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quinta-feira, 17 de março de 2016

O artista, o ativista e a baita confusão

As pessoas teimam em confundir as coisas. Sabe aquela história do ator que faz papel de vilão na novela e é hostilizado na rua por aquela tiazinha de idade que não sabe diferenciar o ator do personagem? Pois é... Todo mundo conhece a história de um ator que fez papel de mau e acabou ouvindo uns bons desaforos na rua, não é?
Pensei sobre isso tempos atrás quando vi Chico Buarque sendo hostilizado por alguns caras na saída de um bar no Rio. A pergunta que fica no ar é: pra quê? Ele vai mudar de opinião sendo xingado? O cara que xingou vai receber uma comenda de a pessoa mais consciente do mundo? Alguma coisa vai mudar com esse ato de hostilidade? Não! Perda de tempo, ofensa desnecessária (se é que existe alguma ofensa necessária!?) a um dos maiores ícones da MPB que continua sendo um dos maiores ícones da MPB independente do que ande falando por aí.

sábado, 22 de novembro de 2008

Vilões de mentirinha.. desses eu gosto.

Eu gosto mesmo é dos vilões de mentirinha. São charmosos, irônicos, levemente sádicos, mas acima de tudo de uma ingenuidade cativante. São sempre poupados pelo herói que opta por não matá-lo com o argumento de que, se o fizer, estará se igualando a ele. E pulamos de indignação com a sua gentileza hollywoodiana. Ah se fosse eu... ah se fosse.

Mas o grande charme desse vilão é sua ingenuidade. Depois de um plano altamente elaborado e que nos deixa de queixo caído, ele captura o mocinho e, antes de executá-lo oferece-lhe todo o roteiro. Conta-lhe como ele o pegou, como o plano foi montado, quais as pessoas que o traíram e, finalmente, como ele será assassinado. É como se o bandido fizesse um relatório geral ao mocinho para torná-lo inteirado do que se passou. Quando o mocinho diz: - já entendi tudo. A platéia já o fez há uns 20 minutos pelo menos... mocinhos são sempre meio lesados. Eu gosto é dos vilões de mentirinha.

No final, tudo vai por água abaixo, pois o mocinho escapa e ainda pune o vilão... Lamentamos que ele tenha uma língua (e uma vaidade) tão grande. Lamentamos, mas continuamos gostando dos vilões de mentirinha.

Queria um mundo de vilões de mentirinha, os vilões de verdade não capturam pessoas e relatam seus planos que, aliás, não são complexos e ficam escondidos atrás de sorrisos sonsos de Monalisa. Os planos dos vilões de verdade não têm nada de engenhoso. Baseiam-se na estrutura clássica de fofoca, mentira, simulação... Se eles são velhos, usam as rugas para se esconder e tentam-nos fazer esquecer que os canalhas também envelhecem. Os vilões de verdade adoram rótulos que os enquadrem como minoria de alguma coisa. É como se fosse um salvo conduto contra qualquer medida que viesse a ser tomada com relação às suas vilanias. Os vilões de verdade jamais assumem o que vão fazer, sempre estão cumprindo ordens ou atribuindo suas atitudes a outra pessoa. De saias ou calças, por trás de uma mesa, os vilões de verdade, dormem e acordam com a fobia de que um dia os descubram os desnudem em frente a todos. Medo incontrolável de que sua verdadeira face apareça, principalmente, no espelho de seu quarto.

Os vilões de verdade nem sempre são punidos no final. Às vezes, se aposentam e levam consigo todo o fel da maldade que moldaram durante a vida.

É, por isso, que eu gosto mesmo é dos vilões de mentirinha.