domingo, 2 de agosto de 2009

Viagens pelo mundo II - Alihbabanopano (índia)

Pequena província localizada próxima aos estados do Rajistão, ao sul; Rajinaoestão, ao norte; ao leste, o Rajinuncaveiaquinão e Bahuanestão, ao oeste. (por favor, assista à novela Caminho das Indias para decodificar a piadinha infame). Fiéis aos seus costumes, arremessam as sogras no poço em cerimônias festivas e dançam dentro de casa o dia inteiro e do lado de fora também. Sua população formada por membros da religião Sick que apresentam como caraterísticas uma saúde abalada e representam grandes gastos para o governo em saúde; há também os Sacs, que atuam predominantemente em serviços de telemarketings; em sua minoria existem também os Socks, reconhecidos facilmente pelas meias curtas e, por fim os Sucks, mas esses são muito malas. (Trocadilhos em Inglês.. Globalizei o besteirol.)
Conforme suas crenças usam as águas do rio Mijahs para tudo, tratamento dentário, dor na coluna, impotência, azia, depressão, perda de apetite e espinhela caída... ou seja, ao turista recomenda-se não passar mal por lá.

Próxima parada: Nun-rallah (Oriente médio)


quarta-feira, 29 de julho de 2009

Homem sem sonho não para em pé.

(Momento confessional. Não é a cara do saco de filó, mas é necessário agora)

Outro dia, eu estava em uma solenidade na instituição em que trabalho e, na mesa de autoridades, estava um senhor alto, de óculos, passado de seus 70 anos. O tema era a implantação de um CEFET pelo qual ele tanto lutou tanto. Na sua fala, havia as constatações da luta que lhe embargaram a voz, um homem menino que trazia consigo décadas de história e mantinha vivo todos sonhos a despeito dos contratempos da vida.
Sr. Miguel iniciou sua fala, embargou-a de emoção, por fim, concluindo-a. Seriam necessárias décadas para que eu pudesse lhe agradecer pelo modo como aquele recorte de tempo tocou o meu coração. Depois, no local de trabalho fiz questão de dizer isso a ele. Agradeci por me mostrar que o tempo não mata os sonhos... os homens é o matam e culpam o tempo.

Conheci também um rapaz, o Fernando. Ele entrou na minha sala com mais uma daquelas pessoas que vem oferecer algo para a instituição. Eu o recebi. No fluxo de suas palavras, havia muito mais do que uma proposta. Ali, fluíam sonhos. Não era conversa de vendedor, era alguém que acreditava em cada vírgula do que dizia. Enfim, era um projeto ousado de leitura chamado LIVRO SEM FRONTEIRA (Conheçam mais no site. Clique aqui. Vale a pena!) Abracei o projeto e colocamo-nos à disposição para ajudar no que estivesse ao nosso alcance.

Na semana anterior, eu já havia abraçado a causa dos colegas do SOS Serra dos Mascates (conheça mais sobre eles). A causa pela qual luta esse grupo tendo o André e o Victor como representante diretos que tratam comigo, encheu-me os olhos. Cresci aprendendo a amar aquela serra e tudo que representa para minha cidade.

E por fim, outro dia, eu falava com dois grandes alunos e amigos meus (Clarissa e Kenedy) sobre os meus sonhos e vi que os olhos deles brilhavam quando me ouviam. Eu os alimentava de sonhos. Como me alimentaram dias antes... A vida é assim. Um eterno ciclo... uma eterna cadeia alimentar de sonhos.

P.S.: Há um ano, a minha força de sonhar tinha se enfraquecido, mas a vida tem se encarregado de colocar pessoas e idéias em meu caminho para me mostrar que o tempo não mata o sonho, nós é que o matamos.

Tenham uma boa semana.

sábado, 25 de julho de 2009

Viagens pelo mundo I

Primeira parada: Umbala (África)

Umbala é um país pobre e miserável do norte da África, sua população apresenta 98% abaixo da linha de pobreza, os outros 2% são completamente miseráveis mesmo. Seu principal produto são as fotos em preto e branco que são enviadas para a Europa para serem exibidas em exposições e nos cartões da UNICEF.
Desde de sua independência, Umbala vive uma intensa guerra civil entre etnias. Os Umbas, etnia predominante se dedica a eliminar os Umbus que, por sua vez, odeiam os Bumus, seus inimigos históricos por causa de uns ancestrais que andaram falando mal deles algum dia lá no passado. Estes últimos odeiam os Umbas porque ouviram dizer que eles também caluniaram um homem que era amigo de um Bumus na década de 30 do século XX.

Se fosse um país de Língua Portuguesa também seria um erro de concordância nominal.

Próxima parada: Nun-rallah (Oriente médio)


sábado, 18 de julho de 2009

40 anos do homem na lua e outras conspirações

Nada suscitou mais bate-boca do que isso.

Alguns sustentam que foi tudo uma montagem feita pelos americanos e apontam falhas nos vídeos que mostram bandeira que tremula (vento na lua?), sombra de carrinhos de pipoca (comem pipoca na lua), marcas indiscutíveis de que os EUA conseguiram produzir uma farsa de 40 anos iludiu a todos. Somente um pequeno grupo de inteligência suprema identificou a farsa, mas vem sendo ameaçado pela CIA e pelos homens de preto.

Nessa onda, esses grupos sustentam que Elvis não morreu. Na verdade, não suportava mais a pressão e forjou uma história de morte para sair de cena e viver tranquilamente em uma cidadezinha perto de Uberlândia. Michael Jackson então, nem se fala, está vivo e a prova de que ele não morreu é que o corpo não foi visto por ninguém. Dias antes, foi efetuada uma transferência de conta para uma pessoa desconhecida do círculo de conhecido de Michael. Mistério...

E Kennedy então... Esse coitado! Ele foi vítima de uma conspiração humano-alienígena, pois pretendia abrir os arquivos da área 51 sobre a relação do governo americano com os óvnis. O seu assassino, Lee Oswald era um ser híbrido.

Já no Brasil, Tancredo não morreu de complicações de uma diverticulite. Ele foi assassinado, pois era alguém que não interessava às elites e as ameaçava diretamente. Ele teria sido envenenado... Já Juscelino teve seu carro sabotado e Getúlio não se matou, mataram-no.. ninjas atiradores contratados pelos militares de direita.

Isso tudo me faz pensar que o mundo é tão seco que precisamos de um pouco de ficção, de sonho em tudo... É necessário imaginar que há sempre um fundo fantástico por trás da dura e seca realidade de concreto. Já disse por aqui que queria viver em Hogwarts ou no país das maravilhas.

Mas sabe que, quando vejo essas teorias, acho até que vivo...

Tenham uma boa semana.

domingo, 5 de julho de 2009

Complexo de mosca do cocô do cavalo do bandido

O esporte preferido do brasileiro é o futebol e o segundo esporte preferido é falar mal do Brasil. Sempre achei estranho esse complexo de patinho feio que nutrimos desde o tempo de colônia. Tudo aqui é pior, mais zoneado, mais esculhambado, mais menos, entende?
E eu sempre comprei esse peixe até sair do Brasil pela primeira vez e ver que há países em que as pessoas comem pipoca em jornal em forma de canudo, há pessoas que fumam dentro de um elevador ao seu lado, há colegas que assoam o nariz à mesma durante um almoço ou mesmo. Conheci lugares onde é mais fácil comprar uma pistola 9 mm do que uma cerveja em uma lanchonete.
Eita, mundo bizarro! Esquecemos que temos um modelo de eleição informatizada padrão de qualidade internacional, que temos tecnologia de ponta em várias áreas como extração de petróleo, siderurgia, produção de biocombustíveis, que temos um conjunto de fundamentos econômicos sólidos que não permitiram que a crise chegasse aqui como um Tsunami... Enfim, que não somos uma Coréia do Norte ou uma Etiópia, nem também nos aproximamos de nossos vizinhos como Venezuela, Bolívia ou Equador...
Somos o Brasil, umas das maiores economias do planeta, quase 200 milhões de consumidores, uma democracia que optou pelo progresso e a influência internacional pelas vias legais e civilizadas. Não alimentamos máquinas militares e decidimos que energia nuclear é só para gerar energia elétrica, mais nada. Pregamos o livre acesso à informação e repudiamos toda e qualquer forma de censura. Defendemos o direito de falar o que quiser (ainda que ninguém o ouça) e arcar com isso.
Temos problemas aos montes assim como os colegas de primeiro mundo que viraram um chavão na linguagem quando queremos nos referir a algo muito bom. Coisa de primeiro mundo...
Enfim, comemos pipocas em saquinhos feitos para isso, repudiamos fumo em lugar fechado e achamos limpar nariz à mesa uma porqueira sem fim.

domingo, 28 de junho de 2009

Invasão de privacidade em tempos de web

O conceito de privacidade sofreu seu primeiro abalo quando o homem chegou a conclusão de que viver em comunidade era um fator primordial para a sua sobrevivência como espécie. Sozinho não dava para levar. O hominídeo que vivia com uma fêmea ao lado, passou a grunhir coisas sobre a vida do seu vizinho de caverna, enquanto a fêmea do vizinho, passava dias nas pedras do rio balbuciam primitivas palavras sobre a vida alheia.
Pronto. Acabou-se a privacidade. Todos passaram a ser visíveis e alvos de comentários. A linguagem se desenvolveu e adquirimos recursos para elogiar, caluniar, ofender, louvar, agradecer, enaltecer, criticar. Mas tudo estava restrito à aldeia, à vila, ao bairro, ao local de serviço, enfim, o universo era imensamente pequeno e uma traição ou um deslize de qualquer natureza ficava ali entre grupos de no máximo umas 100 pessoas.
Mas não é que veio a imprensa. Surgiram as celebridades. Pessoas que ficam famosas por seus méritos ou deméritos. E aí a notoriedade passa a ser perseguida como um objetivo de vida e quando é alcançada passa a ser repelida como se fosse o grande de mal de sua vida: desculpa isso é coisa da minha vida pessoal, diz o artista a entrevistadora.
Um espelho disso é a existência de publicações como Caras e coisas do gênero. Imagina que graça tem ver as fotos de Ana Maria Braga com seu namorado tomando sol no Caribe. Ou Alanis Morissete queimando a bundinha na ilha de Caras... Meu Deus! Mas isso vende... e muito. Lembra dos homens da caverna... Agora, a coisa tem dimensões globais e é high tech.
E, então, veio a internet. O reduto dos anônimos notórios que pipocam no You Tube (Susan Boyle dormiu anônima e feia. Acordou famosa... mas continuou feia porque não foi apresentada ao photshop), indívíduos com seus perfis exóticos do orkut ou do myspace. Pessoas que enchem os seus espaços virtuais de informações, fotos, coisas pessoais e frases extremamente babacas como “Quem eu sou: tente descobrir.... "Nem eu mesmo sei.." ou ainda "um ser em busca de si mesmo"
E sabe aonde quero chegar?
Sempre que alguém lhe visita o perfil, recebe de volta uma mensagem dizendo que sabe que você andou mexendo no perfil de orkt dele(a). Como se isso fosse uma invasão de privacidade. Quer privacidade total? Não use internet, cancele contas em bancos, não tenha telefone, mude-se para uma localidade próxima a uma aldeia de índios primitivos onde você irá poder passar toda sua eternidade...
Lendo Caras...

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Onde começa a vida dos outros

Há pessoas que têm uma dificuldade muito grande para entender que, na vida, nunca somos, mas estamos e, em seu sentimento de onipotência, invadem a vida dos outros com opiniões que nunca lhe foram pedidas e promovendo interferências que nunca lhe competiam.
Outro dia, vi uma pessoa batendo o pé que não aceitava que duas mulheres vivessem juntas e tivessem uma filha, que isso era anormal... Lembrei-lhe de que há menos 100 anos somente, mulheres votando também eram coisas anormais, mulheres separadas eram coisas anormais e havia muita gente que não aceitava e batia o pé por causa disso.

Vamos lá. Que tal um exercício? Quem não tem que aceitar alguma coisa em uma relação de duas pessoas é...? Exato. Uma das duas.

O que excede a isso é interferência sobre o que não lhe compete. É esse grau de invasão que faz com que a vida em sociedade se torne difícil. Não há dados científicos para provar que filhos de homossexuais se tornem homossexuais. Assim como filhos de heterossexuais não se tornarão heteros senão, não haveria homossexuais. A base para a "não-aceitação" é a falsa idéia de que somos onipotentes e podemos intervir na vida dos outros, pois estamos sempre lhes fazendo um bem.
Os limites são sempre violados, mas, quando a invasão é em nosso quintal, gritamos um: epa, isso é a minha vida e não é da conta de ninguém.

Pois é... a idéia básica é essa.

Há uma necessidade de preservar a individualidade de cada um. Isso é a essência da suportabilidade na nossa convivência diária.

Em tempo
Guardadas as devidas proporções, sabe o que mais me incomoda em qualquer tipo de censura? É saber que tem alguém, em algum lugar, a algum instante, decidindo o que é bom e o que é mau para eu ver. Acho inalienável o direito que temos ao mel ou ao esterco para decidirmos qual dos dois nos serve melhor.

domingo, 14 de junho de 2009

Estou cansado de concreto e sangue... quero viver em HOGWARTS.

Outro dia eu saía de um shopping onde deixei meu carro logo pela manhã para um compromisso médico. Na saída, entravam vários funcionários para começar a jornada de trabalho. Um deles me chamou atenção, pois repetia várias vezes o sinal da cruz e parecia resmungar algo. Terminado o ritual, entrou e começo seu dia. Tive vontade de segui-lo para ver o que ele fazia lá, mas a pressa foi mais convincente e prossegui para meu compromisso.
À noite, passei por um grupo de pessoas que, vestidos de branco em uma rodovia que me leva até minha casa, colocavam comida, fitas, velas entre baforadas de charuto e alguns resmungos que me lembraram o homem da manhã. Longe de criticar qualquer coisa, senti-me um órfão do universo místico, uma espécie de ser condenado a um mundo de concreto e sangue. Um mundo em que não há resmungos, oferendas, sinais e imagens que te afastem do fatídico destino de toda a ação... o efeito desta.
Do sentimento de orfandade, migrei para a sensação de inveja. Uma inveja pálida e raquítica, mas ainda assim, inveja. Desejo de ter um cordãozinho que me protegesse, um palavra que repetida ad nauseam me desse a certeza de estar imune ou a segurança de delinear meu futuro e meus desejos a partir de uma série de ofertas e negociações que eu fizesse com algo fantástico que abriria os caminhos para mim. Mas não tenho.
Entretanto, encontro-me com outros como eu a quem as fichas só não caíram, mas o subconsciente se delicia com filmes como X-Men, Batman, Homem-Aranha, Harry Potter... Personagens de um mundo fantástico que nos dão a sensação de que há uma alternativa ao mundo de concreto e sangue, nas telas, mas que está lá durante 2 horas e nos permite viver em paz.

domingo, 7 de junho de 2009

Educando às avessas

Há o torpe raciocínio de que inserindo a obrigatoriedade de cantar o hino nacional e proibindo de usar boné nas escolas teremos um país mais patriota e organizado. Nas escolas do município do Rio de Janeiro, por exemplo, o professor ganha um lap top, mas se precisar de uma cópia de texto por aluno para trabalhar todas as semanas, não pode. Sabe onde eu quero chegar com esse papo?
São quase 20 anos de educação e eu vi inserirem disciplinas, retirarem disciplinas, modificarem currículos, mas algumas coisas são imutáveis: o professor continua sendo mal remunerado, mal capacitado e a escola continua restrita a um tempo comprovadamente insuficiente para oferecer o mínimo aos alunos. 
Na leva de um ensino sucateado, vieram as promoções automáticas, os sistemas de cotas e outros paleativos que buscam resolver na canetada o que, na verdade, custa dinheiro, planejamento e tempo. Surgiram até os amigos da escola, uma iniciativa louvável, mas que merecia uma orientação mais política e menos tapa-buraco. Se quer ajudar, por que não se movimentar como organização não-governamental para pressionar os políticos a definirem uma postura efetiva e planejada para a educação. 
Desculpe-me a secura face às boas intenções, mas entrar em escola para dar aula de capoeira de graça ao invés de pressionar as autoridades a capacitarem os profissionais já existentes para isso é resolver o problema de uma unidade de ensino. Somente uma...
Mas aí você diz, mas e a história do beija-flor? Lembra? Ele está fazendo a parte dele e você?
Pois é, são séculos de trabalho de beija-flor para chegar no pé que estamos... Não está na hora de parar com esse jogo de contente e admitir que os beija-flores podem ser bem intencionados em suas ações, mas um fracasso na capacidade de mobilizar forças em torno de uma causa? 

Em tempo:
Ah sim...
Só não terminaram de dizer que, na história do beija-flor, ele morreu queimado e a floresta ardeu em chamas até a última tora.

A floresta ainda está ardendo em chamas enquanto as crianças cantam o hino nacional enfileiradas nos pátios.... todas sem bonés.