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domingo, 30 de maio de 2021

O que "vc" é hoje é o que "vc" sempre quis ser?

Outro dia,  vi essa perguntar em uma comunidade do Facebook e me pus a pensar na resposta. Acho que para ser respondida de forma mais madura a pergunta deveria ser: você está ciente de onde está e de que esse lugar é o resultado direto ou indireto das escolhas que você fez na vida? Aí sim, podemos começar a pensar em refletir mais claramente sobre a resposta. 

Quando mais novos queremos ser tanta coisa. Eu, por exemplo, quando criança, queria ser palhaço ou policial. Achava o máximo essas duas profissões. No início da adolescência, queria ser jornalista. No final dessa fase, a realidade financeira bateu na minha porta e descobri, como na música dos Engenheiros do Hawaii que, somos quem podemos ser. Por sorte, eu gostava muito de ensinar e também me realizava com isso. Daí, para me assumir como futuro professor, foi um pulinho. Eu me encontrei no magistério e a partir disso segui nesse caminho.

Mas mesmo já no magistério, em determinado momento, quiser ser diplomata e pensei seriamente em fazer prova para o Instituto Rio Branco. Depois quis ser empresário. E fui.. aí quis ser gestor. E também fui. Bom, hoje não sou necessariamente nada disso. Só professor mesmo. Aprendi muitas coisas, vivi muitas experiências e a pergunta se me tornei o que sempre quis não me soa adequada porque quis tantas coisas que não sei com o que alinhar o que sou com o que quis. Talvez se fizermos um recorte de o que quis quando, eu possa te responder que não.. Não consegui ser palhaço nem policial, o que queria quando criança, mas que consegui se professor, o que quis depois.

É aí que está. Comparar o que somos com o que os outros são ou com o que queríamos em determinados recortes de percepção da vida nos induz a um erro de análise e uma resposta que talvez não reflita bem nossa evolução pessoal.

O que você queria ser? Rico, famoso, reconhecido... Essas são respostas muito óbvias para temas tão complexos porque se a resposta é não aos quereres citados é porque em algum momento optamos por caminhos que nos levaram a ser outra coisa. A vida é feita de escolhas e preços que estamos dispostos a pagar ou não e queira ou não, somos nesse instante, o resultado das nossas escolhas que fizemos e preços por que pagamos.

Então, a resposta a pergunta é SIM. Eu sou mais do que o que sempre quis, sou o resultado do que escolhi em cada encruzilhada da vida e produto de cada preço por que paguei para chegar aqui. Sem pieguismo, mas produto de uma constatação óbvia, eu sou cada dia a melhor versão de mim mesmo. E, no fundo, sem verbalizar, sem teorizar, e de verdade, foi o que sempre quis mesmo.


domingo, 25 de abril de 2021

Já fez sua higiene emocional hoje?

A gente acorda, lava o rosto, escova os dentes, penteia o cabelo, toma banho e lava as mãos todos os dias. Isso, de certa forma, garante-nos um corpo sempre limpo, higienizado e livre de doenças, ou pelo menos, com o risco reduzido de doenças já que, obviamente, nem todas elas são causadas por falta de cuidados higiênicos. E com as suas emoções? O que você adota como higiene diária? O descuido com essa higiene emocional também gera doenças, sabia?

Os gregos já preconizavam uma visão de um homem dual, composto por corpo e alma. Quanto ao corpo, é notória a necessidade de manter limpo e bem cuidado para a saúde ficar em dia. E quanto a alma? Quais são os hábitos de higiene que nos fazem mais saudáveis. O que vemos no dia a dia, são pessoas tóxicas e doentes, não do corpo, mas daquilo que não dá para lavar. O fato é que muita gente descuida do que o sabão não dá conta. 

Tive a oportunidade de compartilhar minha experiência pessoal em uma entrevista para a repórter Ana Lourenço, do jornal O Estado de São Paulo sobre meditação. Pratico diariamente esse exercício há mais de um ano e sinto os benefícios que me impactam diariamente. Foi durante a entrevista que usei o termo higiene emocional e me dei conta que incorporei isso no meu dia a dia como quem escova os dentes, toma banho, penteia o cabelo… 

Isso, obviamente, não nos isenta das tensões, pressões, infortúnios do dia a dia, nem nos garante uma postura sábia e resiliente com relação a TUDO, até porque tudo é muita coisa. Meditação não é um título garantidor da elevação espiritual mesmo. Entretanto, ela é capaz de nos imergir numa lucidez de nossas emoções que nos dá tranquilidade para encarar, pensar e agir de forma consciente. Sem sermos dominados pela paixões e contextos que nos levam a ser precipitados, afobados e imprecisos nas situações diárias. Sinto que estou em um caminho longo, mas que a prática diária já me traz benefícios imensos na minha maneira de lidar com o mundo. 

Pois é isso que chamo de minha higiene emocional diária: tirar um momento para olhar para dentro de mim e, no silêncio e fluxo dos meus pensamentos, tentar entender o que sinto, o que quero e atenuar os monstros que vivem dentro de nós. Até porque, matá-los não dá, eles são parte da gente e do que nos trouxe até aqui.

Eu mantenho um horário, no final da noite, 30 min. para prestar atenção ao fluxo da minha respiração e nesse exercício, mergulhar no cenário dos meus pensamentos que passam como uma tela de um smartphone que eu arrasto para o lado sem deixar ninguém criar raiz por ali. Meditar é isso.. Não é não pensar em nada (isso é impossível), é olhar para os pensamentos de forma lúcida dando a cada um o tamanho de não mais que uns segundos.

Dentro da minha higiene emocional encontrei algumas reflexões que ajudam a manter a alma mais leve e compartilho-as com vocês:

  1. As pessoas são o que são. Aprenda lidar com isso. O seu sofrimento decorre das suas expectativas criadas sobre o que você esperava que elas fossem e não do que elas são;
  2. Seus monstros são parte de você. Não adianta rechaçar ou querer esquecer. Isso não vai acontecer. Aprenda a lidar com eles e verá que não são os Godzillas que imagina. Não dê para eles o tamanho que não têm.
  3. A dor é algo do mundo, você não tem controle sobre isso. O sofrimento é seu, você escolhe a dimensão que vai dar a ele.
  4. Não aja em função das pessoas, aja em função do ético, do justo e do correto e saiba que isso é positivo para você. Entretanto, saiba que as pessoas vão formar uma opinião sobre você que elas quiserem e você não tem controle disso. 
  5. Perdoar não é esquecer. Isso é amnésia. Perdoar é excluir a relevância do mal que te fizeram, mas manter a distância da fonte causadora desse mal. Se proteger é um dever seu.
  6. Culpa é um sentimento pouco útil e ineficiente. Os fatos que nos ocorrem na vida devem ser entendidos como um conjunto de evento sobre os quais temos algum nível de responsabilidade nossa. 
  7. Pensar sobre o que deveríamos ter falado é uma das energias mais inúteis. Depois que lançamos a pedra, não podemos mais reverter o processo.
  8. Não barganhe com o universo. Seja bom e justo, mas não espere que ele vai te dar o mesmo de volta. Ele vai te dar o que ele quiser.... o universo não aceita barganha.

Olhar para dentro de si, tirar um momento para isso é essencial para ver com clareza o que sentimos, para entender pessoas e modular o quanto sentimos já que "o que sentimos" é inevitável. E isso a gente só aprende com a prática, a prática da higiene emocional, que eu costumo chamar de atenção plena, mindfulness ou simplesmente meditação.

Ah, sim.. você não tem tempo para isso.

Certo, então, deixe os dentes apodrecerem….