sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Cérebro by Windows... Amanhã tem saco... sem travar.

Funcionava com um cérebro cujo sistema operacional era uma espécie de Windows. Acordava de manhã e ficava olhando o nada enquanto visualizava uma tela preta e depois uma barrinha monocromática que parecia se deslocar da esquerda para direita. Às vezes, dava umas travadinhas, mas logo voltava a correr. Era sempre assim.
Depois que começava ou inicializava, seguia bem. Vez por outra, tinha dia que travava e não conseguia fazer nada. Mas aí era só dar uma pausa, respirar, dar uma cochilada e, pronto, voltava a funcionar. Se adaptava bem com todo tipo de atividades, não era nenhuma beleza, mas sua capacidade de entrosamento era algo extraordinário.
No fim da noite, desligava e enquanto esperava o sono chegar, olhava uma telinha azul com os dizeres: aguarde, seu cérebro está sendo desligado.
Dormia então o sono dos anjos.
Turned off... till morning..

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Os sete pecados capitais de um blogue.. escolha o seu.

Próximo de fazer um ano de existência e de atividades como blogueiros (prefiro bloguista, mas vá lá), a gente se torna mais leitor do que qualquer outra coisa. Em um dia de pouco passeio pela blogosfera, leio de 10 a 20 blogues. Em dias de "à toa", coisa rara, perco a conta. E acreditem, virou mania. Leio por prazer de ler.
Gosto mesmo disso e já assumi como uma das minhas saudáveis perversões.
Há blogues que são geniais, belos textos, bons assuntos (não vou citar para não cometer injustiça, mas dê uma olhada no meu blog roll e nos que eu acompanho para ter uma idéia), outros nem tanto, textos ruins, montoeiras de vídeos do youtube, ctrl+C/Ctrl+V... vixe, que horror! Há cronistas geniais que ainda não o sabem, jornalistas sagazes ou mesmo poetas brilhantes. Do outro lado, há rascunhos mal feitos de projetos de intelectuais (são os poetinhas punk-rebeldes que rimam pus-luz-seduz-alcaçuz) em quem ainda não caiu a ficha (talvez nunca venha a cair) do quanto é ruim o que postam.
Há de tudo para tudo que é lado... Até houve uma época em que abri uma série de críticas ao que havia de ruim... (lá para maio, mais ou menos). Hoje, acho bom até o que é ruim, mas acredito que a morte de um blogue (naquela estatística dos 3 meses de vida) está ligada aos 7 sete pecados capitais da blogosfera.
Ei-los...

A ira
Quero ser crítico, mas não tenho bagagem intelectual para isso. Mas e daí, dane-se. O que vale é expressar o meu pensamento. Faço textos que reduzem as barras de rolagem do navegador a um pentelhinho de tão finas. Sou um gênio e odeio tudo que é estranho a minha genialidade (minha mãe disse que sou e ela não mente). Sou um intelectual (sic) e faço poemas irascíveis (ainda que não saiba bem o que isso quer dizer) que rimam pus com luz e terminam em atendimentos no SUS. Sou uma espécie de punk deslocado do tempo e atribuo todo meu fracasso ao sistema. E quem é você para me analisar?

A gula
Coloco um texto que fica vários dias e decido que não posto outro enquanto não tiver pelo menos 80 comentários. Sou guloso de comentário. Atolo as comunidades do orkut com minha presença... no oitenta e um, eu escrevo outro texto. Ando meio sem inspiração (embora eu também não saiba bem o que é isso). Ah, sei lá, nada a ver, mil coisas.

A inveja
Não gosto de ler, mas gosto de escrever (sic). Acho que tudo que é blogue que tem muita visita é ruim. Escrevo textos em que saio descendo a ripa e dando nomes aos bois. Falo mal de todo mundo e crio polêmica com o que vier pela frente... Não interessa. Você concorda? Pois eu discordo e quem é você para me julgar? Meus comentários em outros blogues? Sou contra tudo ,principalmente a qualquer coisa que você você seja a favor.

O orgulho
Não preciso da sua visita. Escrevo por escrever. Não está bom o texto? Coitado, você não entendeu. Expresso no meu blogue os capítulos do meu mais genial romance, e único, de 850 páginas. O que? Acha que colocar 50 páginas do meu livro em um post torna a leitura cansativa... paciência. O problema é que você não tem hábito de leitura. Não posso fazer nada. Só lamento. E quem é você para me julgar?

A avareza
Posto um texto a cada mês e participo das comunidades com tópicos do tipos "blogues atualizados no segundo semestre de 2008". Deixo claro que, se vai citar meu texto, faça os créditos, insira o link, informe o meu nome e coloque meu banner. Ah, e encaminhe um pedido de autorização para eu assinar reconhecer firma em cartório e devolver.

A preguiça
A última vez que atualizei foi em janeiro de 2008. Já até escrevi alguma coisa depois, mas aí... cara, nem lembro a senha. Aí ferrou. Comentar? Huum.. às vezes, sei lá... "Legal o texto". Passa no meu. http://... Para mim é o suficiente.

A luxúria
Descobri que existe cursor de estrelinhas, selos de blogues, banner colorido, propagandas em pop-up que te pagam 0,01 cada vez que alguém clica (vou ficar rico se a população da China em peso clicar no meu banner), fundo preto, letras verde claro, bonequinhos que se mexem na tela, jogos em java, musiquinha de fundo, radio ambiente, espaço para vídeos preferidos... coloquei tudo no blogue de uma só vez. Meu blogue é uma suruba de recursos exóticos. Em conexão discada demora uns 10 minutos para abrir... Clica, saia de perto e volta daqui a pouco.

Nessa minha história de blogosfera, aprendi que ser amado e odiado faz parte da brincadeira e vamos tentando seguir com a balança mais equilibrada possível.
Descobri que o legal é isso também.

Em tempo:
Certa vez eu li um post em um blogue que trazia o tema que abordei aqui, os sete pecados. Não lembro o post, não lembro o blogue, mas faz muito tempo mesmo (eu nem tinha blogue na época) e eu achei bem legal. Outro dia eu me lembrei disso e aí, eu pensei... e o que o saco de filó tem a dizer sobre os pecados da blogosfera?
Aí vai.
Quer dizer: aí foi.


Se bem que pecar mesmo é fica vendo a vida passar... de bobeira.
Bloga aí.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Poemeto limítrofe das nossas percepções de mundo.

Quais os limites
Para as ações justificadas pela fé?
Um poço fundo que nunca dá pé?

E as fronteiras entre a barbárie e o cultural.
Até que o raio caia em nosso quintal?

Qual o caminho para ser mais esperto?
Assumir o que se pensa...
Ou repetir o politicamente correto?

sábado, 25 de outubro de 2008

Um país de diplomados desempregados...

Na infância, norteamos nossas escolhas profissionais por duas razões: o heróico ou o mimético. Queremos ser policial ou bombeiro porque o vemos como um herói ou queremos ser médico porque o nosso pai é médico. Na adolescência, o tempo de escolha vai encolhendo e ganhando ares de seriedade. Passamos a pensar em mercado de trabalho quando o único mercado que conhecíamos era o de fazer compras do mês. Aí é que entra a questão: vocação ou salário?

No Brasil, criou-se o mito de que
o único caminho que temos para a realização profissional é a faculdade e as pessoas se amontoam em vestibulares semestrais. De um lado o aluno que quer entrar, de outro o governo que quer que o aluno tenha curso superior e de outro a Instituição, na maioria das vezes, particular que precisa de volume de alunos para manter sua estrutura funcionando. Esta combinação dá no que dá. Milhares de jovens em bancos de curso superior, sem vontade, sem dinheiro e sem condições mínimas, mas realizando o sonho da família em festas chatíssimas de formaturas ao final do curso.

Amontoamos o mercado com professores, pedagogos, advogados, economistas cada vez mais e a cada ano, mais e mais. Um curso de Pedagogia, por exemplo, com uma turma 50 alunos/semestre, injeta 100 profissionais por ano no mercado de trabalho, ao final de 5 anos são 500 profissionais. Só que não é só uma faculdade. Na região em que vivo (sul do estado do Rio de Janeiro), há 8 cursos de pedagogia num raio de 90 quilômetros e aproximadamente uma população de 800 mil pessoas.

Dessa forma, 8 cursos lançam aproximadamente 4.000 profissionais a cada cinco anos. Em dez anos, serão 8 mil pedagogos. Não precisa ser um gênio da matemática para perceber que há um gargalo. Muitos vão trabalhar em outras atividades que nada tem a ver com o glamour das formaturas do curso que fizeram. E este raciocínio serve para outras áreas de graduações.

Por outro lado, os setores de serviços padecem com a falta de profissionais. Se você precisa de um técnico eletricista, padece para conseguir um bom. E um pedreiro? E um bom encanador? Jardineiros de qualidade? Pintores? Fico pensando em que momento perdemos o trem da história e rotulamos estas profissões como menos dignas. Em que momento escrevemos a história de um país de doutores em casas com torneiras pingando?

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

História curta, o resto é com você... Amanhã é dia de saco.

Naquela pequena localidade instalaram uma clínica de tratamentos de dependentes de entorpecentes. Para isso, os responsáveis alegaram que era o lugar ideal, pois não havia droga nenhuma lá.

***
Quase que pela mesma razão outros empresários desistiram de instalar uma clínica de reprodução artificial e banco de sêmen por lá...
É.. eles alegaram que.. bem, eles disseram que..
É.. lá não havia... bem, lá não havia condições.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

"Comoção nacional..." Eu já cansei.

Comoção nacional é o nome que a imprensa dá a uma desgraça com cobertura de TV, rádio, jornal e revista. A última foi a dos Nardonis, e, em meio a tanta crise econômica mundial, surgiu o caso daquele psicopata que manteve seqüestrada e matou a ex-namorada porque não aceitava o fim do namoro.

Mais uma vez, segue-se uma seqüência de decisões desastrosas da polícia e das pessoas ligadas ao caso, como sempre... Parece um script lido e decorado à exaustão.

É uma história que se repete. A contagem é cansativa se começarmos a lista do episódio do ônibus 174 até hoje (isso para não ir muito longe).
O que eu não entendo é por que as histórias se repetem de forma tão circular. Seguido a isso, temos uma comoção nacional, debates sobre a ação da polícia, avaliação de especialistas em rede nacional, câmeras exclusivas e depoimentos de pessoas que conheceram a vítima, nos bares, em frente a uma TV, pinguços inveterados questionam a tática usada pela equipe de ação da polícia e alternativas de modus operandi. Tudo repetido em um ritual macabro que oferece chamadas de plantão extraordinário do jornal a cada instante.


Mas o corpo esfria, os atores são recolhidos, os cenários desmontados. Na coxia, só o pessoal da limpeza e do apoio. Do outro lado, a platéia já deixou a sala e o gerente do teatro só espera que uma nova peça seja colocada em cartaz.
Não que ele deseje. Longe disso, mas se acontecer... vai fazer o quê?
Será que sou só eu que canso dessas coberturas?
Acho que fiquei velho, acho que fiquei chato.

Em tempo:
Acho que a imprensa tem o dever de mostrar estas coisas
(e a admiro por isso), mas tem hora que o dever se confunde com algo que não consigo entender. Aí cansa...

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Informações e desinformações... qual é a minha?

Só alcançamos a isenção completa e absoluta quando esticamos as pernas e nos alinhamos com o último leito que nos cabe nessa, a cova.

Eu lia a Veja, mas me disseram que ela era muito de direita; passei a ler Caros Amigos, mas me afirmaram que ela era muito de esquerda. Andei comprando a BRAVO, mas me falaram que era muito elitista. Passei a comprar a Época, mas aí me contaram que ela era da GLOBO, muito manipuladora. Tentei a ISTO É e me garantiram que era um projeto de VEJA. A FOLHA era muito prolixa, o JORNAL DO BRASIL, muito centrão. Assistir à TV GLOBO, nem pensar. SBT, muito decadente. A Bandeirante? Bairrista demais. A Record? Evangélica demais. Mas a Rede TV.. não.

Com essa, sou eu que não tenho paciência.
Garantiram-me que a única mídia séria, completamente isenta, sem comprometimento com nada a não ser com a verdade absoluta e pura é o Diário Celestial, editado no céu pelos arcanjos que cercam Nosso Senhor.

Mas ainda assim, os diabinhos no inferno não compartilham dessa opinião.

Acham-na muito aduladora.

sábado, 18 de outubro de 2008

Em nome da tradição, louvemos a estupidez humana.

Será será que será que será que será
Será que essa minha estúpida retórica
Terá que soar, terá que se ouvir
Por mais zil anos?
Podres poderes,
Caetano Veloso


Na Revista Veja desta semana, saiu a história de uma menininha no Nepal que foi proclamada como deusa aos 3 anos. Ela será tratada como deusa (parece aquela musiquinha irritante da Rosana: como uma deusa, você me mantém...) viva até a primeira menstruação, quando retorna à condição de mortal e carrega consigo a maldição de dar azar a qualquer um que venha a se casar com ela.
Para isso, eles se baseiam na mais pura lógica nepalense, mapa astral, sinais de divindade, aura, leituras de vidas passadas.. enfim, ciência, a mais pura ciência da idade antiga. Enfim, isso era a maior moda no ano 10 a.C.

Então, a menininha vive como uma deusa cujos arrotos ou diarréias são o presságio de desgraças infindáveis: algo do tipo, a deusinha está com gases, caiu a bolsa, a deusa está com o nariz escorrendo, sinal de uma grande chuva... e vai por aí.

Qual é o problema?

Pois é, toda vez que se levanta essa bola das tradições, vem sempre um politicamente correto falar que isso, assim como apedrejamento de adúlteras, extração de clitóris, venda de crianças para trabalho escravo, entre outras barbáries pelo mundo, são culturais e que não podemos julgar uma cultura dessa forma, pois culturas são distintas e devem ser respeitadas em sua diversidade.
Aí, em nome disso, mantêm-se também coisas como a tourada, farra do boi (para mim quase a mesma coisa) e um largo rol de coisas estúpidas.
É tradição...
A essa retórica vazia, há um argumento de forte apelo intelectual e humanístico:


Tradição é o escambau!


Até quando destituir uma criança de sua infância em nome da perversão de adultos é tradição? Desde quando apedrejar uma mulher porque julgam-na adultera é tradição, ou mesmo extrair o clitóris porque é negado por "Deus" o prazer à mulher é algo que deva ser cultuado como cultural? Até que ponto, torturar um animal até a morte é um costume que nos engrandece e merece ser mantido?
Até quando será que esta estúpida retórica de "cultural e tradição" vai mascarar o nosso desejo de varrer toda nossa barbárie para debaixo dos tapetes.
Até quando defenderão o direto à estupidez em nome da diversidade e do direito de parecer "intelectual"...?


sexta-feira, 17 de outubro de 2008

De fóruns, De seminários, De simpósios... "De sanimados":-(

Tem gente que adora planejar, polemizar, "fazer uma colocação a título de debate" ou mesmo, "a nível de" , essa, então, é detestável. Elabora-se um Fórum para discutir os rumos do ensino. Chega-se a conclusão que são necessárias medidas eficazes para melhoria da qualidade (E precisava de um Fórum para isso? Isso já não está meio na cara?). Mas o próprio Fórum é algo discutível em sua eficácia. Aí, propõe-se um Seminário para se discutir a eficácia dos Fóruns que discutem as questões complexas relacionadas ao ensino. Mas estes seriam mesmo eficientes ou necessários? Daí, nada mais interessante do que um Simpósio para discutir a eficácia dos Seminários que discutem a eficácia dos Fóruns que discutem o ensino. Até o dia em que alguém achar que Simpósio merece uma discussão "a nível de problematização das abordagens dialéticas da questão" (ou seja lá o que for) e propor um Encontro... Quem sabe?
Lá vem mais um evento nessa roda viva.

Mas tenho esperança de que um dia os sinônimos acabem... aí, as discussões melhorarão de nível.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

É óbvio que eu sei.... mas e você?

Eu não entendo por que tem gente que tem uma necessidade de parecer mais esperto/engraçadinho do que não são (Não confundi não.. é isso mesmo). Em um papo descontraído, você solta:

- Ah, de manhã é ruim.. o tempo passa muito mais rápido. A gente nem vê passar.
Aí ele, um "bacaninha", diz:

- Não. É impressão sua, tem o mesmo tempo das outras horas do dia.
- Caraca.. não brinca?! Sério...?
***
E se a comida não agrada ou traz uma lembrança repulsiva, sem pensar a gente manda:

- Putz, isso tem gosto de barata...

E um fofinho completa...
- Ah é.. você já comeu barata?

- Não. Nem chupo cabo de guarda-chuva, mas vez por outra acordo com gosto de cabo de guarda-chuva.
- E aí? Explica-se o que é uma metáfora ou deixa o cara na ignorância... ? Ah... Vamos deixá-lo lá, na ignorância. Cai-lhe tão bem.
***
E quando sai para comer fora com um grupo de amigos? Sempre tem aquele que espera alguém sentar na cabeceira da mesa para formular aquela frase profética que ninguém, mas ninguém, jamais ouviu em sua vida:

- aí hein, vai pagar a conta...
[Chatiiinho!]
***
E o cômico que quando descobre que você tem dons culinários fala:

- Já pode casar, hein!

[Uau... mudou minha vida! Só precisava disso para me decidir]
***
Por fim, respire fundo, olhe nos olhos e diga com toda a sinceridade:
- Fulano(a), não precisa forçar tanto a barra para parecer inteligente, espirituoso e engraçado. Eu gosto de você do jeito que você é... e ponto final.

Se ele entender, ofereça um antidepressivo.
Sempre ajuda

Em tempo:
O que tenho percebido é que, no universo, tudo morre, tudo tem um fim, mas essas gracinhas, junto com as baratas, parece que vão ser os únicas coisas que sobreviverão a um hecatombe nuclear. Ah sim... e os flanelinhas, mas para minha vingança, morrerão à mingua sem donos de carros para extorquir.

Ok, ok.. é muito mau humor em um só post, mas passa.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Depois da história de fadas... vem o quê? Amanhã é dia de saco.

Será que ninguém pensou aonde vão dar alguns pontos dos contos de fadas que não ficaram bem claros quando nos contaram? Por exemplo, como a Cinderela voltou para casa depois que o encanto acabou? Pois é.. o saco esclarece...

À meia noite, carruagem vira abóbora e cocheiros viram ratos... então...

Lá estava ela, no ponto de ônibus, com um vestido maltrapilho, em companhia de ratos e carregando um abóbora embaixo do braço. As pessoas olhavam estranhamente aquele mulher que, com olhar desalentado, fitava um dos ratos de vez em quando. E agora ainda restava convencer o trocador que ela havia sido assaltada e não tinha dinheiro da passagem. Era meia noite, último ônibus e se a conversa não colasse era rachar a pé até a casa madrasta malvada...
Mais de uma hora.. aff.
E pelo jeito estava com cara de que iria chover...
Cadê a desgraçada da fada madrinha nessa hora?!

sábado, 11 de outubro de 2008

Sempre procurando um cabelinho em ovo.

Toda polêmica vã assenta-se na vaga deixada pela inteligência.

Outro dia li em um blogue (na sala de Justiça) que a associação de cegos dos EUA irá apresentar um protesto contra o filme "Ensaio sobre a cegueira", do cineasta Fernando Meirelles baseado no romance de José Saramago. A alegação? Denigre a imagem do cego e o apresenta como alguém desorientado e desorganizado. Isso não contribui para o combate ao preconceito contra o deficiente visual (cego é o cacete!!! Que fique bem claro).

Bom... é o famoso caso de não vi o filme e não gostei. (argh! Humor negro... desculpem!)
Vez por outra aparece uma história dessa... Aparece um cara tentando proibir o uso da música "olha a cabeleira do Zezé" por ela fazer apologia à homofobia e à estigmatização da diversidade sexual. Ou mais, um sujeito tentando proibir "atirei o pau no gato" por considerar que trata de apologia aos maus tratos aos animais... Caramba! Abomino todo preconceito, seja homofobia ou qualquer outro e, simplesmente, acho que lugar de gente que maltrata animais é em uma cadeia com um monte de bandido sodomizando o desgraçado.
Mas espera aí... eu cantei atirei o pau no gato e nunca levei isso a sério. Assim como cantei quando criança "o sapo não lava o pé" e nunca me passou pela cabeça, mesmo na mais tenra idade, discriminar os sapos devido a seus precários hábitos de higiene.
Ao invés rebater, dessa vez, vou entrar na paranóia e sugiro os seguintes processos judiciais:

Proibir:
Rapunzel.
Razão:
Apologia à manutenção de pessoa em cárcere privado, sequestro..

Proibir:
A música "o teu cabelo não nega".
Razão:
Crime de racismo.

Proibir:
Os três porquinhos
Razão:
Apologia à tentativa de homicídio e/ou lesão corporal
Apologia aos maus tratos de animais.

Proibir:
Cinderela/Branca de Neve
Razão:
Apologia ao comércio de produto de "hortifruti" contaminado.
Apologia ao serviço escravo (tanto da parte dos anões quanto da madrasta). Em se tratando da madrasta, acrescentemos o cárcere privado

Proibir:
Música de "Parabéns" (parte do com quem será)
Razão:
A repetição do "com quem será" e do "vai depender" representa um tipo de coação/constrangimento ilegal que, muitas vezes, atenta contra a manifestação do livre arbítrio dos citados na musiquinha. Substitua-se doravante aquela parte por "lá, lá, lá..."

Cabe numa ação coletiva determinar por liminar judicial que a Xuxa pare de se referir às crianças como baixinhos e adote a denominação "seres humanos/cidadãos em processo incipiente de formação". Sendo assim, torna-se mister a retirada de todos os DVS "Xuxa só para baixinhos" até a susbtituição dos títulos por "Xuxa só para seres humanos/cidadãos em processo incipiente de formação"

E sabe o que é pior ? Tem gente que vai levar isso a sério...

Em tempo:
Viu por que eu modero comentários... Tenho paciência, mas não muita.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Terceirizando a existência

Pedro Pedreiro Penseiro esperava o trem, esperava a sorte, esperava a morte, esperava o dia de voltar para o Norte. O bem que lhe tocava era obra de Deus, já o mal, obra do diabo. Se perdia um trabalho era coisa feita, se recebia um dinheiro, eram as preces atendidas. Mas se os pedidos não eram atendidos, é porque não era a hora e tudo estava certo, porém em linhas tortas. E seguia os dias com a terceirização definitiva de seu destino.
Morreu numa quarta-feira de cinzas de um ano qualquer.
Sobre a sua lápide, poucas palavras resumiam uma existência.

Aqui jaz Pedro, 70 anos de vida sem nem um comprimido de Lexotan.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Programas culturais de ameríndios (sendo politicamente correto)...

As maiores furadas culturais que conheço são sarau de poesia e show de dança moderna. O primeiro é o reduto de um monte de cara que está lá para ler seus trabalhos e que, diga-se de passagem, você não leria nunca se alguém não tivesse lido ali para você (confuso, né? Você não viu nada...) Os tímidos lêem com ar de dor e consternação, mas os performático não. Estes gritam e interpretam aquilo que escreveram e que você, que está ali só para prestigiar um amigo seu que tem essas idéias erradas, tem que agüentar. Mas aí você respira e pensa que Crise renal é bem pior...

A dança moderna performática começa. Ah sim... a música é performática também. O visual é escuro (ou claro demais) e as pessoas entram com cara de assustadas. Segundos depois, rolam no chão e se arrastam... (??) Depois se abraçam simbolizando o universo e você só descobre isso muito depois quando lê no jornal. A música persiste... basicamente percussão ou sons digitais. E olhe lá...
Comprei uma máquina de lavar DAKO que, quando tem pouca roupa para lavar, faz um solo de percussão de dar inveja a muita gente do meio.
E você ali... ainda pagou para ver.
Mas o pior é o final, pois sempre chega alguém e te pergunta?
- E aí gostou?

Bom, você pode responder o que pensa e passar por uma besta insensível e até grosseiro ou respirar e dizer:
- Diferente, né?! Bom...

E pensar depois:
Bom... seria se eu tivesse ficado em casa.

Em tempo:
Acho que era um direto constitucional apedrejar o ator que no final da peça vem agradecer e diz: "Se gostou, indique aos amigos, se não gostou, aos inimigos." E sempre tem um desgraçado que ri disso..
***
Acho a expressão programa de índio uma sacanagem com os índios... catamos suas terras, suas riquezas, destruímos sua fauna e flora e ainda saímos dizendo que os caras freqüentam sarau de poesia e show de dança moderna.. Isso não.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Tempos e palavras mudam... amanhã tem mais saco. E novinho também...

Sou de um tempo em que ser lesado ou doente era algo digno de preocupação e não apelido elogioso. Tempo em que cachorras, ou eram fêmeas de cães, ou prostitutas. Lá, se foi a época em que sinistro era algo sombrio e chegava a assustar... e Velho era uma referência pop ao pai (Meu velho é gente fina!) Hoje, “véios” tem 14 anos e, muitas vezes, são também “malucos”

- Véi, maluco... Sinistro!

Sou de uma época que “um velho maluco sinistro” era uma figura sombria que tinha problemas com álcool, carregava um saco nas costas e nossas mães nos avisavam que se não fossemos obedientes, ele nos cataria para fazer sabão.
Ah sim,... e do tempo que Caracas era só a capital da Venezuela ou sujeira acumulada sobre a pele....

“Caracas, maluco”, então... Não fazia o menor sentido.
...
Se bem que Caracas e maluco, hoje, fazem tão mais sentido...

Benditas palavras que mudam sempre.

sábado, 4 de outubro de 2008

Palestra e slides de powerpoints... a arte de sobreviver.

Conheço os dois lados da moeda. Como palestrante e como ouvinte e sendo assim fico à vontade para falar sobre isso. Palestrante que fala demais é dono dos 45 primeiros minutos, os outros pertencem às paredes. Palestrante que lê papel para o seu público ouvinte merece a forca ou a cadeira elétrica (sou tímido, dizem alguns. Então vai procurar outro ofício. Vai ser freira enclausurada). Palestrante que coloca Power point com efeitos de tiros e freadas de carro merece uma surra de bambu verde. Palestrante que encerra sua palestra com imagens daqueles powerpoints e uma mensagem de paz e amor e um texto supostamente do Chaplin. sobre a vida... esse eu nem vou falar nada. Merece tratamento psiquiátrico e isolamento do convívio social enquanto não estiver curado.

Como ouvinte o bicho pega, mas aí vão algumas dicas de ouro:

1. Chegue, veja e seja visto (principalmente se conta presença na faculdade);
2. Assine a lista de presença;
3. Sente perto da porta (se conseguir lugar por ali, é claro);
4. Mantenha o celular no bolso, ele pode te tirar dali a qualquer hora;
5. Se sair uma vez, não se faça de besta, não volte.

A técnica do celular é quase um exercício teatral, mas altamente eficaz. A palestra está chata, você está bocejando, já está de saco cheio, a bunda queima de ficar sentado e o cara continua lendo papel dele.

faça cara de surpresa, arregale os olhos e ponha a mão no bolso com o celular;
retire-o e abra com uma discrição de polidez, mas de modo que seja notado pelos que o circundam;
Nesse momento é o grande pulo do gato. Faça um ar de preocupação, franza as sobrancelhas e movimente a cabeça com se estivesse num sinal de ok, ok.. sai com passos rápidos e com ar de preocupação por estar perdendo aquele momento único de saber e reflexão da palestra...
se o palestrante é seu amigo, procure-o depois peça desculpas e enuncie um problema de ordem pessoal... sem entrar em detalhes

Uma vez fora da sala, saia de perto dali o mais rápido possível. Calcule um tempo de palestra e retorne quando já acabou. Encontre algum conhecido e pergunte: e aí, como foi? Pô tive que resolver um problema rapaz, nem te conto.
(e não conte mesmo)


sexta-feira, 3 de outubro de 2008

A culpa não foi minha, nem te conto, rapaz, fico até sem graça contigo... Amanhã é o grande dia... Saco de sábado! Sem desculpas prontas...

O trabalho não foi feito porque os caras não fizeram a parte deles. Aí fica difícil. Além disso, eu só faltei aquele dia porque aconteceu um problema (nem te conto) e perdi o prazo porque houve um contratempo daqueles. Dessa forma, fico até sem graça com você, mas você não imagina o que aconteceu. Ah, e o documento não ficou pronto porque o fulano me boicotou, o cara está de marcação comigo só porque eu sou... eu sou.. Só porque eu sou eu... é coisa de implicância mesmo. Ah, e, no final das contas, acabou atrasando tudo porque eu fiquei mal com isso. Acabei doente, e para piorar, meu cachorro tinha sido atropelado no dia anterior, minha mãe arrumou uma confusão com o vizinho por causa de uma árvore no quintal. Perdi o dia para resolver o problema (sabe como é? Ela tem pressão alta e eu nem tive cabeça pra nada no dia)

Ai não deu tempo mesmo.

Cara, fico até sem graça de falar isso com você.

[A última frase sempre funciona como uma espécie de redenção de todas as desculpas esfarrapadas acima listadas. Use-a, mas faça cara de constrangido mesmo. Para isso, treine em frente ao espelho várias vezes antes de aplicar, pois a prática leva à perfeição]

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Hay qualquier cosa, soy contra...

Dizem que pior do que ser contra ou a favor é ficar em cima do muro. Sei não. Tem muro que nos dá uma visão tão boa do que acontece lá embaixo que vale a pena não descer por mais um tempo.

O problema é que existem pessoas que, em um ato louco e desesperado de parecer inteligentes e politizadas, assumem posturas muito estranhas. Quando obrigaram o uso do cinto de segurança teve gente questionando o direito constitucional de não usar, quando restringiram o fumo às áreas externas, invocaram o direito de ir e vir (de preferência soltando fumaça). Atualmente, apertam a fiscalização sobre o consumo de álcool para quem vai dirigir e se reclama o direito (mais uma vez constitucional) de não ser submetido ao etilômetro (o famoso bafômetro).

E por aí vai, defendem o indefensável que é o direito à estupidez que compromete a vida de terceiros. Outros argumentam a favor de governos tiranos, invocam pedidos de liberdade a países dos quais só conhecem o nome, xingam o Bush... Ah... Como ele é politizado. Xingou o Bush e falou mal do Bill Gates.. gente! É um intelectual. E nem precisa ser alfabetizado para isso. Ah... com ele é politizado!

O problema é esse.... Havendo qualquer coisa, ser contra movido pela obrigação de parecer inteligente (ou movido por interesses pessoais)... maldita obrigação cuja redenção só virá quando entendermos que temos o direito “constitucional” de sermos... simplesmente... "burrinhos" e "alienados" de vez em quando... ou menos "do contra" e assim pouparmos a inteligência alheia.

Mas só de vez em quando.
Isso é daquelas coisas que se deve apreciar com moderação

Em tempo:
A foto é de um filme de 1954 chamado "papai é do contra". Olha a cara de "do contra" do papai.