sexta-feira, 2 de abril de 2010

De farmácias e de celulares... dos remédios aos SMS


Há tempo dizia-se por aqui que brotava uma fármácia em cada esquina. E, de fato, sem muito esforço, consigo listar umas 8 em um raio de menos de 300 m do centro da cidade. Além dali, deve haver umas 4 ou 5 mais na cidade onde moro. Mas, outro dia, tive prazer de ir a Juiz de Fora, Minas Gerais, cidade onde morei bons 3 anos de minha vida na década de 90 e constatei uma coisa interessante, a necessidade de se comunicar talvez seja maior do que a necessidade de tomar remédios, ou será que se comunicar talvez seja um outro tipo de remédio que anda curando a solidão, a distância, o silêncio das grandes cidades? Não sei.
Em um mesmo raio de 300 m do centro de JF, pude contar mais de 12 lojas de celular e, farmácias, não mais do que 6 das grandes, mas só seis. Lojas de celulares, não.. essas são pequeninas e se espalham por todos os lados...OI, CLARO, TIM, VIVO... para todo lado são celulares. Até as lojas que não são autorizadas oferecem aparelhos que aceitam todos os chips, tudo made in China. Bom, diz a lógica que a oferta é proporcional a procura, pois não sendo assim, a oferta diminui por processo natural de seleção. 
Mas as lojas de celulares não, pipocam, pululam, brotam e cada esquina que você passa. Juiz de Fora cresceu muito nessas últimas duas décadas e contraiu a doença das cidades grandes, para essa doença, talvez a proximidade dos celulares seja o melhor remédio. Saber que milhares de pessoas se encontram a 8 dígitos de distância, a pizzaria, o sanduíche de entrega, a fármácia, o mercado, as garotas de programa, a locadora, o encanador.. tudo ali. Escondido em um teclado à espera de oito toques alinhados e direcionados. Pronto. Chegou.
Minha cidade tem menos de 70 mil habitantes. As pessoas ainda se falam bastante pessoalmente, por isso talvez só tenhamos umas 3 no centro da cidade. É bem provável que um dia, ao nos tornarmos uma cidade grande, venham a surgir dezenas delas para curar a doença dos grandes centros modernos. E os donos de farmácia trocarão as bancas de comprimidos por vitrines com chips promocionais. 
É...
Quero as lojas de celular bem longe de mim... mas não menos as fármacias.


3 comentários:

Anônimo disse...

Marcelo,

Como você disse no texto, a procura aumenta a oferta, então concluo que há menos gente doente em JF, já que há menos farmácias. Vou me mudar para lá.

Beijocas

Amanda Guerra disse...

Esse feriado estive em Sana. Uma cidadezinha com 1000 habitantes, no meio do nada. Em Sana, os celulares não funcionam. Nenhum deles. Nem há farmácias, ou postos de gasolina. Bancos? Nem pensar.

Sim, eu estive no paraíso. E como é difícil voltar ao Rio de Janeiro depois disso...

Flávia disse...

É por essas e eoutras que eu só me mudaria para uma cidade grande por extrema necessidade. Não troco o meu "Bom dia fulano"(aos vizinhos de casa, de rua), pela solidão em meio a uma multidão completamente desconhecida. Pessoas que mal se olham, com medo de que aquilo possa parecer uma afronta.

Não. Adoro a tranquilidade, ainda que pequena, da minha cidadezinha de interior.

Nesse caso, com certeza, prefiro as... farmácias.

Excelente observação!

Bjs!