quarta-feira, 25 de maio de 2011

Falar errado é certo, e certo é certo, certo? A polêmica do MEC e o tal livro didático....

Prometi a mim mesmo não me pronunciar sobre a polêmica do tal livro didático aprovado pelo MEC que trazia uma abordagem das variações da língua para apresentá-las como um contraste à norma culta. O ruim de ser especialista em um assunto é abrir um tema para discussão e expor- se aos argumentos de gente que, quando muito, foram alunos medianos na escola ou escreviam redações sobre minhas férias ao voltarem das aulas e, de lá para cá, pouco se acresceu a sua produção intelectual além disso.
Como dizia minha orientadora de doutorado, isso é café requentado. A imprensa escolheu um assunto para vir à tona que já é ponto pacífico entre quem estuda o idioma mesmo, de verdade. A língua possui variações que não podem ser ignoradas no processo de aprendizagem de um idioma. Em momento algum, pareceu-me que o livro ensina a falar assim, até por que, assim,  muita gente já vai para escola sabendo. Entretanto, fez-se uma tempestade em copo d'água com uma coisa que foi mal lida, mal interpretada e mal divulgada.
Pessoalmente, em um livro escrito por mim, eu não abordaria a variante popular para fins de contraste, mas isso seria uma opção minha como aquela foi a dos autores e considero-a legítima, pois trata-se de uma metodologia, uma abordagem com suas vantagens e desvantagens. Assim como a que eu adotaria se tratasse do caso em um trabalho meu.
Entre graduação até doutorado, tenho vinte anos de estudo intenso de Língua Portuguesa, sua gramática e variações e toda vez que se levanta uma questão linguística pela mídia vejo a coisa sendo discutida de forma tão imatura, tão sensacionalista, tão tola que opto por pegar meu tempo de estudo e meus títulos e deixá-los bem guardados. De onde só saem para os cerimonais das formaturas no final dos anos.
Acho que estou ficando velho, acho que estou ficando cada vez mais sem paciência.
***
Nesses anos todos, acostumei-me com a variação da língua, só não me acostumei com políticos que multiplicam seu patrimônio por vinte em apenas quatro anos... Sabe que isso é uma coisa com que ainda não me acostumei... Mas ainda sou novo (40 anos). Um dia, quem sabe, eu acabo achando normal.

2 comentários:

Cata disse...

Olá,
concordo com você em tudo o que disse. A mídia é podre (ou burra?) mesmo! Eu nem tenho esperança que o povão saiba o que é variação ou preconceito linguistico.
Como professora, faço a minha parte e salvo meus alunos. Além disso, por enqunto, só me resta lamentar.
ABÇ.

Anônimo disse...

Olá Professor Marcelo, o senhor não entendeu a minha crítica!!!

Estou criticando a Nova Cartilha do MEC – que publicou uma cartilha equivocada – um absurdo, pois todos os professores sempre debateram em sala de aula a existência de uma Variante da Língua (coloquial/popular), mas que deve ser usada em locais adequados para isso e no restante, deve-se usar a Norma Culta da Língua. Uma coisa é o Discurso Oral e outra, o Escrito...

Foi também uma crítica em relação à multiplicação do patrimônio do Ministro Palocci [20 vezes em 4 anos] (fonte: Folha.com)... Entendeu agora... Foi somente uma crítica.

Pois acredito que os alunos devem continuar conhecendo a variante coloquial/popular, mas devem ter acesso com prioridade a Norma Culta da Língua Portuguesa...

A minha crítica, aborda as palavras “ceja” e “esprimente” como se estivessem corretas e não seja/experimente... Ok agora... Abraços...rsrsrsrsrs, foi somente uma crítica prof. Marcelo.