sábado, 25 de outubro de 2008

Um país de diplomados desempregados...

Na infância, norteamos nossas escolhas profissionais por duas razões: o heróico ou o mimético. Queremos ser policial ou bombeiro porque o vemos como um herói ou queremos ser médico porque o nosso pai é médico. Na adolescência, o tempo de escolha vai encolhendo e ganhando ares de seriedade. Passamos a pensar em mercado de trabalho quando o único mercado que conhecíamos era o de fazer compras do mês. Aí é que entra a questão: vocação ou salário?

No Brasil, criou-se o mito de que
o único caminho que temos para a realização profissional é a faculdade e as pessoas se amontoam em vestibulares semestrais. De um lado o aluno que quer entrar, de outro o governo que quer que o aluno tenha curso superior e de outro a Instituição, na maioria das vezes, particular que precisa de volume de alunos para manter sua estrutura funcionando. Esta combinação dá no que dá. Milhares de jovens em bancos de curso superior, sem vontade, sem dinheiro e sem condições mínimas, mas realizando o sonho da família em festas chatíssimas de formaturas ao final do curso.

Amontoamos o mercado com professores, pedagogos, advogados, economistas cada vez mais e a cada ano, mais e mais. Um curso de Pedagogia, por exemplo, com uma turma 50 alunos/semestre, injeta 100 profissionais por ano no mercado de trabalho, ao final de 5 anos são 500 profissionais. Só que não é só uma faculdade. Na região em que vivo (sul do estado do Rio de Janeiro), há 8 cursos de pedagogia num raio de 90 quilômetros e aproximadamente uma população de 800 mil pessoas.

Dessa forma, 8 cursos lançam aproximadamente 4.000 profissionais a cada cinco anos. Em dez anos, serão 8 mil pedagogos. Não precisa ser um gênio da matemática para perceber que há um gargalo. Muitos vão trabalhar em outras atividades que nada tem a ver com o glamour das formaturas do curso que fizeram. E este raciocínio serve para outras áreas de graduações.

Por outro lado, os setores de serviços padecem com a falta de profissionais. Se você precisa de um técnico eletricista, padece para conseguir um bom. E um pedreiro? E um bom encanador? Jardineiros de qualidade? Pintores? Fico pensando em que momento perdemos o trem da história e rotulamos estas profissões como menos dignas. Em que momento escrevemos a história de um país de doutores em casas com torneiras pingando?