Não fica aqui uma crítica ao Criança Esperança, mas uma reflexão sobre a ganância da lógica tributária brasileira e da "lucrofilia" (Criei essa palavra agora, pois não a achei no Aurélio e precisa dela. Quer dizer amor somente aos lucros). O dinheiro é bem empregado embora não me fique claro qual a destinação exata dele. São projetos sociais. Ponto final. Mas, enfim, tem um impacto positivo nas comunidades em que chega.
O que me impressiona são as doações. Eu, cidadão comum, posso (e devo) doar de 7 a 30 reais. Posso (e, mais uma vez, devo) compartilhar com quem precisa para termos um mundo melhor. Certo? Sim. E plenamente justo.
Entretanto, por outro lado, o governo federal não pode (e não aceita de forma alguma) abrir mão de sua carga tributária com algum tipo de isenção fiscal sobre as doações. O governo estadual não permite (e nem cogita) a possibilidade de isentar de ICMS as doações e as operadoras não consideram a possibilidade de isentar o custo da ligação.
Bom, dentro dessa lógica perversa, (e pervertida na sua pior acepção possível) uma coisa que é do interesse de todos fica vinculada a gentileza do doador e amarrada na ganância do governo e do empresariado.
É fato dispensável de comprovação que eu arrecado menos do que o estado e que as operadoras de telefonia, contudo, eu sou o único que é martelado com o sentimento de culpa de que se não doar, estarei privando as criancinhas de escola com capoeira, aulas de computador, dança e apoio psicológico entre outras coisas.
Se eu me negar a abrir mão do que posso oferecer, queimarei no inferno da culpa por toda a eternidade...
Eu, o governo federal, o governo estadual e as operadoras de telefonia que, nessa altura do campeonato, já tem sua cadeira garantida por lá.
Em tempo: Acho a causa justa, mas aquela virada de shows do Criança Esperança é um pé no saco. Se prometerem parar com a aquilo, me comprometo em doar mais dinheiro no ano que vem.
6 comentários:
Pois é, já que os estados e as operadoras não nos poupam da carga tributária, eu considero que já fiz minha doação através da "não" utilização do meus recursos em saúde, educação e segurança pública.
Abraço
Eu assino em baixo.
Lincoln.
Oi Marcelo!
Passo sempre no seu blog!
Aproveita e dá uma passada no nosso!
Ítalo Figueiredo
Tb acho que faço a minha parte qdo doo meu tempo aos trabalhos voluntários ou não na minha cidade, aliás temos crianças por aqui que precisam ser promovidas e não irão usufruir das doações do projeto Criança Esperança....
Pago meus impostos (absurdos) como empresária mas o meu trabalho é ali...."causa e efeito" sem trocas tributárias apenas afetivas com objetivos de ascensão humana.
NÃO DOO NADA E NÃO ME SINTO CULPADA!
Só não falo isso pra minha filha de 9 anos... ela não entenderia.
bjs
interessante reflexão, acho que as ações partidas das empresas privadas podem dar mais resultados positivos por pioderem centralizar esforços num projeto determinado... a par com isso, deve haver incentivo fiscal...
faloar sobre isso já é um ótimo começo...
Marcelo,
Adorei o post. Nele, toda a sinceridade que mostra o quanto são infelizes nessa campanha. De fato, não me sinto nem um pouco culpada, já que o governo tem a obrigação de propiciar tudo isso as nossas criancinhas, ou seja, saúde, educação e inclusão social.
Como eu mesma tive e tenho que pagar a escola do meu filho (porque a pública não qualifica), pago o plano de saúde meu e dele (porque a rede pública de saúde não atende) e pago infinitos impostos sobre tudo que consumo, mesmo que seja alimento, penso que já estou colaborando muito mais do que os tais sete reais ou trinta, na verdade, passa muito esse valor.
Se já estou colaborando com o futuro da minha criancinha e estou poupando o governo de ter que prestar o serviço (obrigatório) de educação e saúde, já estou fazendo mais do que deveria.
Beijocas
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