domingo, 24 de janeiro de 2016

Um privilégio para chamar de seu

Muitas vezes, escondemo-nos por trás do que chamamos de direito. Na maioria das vezes, eles são, na verdade, privilégios espúrios desejáveis. Entretanto, criando alguns direitos para restabelecer a igualdade estamos privilegiando um grupo. Isso é uma forma patente de ser desigual. Eis o paradoxo dos paradoxos. Para sermos iguais termos que ser diferentes porque as pessoas são diferentes. Confuso, não?
Recuso-me a mencionar qualquer um dos "direitos" que considero privilégios para não acirrar os ânimos e abrir debates daqueles que tem a eterna pretensão de guardiões do bem e do justo.
O fato é que todos querem um "direito" para chamar de seu. Se de hoje para amanhã, fosse promulgada uma lei federal que dá direitos especiais (Vagas em concursos, abonos salariais, locais para estacionar, meia entrada, aposentadoria em menos tempo... sei lá) às pessoas com o nome que começam com a letra X alegando que um estudo sociológico mostra que essas pessoas são minorias em todos os setores da economia, da vida social e cultural, por isso há a necessidade de uma reparação a elas, é possível que as outras pessoas sem X no início do nome pulassem de raiva, mas os com a letra X bateriam no peito e diriam que é um direito deles e que eles não abrem mão do que lhes é de direito.
Em momento algum, eles (os da letras X) levantariam a questão de que, talvez, não fizesse sentido criar aquilo que eles chamavam de "direito", mas que de fato é um privilégio altamente excludente. 

Ou, então, imaginemos que se estabelecesse uma regra que obrigasse as pessoas que moram nas áreas com maior concentração de renda a distribuírem obrigatoriamente o que lhes pertence com os de áreas menos favorecidas. Nesse caso, a polícia não poderia agir, pois entrar e saquear uma casa que lhe parece mais abastada não era contra a lei, era um direito.
As pessoas que saqueassem então, bateriam no peito e diriam que estavam exercendo um direito ainda que não se descaracterizasse moralmente o roubo.
É aí que quero chegar. Ninguém se importa com o aspecto moral de nada quando se trata de resguardar um direito/privilégio pessoal. Agimos como abutres sobre a carniça, desprovidos de qualquer discernimento e repetindo a frase: o que é meu direito é meu e não abro mão.

Todos nós nos sentimos alguém especial a quem o estado e a sociedade deve deferência e tratamentos especiais. Iludimo-nos na megalomania de sermos único no meio de 7 bilhões de seres únicos que pensam do mesmo jeito.

Caminhamos ao ritmo de lesma para uma consciência de coletivo humano. Por enquanto, ainda vale o salve-se quem puder ou farinha é pouca, meu pirão primeiro.

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