Passamos a semana discutindo o comprimento do vestido da moça da UNIBAN. É curto, é justo dar uma vaia, uma expulsão, uma revogação. Enfim, uma falta do que falar em um país com tanta coisa para se falar. Foi uma leva de gente pegando carona na lacuna sensacionalista de assuntos da mídia que quase se apagou a historia dos deputados gazeteiros, do caso do MEC fazendo propaganda para o governo Lula no ENADE e dos 20 anos da queda do muro de Berlim. Tudo isso por conta do vestidinho justo da moça da UNIBAN.
Pessoalmente, tenho muito medo dos discursos que se ancoram em chavões como “pela família”, “pela moral e os bons costumes”, “pela decência”. Essas palavras só mostraram, em sua história, que serviram para esconder o desrespeito à família, a imoralidade, os maus costumes e a indecência generalizada. Tudo isso sob a tênue e mal cheirosa capa da hipocrisia. Acredito que aqueles políticos do interior de São Paulo ou aqueles lá do Pará (hoje esquecidos da mídia) envolvidos com pedofilia fossem capazes de fazer um discurso acalorado pela moral e os bons costumes antes que suas máscaras caíssem. Talvez se juntassem no coro das vaias à moça da UNIBAN.
Mas os alunos da faculdade não deixaram a coisa passar em branco e fizeram justiça apedrejando a moça com vaias e agressões verbais bem ao estilo islâmico medieval de punição. Foram justos, assim como Deus é justo...
Mas o vestidinho da moça da UNIBAN era mais justo ainda.
P.S.: O muro de Berlim caiu, mas o muro da moça da UNIBAN continua lá erguido firme e forte no pátio da faculdade.