sábado, 23 de janeiro de 2010

As coisas não precisam ter sempre sentido


Um dia eu estava assistindo a uma entrevista e o cara falava sobre o significado de alguns nomes. Lembrei dos filmes de caubóis em que o índio se chamava, Chero-toko, e os seus sempre explicavam que aquele nome significava “guerreiro selvagem que luta na lua com honra e perseverança”. E eu ficava pensando. Caramba, que poder de síntese.. tudo isso numa palavra pequeninha.
Acho que foi por conta desse poder de síntese que algumas tribos entraram em extinção. Explico. Chegou-se a um ponto tal que para o líder da tribo dar uma bronca o cara só olhava e falava: Ó...! e todos já entendiam seu sermão sobre a virtude, a honra, a sensatez e a presença de um deus imenso e bondoso que cuidava de todos. Num estágio evolutivo posterior, era só uma levantada de sobrancelha e os demais se prostravam de joelhos. Era um silêncio ensurdecedor.
Com o passar do tempo, todos morreram.. de tédio.
Mas, tudo isso é para falar que nessa busca por explicar os nomes surgem coisas absurdas e que me fizeram perder o gosto por etimologia (estudo da origem das palavras) muito cedo. Vez por outra aparece um a jornalista (sic) explicando que uma palavra se origina em uma outra expressão ou apresentando uma história mirabolante de um vocábulo. No fundo, é um chute atrás do outro, mas que é tão bem bolado que a gente sai repetindo por aí com ares de verdade universal.
Bom, salvo raríssimas exceções, me esquivo de etimologias e assumo que uma palavra significa o que ela quer dizer. Já gostei de contar que morcego vem do latim mus (rato) e cecus (cego) porque os antigos romanos acreditavam que morcegos eram ratos que envelheceram e criaram asas, mas, hoje, isso nem tanto. me agrada.
Continuo gostando das historinhas, mas para mim, morcego é um mamífero que parece com o rato e que voa. (ponto final)

P.S.: A coisa mais absurda que já ouvi foi que a expressão cuspido e escarrado para referir-se a semelhança entre pessoas vinha do termo “esculpido em carrara”. E desde quando quando alguém é igual ao outro parece com uma estátua de mármore carrara. A idéia é esculpido (semelhante fisicamente) e encarnado (semelhante no jeito de ser).

3 comentários:

Eduardo Montanari disse...

Lembrei de uma coisa engraçada. Até hoje usa-se aquela expressão: "O que não mata, engorda."

Quando eu era mais novo, por volta dos meus 12 anos, eu entendia e falava: "O que no mato engorda". E eu achava que tinha a ver com transar no meio do mato e deixar a moça grávida. ¬¬' affe!

marcela primo disse...

§

Nossa!

Déja vu?!

Faz tanto tempo que eu não visito blogs ou comento neles (vim aqui hoje por conta do twitter) e me lembrei que um dos meus últimos comentários no "saco de filó" foi neste texto. Diga que é uma republicação e que eu não estou louca! =D

(re)Comentando (eu acho!): adoro etimologia! Quando vou ao Museu da Língua Portuguesa não saio do BEco das Palavras até que apareça a etimologia da palavra "Desejo". É tão bonito! Eu gosto de saber (ou apenas imaginar) o percurso que as palavrinhas fizeram até chegar a mim. Passo a gostar mais delas e as emprego com mais carinho. Mas isso é característica de uma pessoa romântica e nada pragmática como eu.

Em todo caso, chega a ser um contrasenso você falar sobre as explicações absurdas sobre o étimo de algumas palavras depois de ter contado uma história da carochinha como esta de que a extinção das tribos se deu por conta do poder de síntese. Sei que se trata de uma brincadeira, mas é incoerente. Principalmente porque sabemos que a história foi beeeeemmm diferente.

No mais, quando criança, as levantadas de sobrancelha de mamãe eram assaz eficazes e minha família permanece linda, firme e forte! ;-)

§

sacodefilo disse...

rs..
Marcela, não é loucura... é republicação mesmo. Tem dias em que, por causa da correria, não há textos novos. Aí sempre rola um flasback....
Abs

Seja sempre bem-vinda!