quarta-feira, 30 de março de 2011

O homem do amendoin e as oportunidades

Outro dia, eu me encaminhava para o meu médico em Volta Redonda, mas como tinha ainda uns 20 minutos para dar a hora da consulta. Logo, eu resolvi passar em uma lanchonete para comer um salgado ou algo assim. Comi meu salgado e, quando me dirigia ao caixa para pagar, senti alguém que tocava em meu braço e falava algo enrolado. Virei-me para ele e percebei que era um rapaz de seus 20 e poucos anos mais ou menos. Aparentemente, ele sofrera um tipo de paralisia cerebral que o deformara bem. Sua aparência era feia e sua voz confusa. Tocava com um saquinho de amendoin em meu braço e pedia para que comprasse um para ajudá-lo. Recebi o troco e dele retirei 50 centavos para o rapaz. Afastei-me. Olhei para trás e o vi tocar em outras pessoas pedindo o mesmo. Trajava roupas rotas e um pouco sujas. 
Abri o saco de amendoin e cada vez que comia um, pensava sobre o que a vida havia dado àquele homem. Um saquinho de amendoin que, possivelmente, ele comprava por 20 centavos e vendia por  50 para ganhar 30 centavos por saquinho. Cada amendoin me dava a dimensão do que a vida havia dado a ele. Um saquinho de amendoin e um mal que só a morte aplacaria.
Contei essa história a uma aluna de Medicina que se dizia desestimulada a estudar e queria trancar. A aluna, uma mulher de seus 30 anos, muito bonita, com excelente situação financeira, saudável, inteligente...
Ao final da história, ela chorou... ela entendeu que a vida não havia lhe dado somente um saquinho de amendoin.
O homem do saquinho de amendoin tinha cumprido sua missão e, agora, devia estar tocando outro braço oferecendo amendoin sem saber que havia tocado um coração há quilômetros de distância. 

6 comentários:

Eduardo Montanari disse...

Acho que essas coisas que acontecem uma vez ou outra, mas que deveriam acontecer sempre, são as vezes raras em que é revelada a verdadeira essência de como o ser humano deveria sentir as coisas. Com a correria do dia a dia e a indiferença inata dos dias de hoje, para nós o homem do amendoim é apenas mais um de muitos na multidão. Vez ou outra, em dias de maior sensibilidade nós nos damos conta de que não é assim.

vanessa disse...

Há pessoas que simplismente aparecem em nossas vidas,para nos ensinar uma lição.Adorei seu blog,conseguiu mais uma seguidora.

Unknown disse...

Pô, lindo demais, Marcelo.
A sensibilidade contida no seu texto é tocante.

flavio peralta disse...

EXCELENTEEEEEEEEEEEEEE

Anônimo disse...

Valeu Professor Marcelo
Lindo exemplo... – a vida realmente nos tem dado mais do que um simples saquinho de amendoim, por isso devemos ser gratos em tudo.
Abraços - Francisco Carlos turma de Letras USS

Daniela Martins disse...

É engraçado como surgem pessoas em situações mais inusitadas e que de alguma forma nos fazem valorizar mais nossas vidas.
Adorei seu blog. Ótimos textos!