sábado, 19 de setembro de 2009

Hipocrisia é a eterna pretensão à virtuosidade

Muitas vezes, o discurso serve para esconder o mau cheiro das nossas perversões humanas. O noticiário mostra o honorável senhor que reprimia a filha de minissaia, mas que se esfregava com meninas de 12 anos em um sítio na periferia. O “religioso” pregava a castidade, mas, em suas preces, pedia para não sucumbir outra vez a tentação dos meninos sarados que o cercavam. O político que vociferava pela sua dignidade e honra segurava a bolsa cheia de dinheiro recebido de um "amigo" que tivera seu contrato fechado com o Estado por sua interferência. Na esquina, o austero agente de segurança espancava o rapaz que fumava crack e tomava o seu relógio para não levá-lo a delegacia. E na TV, o homem de terno dizia que não tinha nada com a empresa X, mas guardava no bolso as passagens de avião e o voucher do hotel SPA em que descansaria no final de semana, por conta da empresa X.
Seguia-se assim a semana e todos respiravam o ar da dignidade, no culto, na rua, nas câmaras, nos palanques e nos púlpitos da vida. Sorvendo o ar que trazia consigo a eterna pretensão à virtuosidade.