quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Se você fizer o bem... bom pra você. Ponto final

 Vivemos barganhando com o mundo. Se eu fizer o bem, o mundo irá me devolver esse bem. Lamento te informar que não. O mundo lhe dará o que ele quiser. E, no fundo, até bem feito para você deixar de ser interesseiro.

Genial essa tira humorística do site http://www.willtirando.com.br/
A autoajuda surgiu como uma espécie de praga disseminando coisas desse tipo "faça o bem e receberá de volta" enquanto, na verdade, você pode ser alguém extremamente altruísta e as pessoas agirem de forma egoísta com você. Bom, é assim mesmo. Uma coisa não implica a outra.

Esse tipo de pensamento encontrou terreno fértil no nosso meio, pois já negociávamos (desde sempre) com Deuses e santos na expectativa de obter algum benefício. Eu faço jejum, Deus olha e pensa: vou ajudar aquela pessoa, poxa, ela passou dias sem comer como preceito. Vou dar uma força! Vapt, casa própria. O santo olhava e dizia, "nossa, aquela moça vem acendendo centenas de velas... Vou arrumar um marido para ela". Vapt, marido. Negociamos há séculos com entidades para obter algum benefício de alguma natureza. Foi fácil se adaptar ao papo do feedback do universo.

Agora, negociamos com o universo. Saiba uma coisa, faça as coisas porque são justas e corretas e não espere nada em troca. Isso já é a sua maior recompensa: agir corretamente. Você sempre foi um bom filho e teve uma ingratidão dos seus pais. Tudo bem... é assim mesmo. Você sempre foi um bom amigo e ainda assim foi traído pelos seus mais próximos. Parabéns! Bem-vindo ao mundo. É assim que funcionam as coisas por aqui. As pessoas são dessas... fazem dessas coisas.

Quem foi ingrato é responsável por 20% do seu sofrimento... os outros 80% estão em você que nutriu expectativas em razão de suas boas ações. Aprenda a fazer as coisas pelo mero prazer de fazer e de senso de correção. Sim.. é certo. Faça-o. Esqueça esse papo de universo te devolver. O universo, a vida, os outros não te devem nada e, no fundo, não estão nem aí para você. 

Isso não é pessimismo, mas sim, entender as coisas como elas são e não como você gostaria que elas fossem. A grande parte de nossos sofrimentos não vêm das coisas, mas das expectativas que criamos em torno de como deveriam ser.

Entender isso torna o caminho mais suave.