sexta-feira, 27 de abril de 2012

A origem - episódio II - A ganância


"Quem ama o dinheiro jamais dele se farta; e quem ama a abundância nunca se farta da renda; também isto é vaidade." Eclesiaste 5:10

Querer mais e mais é uma manifestação natural de insegurança de quem acha que, no momento seguinte, vai faltar. Mesmo que conscientemente  se saiba que não vai  faltar, a pessoa carrega o fantasma de pensar: mas e  se faltar?
A partir daí, segue um processo de moldagem do indivíduo e suas necessidades ao tamanho do consegue. Se consegue 10 mil, suas necessidades moldam-se nesses 10 mil e trabalha para conseguir mais. Porém, esse "mais" não se caracateriza como excedente, pois quando é adquirido, já encontra as necessidades do tamanho dele. O grande mal disso é a confusão que se faz com a ambição. Muitas vezes, o ganancioso é vistoso com alguém ambicioso e pró-ativo. É um interessante processo de conversão de mazela em qualidade.
De certa forma, o ganancioso tem uma certa razão quando acha que nunca é o suficiente, pois o suficiente dele se molda (para mais) na medida em que ganha mais. A pessoa que sofre esse mal não tem dimensão do dano que causa a si mesma, uma vez que a força a rodar sempre em velocidade mais acelerada para conseguir o que nunca vai satisfazê-la: poder, dinheiro, influência. Por mais que tenha, nunca será o suficiente. O ganacioso é mais ou menos como o cachorro que corre atrás do próprio rabo, só difere disso por seus meios, pois considera que para fazer valer os seus interesses vale tudo, inclusive capturar a cauda dos outros. Não há limites morais para ele.
O fato é que, muitas vezes, sua angústia em ter o que não precisa é tanta que ele não percebe nem o que tem.