Meu filho, Bruno, pede sempre que eu arrume a cama dele antes de dormir e faça o Nescau. Ele gosta da cama esticadinha e do Nescau mais forte que eu faço.
Bruno me vê como uma espécie de super herói. Tudo isso, diferente do meu filho mais velho, Daniel, que tem uma visão mais próxima da realidade e, frequentemente, me vê e me trata como se eu fosse eu irmão mais velho. Quando a coisa azeda, eu o lembro que não sou irmão, sou pai. Acho que ele tem memórias além desse corpo que o confundem.
Mas o meu pequeno Bruno olha para mim como se eu fosse um ícone, um herói. Tomou vacina olhando para mim e disse: viu? Eu não tenho medo. E completou: Igual a você.
Olhei para ele no "alto" de seus 4 anos e pensei que ele não faz ideia dos meus medos. Tenho medo de doença, medo de acidente, medo de não conseguir, medo de não dar conta, medo de não ser aceito, medo de faltar, medo de ir embora antes do tempo, medo de não ter tempo, medo de ficar paralisado pelo medo... É a história da metade: metade de mim é medo e a outra também.
O que aprendi é que o medo é a base da sabedoria e mesmo que ele me ronde, ele só é nocivo se me incapacita, se me paralisa. Se não, ele me faz mais pudente, sábio, paciente e preciso nas minhas ações.
Outro dia, antes de dormir, abraçado com meu antebraço, ele do nada, me perguntou: pai, você não tem medo de nada? Fiquei pensando por um tempo para tentar resumir a resposta para ele e disse: Tenho. Medo de perder vocês.
Foi tempo demais pensando e a resposta o encontrou adormecido. Beijei-lhe o rosto e entreguei ao tempo a resposta que somente um dia ele entenderá em sua plenitude.
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