sábado, 28 de novembro de 2009

Sem planejar não dá. Os eternos amadores...


Outro dia eu agarrei no trânsito uns 15 minutos sem saber por quê. Foram minutos de angústia para entender que se tratava de uma obra no alfasto na pista. Até aí tudo bem. É necessário investir nisso, afinal, pagamos os impostos para dirigir em ruas com o menor número de buracos possível. Mas o que me chama a atenção é o fato de escolherem como horário ideal o de 4 horas da tarde de uma quarta-feira. Período em que o transito já começa a esboçar o quanto será ruim para as próximas horas.
No Brasil, consideram-se bons horários para podar árvores, pintar faixas, consertar alfasto períodos como horário de almoço, saída e entrada no trabalho e, por falta de planejar as obras, esses serviços se tornam uma solução a médio prazo, mas um transtorno imediato.  E que transtorno...
Quando estive nos EUA em 2000 (em NY), achei engraçado como os asfalto era lisinho sempre, como as faixas eram bem nítidas e como as árvores eram tão bem podadas. Fique pensando a que horas eles faziam isso que eu não via. E não é que descobri.... Eles usam o período pós-rush nos centros comerciais e os finais de semana nas áreas residenciais. Uma espécie de alternância de escala para tornar o serviço algo mais fácil de fazer para o funcionário e para os transeuntes, um raciocínio óbvio.
Certa vez perguntei a um colega engenheiro por que não se fazia o mesmo por aqui e ele alegou um monte de coisas: questão trabalhista, cultural, legal, estratégica... Enfim, falta absoluta de planejamento e cálculo de impacto da ação no meio em que se opera.
Somos um país ainda de pessoas que amam o que fazem e seguindo o sentido da palavra que define aqueles que fazem as coisas por amor, somos eternos amadores.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Os aniversários e os chatos


Sem fazer cena, não acho graça em aniversário. Quando somos crianças, tudo tem um gosto especial. É festa, é farra, até as tias velhas que nos dão meia ou seus pacotes moles com roupas são motivo de alegria. Nós nos sentimos especiais e únicos naquele dia pelo qual esperamos o ano todo.
Mas os anos vão passando e a contagem de idade vai virando um peso. Ficamos mais velhos, mais maduros, mais carecas (esse sou eu), mais experientes, mais frágeis (esse sou eu também), mais ranzinzas (olha eu de novo aí) com coisas que, na adolescência, eram parte da farra. Mas, de tudo, uma coisa que eu nunca gostei nem desde o tempo de criança eram os chatos que puxavam o coro do parabéns e ao, final, completavam com as musiquinhas: com quem será que o fulano vai casar/vai depender/ele aceitou.. (e vai por aí)
Isso é realmente e de fato desagradável... Quer reconhecer um chato legítimo? Ele pergunta se você vai fazer exame de fezes quando está bem vestido, diz que “você vai pagar a conta” quando você senta na cabeceira de uma mesa, manda PowerPoint com mensagens edificantes (sic) e imagens de anjinho, escreve “Bom Fds” nos scraps de Orkut , por fim, canta o maldito “com quem será”...
O código penal precisa de uma revisão na sua lista de crimes hediondos, não acha?

sábado, 21 de novembro de 2009

Corrupção de cada dia não nos deis hoje... nem em tempo algum.


Incomoda-me o político que recebe dinheiro para liberar projetos, que emprega parentes e correligionários, aquele que pede parte de uma verba para facilitar as coisas e vem com a história de quem quer rir tem que fazer rir. Tenho profundo nojo dessa frase.
Mas o fato é que construímos um país de alma corrupta nas pequenas coisas e não nas grandes canetadas. Construímos um país corrupto quando colamos na escola ou na faculdade e fraudamos na prova para tirar proveito da mentira.  Ou então, quando oferecemos dinheiro ao policial para fugir da multa. Atingimos nosso ápice quando achamos que a faixa seletiva é do tamanho da nossa certeza de que estamos corretos e argumentamos que todo mundo faz, mas que nos pegaram para Cristo. "Vai prender traficante, bandidos e assaltantes, não cidadão honesto... como eu".
Extrapolamos a decência mínima para convivência social quando alegamos que nossos erros não deveriam ser punidos, pois tem gente que faz coisa tão pior. Corrompemo-nos quando buscamos soluções fáceis e compráveis para coisas que não são simples de resolver. Pervertemo-nos quando perdemos a vergonha por trás do argumento de que “todo mundo faz” e se eu não fizer passo por bobo.
Uma vez cometi uma infração de trânsito e fui parado por um policial rodoviário que, depois de pedir minha a carteira, documento do carro e ver que estava tudo ok, soltou um “e então, como ficamos”. Não pensei duas vezes:
- Bem, o senhor eu não sei, mas acho que eu fico multado, né?
O homem ficou tão desarmado de sugestões a fazer, não esperava ouvir isso. Acredito sinceramente que não estava acostumado a ouvir isso. Acabou rindo, perguntou de onde eu era e me liberou com a recomendação de que não desse mais bobeira.
Sei qual é o jogo proposto, mas não quero participar dele. Não é esse o país em que acredito e não quero que seja isso que deixo para meu filho.


quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Nótícias curiosas: morcegos, sexo oral e macacos bonobos



Morcegos fazem sexo oral para prolongar a relação

(Extraído da da Folha Online)
Morcegos asiáticos de uma espécie frugívora --que se alimenta de frutas-- praticam sexo oral, o que contribui para aumentar o tempo da cópula, mostra uma pesquisa publicada no periódico PlosOne. (Leia mais)


A reportagem conclui dizendo que isso é um comportamento raro entre os animais só sendo identificado nos macacos bonobos. Estes praticam o sexo oral somente entre os machos (??) jovens, mas apenas como uma brincadeira. Ahã... Eles também fazem sobrancelhas, fazem luzes, escova de chocolate, unhas personalizadas com florzinhas, usam lápis de olho, preferem calcinhas a cuecas, fazem cover da Sher... mas é só uma brincadeira entre os machos (sic) mais jovens.


Comentário 1
Não sei não, mas acho que os bonobos vão se extinguir não vai demorar...


Comentário 2
Quando leu a notícia dos morcegos e do sexo oral, Robin deu uma piscadinha e falou: bobinhos, eu já sabia!


sábado, 14 de novembro de 2009

Um erro justificando o outro: a lógica do calhorda


Não é de hoje que vejo que uma canalhice serve para justificar a outra aqui no Brasil, que, no senso comum, um erro serve para atenuar outro como se fosse algo que flui dentro de uma lógica perversa e amoral. Quando temos um crime (principalmente de corrupção), logo aparece alguém para dizer que o cara foi bode expiatório, que tem gente fazendo pior por aí e não dá em nada. Enfim, absolvido porque existe um ladrão maior que ele. Isso é o que chamo de jurisprudência da "calhordice".
Aparece um para dizer que fulano empregou parente, mas sicrano é bem pior porque empregou mais parentes. Logo, por que o escândalo? Surge outro para dizer que o bandido estuprava e logo outro mostra um pior que estuprava e matava.
E assim, segue-se numa eterna repetição do erro maior redimindo o menor. Chega-se, então, a uma conclusão cruel, porém, prática. Se for cometer um crime, assegure-se de que próximo a você há um ato mais vil. Dessa forma, a absolvição é compulsória.


terça-feira, 10 de novembro de 2009

A moça da UNIBAN e a falta do que falar


Passamos a semana discutindo o comprimento do vestido da moça da UNIBAN. É curto, é justo dar uma vaia, uma expulsão, uma revogação. Enfim, uma falta do que falar em um país com tanta coisa para se falar. Foi uma leva de gente pegando carona na lacuna sensacionalista de assuntos da mídia que quase se apagou a historia dos deputados gazeteiros, do caso do MEC fazendo propaganda para o governo Lula no ENADE e dos 20 anos da queda do muro de Berlim. Tudo isso por conta do vestidinho justo da moça da UNIBAN.
Pessoalmente, tenho muito medo dos discursos que se ancoram em chavões como “pela família”, “pela moral e os bons costumes”, “pela decência”. Essas palavras só mostraram, em sua história, que serviram para esconder o desrespeito à família, a imoralidade, os maus costumes e a indecência generalizada. Tudo isso sob a tênue e mal cheirosa capa da hipocrisia. Acredito que aqueles políticos do interior de São Paulo ou aqueles lá do Pará (hoje esquecidos da mídia) envolvidos com pedofilia fossem capazes de fazer um discurso acalorado pela moral e os bons costumes antes que suas máscaras caíssem. Talvez se juntassem no coro das vaias à moça da UNIBAN.
Mas os alunos da faculdade não deixaram a coisa passar em branco e fizeram justiça apedrejando a moça com vaias e agressões verbais bem ao estilo islâmico medieval de punição. Foram justos, assim como Deus é justo...
Mas o vestidinho da moça da UNIBAN era mais justo ainda.

P.S.: O muro de Berlim caiu, mas o muro da moça da UNIBAN continua lá erguido firme e forte no pátio da faculdade.

sábado, 7 de novembro de 2009

A educação e as besteiras que a permeiam


A educação é uma das áreas em que permeia o maior número de modismos e baboseiras. Houve uma época em que não se podia corrigir o aluno, outra em que não se poderia corrigir com caneta vermelha, pois isso  traumatizava e a aluno e criava um indivíduo desequilibrado para o resto da vida (O maníaco do parque só era corrigido com caneta vermelha. Viu? Deu no que deu... ) Certa vez, proibiu-se que corrigissem qualquer coisa, pois isso inibia o indivíduo. "Deixa errar, uma hora ele aprende." Aí, veio a moda do "não chamar de tia". Isso atrapalhava a relação com o professor. Outro dia, ouvi a besteira mais nova, pequenos palcos em sala de aula (aqueles de faculdade que servem para aumentar a visibilidade do professor em turmas grandes) inibem o aluno e o fazem se sentir diminuído.
Eu sugiro, então, novas modas. O aluno não deve ir à aula, pois isso inibe o seu direito de escolha. Ele deve buscar a escola espontaneamente e não devemos interferir. E, se o aluno for, não devemos submetê-lo a nenhum tipo de avaliação, pois isso o expõe e afeta sua dignidade como ser humano. O processo de aprendizagem deve ser em local em que o aluno se sinta bem e de sua escolha e a avaliação deve ser do jeito que o aluno queira. Não se deve violar o tempo de cada um, mesmo que isso custe décadas. O aluno sempre busca aprender, quem atrapalha é o professor.
Devemos retirar todas as palavras com "não" ou prefixos negativos do vocabulário para não criar um ambiente de negatividade e opressão ao educando. Se o aluno começar a falar ou mesmo a se manifestar fisicamente na sala, mesmo que em hora inadequada, devemos permitir como parte de uma manifestação legítima de expressão humana. Na verdade, nós, professores, é que somos inadequados no tempo do aluno.
Enfim, só ironizando é que conseguimos entender o ponto a que chegamos na educação brasileira. É só assim que percebemos o ridículo que nos conduz ao abismo.
Senhor, tende piedade de nós...