quinta-feira, 31 de março de 2011

O mundo todo evolui, menos máquinas de fliperama

Estive com meu filho de 3 anos outro dia em um fliperama de shopping, coisa que já havia um bom tempo eu não fazia. Ele ficou encantando com as máquinas de carrinho, sentou, mexeu no volante, passou marcha, mas não conseguia alcançar os pedais. Ainda assim, divertiu-se bem ao seu modo. Com ele distraído, tive a oportunidade de prestar atenção que praticamente todas elas eram daquela marca Konami ou Sega e datavam de 1994, 1995.. A mais atual era de 1999. Aos poucos notei que os gráficos eram barbaramente toscos com os pixels a vista, som de baixa qualidade, tudo em uma tela de 29 polegadas das TVs antigas. E tinha uma galera na fila para pagar 2,50 para jogar uns 3 minutos naquilo. Fiquei  pensando o que leva essa galerinha da geração PSP3 brincar com aquele game jurássico. Talvez a mesma coisa que leve a pessoas da geração mídia digital a comprar discos de vinil, Saudosismo. 
No caso do meu garotinho, é o desconhecimento de que há um mundo mais interessante do que aquele monte de pixels tosco numa tela velha de TV...

P.S.: Mas sabe que deu saudade do meu Atari...


quarta-feira, 30 de março de 2011

O homem do amendoin e as oportunidades

Outro dia, eu me encaminhava para o meu médico em Volta Redonda, mas como tinha ainda uns 20 minutos para dar a hora da consulta. Logo, eu resolvi passar em uma lanchonete para comer um salgado ou algo assim. Comi meu salgado e, quando me dirigia ao caixa para pagar, senti alguém que tocava em meu braço e falava algo enrolado. Virei-me para ele e percebei que era um rapaz de seus 20 e poucos anos mais ou menos. Aparentemente, ele sofrera um tipo de paralisia cerebral que o deformara bem. Sua aparência era feia e sua voz confusa. Tocava com um saquinho de amendoin em meu braço e pedia para que comprasse um para ajudá-lo. Recebi o troco e dele retirei 50 centavos para o rapaz. Afastei-me. Olhei para trás e o vi tocar em outras pessoas pedindo o mesmo. Trajava roupas rotas e um pouco sujas. 
Abri o saco de amendoin e cada vez que comia um, pensava sobre o que a vida havia dado àquele homem. Um saquinho de amendoin que, possivelmente, ele comprava por 20 centavos e vendia por  50 para ganhar 30 centavos por saquinho. Cada amendoin me dava a dimensão do que a vida havia dado a ele. Um saquinho de amendoin e um mal que só a morte aplacaria.
Contei essa história a uma aluna de Medicina que se dizia desestimulada a estudar e queria trancar. A aluna, uma mulher de seus 30 anos, muito bonita, com excelente situação financeira, saudável, inteligente...
Ao final da história, ela chorou... ela entendeu que a vida não havia lhe dado somente um saquinho de amendoin.
O homem do saquinho de amendoin tinha cumprido sua missão e, agora, devia estar tocando outro braço oferecendo amendoin sem saber que havia tocado um coração há quilômetros de distância. 

sábado, 26 de março de 2011

Dados estatísticos e outras balelas

Recentemente, li uma pesquisa que apresentava dados que apontavam que as mulheres ainda recebem 13% a menos que os homens. Acho essas pesquisa mal intencionadas e tendenciosas. Mostram os dados, mas para qualquer pesquisador sério, ficam abertas uma série de perguntas. Onde foi feita? Com quem foi feita? Qual o grau de instrução dos pesquisados? Quanto tempo tinham no exercício da função? Se foi numa mesma cidade como São Paulo, em que região foi feita? Houve contraste de regiões ou só se focou em uma? Essas e mais uma dezena de perguntas sobre as quais nunca se fala continuam em aberto. Vamos comparar, então, mulheres e homens com a mesma idade, com o mesmo tempo de trabalho, com a mesma formação, em empresas equivalentes (ou na mesma), em uma mesma região de uma cidade. Se aparecerem dados que apresentam essa distorção, dou o braço a torcer de que talvez exista alguma seriedade nesses levantamentos de dados.
No mais, vejo um discurso que interessa a uma doutrina sexista cada vez mais ingênua que considera que conquista feminina é chamar a líder eleita do país de presidenta porque ela é mulher. Tenha paciência.

P.S.: Até hoje, não apareceram os contracheques e os currículos dos seus donos que comprovem essas pesquisa. Mistério... Basear-se em dados superficiais de informações oferecidas por amostragem, nesse caso, é bem desonesto.
A quem interessa a eterna manutenção da guerra dos sexos?

quarta-feira, 23 de março de 2011

A plateia e a química dos relacionamentos

O ser humano é igual a um elemento químico. Sozinho, muitas vezes, tem pouca ação, mas quando se combina com outros, reage imediatamente (às vezes de maneira muito negativa). Lidar com uma pessoa diretamente, sem outras pessoas em volta, é uma coisa, fazer o mesmo com essa pessoa em meio a outras é uma experiência completamente diferente. Muita gente sente que a plateia é a pressão social que ele sofre para que tome atitudes condizentes com o que ele acha que representa, o fato é que se esquece de que liderança não decorre de um cargo atribuído, mas de um conjunto de atitudes que inspiram o respeito de seguir alguém. Mas o fascínio da plateia é sempre maior, constitui um alimento da vaidade humana e, como um dragão, precisa ser alimentado. Occasio facit furem, diziam os romanos, a ocasião faz o ladrão. E aquele que não o é, vê se contemplado pela ocasião de se expandir. Eis o espetáculo da mesquinhez e da vaidade humana que enche as salas e alimenta os egos.
Diante disso, cabe o mais tumular do silêncio e a piedade aos pobres "de espírito" que se nutrem do mais patético dos alimentos: a crença de onipotência eterna.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Calça saruel é a desistência definitiva de ter bunda.

Tem mulher que coloca enchimento, implanta silicone, usa salto para empinar, veste calça apertada... tudo para mostrar um bumbum que deixa os homens sonhando acordado. Nos últimos tempos, o movimento feminino se rebelou e adotaram a tal de calça saruel. Isso é um grito de liberdade, como se dissesse, não tenho, não quero e não mostro... Como se alguém realmente quisesse ver aquilo que está escondido debaixo daqueles trapos molengos que se assemelham a uma roupa feita fora de medida. 
Se as calças justas iludem com embalagem o que se guarda no conteúdo, as calças saruel trazem aquela frase que Dante encontrou na porta do inferno: "Deixai toda esperança vós que entrais..."

P.S.: A origem da calça saruel é africana... acreditem na ironia.. logo, africana, o reduto dos bumbuns da espécie humana... Ah.. outra coisa, a mulher da foto não dá para saber se está de frente ou de costas... Só descobrimos isso pela posição dos pés..



sábado, 19 de março de 2011

O suspeito de... Suspeito????

O mais engraçado na imprensa hoje em dia são algumas expressões que os jornalistas usam e nem param para pensar como é ridículo se referir àquilo daquele modo. Eu ouvia rádio outro dia e um repórter relatava uma ação da polícia em um morro do Rio. Lá pelas tantas, ele relatou que, entre as mortes de envolvidos com o tráfico que reagiram a ação da PM, foi preso um homem branco de aproximadamente 25 anos portando um fuzil, um revólver, dois quilos de cocaína e várias trouxinhas de maconha. Ele era suspeito de envolvimento com o tráfico.... Suspeito?? Um homem que carrega com ele fuzil, revólver, cocaína à beça e maconha ainda pode ser considerado “suspeito” de envolvimento como tráfico? Sinceramente, se todos esses fatos (inconstestáveis) não podem ser elemento suficientes para caracterizar o envolvimento com o crime, é necessário mais o quê? Talvez uma camisa escrita “Comando vermelho” no meio de um coração desenhado a furo de bala o torne.. não sei, não.. mas um pouco mais suspeito. Mas não nos precipitemos... pode ser só uma leve suspeita.

P.S.: Até porque é tão comum pessoas portarem fuzis, revólveres, cocaína e maconha que qualquer julgamento seria de uma precipitação inconsequente.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Generosidade como exercício de vida: o bumerangue

Meu filho mudou recentemente de uma escola privada para uma escola pública de excelência em minha cidade. Tudo por insistência de minha esposa que temia não encontrar vagas lá para ele mais à frente. Decidimos, então, transferi-lo da escola, aliás, muito boa, em que ele estava para essa outra. Todos os procedimentos seguiram bem, mas na hora de contribuir com a Caixa Escolar, uma de caixinha da escola para pequenas despesas, fiquei hesitante. Procurei saber quanto era a média e me informaram que não havia máximo, mas um dos valores sugeridos era 2, 5 ou 10 reais por mês.
Acostumado com escola privada em que cada vez que eu abria o talão ficava um cheque de mais de 250 reais por mês, fiquei até meio envergonhado com as quantias. Disse, sem titubear, que contribuiria com 10 reais, o máximo das três opções, paguei o ano todo e enquanto esperava um recibo ou algo assim, vi os nomes de outras crianças e das contribuições de seus pais. Fiquei surpreso ao ver que havia muita gente com o mesmo padrão de vida ou até maior do que o meu que contribuíam com 2 ou 5 reais e, mesmo assim, pagando mês a mês... Acho que eles não entenderam o intuito da coisa.
Eu não estou contribuindo para ajudar o meu filho, que aliás não precisa daquilo, mas para ajudar aqueles que estudam com o meu filho e talvez venham a precisar. Algumas pessoas não entendem que dar é a melhor maneira de receber de volta, que generosidade é um bumerangue. A gente joga, ela dá uma volta e vem para a gente de novo.
Saí dali, me sentindo uma pessoa mais leve. Espero que, um dia, o meu filho tenha as mesmas sensações que tive nesse dia.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Tsunami no Brasil: cada um tem o desastre natural que lhe reservam

Até agora a estimativa de mortes no Japão é de mais de 3000 pessoas entre vítimas do tsunami e do terremoto em si. Digamos que a contagem final chegue a umas 10 ou 20 mil pessoas numa perspectiva pessimista. Nada se compara ao desastre das centenas de milhares de pessoas que morrem todos os anos no Brasil porque não recebem tratamento médico adequado, em acidentes de trânsito por falta de leis que sejam cumpridas como devem ser ou em tantas situações que refletem que criamos uma classe política que se preocupa, primeiramente, em enriquecer e fazer o mesmo aos seus e depois em criar estratégias para se perpetuar no poder.
Diriam que somos culpados e temos os políticos que merecemos, pois nós os elegemos. Nós quem? Com certeza, se está falando da legião de miseráveis que sobrevive aos trancos e barrancos com as bolsas governamentais que objetivam a manutenção da miséria útil, aquele que mantém o coma, mas não deixa doente morrer.
Seria interessante saber uma estatística das mortes diretas e indiretas que nossos políticos assinam embaixo quando só defendem leis que atendem aos seus interesses e ignoram a missão de representar o povo que os elegeu.
A ideia é exatamente essa, cada um tem o tsunami que lhe cabe. No Brasil, um desastre, mas nada natural.

sábado, 12 de março de 2011

O segundo melhor ator coadjuvante da própria vida

Ariovaldo sempre fez figuração na própria vida. Foi amigo do garoto que ficou rico, foi colega daquele que virou jogador famoso, sentou ao lado do homem que apareceu na TV. Faz faculdade que escolheram para ele e conseguiu o primeiro emprego porque seu pai ajeitou  no escritório de um amigo. Casou com uma mulher que já tinha filhos feitos por outro e não animou de fazer os seus. Torcia para um time que sempre comemorava o vice campeonato todo ano. Na única oportunidade que teve de disputar uma corrida chegou em segundo, mas o terceiro era um manco que serviu como exemplo de superação e apagou sua façanha. Na loteria acertou quase todos os números quase sempre e quando acertou dividiu o prêmio com mais um milhão e meio de acertadores. Ganhou 20 reais de prêmio, apostou de novo, e perdeu os 20 reais. Um dia, atravessando a rua em que passava um carro de bombeiro para apagar um incêndio imenso, distraiu-se e foi atropelado. Não pelo caminhão, mas por uma bicicleta que seguia na contramão. Bateu a cabeça e morreu. 
No céu, foi recebido por São Pedro com a chave que foi entregue ao homem que vinha logo atrás dele e a ele, o título de segundo melhor ator coadjuvante na própria vida.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Todo altruísta ao extremo acaba se tornando um egoísta.

Conheci algumas pessoas na minha vida que eram tão altruístas que chegavam a ser egoístas. Pessoas que colocavam tão acima o ideal coletivo que sacrificaram a sua vida pessoal, a vida de sua família e mesmo o seu trabalho. Isso porque um dia assumiram para si a missão de salvar o mundo e esqueceram que o mundo começa a ser salvo quando conseguimos resguardar o nosso mundo. Não se trata de egoísmos, trata-se de equilíbrio nas forças, pois mesmo o altruísmo em excesso nos faz egoístas e acabamos descuidando de filhos, amigos, esposa e tantas outras pessoas que não optaram por assumir nossos ideais, mas que precisam de nossa atenção tanto quanto os outros.
Muitos colegas que conheci no meio acadêmico alegavam dedicar suas vidas à pesquisa, ao conhecimento, ao ensino e acabavam deixando de completamente lado a família, os amigos, mulher e filhos. Altruísmo? Não. Egoísmo, pois quando se faz uma escolha dessa natureza só se pensa em si mesmo e esquece que nossas decisões são norteadas por variáveis que não mais nos pertencem. E onde fica a liberdade? 
Certa vez, li que liberdade é uma mentira, pois liberdade é o direito de escolher em que prisão queremos viver. Podemos escolher, o que não podemos é fazer com que nossas escolhas se tornem a prisão compulsória de outros que dependem de nós.

sábado, 5 de março de 2011

O inusitado do inusitado, colocando toda uma geração a perder

Minha profissão me traz coisas interessantes e quando acho que já vi de tudo, sempre tem um pouco mais para se ver. Quando acho que esgotou o repertório de coisas esdrúxulas, eis que vem sempre mais uma. Sou professor e diretor em uma instituição de ensino superior. Lido com alunos de diversos níveis sociais e origens e o que mais me chama a atenção é como estamos educando uma classe média alta que chega aos cursos para aqueles de maior poder aquisitivo.
Encaram jogar tinta e intoxicar um colega que vai parar no hospital como normal, uma brincadeira. Veem como uma farra saudável (sic) passar fezes e urina com água de esgoto na cara dos calouros, pois é assim mesmo que se faz com quem entra. Acham bacana ameaçar alunos novos de agressão exigindo dinheiro... Acham a barbárie normal e parte da sociedade. Roubar e extorquir é parte da tradição.
Entender isso demanda entender a origem desses alunos. Não é raro o caso de pais que vem aos diretores pedir o que se pode fazer pelo seu filho que ficou reprovado porque apesar de só estudar e ter dinheiro dos pais à vontade, além de, normalmente, um carro novo, não consegue fazer com o mínimo de decência e dignidade a única tarefa que lhe compete na vida, naquele momemnto, e ficam reprovados ou em dependência. Entendo isso como algo ligado a duas razões: falta de caráter, pois não dá valor a oportunidade que tem ou burrice mesmo. Qualquer uma das duas o deveria excluir do lugar que ocupa.
Já vi situações de pais que foram atrás de policiais para oferecer dinheiro para não autuar os filhos por algum crime num insensato ato de demonstração de que a lei é para o pobres, a eles, filhos do dinheiro, tudo pode. Essa é a elite de nosso pais, os futuros médicos, dentistas, veterinários.... Lamentavelmente, assisto a essa nau de insensatos impotente, com a depressão dos que veem as coisas rumarem para o pior dos caminhos.

quarta-feira, 2 de março de 2011

O mais legal do carnaval é que quem viu um, viu todos

Se a gente pegar um vídeo do carnaval da Bahia, do Rio e de qualquer lugar de há dez anos atrás passa por uma festa desse ano ou de qualquer ano. As reportagens no jornal Hoje de como curar ressaca com opinião de médicos e nutricionistas são as mesmas. Só mudam as caras... As notícias do carnaval de Pernambuco com gente balançando sombrinhas e bonecos gigantes cujas histórias são repetidas todo ano outro vez, de novo.
O carnaval de São Paulo se contentando em ser uma espécie de série B em relação ao Rio e as TVs mais underground (tipo Rede TV) transmitindo aqueles bailes esquisitos com gente famosa e gente que quer ser famosa pegando algum famoso.
E os comentários técnicos dos desfiles de escolas de samba no Rio feitos direto do sambódromo? O que é aquilo gente? Passar a noite toda descrevendo desfile de escola de samba é um castigo que só não é pior do que passar a noite toda ouvindo alguém descrever escola de samba.
No fim, o balanço do feriadão com o número de mortos nas estradas federais e estaduais... Enfim, começa o ano e voltamos a nossa programação normal.
Sou eu que envelheci ou esse troço é um saco mesmo?

P.S.: É impressão minha ou esse cara da foto está pegando o maior travesti pensando que é mulher?