domingo, 7 de julho de 2013

O Gigante voltou a dormir...

Optei por ficar em silêncio durante o calor da manifestações uma vez que qualquer um que pensasse um pouco diferente do geral seria odiado e, em tempos possíveis, executado em praça pública. Mas agora que o #ogigantevoltoupracaminha é hora de pensar um pouco.
Não adianta explodir em ira nas ruas e na época das eleições eleger os mesmos caras de sempre. Resposta, em sistema democrático se dá nas urnas, não nas ruas. Sobre o vandalismos de alguns pouco eu nem falo nada, pois era uma minoria de imbecis que acredita que as coisas mudam na base da porrada. Não. Não mudam e ainda abrem precedente para que a violência seja usada por parte das forças públicas. Violência legitima violência. Mas, no fundo, é isso que se quer, pois o sonho de todo pseudo herói revolucionário é virar mártir. 
Eu sempre, me pergunto quantos daqueles milhares nas ruas não aceitariam um emprego público para ganhar e não ter que ir lá, quantos não ofereciam um trocado para um policial para aliviar uma penalidade por infração à lei, quantos não contariam um mentira para justificar sua falta grosseira no trabalho, quantos não ficariam com troco a mais, quantos não usariam o acostamento e faixa seletiva com pista particular, quantos não pagariam para ter uma vaga comprada em um concurso público para si ou para um filho, quantos não comprariam um gabarito para uma vaga em uma faculdade disputada, quantos não furariam uma fila alegando pressa, quantos não beberiam, pegariam o carro e se negariam a fazer o teste do bafômetro alegando seu direito constitucional de não gerar provas contra si mesmo, quantos não acham normal o filho colar na escola, afinal, quem não cola não sai da escola, não é mesmo?… E vai por aí.
É isso. Um país não se muda com multidões barulhentas. Os políticos empreendem meia dúzia de alterações no calor das coisas, ganham tempo com a burocracia dos processos e com o tempo, tudo remota a normalidade de sempre. 
Um país se muda com comportamentos que se adotam para a vida cotidiana. E o ódio aos políticos me surpreende, pois se lá estão é porque são o reflexo das pessoas pessoas que os elegem (muitos ali no meio da multidão revoltada). O ódio, nesse caso, era para ser contra si mesmo. Sugiro até um autoflagelação no recanto do lar... quem sabe? Chicotes, camas de pregos.. sei lá.
Agora que o gigante voltou para caminha é hora de entender que esse gigante não existe e nunca vai existir. O que de fato existe é uma mudança grande que deve ser emprendida no pequeno universo de cada um. Qualquer outra coisa fora disso, é firula e oba-oba para estrangeiro ver e a mídia ganhar dinheiro com reportagens.



4 comentários:

manoe disse...

Também acho que o gigante voltou para a cama, mas discordo de você quanto as respostas serem nas urnas e só nas urnas não, as ruas são sim lugar para expressarmos nossos descontentamentos com os governos e políticos. Discordo quando aos pseudo heróis, que segundo você são os culpados pelo vandalismo. Com exceção do movimento passe livre, nenhum outro protesto foi liderado ou teve participação da esquerda, visto que até mesmo a Globo estava apoiando e jamais em tempo algum a Globo estará ao lado das esquerdas do Brasil.

sacodefilo disse...

Manoel, Muito obrigado por concordar e mais ainda por discordar. Mas eu não disse que os pseudo herois são responsáveis pelo vandalismos. Retirei a palavra "esquerda" para deixar fora qualquer sugestão disso. Outra coisa, a essência do texto não é essa, mas a hipocrisia de achar que se muda o mundo gritando nas ruas e achando normal oferecer propina a policial, a furar fila, a comprar vaga para o filho na faculdade de medicina, a comprar gabarito de concurso público... enfim, desonesto são só os políticos? Gritamos nas ruas e voltamos a nossa desonestidade de cada dia com a consciência de fizemos alguma coisa por um país melhor... Não, não fizemos.
Abs

Unknown disse...

Discordo de que as urnas são a única forma de mudar alguma coisa nesse país. E também discordo de que a corrupção no país é um reflexo do caráter corrupto do próprio povo. Não chamam isso aqui de democracia? Então por que não podemos participar do governo da sociedade em que vivemos? Manifestar é sim uma forma de fazer com que nossas vozes sejam ouvidas. Nossa opinião também conta, pois somos nós quem formamos e damos vida a essa sociedade. Se cruzássemos os braços, ela desabaria. Não deveríamos nos submeter a ficar engolindo ordens e obrigações impostas por governantes e pela elite sem que recebamos em troca o mínimo de condições dignas de vida. E, além disso, se a corrupção infesta esse país, não é culpa do povo, como você quer fazer parecer. Se uma parte do povo se mostra corrupta, é porque tem exemplo vindo de cima. As pessoas que colonizaram esse país fizeram isso na base da truculência, dizimando os povos que aqui viviam. E a elite formada foi explorando a população de todas as formas possíveis até "concederem" a todos o "direito" de voto. Muito conveniente aliás, pois num país de deseducados, obrigar todos a votar é mais uma oportunidade de poder manipular o povo e colocar o poder nas mãos daqueles que vão garantir os interesses da elite econômica. Discordo ainda quando você diz que a violência não é o caminho para uma revolução. Claro que preferiria o uso da inteligência. Mas a educação deste país jamais prepararia seu povo para pensar; ela o prepara para obedecer apenas. Todos os exemplos dados pela História sobre verdadeiras revoluções envolve o embate de forças. Por que só o Estado pode ser violento? Se os cidadãos percebem que o Estado só os manipula em favor de uma elite, eles têm sim o direito de se revoltar e até mesmo recorrer à força, para combater a opressão que sofrem. Infelizmente as pessoas ainda não perceberam o que realmente ocorre em nossa sociedade. Protestaram, mas parece que foi apenas um lampejo de empolgação. Não estão preparadas para realmente mudar este país. É uma grande pena, pois poderiam. A elite e o governo não existem sem a grande massa. É uma pena que essa massa não perceba todo o seu poder.

sacodefilo disse...

Caro Paulo César,

Respeito sua opinião e agradeço por manifestá-la aqui.
Abs

Marcelo Leite