quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Perguntas com respostas anexas

(FAQ de auto-ajuda que também ajuda baixos)
Que animal você gostaria de ser?
R.: Qualquer um menos aqueles que fazem perguntas como essa.

Você que é uma pessoa inteligente, sensata, ponderada, vai concordar comigo.
R.: Não concordo. Qual dos adjetivos eu perdi depois disso?

- Pai, como nascem os bebês?
R.: Cesariana ou parto normal.

Quais cogumelos são comestíveis. (vi em um site e adorei essa)
R.: Todos. Alguns só uma vez.

Duendes existem?
R.: Depende da concentração de THC

De onde viemos, para onde vamos, quem somos nós?
R.:Caraca, tá mal hein, véio. Depois bebe e acha que segura a onda.

Existe vida após a morte?
R.:Após não sei, mas antes, com certeza.


sábado, 26 de setembro de 2009

À espera de D. Sebastião ou outro salvador da pátria.

Para quem não conhece, D. Sebastião foi um rei de Portugal que desapareceu em uma batalha no norte da África. Ele marcou o fim de uma dinastia lusitana de grande prosperidade nas artes, ciências, cultura, enfim, marcou o fim das vacas gordas. De lá para cá, vários povos de língua portuguesa (entre eles nós) passaram a esperar a volta do rei que traria consigo toda prosperidade passada. No Brasil, o caso mais interessante foi o de Canudos no Nordeste, mas há pequenos vilarejos no interior do país que ouviram a história por alto e ainda aguardam o bom rei.
O fato é que estamos sempre esperando o retorno de um rei que irá nos guiar, do messias que irá nos salvar, mas não vem ninguém. Acreditamos que já veio e que vai voltar para nos salvar, sei lá, alguém, um super homem, um rei, um mártir, um santo, um mutante.. qualquer coisa poderosa. A porta se bate todos os dias e ninguém entra. Mas, ainda assim, sustentamos a crença de que há alguém que sempre poderá surgir do nada e resolver nossos problemas de uma vez só, com um gesto mágico e sobrenatural.
Na política, acreditaram em Tancredo e choraram com a sua morte (lá se foi nosso salvador), se decepcionaram com Lula (ele não nos deu igualdade social plena) e esqueceram que eles, entre tantos homens, eram só homens que talvez esperassem também que, de algum lugar, viesse um salvador, um messias, um D. Sebastião que os salvasse, que os redimisse...

P.S.: Para desanuviar a decepção, lembremo-nos, nesse final de ano, daquele que, realmente, veio para nos salvar...

O 13º.
Amém.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Cenas inusitadas I - bola da vez

Há somente dois dias na comunidade e Aderbal já conseguira sair com a mais gata dali. No baile, ele desfilava com ares de vencedor aos olhos de todos que o admiravam com ar de espanto e surpresa. Entrara e saíra de mãos dadas confirmando a todos a posse sobre a sua conquista. Ele era o máximo.
No motel, entregaram-se a horas de amor em todas as formas e posições e, vencidos, repousavam os corpos um sobre o outro e conversavam com voz mole.
- Precisava de um homem como você.
- E eu cheguei.
- forte, firme, decidido, inteligente e que me trouxesse tudo que não tive até agora.
O rapaz se sentia nas nuvens.
- Não agüentava mais o Ferida.
- Ferida?
- É meu namorado.
- Ex?
- A partir do momento que te conheci sim.
- Ele só sabia falar de trabalho... era pó para cá, fuzil para lá, granada para cá, amigos da Colômbia...
- Falava do quê?
- É .. aquele morro é a vida dele.
- Aquele o quê?
- Aquela gente que anda com ele cheia de armas.. ai que sufocante! Aí, meu celular está tocando. Já é ele sabendo que estou aqui com você... ele vai vir sim, deixa, deixa ela vir que eu vou abrir o jogo para ele... Ele vai ter que aceitar a minha escolha...
- ...
- Aderbal... cadê você?
Agarrado no telefone do quarto, Aberdal insistia que era um absurdo que o serviço de quarto não tivesse veneno a la carte.

sábado, 19 de setembro de 2009

Hipocrisia é a eterna pretensão à virtuosidade

Muitas vezes, o discurso serve para esconder o mau cheiro das nossas perversões humanas. O noticiário mostra o honorável senhor que reprimia a filha de minissaia, mas que se esfregava com meninas de 12 anos em um sítio na periferia. O “religioso” pregava a castidade, mas, em suas preces, pedia para não sucumbir outra vez a tentação dos meninos sarados que o cercavam. O político que vociferava pela sua dignidade e honra segurava a bolsa cheia de dinheiro recebido de um "amigo" que tivera seu contrato fechado com o Estado por sua interferência. Na esquina, o austero agente de segurança espancava o rapaz que fumava crack e tomava o seu relógio para não levá-lo a delegacia. E na TV, o homem de terno dizia que não tinha nada com a empresa X, mas guardava no bolso as passagens de avião e o voucher do hotel SPA em que descansaria no final de semana, por conta da empresa X.
Seguia-se assim a semana e todos respiravam o ar da dignidade, no culto, na rua, nas câmaras, nos palanques e nos púlpitos da vida. Sorvendo o ar que trazia consigo a eterna pretensão à virtuosidade.


sábado, 12 de setembro de 2009

Carros: estamos saturando o país.

Crescimento sem ordenamento é tão nocivo quanto estagnação ou depressão econômica. Veja o exemplo do trânsito. Com a ascensão do poder de compra da classe média brasileira, surgiu pela primeira vez na nossa história a iminência da realização de um sonho: o carro zero. Só que o cidadão dessa classe C já tinha um carro usado e, comprando o carro novo, passou o seu para frente. Normalmente, quem comprou não era alguém da classe média, pois estava assim como ele perto de comprar o seu carro zero. Foi, possivelmente, alguém da classe D que realizava o sonho de trocar o seu carro já velhinho por um mais novo. E esse velhinho foi para onde??? Para alguém da classe E que sonhava com o primeiro carro... ainda que velhinho. Nessa ciranda, a classe B e A continua comprando carro como sempre o fez.
Só em junho deste ano foram vendidos 289.000 carros que se somaram aos milhares que, como dizia Lavoisier, não se perderam, se transformaram. Se transformaram em carros de outras classes de poder de compra mais baixo do que a de sua origem. Se entraram 289 mil, é porque pelo menos 2/3 migrou de classe social, ou seja, aproximadamente 192 mil carros.
Basta dar um passeio pelas ruas para ver que, mesmo em cidades pequenas, se torna cada vez mais difícil dirigir. Estacionar, nem pensar. Desista. Uma vez adquirido o carro, todos nós trazemos na ponta a língua a desculpa para usá-lo: o tempo, o calor, a chuva, o frio, o transporte coletivo, enfim, vai por aí.
Saída para isso? Não sei. Eu, particularmente, estou tentando me disciplinar para andar mais a pé e assim, acredite, ganhar tempo.

domingo, 6 de setembro de 2009

Dos direitos ao direito ter direito

Toda vez que vejo uma defesa ferrenha de direito de "minoria"(?), fico pensando em algumas coisas que, longe de me afastarem da nobreza da causa, servem de ponto de partida para compartilharmos o raciocínio a seguir. Há uma enfática defesa dos direitos dos índios, das mulheres, das crianças, dos idosos, dos negros e dos direitos humanos. Incomoda-me entender índios, mulheres, negros, crianças e idosos como algo externo à categoria dos humanos. Tenho a impressão de que a defesa ampla e efetiva dos direitos humanos dispensa a defesa de direitos específicos. Até porque o direito ao respeito e à vida, à educação e à saúde não me parecem ser direitos inerentes somente a um grupo delimitado por sexo, faixa etária e etnias.
A verdade é que tenho medo da setorizaçao dos direitos, pois me dá a azeda impressão de que esse grupo tem, mas o outro, ah.. esse eu já não garanto. Tenho medo de toda essa setorização que inclui, mas que também exclui, que corrige injustiça, mas também segrega quando legitima a diferença e, em nome da igualdade, legitimamos a desigualdade como base de ação.
Lembro Hegel e sua dialética. Vale a pena ler the logic of science em seu capítulo sobre causa e efeito. Vale a pena mesmo e ajuda a entender tanta coisa.
Quero levantar bandeiras como sempre fiz, mas quero levantar bandeiras sem destinatários escritos. Quero o direito à vida para todo mundo, o direito à educação para a criança, mas também para o idoso. E por que não para quem não se encontra nessas categorias, mas precisa de uma oportunidade para crescer? Desejo que todos tenham o direito à justiça e não sofram nenhum tipo de violência, a mulher, o homem, a criança, os idosos, os adolescentes e os animais.
Quero um direito e um mundo em que todos tenham o direito real de ter direitos. Essa é minha concepção de justiça.