domingo, 30 de agosto de 2009

Lógica da Ganância

Não fica aqui uma crítica ao Criança Esperança, mas uma reflexão sobre a ganância da lógica tributária brasileira e da "lucrofilia" (Criei essa palavra agora, pois não a achei no Aurélio e precisa dela. Quer dizer amor somente aos lucros). O dinheiro é bem empregado embora não me fique claro qual a destinação exata dele. São projetos sociais. Ponto final. Mas, enfim, tem um impacto positivo nas comunidades em que chega.
O que me impressiona são as doações. Eu, cidadão comum, posso (e devo) doar de 7 a 30 reais. Posso (e, mais uma vez, devo) compartilhar com quem precisa para termos um mundo melhor. Certo? Sim. E plenamente justo.
Entretanto, por outro lado, o governo federal não pode (e não aceita de forma alguma) abrir mão de sua carga tributária com algum tipo de isenção fiscal sobre as doações. O governo estadual não permite (e nem cogita) a possibilidade de isentar de ICMS as doações e as operadoras não consideram a possibilidade de isentar o custo da ligação.
Bom, dentro dessa lógica perversa, (e pervertida na sua pior acepção possível) uma coisa que é do interesse de todos fica vinculada a gentileza do doador e amarrada na ganância do governo e do empresariado.
É fato dispensável de comprovação que eu arrecado menos do que o estado e que as operadoras de telefonia, contudo, eu sou o único que é martelado com o sentimento de culpa de que se não doar, estarei privando as criancinhas de escola com capoeira, aulas de computador, dança e apoio psicológico entre outras coisas.
Se eu me negar a abrir mão do que posso oferecer, queimarei no inferno da culpa por toda a eternidade...
Eu, o governo federal, o governo estadual e as operadoras de telefonia que, nessa altura do campeonato, já tem sua cadeira garantida por lá.

Em tempo: Acho a causa justa, mas aquela virada de shows do Criança Esperança é um pé no saco. Se prometerem parar com a aquilo, me comprometo em doar mais dinheiro no ano que vem.

sábado, 22 de agosto de 2009

Solidão SA

Outro dia, vi em uma reportagem na TV (Profissão repórter) um serviço de acompanhante. Não se tratava de um serviço de sexo delivery, mas de amigo delivery. Um profissional oferecia para vender seu tempo como companhia a pessoas que, simplesmente, quisessem alguém para sair, jantar, conversar, dançar. Enfim, alguém para poder ter como amigo e companhia.
O que me chamou a atenção nisso tudo foi a dimensão do que se tornou a vida de algumas pessoas. Há uma impessoalização da existência que chegamos a ponto de contratar um amigo temporário em face do castelo de solidão que se formou em torno de nós. Os amigos de infância seguem seus caminhos, os filhos crescem e vão embora, os companheiros se afastam voluntariamente ou morrem e quando nos damos conta, eis a solidão que propicia um mercado de amigos de aluguel.
Não há espaço para se avaliar ou recriminar o que é isso, mas cabe uma reflexão de o que fizemos com nossa vida e, principalmente, em cidades grandes, como isso é tão comum, essa solidão SA. Cabe pensar até que ponto nos afastamos para nos proteger e nos isolamos do afeto do outro.
Moro em uma cidade pequena (75 mil habitantes) e ainda temos o costume de ir à casa de amigos a pé, de conversar nas calçadas, de ver o pessoal da terceira idade se aglomerando nas portas dos clubes para bailes. Ainda caminhamos nas ruas com os rótulos de filho do fulano, neto de sicrano... Essa sensação de identificação, parodiando Drummond, mesmo depois que a luz apagou, a festa acabou, acalmam os ânimos de qualquer José.
Dão uma identidade no meio da multidão e dispensam os amigos de aluguel.
Pelo menos por enquanto...

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Gripe suína - quase uma histeria coletiva

Fiquei preocupado com a Gripe Suína no dia em que vi, no MacDonald do aeroporto de Guarulhos, uma mulher comendo com máscara. Entre uma mordida e outra, puxava a máscara para o lado, mastigava o seu Big Mac e bebia o seu refrigerante. Ao lado dela, o marido e uma moça, possivelmente a filha, faziam o mesmo.
A Gripe, eu não sei se eles pegariam, mas tenho certeza de que, se alguém espirrasse perto deles, eles teriam um infarto ou, na melhor das hipóteses, sairiam correndo em disparada num ato de desespero supremo para o vírus nâo alcançá-los.
Nesse Tsunami de informação, já soube de gente que anda com um Kit Gripe na bolsa que inclui garrafinha de álcool, saquinho de cânfora e imagem de santinho protetor dos gripados. A questão é que já nos encontramos no tênue limite entre a prevenção entre histeria coletiva.
Não discordo de que a gripe deva ser assunto de um bloco inteiro no Jornal da Globo, mas me pergunto até que ponto a informação está sendo veiculada para esclarecer ou para dar IBOPE. É necessário prevenir pela informação, mas o excesso de informação conduz a um fenômeno interessante, a desinformação. Isso sem falar que há uma legião de pessoas com tendências obsessivas e compulsivas que vivem uma espécie de êxtase do "eu não disse".
Ainda se morre mais, no Brasil, de tuberculose e de gripe comum, só que ficou fora de moda pegar essas doença. Chique agora é a suína e virar estatística no JN.
Enquanto isso, em um boteco perto de você.

- Há 25 mortes confirmadas no estado do Rio. Fala o narrador na TV.
- Eu conheci um deles. Diz o rapaz do bar.
- E como é que ele era? Pergunta o cliente.
- Cara, super simples. Não tinha nada de metido, jogava bola com a gente..
- Putz! Eu não. Nunca conheci ninguém famoso. Se bem que tinha um rapaz tossindo lá perto de casa ontem.. Não sei se era suína, mas o cara estava mal... Se ele morrer vai ser o primeiro número de estatística famoso que conheço.

Enquanto isso, o meu colega de trabalho hipocondríaco colou um adesivo no carro: Gripe suína - Viu? Eu não disse?



sábado, 8 de agosto de 2009

Medos modernos - estatísticas

Há uma propaganda do BOSTON MEDICAL GROUP que passa durante o Jornal Bom dia Brasil repetidamente e diz o seguinte:

"1/3 dos homens possui problemas de ejaculação precoce e 52% dos homens acima de 40 anos apresentam problemas de ereção."

Ou seja, Depois dos 40 anos, em cada grupo de 100 homens, 33 tem problemas de ejaculação precoce (os apressadinhos) e 52 têm problemas para ter uma ereção (os que, de certa forma, tem uma pontinha de inveja dos apressadinhos), ao todo, 85 homens com problemas sexuais... Sobram 15 homens que funcionam normalmente....
Eu tenho 38 anos...
Faltam dois anos.... no paraíso da normalidade.

Meu Deus... estou começando a ficar apavorado.

P.S1.: Não computo os dois problemas ao mesmo indivíduo pela óbvia impossibilidade dos fatos.
P.S2.: Uma boa definição de azarado é a do cara que sai da lista dos impotentes e cai na lista dos apressadinhos.... Ou vice-versa.
P.S3.: 1/3 é 33,3333, ou seja ainda tem um camarada nesses números que apresenta um percentual do problema. Tá quase lá... e jura que isso nunca aconteceu com ele antes.


Por fim...o que me assusta não são os problemas, são as estatísticas.


domingo, 2 de agosto de 2009

Viagens pelo mundo II - Alihbabanopano (índia)

Pequena província localizada próxima aos estados do Rajistão, ao sul; Rajinaoestão, ao norte; ao leste, o Rajinuncaveiaquinão e Bahuanestão, ao oeste. (por favor, assista à novela Caminho das Indias para decodificar a piadinha infame). Fiéis aos seus costumes, arremessam as sogras no poço em cerimônias festivas e dançam dentro de casa o dia inteiro e do lado de fora também. Sua população formada por membros da religião Sick que apresentam como caraterísticas uma saúde abalada e representam grandes gastos para o governo em saúde; há também os Sacs, que atuam predominantemente em serviços de telemarketings; em sua minoria existem também os Socks, reconhecidos facilmente pelas meias curtas e, por fim os Sucks, mas esses são muito malas. (Trocadilhos em Inglês.. Globalizei o besteirol.)
Conforme suas crenças usam as águas do rio Mijahs para tudo, tratamento dentário, dor na coluna, impotência, azia, depressão, perda de apetite e espinhela caída... ou seja, ao turista recomenda-se não passar mal por lá.

Próxima parada: Nun-rallah (Oriente médio)