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sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Rumo à inexorável fórmula da falência


Há décadas os europeus criaram um sistema social "perfeito" em que as pessoas poderiam envelhecer e manter um padrão de vida por conta do Estado. Teríamos legiões de velhinhos aposentandos em boa idade e gozando a vida com os luxos meritórios de quem trabalhou um vida toda. Seriam multidões de vovôs e vovós fazendo turismos e ajudando a manter filhos e filhas, netos e netas ainda não totalmente inseridos no mercado de trabalho.
Mas os colegas do velho mundo não contavam com uma maldita matemática. Mais pessoas aposentadas, menos contribuintes. O número de aposentados cresceria, as pessoas tendem a ter menos filhos, logo, cada vez menos pessoas novas, mas, por outro lado, cada vez mais velhinhos para o Estado custear. Nada mais do que justo, mas com que dinheiro?
De uma relação de 15 para um, pulou-se de uma relação 4 para um entre contribuinte/aposentado. E agora, José? Antes, 15 pagavam para manter o benefício de um aposentado. Em breve, 2 pagarão para manter um e, logo mais adiante, 1 pagará para manter o benefício de 2.. Como assim? É. Como assim? Não sei.
De um lado o governo cujas contas não fecham, de outro os aposentados com seus direitos adquiridos e de outro, o contribuinte esmagado no meio de uma conta que não fecha.
O Brasil segue por caminhos parecidos ao Europeu, mas por via de programas assistencialistas eleitoreiros. Estamos sobrecarregando a previdência e o Estado com ações que só dão e pouco cobram dos beneficiados. A relação de quem contribui com quem recebe benefício está desigual há décadas e caminhamos para o colapso desse modelo.
E o pior, passaremos da condição de pobres a falidos sem ter passado pelo período europeu de prosperidade. Inauguraremos o plano de desenvolvimento entre pobreza e falência sem a via próspera, sem escalas do modelo mal sucedido no primeiro mundo.

quarta-feira, 30 de março de 2011

O homem do amendoin e as oportunidades

Outro dia, eu me encaminhava para o meu médico em Volta Redonda, mas como tinha ainda uns 20 minutos para dar a hora da consulta. Logo, eu resolvi passar em uma lanchonete para comer um salgado ou algo assim. Comi meu salgado e, quando me dirigia ao caixa para pagar, senti alguém que tocava em meu braço e falava algo enrolado. Virei-me para ele e percebei que era um rapaz de seus 20 e poucos anos mais ou menos. Aparentemente, ele sofrera um tipo de paralisia cerebral que o deformara bem. Sua aparência era feia e sua voz confusa. Tocava com um saquinho de amendoin em meu braço e pedia para que comprasse um para ajudá-lo. Recebi o troco e dele retirei 50 centavos para o rapaz. Afastei-me. Olhei para trás e o vi tocar em outras pessoas pedindo o mesmo. Trajava roupas rotas e um pouco sujas. 
Abri o saco de amendoin e cada vez que comia um, pensava sobre o que a vida havia dado àquele homem. Um saquinho de amendoin que, possivelmente, ele comprava por 20 centavos e vendia por  50 para ganhar 30 centavos por saquinho. Cada amendoin me dava a dimensão do que a vida havia dado a ele. Um saquinho de amendoin e um mal que só a morte aplacaria.
Contei essa história a uma aluna de Medicina que se dizia desestimulada a estudar e queria trancar. A aluna, uma mulher de seus 30 anos, muito bonita, com excelente situação financeira, saudável, inteligente...
Ao final da história, ela chorou... ela entendeu que a vida não havia lhe dado somente um saquinho de amendoin.
O homem do saquinho de amendoin tinha cumprido sua missão e, agora, devia estar tocando outro braço oferecendo amendoin sem saber que havia tocado um coração há quilômetros de distância.