segunda-feira, 14 de abril de 2008

A minha doença é bem pior...

Consultório de médico, sala de espera de clínica médica, saguão de hospital... Já viu lugares mais preenchidos de tipos bizarros? Há aqueles que têm uma doença, aqueles que acham que tem uma doença e aqueles que gostariam de ter uma doença. Mas o tipo que mais me encanta é aquele que disputa doença e acha que sua doença é mais séria do que a de qualquer um. Sente-se ultrajado quando alguém relata uma doença pior que a sua, mas o pior é quando ele se vê diante de um colega que se vale da doença de outros para tripudiar sobre sua reputação de “o mais coitado”.
No fundo, todo mundo conhece alguém que se vangloria de uma moléstia quando a apresenta, ou mesmo, jubila-se de conhecer um caso muito pior do que o que lhe relataram.

***

Revistas velhas anunciando coisas como MORRE ULISSES GUIMARÃES, uma recepcionista taciturna com óculos, uma luz artificial indireta, uma música ambiente de rádio, sofás... Está montada a arena.
No canto esquerdo, D. Rosa, 61 anos, 68 Kg, 1, 60 m, duas úlceras pépticas curadas, uma ponte de safena, um infarto e uma bursite incurável;
No canto direito, D. Branca, 64 anos, 65 Kg, 1,63 m, pressão alta, catarata, prisão de ventre crônica, bronquite desde criança e escoliose.

Boa tarde!
Boa tarde!
Calor né... ? Tempo maluco. Incerto... calor, frio, calor, frio...
Nossa!
E Para a gente que tem alergia... é muito ruim.
(Soou o gongo - vai começar a disputa)

Eu, quando fica assim o tempo, me ataca uma bursite nesse ombro que eu não consigo nem dormir”, inicia D. Rosa.
E eu? Passo dias sem conseguir deitar por causa da coluna. Uma dor que começa na base das costas e se espalha”, retruca D. Branca.
D. Rosa parte para o contra-ataque.
"Uma vez eu tive uma crise de coluna que me causava uma dor que se espalhou pelos ossos do corpo, eu perdi 15 Kg porque não conseguia abrir a boca por causa da dor. Só tomava líquidos."
D. Branca apela...
"A minha cunhada tinha uma dor que ninguém descobria, foi ver, era um tumor dentro dos ossos que pressionavam as vértebras, ela fica dias deitada sob efeito de morfina.. coisa horrível."
D. Rosa, que nunca havia perdido uma boa disputa de doença, faz uso de suas armas mais letais e ataca.
"A minha prima, coitada, tinha um tipo de tumor maligno que brotava dentro dos ossos dos dedos e ia se espalhando, com quinze anos os ossos estavam ocos e causava dores incríveis. Um dia ela fraturou a perna quando caminhava dentro de casa e nunca mais calcificou." Relatou triunfante. Aquilo era um vazare, um head shot... Mais uma dessas e saía comemorando com a dança do créu.
D. Branca ainda tenta reagir:
"E a minha vizinha da minha prima... huum..."
"Desenvolveu uma doença degenerativa que os órgãos dela ficavam iguais a uma geléia... aí..."

"D. Branca, é a vez da senhora. Dr. Gonçalves está chamando." Avisa a secretaria.

"Bom, deixa eu ir. Um abraço para a senhora." Disse D. Branca.
A porta do consultório fecha e D. Rosa sorri triunfante... Doença degenerativa.. Pensa com desdém...
Mais um nocaute....
Créééééééu...
Ai que vontade de comemorar...

27 comentários:

Johnny M. disse...

Perfeito esse texto. É assim mesmo que acontece. Eu não suporto. Mas não é só em clinicas, em hospitais, em reuniões de pessoas de meia idade, principalmente, mulheres também acontece essa disputa.
Por essas e outras eu não gosto de ir ao médico, pra tristeza da minha mãe, que acha que eu tenho todas as doenças do mundo.

DuDu Magalhães disse...

Respodendo sua pgt...

http://www.leparkourbrasil.com.br/

nesse site você vai encontrar tudo sobre Le Parkour!

xD~~

Mariana disse...

haiuahiuahiuaahuihaiuahuia

minha vó é umas dessas Donas Rosas que temos por aih...infelizmente...
pra ela tudo dói, tudo precisa de medicação, e tudo é o pior pra ela.
vai entender...pra mim, isso é má educação e falta de um pouco de caráter.

Fernando Serra disse...

Gostei disso!
Dona Rosa...
Me lembra alguém!

Anônimo disse...

SObre esse assunto posso dar minha opiniao, sou deficiente fisico e se tem uma coisa que eu odeio no pessoal que tem problemas é mania de ficar comparando osp roblemas e ficar falando mas eu tive isso e vc nao teve.Como se doença fosse algo bom, realmetne quem faz isso é doente de verdade, bom tema e escreveu muito bem sobre ele

Wander Veroni Maia disse...

Kra,
excelente observação para se montar uma crônica. Os consultórios médicos são ricos nesses personagens...hehehe..

Bom texto!

Abraço,

=]

Anônimo disse...

Rapaz eu to com uma dor no pescoço........

abraço!

www.locupletado.wordpress.com

Leandro Ramos disse...

Excelente post.

Gostei msmo do seu blog.

Gostaria de uma parceria, troca de link's..

Aceita?

Flw!
http://semtossquices.blogspot.com

Wallacy disse...

Deus me livre!!
hauahauhauh

Espera de hospital é um ambiente bem estranho...

Abraço!

Marcos Costa Melo disse...

Perfeita crônica do cotidiano, é realmente isso que acontece.

abs

ps: Não sei se você reparou quando visitou o Euforia Melancólica, mas havia listado seu blog entre os 5 melhores que visitei nos últimos meses. Segue o link

http://euforiamelancolica.blogspot.com/2008/04/top-5-da-minha-blogosfera.html

Unknown disse...

Nossa! Eu tenho uma tia que é assim mesmo! Eu já prefiro me vangloria por gozar de uma boa saúde!

http://maynabuco.blogspot.com

Carla M. disse...

impressionante!!! morreria se eu fosse secretária de um consultório médico!!!

e não é tão diferente quanto papo de academia: a disputa pra ver que tem mais celulite a ser eliminada! aff!!!

Anônimo disse...

ameeeeeeeeeeeeeeeeeeei
asuhsuhhuashuasasuhsahuhusahuashuas

Léo disse...

Isso é meio paia, pq as pessoas deveriam parar de se fazerem de vítimas.. Se elas adotarem uma postura assim, metade dos sintomas q elas sentem sumiriam..
Falou..


http://tunel-do-carpo.blogspot.com/

Euzer Lopes disse...

Cara, eu não sei se eu dou risada ou se eu choro.
Risada porque de repente é uma maneira bem humorada de expor uma crítica e essa gente, coitada, que se não falar de doença, não tem assunto. É gente simples, pobre de tudo (de espírito, em muitos casos), que tem uma vida vazia, e que por isso mesmo, muitas vezes, basta um espirro para estar na fila do atendimento de saúde.
E isso é a razão para chorar.

Se Liga Jovem disse...

muito bom o texto!

;)

P. Florindo disse...

Bom, temos que ver sempre o lado Coca-Cola da vida, não é? =]

Thiago da Hora disse...

[respondendo seu comentário]

o problema não é não acreditar no poder de escolha do povo. o problema é a comissão julgadora descrita no regulamento do concurso escolher aqueles nomes como sendo os MELHORES.

essa minha indignação é porque eu participei daquele concurso...

Anônimo disse...

UAHauhAUHAuhuAAH
as amigas da minha vó fazem isso... HUAHuahuAHA
mais bizarro seria se fosse um saguão de espera do hospicio...

Anônimo disse...

Hello. This post is likeable, and your blog is very interesting, congratulations :-). I will add in my blogroll =). If possible gives a last there on my blog, it is about the Webcam, I hope you enjoy. The address is http://webcam-brasil.blogspot.com. A hug.

Má | YYY ~ disse...

Minha vó é assim. Não posso ter sinusite que ela tem asma. Não posso torçer o pé que ela quebra o fêmur.

Pessoas estranhas oO'

HAUSAHSU'

Marcos disse...

muito bom...
pior que o clima contagia. quando você vai a um hospital visitar um parente ou algo do tipo já fica meio que indeciso sobre sua saúde...
uaheiohauehaiehuahieua

abraço e parabens pelo blog :)

Fabio disse...

legal o blog, mais tem mt texto, fica cansativo

Unknown disse...

a dor de pescoço passou mas agora to com uma formigação na virilha.......deve ser verme.


abraço!

www.locupletado.wordpress.com

Unknown disse...

[Huahauhauha...]

Muito bizarro, mas é o que há. Existem ainda aquelas pessoas que disputam quem sente mais a dor da perda de um ente querido (ou nem tanto). Esse tipo é encontrado, principalmente, em enterros. Deus que me perdoe, mas pode reparar... "Ah, quando tínhamos 5 anos brincávamos muito perto da linha do trem, na estação onde é a rodoviária hoje, sabe?! Depois perdemos o contato, mas era uma pessoa maravilhosa, coitada. Sentirei muito a sua falta!", diz uma senhora de uns 70 anos mais ou menos. E eis que a outra retruca "É, menina, o pai dela era vizinho do meu pai quando morava na chácara, antes de virmos para a cidade, eu tinha uns 5 meses. Eram muito amigos. Depois me lembro dela numa reunião de amigos na casa de vovô, muito alegre e boníssima. É uma lástima, perdemos uma ótima pessoa", termina a senhora mais velha enxugando algo que parece... uma lágrima?!... não sei, foi muito rápido.

Bizarro, mas rola...

Abraços!!! ^^

Anônimo disse...

Tem lugar com gente mais bizarra: Fila do banco da agência Unibanco -Rede Globo em dia de pagamento. Aquilo sim é um circo dos horrores !
www.bloglog.com.br/nizoneto

Everaldo Vilela disse...

Pior são aqueles que vão visitar e levam consigo aquela história-tragédia-consolo, uma coisa meio 'teve um primo de um amigo de um colega meu que morreu com isso'.

Isso é igual problemas: você conta um problema e o amigo lhe conta um pior para lhe consolar. Sofrimento em dobro.