domingo, 28 de março de 2010

Série - Mundo corporativo, a vida na empresa - Capítulo I - O messias

"Aquele que crê em mim viverá."
De tempos em tempos, surgem nas empresas, principalmente, nas que estão em crise, os espíritos messiânicos. São consultores, executores, planejadores (sic) e outros -ores que são contratados pela alta chefia para resolver todos os problemas que se arrastam há anos e que todo mundo sabe quais são as atitudes necessárias para resolvê-los. Conclusão, trata-se de pessoas que nos dirão tudo aquilo que já estamos carecas de saber, mas que precisamos que venha alguém de fora dizer para que a gente continue não fazendo. Complicado? É. É sim. Os primeiros momentos dos -ores deixam a chefia encantada com tanta sabedoria, tanta perspicácia, tanta astúcia e experiência em espírito tão genial. Mas com o passar do tempo chega-se a estranha conclusão de que o cara era um bundão, criou mais problemas do que soluções e o dinheiro que economizou gastou-se  pagando a ele. Ou seja, zero a zero. 
As melhores soluções de uma empresa estão nas decisões em conjunto e na capacidade dos líderes em fazer do problema da empresa um problema de todos. Mas isso demanda tempo e habilidade de negociação muito grande e ninguém tem mais tempo para isso. Daí, contratamos nossos personais-messias que chegam com ares de "eu sou a verdade e aquele que crê em mim viverá", ou pelo menos não será mandado embora durante seu reinado.
E os messias se vão depois de se constatarem na empresa que eles não andaram sobre as águas, não multiplicaram nada, não fizeram de água vinho, enfim.. sem milagres rumo a outras bandas onde por alguns meses serão deuses na terra até concluírem por lá o mesmo que se concluiu de onde ele veio. Messias corporativos são eternos nômades.

P.S.: Só me ressinto é de não podermos crucificá-los no final da história... faria de sua passagem, apesar de pouco produtiva, mais divertida para a gente.

5 comentários:

Residenci-lar disse...

HAHA!
Passei por essa na minha Empresa! O messias era uma messias, e deixou um buraco ainda maior ja que temos que começar tudo outra vez!
Mais não caio mais nessa!

Mulher de Fases disse...

Tb passei por isso numa grande empresa que trabalhei.Esses messias nômades deixam um rastro de destruição.
Viram as empresas de pernas para o ar, não fazem lé com cré e parece que estamos numa torre de Babel.
E os donos da empresa só caem em si qo já é tarde demais.
Os estragos estão feitos ,as descaracterizações tb...o jeito é recolher os cacos e recomeçar com o material que já tínhamos.Colocando em prática tudo aquilo que já tinho sido falado pelos empregados...
O pior de tudo é que os 'messias' continuam impunes vagando de empresa em empresa espalhando a discórdia e destruição.

Evandro Varella disse...

Marcelo,
Bem observado.
As vezes comparo as empresas a uma praia, as vezes somos atingidos por ondas, outras nos afogamos e muitas, nadamos e morremos na praia...
Os "messias" são como as grandes ondas, chegam sem ninguem esperar, e quando vão geralmente deixam um bom rastro de desordem e destruição.
Mas as vezes (raras) a destruição nos ajuda a fazer uma reconstrução mais sólida.
abraços

Anônimo disse...

Belo post!

Não entendo muito disso. Trabalho no serviço público e nossos deuses são como a maioria dos deuses: não se manifestam, exceto para mostrar sua ira. ;-)

Homenzinho de Barba Mal feita disse...

Adorei o termo personais messias...rs

É bem por aí mesmo, como eu trabalho na área de call center, sempre aparece esses messias na figura de gerente ou de supervisor.

Me lembro de um messias que quando chegou para ser gerente, só faltou andar sob as águas, mas qdo saiu, foram demitidas mais de 60 pessoas, sem contar as outras 50 que foram encaminhadas para outros setores.