Na infância, norteamos nossas escolhas profissionais por duas razões: o heróico ou o mimético. Queremos ser policial ou bombeiro porque o vemos como um herói ou queremos ser médico porque o nosso pai é médico. Na adolescência, o tempo de escolha vai encolhendo e ganhando ares de seriedade. Passamos a pensar em mercado de trabalho quando o único mercado que conhecíamos era o de fazer compras do mês. Aí é que entra a questão: vocação ou salário?
No Brasil, criou-se o mito de que o único caminho que temos para a realização profissional é a faculdade e as pessoas se amontoam em vestibulares semestrais. De um lado o aluno que quer entrar, de outro o governo que quer que o aluno tenha curso superior e de outro a Instituição, na maioria das vezes, particular que precisa de volume de alunos para manter sua estrutura funcionando. Esta combinação dá no que dá. Milhares de jovens em bancos de curso superior, sem vontade, sem dinheiro e sem condições mínimas, mas realizando o sonho da família em festas chatíssimas de formaturas ao final do curso.
Amontoamos o mercado com professores, pedagogos, advogados, economistas cada vez mais e a cada ano, mais e mais. Um curso de Pedagogia, por exemplo, com uma turma 50 alunos/semestre, injeta 100 profissionais por ano no mercado de trabalho, ao final de 5 anos são 500 profissionais. Só que não é só uma faculdade. Na região em que vivo (sul do estado do Rio de Janeiro), há 8 cursos de pedagogia num raio de 90 quilômetros e aproximadamente uma população de 800 mil pessoas.
Dessa forma, 8 cursos lançam aproximadamente 4.000 profissionais a cada cinco anos. Em dez anos, serão 8 mil pedagogos. Não precisa ser um gênio da matemática para perceber que há um gargalo. Muitos vão trabalhar em outras atividades que nada tem a ver com o glamour das formaturas do curso que fizeram. E este raciocínio serve para outras áreas de graduações.
Por outro lado, os setores de serviços padecem com a falta de profissionais. Se você precisa de um técnico eletricista, padece para conseguir um bom. E um pedreiro? E um bom encanador? Jardineiros de qualidade? Pintores? Fico pensando em que momento perdemos o trem da história e rotulamos estas profissões como menos dignas. Em que momento escrevemos a história de um país de doutores em casas com torneiras pingando?
No Brasil, criou-se o mito de que o único caminho que temos para a realização profissional é a faculdade e as pessoas se amontoam em vestibulares semestrais. De um lado o aluno que quer entrar, de outro o governo que quer que o aluno tenha curso superior e de outro a Instituição, na maioria das vezes, particular que precisa de volume de alunos para manter sua estrutura funcionando. Esta combinação dá no que dá. Milhares de jovens em bancos de curso superior, sem vontade, sem dinheiro e sem condições mínimas, mas realizando o sonho da família em festas chatíssimas de formaturas ao final do curso.
Amontoamos o mercado com professores, pedagogos, advogados, economistas cada vez mais e a cada ano, mais e mais. Um curso de Pedagogia, por exemplo, com uma turma 50 alunos/semestre, injeta 100 profissionais por ano no mercado de trabalho, ao final de 5 anos são 500 profissionais. Só que não é só uma faculdade. Na região em que vivo (sul do estado do Rio de Janeiro), há 8 cursos de pedagogia num raio de 90 quilômetros e aproximadamente uma população de 800 mil pessoas.
Dessa forma, 8 cursos lançam aproximadamente 4.000 profissionais a cada cinco anos. Em dez anos, serão 8 mil pedagogos. Não precisa ser um gênio da matemática para perceber que há um gargalo. Muitos vão trabalhar em outras atividades que nada tem a ver com o glamour das formaturas do curso que fizeram. E este raciocínio serve para outras áreas de graduações.
Por outro lado, os setores de serviços padecem com a falta de profissionais. Se você precisa de um técnico eletricista, padece para conseguir um bom. E um pedreiro? E um bom encanador? Jardineiros de qualidade? Pintores? Fico pensando em que momento perdemos o trem da história e rotulamos estas profissões como menos dignas. Em que momento escrevemos a história de um país de doutores em casas com torneiras pingando?
39 comentários:
é cara... certas profissões estão sendo "abandonadas".
os cursos de direito e medicina sempre estarão cheios.
www.trocistas.com
O assunto é mesmo muito delicado e está longe de ser uma novidade. Em seu livro "Os Bruzundangas", Lima Barreto já alfinetava nossa elite de doutores decadentes. Existe um problema de desemprego estrutural no país dos bacharéis. Antigamente você se formava e estava feito na vida. Agora o estudo não termina nunca: pós-graduação latu sensu, mestrado, doutorado, pós-doutorado, etc. Acho que vou aprender a trocar carrapeta, pois não sei se vou conseguir dar o que comer aos meus futuros filhos protocolando petições...
No Brasil criou-se um mito de que o único caminho para a realização profissional é a faculdade, concordo, mas esse mito foi criado pelo próprio mercado, por esse sistema voraz que chamamos de "mais valia".
As empresas exigem cada vez mais mesmo para cargos simples,e convenhamos ninguém sonha em ser encanador, não que essa não seja uma profissão honrada.
As exigências, muitas das vezes esdrúxulas, é que empurram os jovens para as portas das faculdades e cursos técnicos, não buscamos mais a qualidade e sim um mero certificado.
Nesse processo acaba por ser banaliza a educação, os sonhos e o mais importante, o potencial humano dessas pessoas que só procuram fazer o que o mercado exige delas.
Ser ou não ser um dissente, eis a questão?
Dinheiro ou o status do diploma universitário? Na maioria das famílias de baixa renda o filho na faculdade representa a primeira geração instruída...
Isso pesa; e não há como condenar.
Estou nessa fase de vestibular e eis que surge a questão que você tocou no texto: vocação ou salário?
Tenho que me decidir logo.
A situação da educação no Brasil é problemática e sentimos isso na prática e no bolso. O mercado de trabalho está decadente...desemprego em alta. Na verdade td isso tá ligado ao custo alto da economia. Vlw pelo post! Aguardo sua visita: http://www.rascunhosdeandreavaz.blogspot.com/
olha,não tenho diploma e graças a deus vou bem na vida...mas um diploma ainda conta muito!!!
http://wwwpicoledechuchu.blogspot.com
Pois é, Márcio, há pessoas que sonham sim em exercer profissões menos acadêmica (motorista, bombeiro hidraulico, jardineiro..). Nós é que convivemos em um universo em que todos querem diploma... tive que conviver com pessoas fora do nosso universo intelectual para ver isso.
E aí eu pergunto: que qualificação estamos dando a estas pessoas? O que estamos oferecendo a eles? Cursos de graduação?
Um abração.
Muito bom esse texto.
é o q eu penso tb.
Virou quase uma obrigação fazer uma faculdade logo depois que sai do colegial. se vc não faz, é um fracassado. Péssimo isso.
Abraço
É verdade, à essa sua pergunta eu não saberia responder, apesar que acredito que ninguém faça muito mesmo por eles a não ser exigir que sejam bons no que fazem, não é?
É mais uma lástima na formação da cidadania brasileira.
É, infelizmente as pessoas (não digo todas, mas a maioria) só trabalha em certa area, com certa profissão pelo alto salário, minha mãe é secretária paroquial, mas não está lá porque ela gosta, está lá por falta de oportunidade e não tem tempo de procurar outro trabalho, já meu pai gosta do trabalho mas não do lugar onde trabalha! Eu pretendo fazer moda (estilista) eu vou porque eu gosto e por causa do dinheiro (rsrs), mas também tem que ver por um lado: o pedreiro trabalha por exemplo 19 horas por dia para receber de 50 á 100 reais, como isso motivará alguem á ser pedreiro? Não dá né?
Adoro seu blog e seus assuntos, demais"!
Ficou tão fácil fazer a tal da faculdade hj em dia que dá é nisso mesmo. O monte de gente despreparada com diploma na mão é altíssimo. Temo pela minha área de atuação: jornalismo. O que tem de gente q não sabe escrever e só tá ali pra fazer farra é imenso.
como vc citou, as profissões do futuro não são as de médicos, advogados e jornalistas, são as de pedreiro, jardineiros e torneiros. Aliás, um Torneiro Mecânico aqui onde moro é disputado a tapa. Cara só fica sem serviço literalmente se ele quiser. Pedreiro então... cobra absurdo por uma obrazinha de 1 semana.
Agora, vai procurar advogado pra vc ver...rsrsrs
Abraço
http://falandoprasparedes.blogspot.com
Alexandre,
Esta saturação de mercado é visível. A questão é numérica e parece que a ficha não caiu para muita gente que continua insistindo numa carreira que lhe dê um diploma e um "status" por trás disso.
É por isso que a pergunta é:
Diploma ou profissão?
Eis a questão.
Muito bom seu post! Já venho me perguntando a algum tempo, a mesma coisa. O mercado não suporta o número de bachareis que são lançados ao mercado todo o ano, na maioria apenas com teoria na cabeça, mas nenhuma prática.
Vejo minha area, a juridica, aqui em São Paulo as faculdade baixaram tanto os preços dos cursos de direito, que hoje esta no mesmo patamar de preço, de um curso como matemática ou história, por exemplo, o que tem incentivado a pessoas que seguiriam outras profissões, a entrarem no curso de direito, mesmo sem gostar, apenas pelo status de "doutor".
De outro lado, vemos areas que carecem de profissionais, a ponto de importa-los de outros países, e setores não menos dignos, como você mesmo falou, como eletricistas, encanadores e pedreiros, onde sobram vagas, e falta mão de obra qualificada.
abraço,
www.comideiaseideais.blogspot.com
Ficaria com a profissão, acho que a pessoa tem que primeiro gostar do que faz, pra depois ver como vai fazer.
Tem muita gente que se deu bem na vida sem precisar de diploma, olha o Lula, tudo bem que não é um ótimo profissional, mas se saiu bem.
Agora, conseguir um diploma é fácil, tem várias universidades particulares por aí que é só pagar que entra.
Embora eu ainda nem tenha decidido o que fazer da vida. Opto por ter um emprego que de preferência pague bem e seja algo que eu goste.
a melhor coisa eh tentar juntar os dois
eu por enquanto to pegando o que me ofereça mais dinheiro
e até agora no que eu trabalhei eu gostei
É triste pensar que agente rala 4 ou cinco anos (às vezes até mais) em uma faculdade, e mesmo assim o profissional em todos os setores não é valorizado como deveria...
www.blogdohugo.com
e como dizem... não basta apenas aprender... você deva usar o que aprende... hum... e mais ou menos isso
meu pai nao deixou eu faer letras
hauhua
diz q eu ia ser pobre o resto da vida
eita mundinho grotesco
tenho muito receio!
faço facul de turismo, mas naumsei se termos vagas pra muitas pessoas!
mas nessa hora o diferencial que faz oda a ''diferença'' na carreira profissional!
abraço
BLOG ATUALIZADO
HJ , DOMINGO 26/OUT/08
http://transgressivas.blogspot.com/
Oi, Marcelo!
Eu também me pego pensando nisso o tempo todo. Os mais otimistas falam que o mundo é grande, tem espaço para todos. Mas o mercado de trabalho formal é cruel. São poucos os universitários que conseguem uma ocupação depois de se formarem. Aonde estão os outros profissionais "mais simples" e tão necessários? Vale a reflexão.
Abraço,
=]
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http://cafecomnoticias.blogspot.com
Essa questão de emprego é muita séria e complicada... a questão do salario esta superando a questão da vocação, todos querem ter uma condição de vida melhor no futuro... e para isso criou-se o mito que vc cita: o da faculdade, mas quem dera fosse 100% verdade...
quantos n são os estudantes que terminam seus cursos e passam anos até entrarem no mercado de trabalho?
é uma dura realidade...
o mercado é m to dificil e só quem está devidamente preparado (contando com sorte e conhecimento para isso tbm).. consegue ganhar!
Alerta neura!
Além das pressões de passar nas melhores universidades, de escolher para qual delas irá, os jovens tão jovens de 17 aninhos têm que escolher carreira de vida inteira - e de preferêwncia acertar de primeira.
Afinal, como você chamaria alguém que larga, sei lá, Engenharia petroquímica para fazer psicologia?
Quando me perguntaram a essencial "o que você pretende fazer?" e eu respondi Comunicação o que ouvi foi (impagável essa!): "Laila, quem faz comunicação vende Avon pra viver."
Talvez eu seja meio iludida (não me desiludam!), mas acredito que pra quem é realmente bom sempre tem lugar. E se tem lugar tem dinheirinho também!
acho q tipo estamos tentando copiar os eua. mas eh serio. ainda nao entendi pq brasileiro gosta tanto de americano. eles tem muitas utilidades para nós, especialmente quanto ao mercado, mas parece q nossa cultura está sendo superada por a deles...
mas aqui em brasilia pelo menos, o governo anda investindo muito, mas muito mesmo em cursos proficionalizantes. admiro isso pelo menos...
flw
-Jr
Se eu tivesse seguido a vocação, teria sido jogadora de futebol ou atriz... Poderia ainda acabar me graduando em ciências sociais, quem sabe? Mas por gostar da coisa e por ser uma carreira "lucrativa" (entre aspas MESMO!), acabei optando por Direito.
O que eu não imaginava é que me apaixonaria pela coisa... :)
Beijocas! *
è uma tremenda contradição..
Veja o exemplo de um professor amigo meu... ele dá aula pra três colégios na minha cidade e mais dois cursinhos e não recebe metade do que o irmão dele, que é motorista de van, ganha no mês
E o irmão dele é formada em engenharia!
;D
Tem um selo lá no meu blog para vc... caso vc queira, dá uma passadinha lá!
;P
bjus
Não vou nem tecer maiores comentários sobre o meu repúdio a essa questão de considerar certas profissões menores senão vou ficar parecendo marxista, mas posso dizer algo que considero básico e que está totalmente errado nesse país (como tantas outras coisas): a profissão que deveria ser a mais valorizada e bem paga de todas é relegada a segundo plano, fazendo com que só os com muita vocação e amor pelo que fazem sigam exercendo-a com excelência, na medida dos recursos de que dispõem, que é a profissão de professor. Afinal de contas, nenhuma (repito, NENHUMA) outra profissão é possível sem essa.
Você tem um post em resposta, meu caro. Veja vantagem, aceito tréplica!
Ei, agora tocou num ponto importante, que muito me afeta.
Faço Direito e sei da realidade do mercado. Para me destacar, tenho que mostrar muita competência. E sei que muitos bacharéis se formam sem a mínima competência devido a grande difusão do ensino superior privado que não oferece qualidade.
Já fui critcado uma vez por uma colega devido a uma postura que possuía quanto ao que ela chamou de visão hierarquizada do ensino. depois de pensar, vi que ela tinha razão. Pensava ela semelhante a você.
Precisamos de outros serviços que devem ser prestados não necessariamente por quem tem um diploma de curso superior, mas também por um curso técnico...
Longa dicussão, valeu Marcelo.
All3X
Alguns doutores deveriam se envergonhar do tempo que perderam sentados em um banco de escola sem ao menos olharem os livros, mas estes se acham os 'espertos' num país pé de chinelos. Como diz o ditado "Em terra de cego, quem tem olho é rei" e não é necessário fugir das grandes cidades brasileiras para encontrarmos analfabetos. Sinto falta das profissões antigas que foram substituídas pelas máquinas. Daqui um tempo, serão as máquinas que dominaram os doutores. Beijus
Olá, a questão é tentar junto aquilo que se gosta a profissão com a carreira, mas nem sempre isso dá certo. Bom pelo menos na minha região os cursos técnicos que já são bem mais objetivos são os que estão tendo uma maior aceitação no mercado...
T+
Abraços
O que é o nada?
é é. Algumas coisas não hão de mudar. ^^
Vou sempre lembrar da cara que o povo faz quando eu falo o curso que vou prestar vestibular esse ano.
Mas... fazer o que né?
É verdade...
A cada ano, vemos mais advogados, engenheiros, dentre outros com capacitação, fazendo concurso para soldado militar ou até mesmo desempregados.
É uma situação bastante complicada!
=/
http://esperaemdeus.blogspot.com/
Olá boa madrugada! passa lá no Visão Contrária tem um selo pra você!
T+
Abraços
www.visaocontraria.blogspot.com
Adorei a metafora: "Casa de Doutores com a torneira pingando"...rsrs
Esse é um problema cultural. Por exemplo um pedreiro sonha em ver o filho como doutor "estudado" e não quer ver o filho acabar a vida como pedreiro.
PS. Apesar de vc já ter esse prêmio eu te indiquei para o prêmio "Dardos"...
Abraços!!!
http://hdebarbamalfeita.blogspot.com/
Sinto que estamos dinamizando o "foi mal", esses profissionais aí que, por vezes, se 'formam', usam o foi mal... Então o médico faz a cirurgia errada e deixa o cara sem uma perna... Cada vez sinto que o verdadeiro amor pelo o que se faz é a grande diferença. Fiz um artigo falando sobre isso, "A força do verdadeiro amor". Enfim, estar numa faculdade apenas para seguir os padrões que foram criados é evoluir até chegar no inicio... E assim seguimos nessa 'endoculturação'
abrass
passa lá!
visaocontraria.blogspot.com
minhainspiracao.blogspot.com
Adorei o seu texto!!!!
Já reparou que de tempos em tempos fazer alguns cursos viram moda? Na época do Collor, milhares de mulheres resolveram fazer o curso de economia por conta da Zélia Cardoso. O problema é que quem embarca nessa onda de cabeça, nem sempre se dá bem. E profissões como encanador, eletricista, que são importantíssimas para qualquer casa, são deixadas de lado.
Bj.
Ps. Quando tiver 1 tempinho, passa lá no dez dedinhos pra ler o último texto que postei.
Ah, meu amigo, esse é um debate que eu levo há muito tempo. Essa "ditadura do diploma" é um saco e com essa proliferação de faculdades - incluindos à distância - o curso superior se banalizou. Não há e nem haverá espaço para todos.
Enquanto isso, por exemplo, os padeiros estão se acabando. Todos querem ser "dotô".
abs
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