quinta-feira, 29 de agosto de 2019
terça-feira, 27 de agosto de 2019
Traídos pela linguagem
Já contei aqui a história de um colega de trabalho que dizia que respeitava as crenças dos outros e concluía dizendo que se alguém imbecil retardado, idiota e sem noção queria acreditar que acender uma vela e falar com um espírito era de boa, que ele respeitava.
Ele repetia isso sem perceber que já era um desrespeito imenso....
E outro colega que pregava contra o preconceito, mas que dizia a um aluno (na minha frente): nossa, você é inteligente tem que estar numa instituição federal... então, seguindo esse raciocínio, quem está na rede privada de ensino... bom, deixa para lá.
E por fim, um que argumentava na sala dos professores que não se podia evoluir para uma sociedade democrática se não houvesse um controle da imprensa.. (sic) Resumindo era isso.. buguei mesmo.
Outro dia, uma pessoa me contou que iria investir em um baita negócio, pet shop. Conhecendo a formação do cara, perguntei o óbvio: o que você entende de pet shops? Ao que ele respondeu:
- eu nada, mas tenho uma amiga que entende tudo.
Fica a pergunta: Se ele não entende nada o que o faz avaliar que alguém entende tudo de algo que ele não sabe nada? Alguém disse a ele que a pessoa entende tudo? E quem disse pode ser visto como alguém que entende o suficiente para dizer isso? E quem avaliou que ele era competente para isso? O cara que não entende nada do início da história.
quarta-feira, 3 de julho de 2019
Reuniões para que não te quero
Odeio reuniões. #prontofalei.
Ninguém merece isso
Inclusive, tenho uma camisa escrito "Eu sobrevivi a mais uma reunião que poderia ter sido um email" porque realmente acredito que a maioria dos problemas em uma corporação podem ser resolvidos via email e lugar onde se reúnem demais não se tem tempo para trabalhar.
Quem trabalha comigo sabe da minha implicância com reuniões e como eu conduzo as mesmas quando estou à frente, regendo a orquestra. Sou, direto, reto, objetivo e, muitas vezes, sou obrigado a cortar colegas que entram no delírio da divagação, obviamente de maneira mais delicada possível (aprendi isso como os anos de experiência). Entretanto, outro dia, fiz uma lista mental enquanto dirigia sobre as coisas que mais odeio em uma reunião e vim aqui para compartilhar com todos que se identificam com essa perda de tempo (na maioria das vezes) que consome tempo de trabalho de uma equipe tornando-a, muitas vezes, lenta, burocrática e improdutiva.
1. Reunião que começa 20 min depois esperando os atrasados chegarem e ignorando que quem chegou na hora não o fez sem empenho e disciplina;
2. Pessoas que pedem a palavra para falar o que já falaram e ela não estava prestando atenção para perceber que aquilo já havia sido dito;
3. Pessoas que discordam mas, na verdade, no discurso concordam, são não sabem que concordam porque não prestam atenção e sentem necessidade de dizer qualquer coisa para marcar presença;
4. Condutores de reunião (ou palestra) que leem textos mecanicamente;
5. Pessoas que resolvem perguntar quando todo mundo quer ir embora;
6. Pessoas que não sabem se ater aos tópicos da pauta e querem falar algo alegando que se é falado por humanos, é um assunto que diz respeito a reunião porque ali existem humanos;
7. Os catastrofistas. Aquele arautos da desgraça que são capazes de visualizar o apocalipse em tudo e solução em nada.
8. O elogiadores do nada. Aquelas pessoas que pedem a palavra para fazer menção elogiosa a qualquer coisa que consideram louvável e ainda pedem para colocar em ata algumas vezes.
9. Condutores de reuniões que falam o que é obvio em 200 palavras quando seriam necessárias 10 palavras
10. Pessoas que dão exemplos quando já se entendeu o assunto...
Por exemplo...
Brincadeira...
Ninguém merece isso
terça-feira, 25 de junho de 2019
Cegos, surdos e megalomaníacos - Os ideólogos do bem
Outro dia conversava com um amigo dizendo que há pessoas que passam 5, 10, 15, 20 anos ou mais falando a mesma coisa, batendo na mesma tecla acadêmica até provocar LER (Lesão por Esforço Repetitivo). Obviamente, estou falando dos nossos ouvidos e paciência. O que os alimenta é a sensação de que estão fazendo um mundo melhor em sua cruzada para convencer as pessoas que os ouvem de que as suas ideias fazem um mundo melhor. E acreditam se um convencer 10 que convencer mais 10, um dia teremos milhares de pessoas conscientes de um mundo melhor e dispostas a convencer mais pessoas de convencer outras pessoas a fazerem um mundo melhor. Ou seja, ficaremos no mesmo pé... cheio de ideias, carentes de ações.
O facebook, os eventos "inteligentinhos", os canais do YouTube e outros meios são o palanque em que vociferam o mais do mesmo na certeza de que alguém um dia irá fazer algo baseado em suas ideias e ele, honrosamente, carregará os créditos. Entretanto, muitos são contra a ajuda direta ao próximo, pois dizem que caridade não é justiça e não faz um mundo melhor. Sem entrar no mérito da discussão, o mundo de quem recebe sim, se torna melhor. E o mundo geral é composto por vários mundos de pessoas, de indivíduos. Enfim... Entenderam aonde quero chegar.
Mas o mundo das ideias o coloca em um patamar de bem supremo e o exime do suor, porque alguém fará algo, algum dia inspirado nas ideias. O mundo das ideias é fantástico porque é perfeito... ainda que se contraponha ao mundo real e se incompatibilize com tal.
E repetem suas palavras de ordem ad nauseam, muitas vezes, pregando no deserto, seduzindo séquito confuso de cegos guiados por cegos, mas com a certeza de que trazem a verdade e a verdade libertará aquele que crê nele repetindo a máxima cristã de forma tosca e confusa.
Conclui meu papo com meu amigo dizendo que tenho duas razões para não querer estar na peles dos arautos do mundo justo: a primeira é que eles repetirão por décadas a mesma coisa com a sensação de mudaram/rão alguma coisa sem derramar uma gota de suor e de que trazem consigo a voz do bem supremo. Uma espécie de esquizofrenia misturada com megalomania.. Foi quando meu amigo me interrompeu e disse: mas eles acreditam cegamente nisso!
Essa é a segunda razão pela qual não queria estar na pele deles, conclui.
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019
Saudade tem gosto de café em fim de tarde
Acordara naquela manhã com o gosto na boca da saudade que as pessoas nos deixam quando partem. E, em nome de matar essa saudade, repeti um ritual que me trazia as coisas boas à memória.
Passei na padaria onde há muitos anos comprava os pães para o café da tarde, comprei dois pães, um queijo mineiro e caminhei para minha casa, coincidentemente, hoje, tão próxima daquele comércio como fora outrora a casa de minha avó para onde eu levava os pães e queijos que ali buscava.
Preparei o café da tarde, coloquei os pães na mesa, a manteiga, o queijo… Senti o cheiro do café, a manteiga amolecida pelo calor dos dias quentes, as cascas do pão que se quebravam e enchia a mesa com seus farelos.
O cheiro, o gosto, o fim de tarde.. e uma cadeira vazia. As sensações me trouxeram minha avó de volta com seu jeito esporrento e me chamando de preto. Tomamos um café, contei da minha vida, falei das histórias, das conquistas, dos fracassos. Mas dessa vez, ela me olhava quieta com um sorriso que me trazia paz… Não precisava dizer nada. Só a sua presença bastava para me fazer tão feliz. E ela ali estava.
Comi os pães, bebi o café, belisquei pedaços de queijo depois do pão terminado. Quando virei a última xícara, ela já tinha ido embora. Por razões que as tinha com certeza, não quis a solenidade de uma despedida, de mais uma despedida.
É impressionante como as nossas memórias se constroem a partir do que sentimos, o cheiro, o gosto, a luz de fim de tarde, tudo isso me permitiu (e me permite) tomar um café com a minha avó que nos deixou há mais de 20 anos.
Essa é a grande prova de que não morremos, seremos sempre um cheiro, um gosto, uma luz de fim de tarde dentro das memórias de alguém, até que isso tudo, como uma gota de tinta se dilua em um universo de água. Mas até lá, seremos sempre uma invocação de uma sensação em um fim de tarde de verão
domingo, 21 de outubro de 2018
A lógica (política) da janela e do peitoral
Os políticos, grandes mestres na arte de iludir (como se diz na música e adapatando: como pode querer que o político vá viver se mentir), são supremos na arte de nos quebrar as pernas e doar-nos muletas como uma benção de sua maravilhosa gestão. Mas outra habilidade deles é trocar o sofá da sala em que a mulher o trai e continuar com a mulher.
Por exemplo, consideramos que existam 100 pessoas na linha de pobreza ou seja, com uma renda familiar menor do que R$ 387,07. Isso é um "valor índice" referencial. Vamos então à solução do político: 1. Reduzir o índice alegando que houve ganhos sociais não monetizados diretamente e instabilidade econômica que asseguraram a ampliação do poder econômico das famílias. Isso justifica a revisão do chamado índice de pobreza. Se o estado lhe oferece (sic) uma série de coisas que seriam compradas com dinheiro, logo, não precisa dispensar dinheiro com aquilo, logo, teoricamente, o que você ganha se amplia. É como alguém que ganha 1000 reais, mas que o pai paga a maioria de suas contas; quer dizer, teoricamente, ele ganha mais do que o cara que ganha 2000 reais, mas que tem 1500 reais de seu salário comprometido com dívidas. Dessa forma, altera-se o índice para baixo e, independente disso, se 50% das pessoas ganham 10 reais a menos do que 387, acabamos de tirar uma galera da linha de pobreza, mas que continua pobreza, Enfim, deixando-os miseráveis como sempre.
A outra maneira é oferecer algum benefício financeiro governamental (bolsas, auxílios etc). um benefício de 40 reais que se destine a uma família de 5 pessoas representa uma elevação de 8 reais na renda média mensal de uma família que estava abaixo da linha de pobreza (386, por exemplo) para 394,00. Pronto, eis uma política que tirou mais uma galera que estava abaixo da linha de pobreza.
Aplique essas estratégias maquiavélica e cálculos tortuosos a milhões de pessoas e potencialize a desgraça, faça essas pessoas se convencerem disso repetindo exaustivamente o tom messiânico da mentira.
O cenário é o mesmo de antes, a janela mostra mesma cena, mas com o peitoral reformado.
terça-feira, 16 de outubro de 2018
Candidatos: o que eles fazem, onde vivem, como se reproduzem... No Globo Reporter de hoje...
[toca a musiquinha do Globo Repórter... Entra Sérgio Chapelin]..
- Boa noite! No Globo Repórter dessa noite, vamos aos mais recônditos lugares do mundo para ver onde essas criaturas que aparecem na época de eleições vivem. O que comem? Como se reproduzem e conhecer o paraíso dos candidatos hibernantes, um lugar paradisíaco e distante onde o tempo parece ter parado... No Globo Reporter dessa noite.
[corta e abre a vinheta]
Henrique Meireles vai ficar do lado do telefone (aquele pretão e de gancho na parede) dia e noite esperando que chamem o Meireles. Tipo o Batman esperando o sinal no céu do comissário Gordon.
Marina Silva, democraticamente, volta para o Acre onde ninguém a encontrará, nem o pessoal do Acre. Aliás, nem o Acre será encontrado nesse período. Muitos juram já tê-la visto em direção ao referido estado em uma cestinha de bicicleta. Mas acho que é fake news.
Cabo Daciolo volta para o monte para jejuar. Que HerbaLife nada, quer perder peso pergunte ao cabo. 4 anos de jejum no monte.
João Goulart Filho. Esse nem veio e não tem como voltar. Com a votação que teve está cogitando um cargo de síndico, mas o prédio não pode ter mais do que 30 moradores. De outra forma, não terá votos suficientes.
Vera Lúcia já está atrás de um visto para Cuba, Venezuela ou Coreia do Norte.. #sqn
Alckmin vai tentar ficar quietinho em São Paulo até 2022… Ele acha que "dá pra fazer".
O Eymael continua buscando sinais, fortes sinais e cantando seu jingle. Há pessoas com problemas com operadora de celular, há pessoas com muitos problemas com operadora de celular e há o Eymael… há mais de 20 anos, buscando sinal, fortes sinais.
Ciro volta para o seu Ceará, a Suíça brasileira (segundo ele) onde pretende pegar os seus textos e fazer show de humor no Centro Cultural Dragão do Mar (Um lugar super legal. Vale a pena conhecer. Já estive lá.
Amoedo - com certeza, com 400 milhões no banco, não será numa kitnet em Belford Roxo.... Onde quer que seja, Aí, Amoedo, tamo junto. Lembre dos amigos!
Boulos vai ficar em casa mesmo. Só não definiu casa de quem.. aliás, o dono só vai saber depois de ele instalado.
E o Haddad e o Bolsonaro… bom esses ainda vão nos torturar mais uns 15 dias aí na mídia enchendo o saco. Depois a gente especula...
terça-feira, 21 de agosto de 2018
O Picasso de Realengo...
A mulher chega esbaforida e vai logo falando:
- Dr. Delegado, eu fui enganada. Olha minha bunda..
E mostra a bunda que parecia a cara do antigo fofão só que muito assimétrica. Parece que haviam implodido um prédio, mas metade não desceu.
- Mas minha senhora....
E a mulher o interrompe.
- Não tem mais, Dr. Eu fui naquela clínica, mas não era uma clínica. Acredita? Eu podia jurar que aquele porão de uma oficina de bicicleta tinha o maior jeito de clínica de cirurgia plástica.. Então, ele tinha uma ajudante que eu acho que a conhecia porque ela vendia biscoito globo no sinal nas horas vagas ali na Av. Brasil. E o material cirúrgico? Tudo limpinho com uma estopa novinha guardado dentro de um tupperware... Quem olhasse jamais diria que era tudo um engano...
- Mas minha senhora...
Tenta interromper o homem...
- Não tem "mas", doutor. Eu paguei o procedimento com dificuldade... foram quase todos meus vales transporte, meu cartão de auxílio alimentação e ainda 230 reais... isso 230....
- Mas minha senhora.. eu quero dizer.
O homem tentou mais uma vez interrompê-la.
- Não, doutor.. tudo era muito bem maquiado para parecer realmente.. Valdinele, Claudinette, Katmilene Suelen, Lorrane.. todas as minhas vizinhas já tinham ido e deu tudo certo... Mas na minha vez.. fiquei com essa bunda que parece que sofreu um derrame. E começou a chorar...
[silêncio]
- Mas minha senhora, aqui não é a delegacia... é uma casa lotérica...
A mulher levantou a cabeça, olhou em volta e respirou... Não se deu por vencida.
- Mas, Doutor, aqui está tão bem disfarçado, tudo bem maquiado para parecer realmente... é perto da minha casa, tudo azulzinho igual a viatura da polícia... Quem olha jamais diria que é tudo um engano...
Levantou-se e saiu com a bunda pendendo fortemente para um dos lados o que causaria com o tempo sérios problemas de coluna.
O homem olhava desolado aquela bunda desenhada pelo Dr. Bundinha... o Picasso de Olaria.
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O mais curioso é que ela se surpreendeu que deu errado enquanto, na verdade, o supreendente é que desse certo..
quarta-feira, 27 de junho de 2018
O professor e a bermuda
Outro dia eu tentava me dar conta de quando eu tinha despertado para o magistério como vocação. No meu caso sim, vocação. Não caí de paraquedas na profissão. Escolhi mesmo. Quis ser professor, estudei para ser professor, investi na minha carreira como professor. Lembro o primeiro dia em que entrei em uma sala de aula como profissional de educação e ficava pensando: gente, isso é bom demais e ainda me pagam para isso!
Não me arrependo das escolhas profissionais que fiz ainda que tenham ocorrido os percalços naturais no meio do caminho. Afinal, sempre há pedras no meio dele. Hoje, beiro o meio século de vida e mais de ¼ de século de profissão e sinto imenso prazer de lidar com os alunos, de trocar ideias, de tentar fazê-los pensar em tempo de unipensar doutrinatório. Tarefa ingrata como a de Sísifo, mas me faz muito bem.
E uma coisa todo mundo tem que ter em mente antes de decidir por essa profissão é que, diferentemente dos outros ofícios, não deixamos de ser aquilo quando saímos do local de trabalho. Um bancário deixa de ser bancário quando sai do banco ao final do expediente, um dentista deixa de ser quando sai do consultório, um músico não continua sendo músico quando não está tocando… Ninguém olha e diz: olá, bancário, olá, dentista, olá, músico... mas dizem "oi, professor!" Esse é um título que fica impregnado no nosso nome para sempre.
Algumas profissões como a que escolhi ficam entranhadas na pele. É como um pastor ou um padre… Daí talvez a associação do magistério como um sacerdócio. Quando estamos na rua, em festas, os nossos alunos ainda nos olharão como o professor, assim como no caso do padre ou do pastor.
Essa é a essência do educador. Não estamos educadores, somos educadores e as pessoas esperam que nossas atitudes sejam dentro da expectativa do papel social que nos foi dado. Lembro quando vi uma professora minha pela primeira vez de bermuda em uma pracinha com a filha e fiquei chocado. Meu Deus! Ela é como a gente! Eu tinha 9 anos então…
Muitos anos depois, algumas alunas minhas da graduação me viram de bermuda e sandália em minha cidade e expressaram olhar de surpresa indisfarçável. Na aula seguinte, mandaram de cara: Gente, você usa bermuda e sandália.. [risos gerais na turma] Isso me fez lembrar de mim aos 9 anos de idade.
É isso.
Era só uma bermuda, mas nos dá dimensão de como somos vistos e que somos referência mesmo fora do ofício e não estou falando de roupas, mas de atitudes. Principalmente, quando se trata de lidar com adolescentes e crianças...
Quem não quer esse peso de um título grudado no seu nome que não seja professor, padre ou pastor...
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