domingo, 20 de outubro de 2024

O desastre das biografias políticas no cinema

Eu andei pensando por que eu não curto biografias políticas no cinema. Recentemente, eu assisti ao filme Marighela dirigido pelo Wagner Moura e faltando uns 30 minutos para acabar o filme, eu entrei na pegada do “beleza, já deu”... Não vou dizer que é um filme ruim, porque na verdade, é bastante ruim e eu não seria justo dizendo que é só ruim. Mas aí é que está. É a terceira biografia desse tipo nos últimos tempos que eu vejo e chego na fase do “para mim já deu”

Pensei sobre isso e acho que as biografias (principalmente, lideranças políticas e ideológicas) me incomodam por uma razão simples: normalmente, elas são feitas por fãs que se preocupam em endeusar os seus mitos. Aí, os recortes de vida, os diálogos, roteiro, a linha básica narrativa.. Tudo que era para divertir e gerar entretenimento se torna uma estratégia para justificar o argumento principal do filme: o protagonista (do qual sou fã) é um ser acima da média que colocou aquilo que acreditava acima de tudo. 

Ou talvez seja mesmo por eu detestar arte engajada desde sempre. Quando o objetivo da arte é justificar uma idolatria ou uma ideologia o filme perde sua razão estética contemplativa e vira só uma razão para te convencer de algo. Mas é possível falar de temas sensíveis/ideológicos/engajados no cinema, sem ser panfletário. Para exemplificar isso, um diretor como Jordan Peele, diretor de NÓS (2019) e CORRA! (2017) entre outros, aborda temas como o racismo de forma tão genial que toca nesse assunto sensível sem fazer um filme cuja razão é falar só sobre o tema. O objetivo deste diretor nessas obras, por exemplo, é contar uma história e no meio dela te jogar na cara o preconceito racial existente... Você recebe a porrada e reflete. 

Isso é genialidade pura.    

Então, biografias políticas, por algum tempo, para mim, já deram.