sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

E-mails e E-teiros

(a pedidos de todos os meus 14 fiéis leitores. Mais uma crônica)

Abri o programa de e-mails como faço todas as manhãs.
Passei a vista nos primeiros, mais um, mais outro, mais um...
Os e-mails são sempre uma surpresa previsível. Fico pensado porque que o cara do outro lado do teclado acha que eu quero aumentar meu pênis, emagrecer, fazer um empréstimo em condições maravilhosas, me comover com anjinho, doar para uma campanha de um menino que tem uma doença rara que faz com que ele cuspa sem parar e se desidrate até morte, ou mesmo uma corrente que deve ser enviada para mais 20 pessoas senão vai acontecer com você o mesmo que aconteceu com um fazendeiro da Nova Zelândia que não enviou e foi atingido por um fragmento de satélite artificial em sua costas quando tomava banho de sol ou uma dona de casa na Sibéria quebrou a corrente e teve seus braços decepados por um aparelho de barbear descontrolado enquanto usava o vaso sanitário.
E aquelas mensagens de esperança que começam com UM DIA...??
Aí vem outro slide de powerpoint..
UM HOMEM CAMINHAVA POR UMA RUA...
E lá vem outro slide com letrinhas que escorregam e, ao fundo, um pôr-do-sol...
QUANDO ENCONTROU UMA CRIANÇA...
Agora as letrinhas caem e o slide tem como fundo um cachorrinho...
E O HOMEM PERGUNTOU... POR QUE CHORAS?
Bom, esse cara não cogitou a possibilidade de o menino dizer: NÃO É DA SUA CONTA. Claro que não, o mundo de slides de powerpoint é sempre lindo e cheio de lições de vida, fotos de anjinhos e bichinhos que nos enternecem. Além das letrinhas que caem, rolam, piscam e distraem as pessoas, uma vez que aquilo não tem conteúdo nenhum.
Mas eu gosto mesmo é dos novos métodos de assalto.
O e-mail sempre começa com
Assunto: FW;FW; PASSE PARA TODOS A QUEM VOCÊ AMA, NÃO É BRINCADEIRA!!!
Esse tom de ameaça me encanta.
Logo após vem o texto: Há uma nova forma de assalto. Uma funcionária de banco em Belo Horizonte estava saindo de seu carro quando foi abordada por um outro carro que abriu a janela e dois rapazes vestidos de preto lhe pediram uma informação. Quando ela foi dar informação um dos rapazes retirou um chocolate baton do bolso e começou a falar suavemente e com voz enigmática “compre baton, compre baton...” balançando-o em movimentos compassados diante de seu rosto. Em alguns segundos, a mulher perdeu a consciência. Horas mais tarde, ela acordou inconsciente na banheira de sua casa (e olha que ela nem tinha banheira e morava em apartamento e não em casa) cheia de espuma em volta e havia um aviso escrito no espelho: capturamos seu Chiuaua para fazer sabão (e olha que ela nem tinha cachorro). Não chame a polícia. Sabemos quem você é e onde te encontrar.
Não é mentira. Esses bandidos não respeitam ninguém, roubam o que é seu mesmo que você não tenha. Passe esse e-mail para o maior número de pessoas para que elas fiquem cientes desse novo golpe na praça.
Sinceramente, não paro mais para dar informação e nem como mais baton.
Cruz credo!


LEITE, Marcelo A. Ladrão de Histórias e tantas histórias. Edições Edocta.com. Rio de janeiro, 2007


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