consumismo capitalista, barriga e careca são um charme da maturidade e se, na frente da minha casa, não tem um ponto de ônibus e uma linha do metrô de fácil acesso, eu é que tenho que mudar de casa.

Aos 50
Pendurou uma placa na porta da casa.
"Ofereço vale transporte"


sábado, 20 de setembro de 2008

É esquisito, mas é arte...

No final do sec. XIX, os caras na Europa chegaram à conclusão de que a arte não era para ser uma reprodução da realidade. Até porque já haviam inventado a fotografia que reproduzia melhor o que se via do que mil pincéis. Dessa constatação, surgiram os impressionistas e outras correntes que ofereciam a interpretação da imagem segundo o artista... Legal, né... Só que isso invade a arte como um todo e todos os ramos dessa expressão humana se arrogam o direito de se manifestar como quiser...
Até aí tudo bem... e chamar de arte (aqui, tudo mal).

Na poesia, vira e mexe encontro pela proa um cara que rima luz, pus, com seduz, com hálito de alcaçuz...

- Não entendi.
- Não é para ser entendido, retrucam...

- Legal ... então deu certo.
- É para ser sentido.
- Também não senti.
- Você não tem sensiblidade, conclui.

- É. Deve ser isso...


A pós-modernidade acelerou esse culto à porcaria cult. Não que a pós-modernidade seja uma porcaria (longe disso), mas sempre aparece um maluco de cabelos ensebados, coletinho de xadrez, sandálias de couro e cara com barba por fazer, suja o chão com sangue e com penas de galinhas, põe um cd no meio e em algum lugar, tem sua obra analisada por algum crítico:

"É a representação estética das conjecturas conflitantes que despertam os espíritos ecléticos e, por vezes, antagônicos da visão moderna do ser. O cd representa o circular infinito e o sangue traz a imagem da imersão da carne no cosmos e de toda a dualildade que isso traz à consciência existencial do ser humano. Em resumo: uma apoteótica alegoria da dialética ególatra na metrópole no século XXI"

Aí eu penso:
- E o cabelo ensebado do cara...? Faz parte da obra?
Ah esse não... não me venha com interpretações... é só falta de banho mesmo.

Em tempo:
Outro dia deixei um rolo de papel higiênico que caiu de forma tão harmônica com a balança de banheiro e com o tapetinho de perto do vaso que me senti uma artista. Merece uma fotografia e uma análise crítica... mas achei melhor não.
Minha barba até estava por fazer, mas meu cabelo nem estava ensebado...
Droga de xampu... Se eu soubesse, ah se eu soubesse!

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Conto erótico... mas sacanagem mesmo é amanhã. O saco atualiza geral...

A rigidez de início cede suavemente ao invadir aquele local úmido e quente. Ao entrar uns instantes para acomodar e a seguir os movimentos ritmados que param subitamente aumentando a ansiedade. Alguns minutos depois, o que resta são os líquidos que se misturam. Quando sai, vem pingando e força a utilização de cuidados para não molhar tudo pelo chão.

Ao lado, a vasilhinha com os alhos cortados com o azeite já espera para ir a panela de teflon para dourar...
Ah..macarrão ao alho e óleo... bem feito... é inesquecível

- Foi bom para você?
- Huumm
- Com queijo então...
- Aí, amor, vamos repetir.
- Calma, querida... massa engorda.
(risinhos safados)