segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Já que é para falar, eu vou falar.

DOS PRECONCEITOS E DAS CORES

Acho que existe muita discriminação com as cores. Na onda do politicamente correto, aboliram o vocábulo preto (ou negro), pois qualquer menção é discriminação racial. A própria ministra da secretaria para políticas de igualdade racial admitiu que um negro discriminar um branco não é preconceito.
Claro que não é. É revanche.
Antigamente, quando alguém era “afrodescendente”, as pessoas se referiam a elas como “pessoas de cor”. Nunca entendi isso... as outras pessoas eram o quê? Incolores?
Bom, mas o fato é que nessa leva de discriminação cromática muita coisa ficou de fora e precisamos fazer justiça. Por exemplo, quando alguém desiste de algo dizemos que a pessoa amarelou. Mas como ficam os povos asiáticos que passam a ser associados à incapacidade de encarar algo com coragem.
Preocupa-me também o vermelho que é associado à vergonha. O que na reputação da cor que permite que afirmemos que o vermelho é a vergonha ou a raiva mesmo? É um pré-julgamento descabido que denigre e ofende a cor e mesmo os povos indígenas que não merecem tal pecha.
Falam do preto, mas e o branco? Quando alguém esquece algo, diz que deu um branco. Aonde querem chegar com isso? Há uma referencia sutil a comportamento relapso com os compromissos. E a bandeira branca? É paz ou entreguismo?
Ainda há a cor rosa que discorda de sua denominação para cor uma vez que nem toda flor é rosa e isso generaliza de forma criminosa a definição do objeto em si. O laranja segue a discussão e pede que seja desassociado da fruta, pois fruta é uma denominação que põe em dúvida sua masculinidade.
Imagino uma passeata em que o verde-oliva, rosa-bebê, o azul-piscina até azul petróleo (que de petróleo não tem nada)... todos eles invocando palavras de ordem contra um mundo de cores. Somos todos iguais. A partir de agora uma cor é plena (branco e todas as outras) ou ausente (preto) e assim viveremos em um mundo melhor e mais justo.
Até o dia em que começar a incomodar a idéia.
Dê-me paciência... mas dê-me muita.

2 comentários:

Wander Veroni Maia disse...

Oi, Marcelo!

Muito legal esse post sobre as cores. Certa vez, conversando com o meu editor lá na revista, ele me contou que esse termo "pessoas de cor" é uma expressão americana que foi traduzida aqui no Brasil e que veio do cinema. POde até ser...mas esse negócio de cor, amarelo, azul, vermelhor, preto, enfim, somos todos iguais nas nossas diferenças. Pra que brigar qdo se é mais fácil respeitar uns aos outros, né?

Abraço,

=]

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Anônimo disse...

Querido, sou sua fã incondicional e adoro quando você perde a paciência. Esses raros momentos te enchem de criatividade e este texto é pura criatividade. No próximo, inclua os feriados como Dia da Consciência Negra, ou talvez percetual nas faculdades para negros. Ora, ora, ora, onde está esse racismo? Penso eu que na cabeça dos próprios negros que concordam em ser discriminados com datas especiais, taxas percentuais para poder frequentar uma faculdade entre outras coisitas mais. Não tenho NENHUM preconceito, mas se negra fosse, lutaria sempre que necessário por uma igualdade e não por desigualdade. Eu jamais admitiria que a minha inteligência fosse medida por ter conseguido uma vaga na universidade exclusivamente por ser negra. Isso é preconceito. Agora que também falei, vou fazer cromoterapia para voltar a minha centralidade. Sucesso.