É muita ingenuidade do homem comum imaginar que a luta do político é por dinheiro, dinheiro e mais dinheiro. Aí é que está. A luta pelo dinheiro é um delírio mesquinho da classe média. O que está em jogo nas esferas onde já se tem o dinheiro é algo muito maior. Trata-se do poder e da perpetuação do mesmo. George Orwell dizia que ninguém toma o poder com intenção de abandoná-lo, provavelmente disse isso, sem as devidas citações, baseando-se no que fala Maquiavel ao dizer que o objetivo do príncipe é permanecer no poder.. Até quando? Não sei, mas nada menos do que o sempre.
Nem os teóricos de esquerda nem os de direita (se é que realmente existem essas distinções altruísticas que vão além do desejo de poder) pretendem garantir nenhum estado de liberdade. A liberdade é a maior inimiga das ideologias estabelecidas. O que essas ideologias pretendem é instituir um estado totalitário de alguma forma em que só predomine suas ideias, um unipensar, um unifalar, um uniagir. Tudo isso em nome de um estado forte e que garanta os direitos e a "igualdade".
Na verdade, garantir os direitos é sustentar a ideia de um estado o mais intervencionista possível que se valha das leis e restrições para que se cumpra não a justiça, mas o seu conceito de justiça. Para si esse estado invoca o conceito de bem e, um vez convencidos do seu conceito de bem, vale-se de todo e qualquer recursos para aplicá-lo. Ainda que isso custe criar mais injustiças.
A ideia de igualdade do estado ideológico totalitário também nasce da necessidade de se instituir um padrão e a sensação de que todos os seres humanos são dotados do mesmo potencial e vontade. A escola tenta isso há décadas, ora padronizando as avaliações, ora vestindo uniformes, ora imprimindo condutas... tem sido um fracasso.
O pensar correto, o falar correto, o agir correto com base no que um grupo considera correto é uma forma branca de ditadura que, se legitimada pelo estado, permite que se faça tudo em nome, não do correto, mas do conceito de correto.
E, na base da pirâmide, milhões de inocentes úteis, muitos com diplomas anexados em seus currículos. Muitos que dormem ainda inconsciente de o quanto servem a um estado que lhe dá voz para mais a frente calá-los.
Assim são os homens, assim é a história.
Domine miserere nobis
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