Outro dia eu corrigia redações do ENEM e um menino cujo título da redação era "ética, paz e direitos humanos", lá pelas tantas no seu texto, dizia que era um absurdo mantermos vivos vivendo às custas do estado um sujeito como o Fernandinho Beiramar. Onde é que estavam as autoridades que não mataram esse cara ainda (sic)...
Obviamente, ele não atentou para o fato de haver um incoerência entre seu título e suas ideias, mas me despertou para o fato de que, inconscientemente, isso é um sentimento comum. Percebo que a violência se justifica para coibir a violência. Lembro das greves que defendem os direitos dos trabalhadores restringindo e limitando (inclusive com violência) o direito de quem não quer ou não pode protestar. Os piquetes são a maior antítese dos sistemas democráticos. Quando a polícia usa violência contra os grevistas as imagens mostradas assustam, mas e quando os grevistas usam violência contra outros colegas que optam por não fazer greve, o que pensar disso?
Parece aquele discurso do vamos acabar com a violência nem que seja a porrada e vamos dar um basta nessa mentirada nem que a gente tenha que inventar qualquer história.
Somos feitos de silêncio e som... de luz e escuridão... hegelianamente humanos. Não vejo uma alternativa para lidar com isso, tento me acostumar. Tento entender menos...