quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Porcos solitários...

Deus está vendo tudo que você faz.
Tem muita gente que não leva isso a serio e na solidão, abusa...




Pois é, festas surpresas podem dar nisso.
...uma surpresa para os convidados

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

É sempre bom repensar... Cotas de novo

Deu no Jornal Estadão - 21/01
Suspensão de cotas na UFSC causa polêmica no Estado
Na segunda, a Justiça determinou que o sistema fosse suspenso na univerdidade porque não foi criado por lei

Voltemos à política de cotas...

Ações afirmativas ou interrogativas?

Chega ao Brasil uma política que já é moda nos EUA há uns vinte anos pelo menos: a política de ação afirmativa. Para quem não sabe o que é isso é mais ou menos como a estória do português que chega em casa e pega a mulher o traindo com outro homem no sofá. Indignado, toma uma atitude: vende o sofá. Na verdade, piadas à parte, é fazer a lei chegar onde a justiça social continua a passar longe.
É importante se perguntar constantemente se reservar cotas de vagas para afro-brasileiros (agora não se pode usar outra designação) em universidade e em cargos públicos é uma solução razoável. A exclusão de milhões de brasileiros (aí incluo os negros, mulatos, pardos, brancos e índios) do sistema de ensino assim como das oportunidades no serviço público se dá (muito mais me parece) por uma exclusão nos acessos a meios de formação dignos e que habilitem o indivíduo à competição em condições de igualdade no mercado de trabalho.
O precedente é perigoso e estamos sob o risco de lotearmos o país em nichos étnicos e mesmo sexuais. Há algum tempo, li no jornal que um líder gay na Bahia exigia que o governo reservasse uma cota de vagas para os homossexuais. Já imagino, sancionada tal lei, um candidato a um emprego ser entrevistado:
“Gosta de Gloria Gaynor? Já fez teatro infantil? Foi criado pela avó? É sensível? Acha o Alemão ex-bbb um gato?”
Ou pior ainda, justifica o entrevistador ao candidato que foi rejeitado a uma vaga:
“Seu currículo é muito bom. O fato de você ter se formado em Harvard e falar 4 idiomas faz um diferencial significativo na sua proposta de trabalho, mas infelizmente... você não é gay e temos que preencher a cota gays como manda a justiça.”
“Mas, Sr... Eu nem gosto tanto de mulher assim. Sou solteiro... vê?”
“Não é o suficiente.”
“Uma vez... quando eu era moleque....”
“Não me venha com estórias. O próximo. Interrompe o examinador bruscamente.”
Mas voltando a questão das comunidades afro-brasileiras. E em uma hipotética situação em que dois homens empatam na disputa por um cargo público, um deles mulato com cabelo crespo, outro, mulato, mas com o cabelo cortado rente o suficiente para dificultar a identificação como crespo, mais ou menos, ou quase liso ou mesmo liso. Qual o critério de desempate? Espera-se o cabelo crescer para tomar uma decisão. E quem fez chapinha... como fica?
É lógico que, em uma situação hipotética (e até absurda, mas não impossível) como essa, se expõe o ridículo de tal lei. Entretanto, infelizmente, constatamos que se tenta resolver na caneta o que não se resolveu com trabalho. Não é através de loteamento das instituições para essas classes excluídas que iremos alcançar a melhor distribuição de riquezas e a redução significativa das desigualdades sociais, mas sim através de políticas de investimento na qualidade de ensino e geração de empregos. Ouvimos falar em política de ação afirmativa, mas e quanto aos trabalhos sociais junto às comunidades? Por enquanto, por lá só chegaram algumas ONGs com o patrocínio de estrangeiros. A quem serve essa política do sofá?
Por fim, ficam algumas perguntas no ar:
Por que é que só negros pobres precisam de ajuda? O que fazem os burocratas supor que nosso país é composto só por afro-brasileiros pobres? Será que também não é uma forma de preconceito?
Será que resolve vender o sofá?

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Já que é para falar, eu vou falar.

DOS PRECONCEITOS E DAS CORES

Acho que existe muita discriminação com as cores. Na onda do politicamente correto, aboliram o vocábulo preto (ou negro), pois qualquer menção é discriminação racial. A própria ministra da secretaria para políticas de igualdade racial admitiu que um negro discriminar um branco não é preconceito.
Claro que não é. É revanche.
Antigamente, quando alguém era “afrodescendente”, as pessoas se referiam a elas como “pessoas de cor”. Nunca entendi isso... as outras pessoas eram o quê? Incolores?
Bom, mas o fato é que nessa leva de discriminação cromática muita coisa ficou de fora e precisamos fazer justiça. Por exemplo, quando alguém desiste de algo dizemos que a pessoa amarelou. Mas como ficam os povos asiáticos que passam a ser associados à incapacidade de encarar algo com coragem.
Preocupa-me também o vermelho que é associado à vergonha. O que na reputação da cor que permite que afirmemos que o vermelho é a vergonha ou a raiva mesmo? É um pré-julgamento descabido que denigre e ofende a cor e mesmo os povos indígenas que não merecem tal pecha.
Falam do preto, mas e o branco? Quando alguém esquece algo, diz que deu um branco. Aonde querem chegar com isso? Há uma referencia sutil a comportamento relapso com os compromissos. E a bandeira branca? É paz ou entreguismo?
Ainda há a cor rosa que discorda de sua denominação para cor uma vez que nem toda flor é rosa e isso generaliza de forma criminosa a definição do objeto em si. O laranja segue a discussão e pede que seja desassociado da fruta, pois fruta é uma denominação que põe em dúvida sua masculinidade.
Imagino uma passeata em que o verde-oliva, rosa-bebê, o azul-piscina até azul petróleo (que de petróleo não tem nada)... todos eles invocando palavras de ordem contra um mundo de cores. Somos todos iguais. A partir de agora uma cor é plena (branco e todas as outras) ou ausente (preto) e assim viveremos em um mundo melhor e mais justo.
Até o dia em que começar a incomodar a idéia.
Dê-me paciência... mas dê-me muita.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Deu em "OGLOBO" - Criança odeia palhaço


Pesquisa britânica revela que criança odeia palhaço 
Henry Romero/Reuters
Palhaços imaginam estar agradando em festival de rua na Cidade do México (Foto: Henry Romero/Reuters)Uma pesquisa feita pela Universidade de Sheffield, no Reino Unido, traz uma péssima notícia para os palhaços: as crianças não gostam deles. O objetivo do estudo, publicado na revista Nursing Standard, era descobrir como melhorar a decoração da ala infantil de hospitais britânicos. Para surpresa dos pesquisadores, todos os 250 pacientes ouvidos (com idades entre 4 e 16 anos) declararam não gostar de palhaços. Muitos deles, inclusive os mais velhos, afirmaram que eles são "aterrorizantes" - e chegam a arrancar lágrimas dos baixinhos.

***

Eu sempre pensei nisso.
Acho que cresci no período em que o circo já vivia uma baita decadência e a imagem do palhaço para mim ficou com aquela coisa de um cara que vende ingresso, apresenta o espetáculo, auxilia o mágico e ainda limpa o palco. E, no meio dessa decadência, eu cresci associando tudo isso a declínio. Não que eu tivesse medo, mas dava uma pena do cara. Se colocassem uma latinha na mão dele, ele levava até umas moedas para casa.
Em tempo: Já quis até ser palhaço quando era criança, mas pensava nas manhãs em que teria que beber água e comer biscoito para encher o estômago... e desisti.
Ainda assim, acho que as crianças britânicas pegaram pesado.
Outra coisa que me deprime é papai Noel magro em porta de loja pobre em época de Natal. Lembro que eu tina uns 11 anos e fui, com minha mãe, a Juiz de Fora, na época de natal, e vi um papai Noel magro (com enchimentos), com pigarro, com um sininho sem vergonha na mão e sentado em um banquinho na porta de uma loja dessas que vendem de tudo.
Apesar dos 11 anos, deprimi.
Mas ainda não é o suficiente para odiar Papais Noéis... já as crianças britânicas....
Se cuida velhinho.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

“Vou estar fazendo” - anatomia de um vício

No meio do meu descanso toca o telefone.
“Boa tarde, senhor (atentem ao ‘r’ vibrante). Aqui é da Mega Plus International que por sua boa relação como cliente vai estar disponibilizando totalmente grátis sem nenhum custo adicional o Ultra Mega Plus Card com todas as vantagens do programa especial Mega Plus Services, vai estar também oferecendo (por favor, com uma epêntese do /i/, logo, ofereceindo)...” Pronto, já me perdi no gerúndio desnecessário dela.
- Obrigado pela oferta, mas não vou estar quere(i)ndo.
- Mas senhor... Insiste. Mas que vantagens o seu cartão já oferece...
- Não oferece vantagem nenhuma, mas o que rola entre a gente é uma relação sem interesse, é só amor mesmo...sabe aquele não querer mais que bem querer de Camões.
A atendente de telemarketing se despede, mas não sem antes rir do outro lado da linha.
O fato é que o gerúndio é uma forma nominal em português que projeta o aspecto durativo em um evento verbal. Eu estou escrevendo é uma maneira de dizer que no momento atual (que não é necessariamente agora) eu estou exercendo a atividade de escrever. Sendo assim, é uma aplicação aspectual muito pertinente ao tempo presente e a casos de formas de pretérito (Ontem, eu estava escrevendo quando...), mas não muito necessária ao futuro. Na verdade, é até dispensável.
Não vamos fazer um cavalo de batalha com isso, mas de uns tempos para cá algumas modalidades de discurso como o telemarketing exauriram este emprego do gerúndio assim com em certas épocas outras modalidades desgastaram termos repetidamente como “a nível de”, “eu, enquanto, X” e outras pérolas que pareciam (?) dar ao usuário um ar de intelectualidade.
A bola da vez é o gerúndio. Podemos argumentar que é uma tradução mal feita do inglês (I´m going to be offering / vou estar oferecendo) ou mesmo que, de fato temos uma ação durativa no futuro. Entretanto, o fato é que muitos verbos indicam que o evento será realizado em um ponto no tempo (vai oferecer, por exemplo. Você oferece em um momento e ponto e não faz disso um processo que se estende). Por outro lado, o gerúndio se aplica bem em casos como “Amanhã, a esta hora, vou estar falando para mais de 100 pessoas. O verbo falar esta modulado por um gerúndio que aponta nitidamente para uma ação de discursar.
Aos operadores de telemarketing, sugiro a substituição por um presente com valor atemporal (a Mega Plus International oferece ao você, sem nenhum custo adicional...). Diriam eles que isso é menos expressivo do que o gerúndio. Mas aí eu pergunto: Por quê? Tecnicamente, é até mais amplo.
Enfim, fica aí a sugestão.
Da próxima vez, com certeza vou estar sugerindo isso..
Viu como fica esquisito?

sábado, 12 de janeiro de 2008

Da série: Eu já sabia!!!!

Alex Teixeira brilha, Vasco vence os Emirados Árabes por 1 a 0 e é vice no Torneio de Dubai.

RIO - Na sua terceira partida como técnico, Romário conseguiu sua segunda vitória. Mesmo com uma atuação apenas razoável, o Vasco bateu a seleção dos Emirados Árabes por 1 a 0, neste sábado, e ficou com vice-campeonato do Torneio de Dubai.
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Ganhando, perdendo, empatando. putz... tá ficando chato.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Da série: fazendo m...



Após morte, Coréia cria privada portátil para funcionários do metrô
Iniciativa acontece após a morte de um engenheiro.
Funcionário estaria se ‘aliviando’ com o trem em movimento no momento da morte.

Modelo de privada portátil, em imagem que foi liberada pelo Metrô de Seul, nesta quinta-feira (10). As autoridades do metrô da capital sul-coreana planejam instalar banheiros nos compartimentos usados pelos funcionários que dirigem os trens. A medida acontece depois de um engenheiro morrer após estar, aparentemente, se aliviando com o trem em movimento.

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É infame, mas não dá para perder o trocadilho. Não te parece um incentivo para se fazer merda no horário de trabalho?

Filhos de porca transgênica nascem fluorescentes na China

Publicada em 08/01/2008 às 12h31m Reuters

PEQUIM - Uma porca transgênica com várias partes de seu corpo fosforescentes deu à luz dois leitões que herdaram esta característica após o cruzamento com um macho comum, anunciou hoje o responsável da pesquisa, elaborada por uma universidade da província chinesa de Heilongjiang.

As patas, os focinhos e as línguas dos dois leitões, que fazem parte de uma ninhada de onze, brilham no escuro, assim como ocorre com sua mãe, explicou à Agência Efe Liu Zhonghua, diretor da pesquisa realizada na Universidade de Agricultura Nordeste.

***
Bom, deixe eu imaginar aplicações para os porcos fluorescentes:

1º produzir bacons que possam ser comidos no escuro;
2º substituir vagalumes nas fazendas;
3º alugar porcos para servir de outdoor com mensagens publicitárias;
4º combinar com a camisa verde grif pen do Palmeiras;

E você? Pense o que dá para fazer com porcos fluorescentes e apresente sugestões. Os cientistas chineses estão ansiosos e já iniciam o projeto do primeiro vaca desidratada. A idéia é produzir leite em pó direto das tetas.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

A pedidos, ai vai mais uma crônica para meus 14 fiéis leitores.


O dono da história


Cada um escreve sua novela de um tipo. Dizem que um autor só conta histórias passadas no Leblon, outro, em São Paulo, já o outro, no Nordeste. O fato é que somos o que escrevemos e escrevemos a realidade em que vivemos. Dessa forma, cada um narra um mesmo evento de seu ponto de vista. É isso que torna o mundo muito menos tedioso. Afinal de contas, tudo que havia para ser dito, já o foi. O que nos resta é dizer de maneira diferente.
Por exemplo, imaginemos a história da Branca de Neve e os sete anões.
Se ela fosse contada pelo Manoel Carlos, com certeza, Branca de neves se chamaria Helena e moraria no Leblon. Se fosse o Silvio de Abreu os sete anões morariam no Brás ou no Bexiga e teriam um sotaque muito esquisito. Se fosse escrita por Aguinaldo Silva, Branca de Neve teria um romance gay com a bruxa má e um dos anões seria viciado em maçãs envenenadas só para criar polêmica.
Numa novela mexicana, Branca de Neve seria uma menina de rua maltrapilha, mas que, na verdade, seria filha de um grande milionário, teria uma madrasta ruim à beça e um irmão desconhecido por quem se apaixonaria sem saber. No final, morreria antes de qualquer chance de ser feliz.
Mas se a história fosse contada por Nelson Rodrigues, os anões teriam um desejo secreto de ter relações sexuais com a Branca de Neve que se sentia meio mãe deles e sentia culpa por causa disso. Eles trabalhariam na floresta como funcionários públicos, não se chamariam Dunga ou Feliz, mas Almeida, Palhares, Oliveira e teriam uma casinha num bosque próximo para encontros amorosos.
Nas letras de um roteirista de Hollywood, Branca de neve, ao ser vista morta pelo príncipe, teria aos seus pés um homem que jurava vingança. O chefe do príncipe encantado, um homem sisudo e misterioso, olharia para ele e diria: John, fique fora disso. Mas o príncipe não desistiria e descobriria uma conspiração para matar sua parceira e concluiria sua vingança.
Mas e se fosse narrada em Cuba, Fidel mandaria prender a bruxa ianque símbolo do imperialismo e a condenaria por tráfico de maçã, pois, na ilha, não há macieiras. E na Venezuela, com certeza, os anões trabalhariam em um poço de petróleo.
E no Brasil...?
Bem, no Brasil , a Branca de Neve seria levada pelos anões a um posto do SUS. Os anões esperariam horas para serem atendidos e descobririam que ela deveria ser transferida para outro hospital porque ali não tinha leito para atender pacientes intoxicados. A bruxa teria um processo aberto na ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) por venda de alimento estragado e daria declarações no Fantástico que estava providenciando a substituição do lote. O príncipe chegaria atrasado e ficaria muito frustrado ao saber que o super plano de saúde que ele fez não inclui futuras esposas com as quais viesse a viver feliz para sempre.

FIM

LEITE, Marcelo A. Ladrão de Histórias e tantas histórias. Edições Edocta.com. Rio de janeiro, 2007